Crises (como) metodo(lógicas) na antropologia:
reflexões sobre e a partir da cisgeneridade
DOI:
https://doi.org/10.30612/nty.v10i15.16246Palavras-chave:
Antropologia, Crises metodológicas, cisgeneridadeResumo
A ciência é permeada por dificuldades e crises, seja nas pesquisas de campo ou nas reflexões teórico-metodológicas, que, ao invés de indicarem impossibilidades, alimentam as teorias científicas. Enquanto disciplina, a antropologia convive há tanto tempo com crises, em especial de autoridade, objeto e representação, que alguns autores consideram que exatamente por estar em uma perpétua crise, esta constitui-se como crítica e indisciplinada. Com a ideia de que crises e dificuldades podem gerar impulsionamentos metodológicos e reflexivos, na primeira parte do artigo discutem-se estratégias de escrita de três etnografias clássicas e três mais recentes; na segunda, analiso um seminário organizado e ministrado por travestis e transexuais, no qual demarcaram-se tensionamentos entre estas e pesquisadoras e pesquisadores cis. Ao final, considera-se que mesmo não havendo receitas prontas de como manejar crises metodológicas, produções antropológicas e transativistas podem contribuir para que tais crises gerem impulsionamentos reflexivos.
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