Interpretações e Argumentos acerca da chamada “Guerra Fria 2.0”
DOI:
https://doi.org/10.30612/rmufgd.v11i22.14884Palavras-chave:
Segunda Guerra Fria, Geopolítica, Armas NuclearesResumo
A chamada Guerra Fria 2.0 representa uma nova realidade de interesses geopolíticos multifacetados. Esse artigo busca definir quais as suas características principais e o que distinguiria esse novo fenômeno das relações internacionais de seu análogo no século XX? Atualmente não se verifica uma dimensão genuinamente global para o fenômeno, tampouco a solidez de elementos institucionais na esfera interestatal capazes de regular uma corrida armamentista, vigorando assim um “vácuo de regras” especialmente no domínio das armas nucleares. Superada a fase de “vácuo geopolítico” da década de 1990, observa-se, atualmente, tendências antigas como uma nova e acirrada corrida armamentista, a renovação da corrida espacial, intensa interferência estrangeira em assuntos de política interna e a formação de blocos econômicos e militares de grande envergadura. Vemos também engajarem-se na “Segunda Guerra Fria” novos jogadores como China e Índia, cada qual com agendas geopolíticas distintas, e a formação de dois pares de bipolaridades (EUA-Rússia/ EUA-China) com relativa simetria. Em suma, a Segunda Guerra Fria, sem uma nítida clivagem ideológica entre blocos oponentes, carente de uma arquitetura institucional internacional sólida capaz de conter avanços estratégicos desestabilizadores, e com múltiplas partes semoventes, apresenta-se como um desafio para a análise internacional.Downloads
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