A Influência do Movimento Pan Africanista para a Proteção Internacional aos Refugiados
DOI:
https://doi.org/10.30612/rmufgd.v11i21.15598Palavras-chave:
Refugiados, Pan-africanismo, Convenção da OUAResumo
O regime internacional de proteção dos refugiados foi fortalecido pelo Estatuto dos Refugiados de 1951, que considerou como refugiados aqueles indivíduos que deixaram a Europa até 1 de janeiro de 1951, temendo perseguições por motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, e pelo Protocolo Adicional de 1967 que retirou as restrições geográficas e temporal desse conceito. Entretanto, um massivo fluxo de refugiados do Terceiro Mundo não se enquadrava nesse conceito, o que originou iniciativas locais para solucionar a questão. Este trabalho tem como objetivo examinar a influência do movimento pan-africanista na proteção internacional dos refugiados. Procede-se a análise das normas internacionais à luz do diálogo entre os referenciais teóricos pós-coloniais, descoloniais, as “TWAIL”, para, de forma dedutiva, formular conclusões. Examina-se o movimento pan-africanista, a formulação da Convenção da OUA de 1969, que ampliou o conceito de refugiado para incluir pessoas migrantes em função da agressão externa, ocupação, dominação estrangeira, ou outros eventos que disturbem gravemente a ordem pública. Ao final, descreve-se o impacto da Convenção africana à formulação da Declaração de Cartagena de 1984.
Downloads
Referências
ABUYA, Edwin Odhiambo. Past Reflections, Future Insights: African Asylum Law and Policy in Historical Perspective. International Journal of Refugee Law, Volume 19, Issue 1, 2007, p. 51–95
ACNUR. A situação dos refugiados no mundo. Cinquenta anos de atuação humanitárias. 2000. Disponível em: <http://www.cidadevirtual.pt/acnur/sowr2000/> Acessado em 23 de janeiro de 2022
AMIN, Samir. El eurocentrismo: critica de una ideología. Tradução de Rosa Cusminsky de Cendrero. México DF: Siglo Veintiuno Editores, 1989,
ARBOLEDA, Eduardo. La Declaración de Cartagena de 1984 y sus semejanzas con la Convención de la Organización de la Unidad Africana de 1969: una perspectiva comparativa. In: NAMIHAS, Sandra (Coord.) Derecho internacional de los refugiados. Lima: Fondo Editorial, 2001, p. 81-91
ARBOLEDA, Eduardo. Refugee Definition in Africa and Latin America: The Lesson of Pragmatism. International Refugee Law. Vol. 3 No. 2. Oxford University Press, 1991, p. 185-207
ANGHIE, Anthony. Bandung and the Origins of the Third World Sovereignty. In: ESLAVA, Luis; FAKHRI, Michael; NESIAH, Vasuki. Bandung, Global History, and International Law. Cambridge: Cambridge University Press, 2017, p. 535-551
ANGHIE, Antony; CHIMNI, B. S. Third World Approaches to International Law and Individual Responsibility in Internal Conflicts. Chinese Journal of International Law, 2(1), 2003, p. 77–103
BOAHEN, Albert Adu. História Geral da África: África sob dominação colonial, 1880-1935. Vol VII. Brasília: UNESCO, 2010
BRITES, Pedro; PADILHA, Yuri Debrai. The migrations fellows in South Africa and its impacts on Southern Africa (1960-2000). Brazilian Journal of African Studies. Porto Alegre. v. 4, n. 8, 2019, p. 51-70
CHIMNI, B. S. Globalization, Humanitarianism and the Erosion of Refugee Protection. Journal of Refugee Studies. Vol. 13. No. 3, 2000, p. 243-262.
CHIMNI, B. S. The Birth of a “Discipline”: From Refugee to Forced Migration Studies. Journal of Refugee Studies. Vol. 22. No. 1, 2009, p. 11-29
CHIMNI, B. S. The Geopolitics of Refugee Studies: A View from the South. Journal of Refugee Studies. Vol. 11. No. 4, 1998, p. 350-372
D’ORSI, Cristiano; NALDI, Gino J. The Multi-faceted Aspects of Asylum-Law Applicable to Africa: Analysis for Reflection. Loyola LA. International & Comparative Law Review. n. 36, 115. 2014, p. 115-152
FANON, Frantz. Em defesa da Revolução Africana. Tradução de Isabel Pascoal. Lisboa: Sá da Costa, 1980
FANON, Frantz. Os Condenados da Terra. Tradução de José Laurênio de Mello. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1968
FANON, Frantz. Sociología de una revolución. Tradução de Victor Flores Olea. 3 edición. México D.F: Ediciones Era, 1976
GALINDO, George Rodrigo Bandeira. A volta do terceiro mundo ao direito internacional. Boletim da Sociedade Brasileira de Direito Internacional. Belo Horizonte, v. 119-124, ago./dez. 2013, p. 46-68
GALINDO, George Rodrigo Bandeira. Para que serve a história do direito internacional. Revista de Direito Internacional. Brasília, v. 12, n, 1, 2015, p. 228-354
GATREL, Peter. The making of the modern refugee. New York: Oxford University Press, 2015
HATHAWAY, James C. The law of refugee status. 1st Edition. [recurso eletrônico]. New York: Cambridge University Press, 2005
HOBSBAWM, Eric. A era dos impérios: 1875-1914. 19ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2015
HOFMANN, Rainer. Refugee Law in the African Context. Heidelberg Journal of International Law. n. 52, 1992, p. 318-324
KABUNDA BADI, Mbuyi. Las migraciones horizontales subsaharianas en la era de las crisis migratorias: luces y sombras. Contexto Internacional. Año 16. n. 41. 2016, p. 27-38
KEELY, Charles B. The International Refugee Regime(s): The End of the Cold War Matters. International Migration Review. vol. 35, no. 1. Special Issue: UNHCR at 50: Past, Present and Future of Refugee Assistance. 2001, p. 303-314
KNEEBONE, Susan. Refugees, asylum seekers and the rule of law: comparative perspectives. New York, Cambridge University Press, 2009
MENEZES, Marilda A.; ROSSA, Lya Amanda. Migrações Sul-Sul no Brasil e as novas tipologias migratórias. In: BAENINGER, Rosana (et. al.). Migrações Sul-Sul. 2ª Edição. Campinas: Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” – Nepo/Unicamp, 2018, p. 383-401
MILNER, James H. S. Refugees, the State, and the Politics of Asylum in Africa. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2009
M’BOKOLO, Elikia. África negra: história e civilizações. Tradução de Manuel Resende. Salvador: EDFBA; São Paulo: Casa das Áfricas, 2011
MUTUA, Makau. What is TWAIL? American Society of International Law Proceedings. Vol. 94, 2000, p. 31-38
NKRUMAH, Kwame. Revolutionary Path. Bedford: Panaf Books, 1973
NOBEL, Peter. Refugees, Law, and Development in Africa. Michigan Journal of International Law. vol. 3, issue 1. n. 255, 1982, p. 255-287
ONU. General Assembly. Resolution No. 3314 (XXIX). Definition of Aggression. 1947. Disponível em: <https://documents-dds-ny.un.org/doc/RESOLUTION/GEN/NR0/739/16/IMG/NR073916.pdf?OpenElement> Acessado em 30 de janeiro de 2022
ONU. General Assembly. Use of mercenaries as a means to violate human rights and to impede the exercise of the right of people to self-determination. A / RES / 44/81. 1989. Disponível em: <http://www.un.org/documents/ga/res/44/a44r081.htm> Acessado em 30 de janeiro de 2022
OUA. OUA Charter. 1963. Disponível em: <https://au.int/sites/default/files/treaties/7759-file-oau_charter_1963.pdf> Acessado em 30 de janeiro de 2022
PRASHAD, Vijay. The Darker Nations: A People’s History of the Third World. New York: The New Press, 2007
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. 1a. ed. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciências Sociales – CLACSO, 2005, p. 117-142
ROSA, Marina de Almeida. O encontro do direito internacional dos refugiados como Sul Global: uma análise do “conceito do Sul” de refugiado e de sua não aplicação pelas Nações Unidas. Dissertação de Mestrado em Direito, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2019
SANOGOH, George; SAWADOGO, Jean-Marie; SONGRE, Ambroise. Réalités et effets d’Immigration massive des Voltaïques dans le contexte de l'Afrique occidentale. In: AMIN, Samir. Les migrations en Afrique de L’Ouest. Travaux présentés et discutés au onzième Séminaire Africain International, Dakar, avril, 1962. New York: Oxford University Press, International African Institute, 1974, p. 383-406
SARTORETTO, Laura Madrid. Direito dos refugiados – do eurocentrismo às abordagens de terceiro mundo. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2018
SHARPE, Marina. The 1969 OAU Refugee Convention and the Protection of People fleeing Armed Conflict and Other Situations of Violence in the Context of Individual Refugee Status Determination. 2013. Disponível em: <https://www.unhcr.org/50f9652e9.html> Acessado em 30 de janeiro de 2022
SILVA, Karina de Souza. “Esse silêncio todo me atordoa” A surdez e a cegueira seletiva para dinâmicas raciais nas Relações Internacionais. Revista de Informação Legislativa, a. 58, n. 229, p. 37-55, 2021
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa, André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010
VISENTINI, Paulo Fagundes; PEREIRA, Analúcia Danilevicz; RIBEIRO, Luiz Dario Teixeira. História da África e dos Africanos. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 2014
YAZBEK, Mustafa. A revolução argelina. São Paulo: UNESP, 2010
WALLERSTEIN, Immanuel. Africa: The Politics of Independence and Unity. Nova York, Vintage Books, 2005
WALLERSTEIN, Immanuel. O fim do mundo como concebemos: ciência social para o século XXI. Rio de Janeiro: Revan, 2002
WALLERSTEIN, Immanuel. The World-System and Africa. [s/l]. Diasporic Africa Press, 2017
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
- Os autores e autoras mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Brasil. que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores e autoras têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores e autoras têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado, porém invariavelmente com o reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.