Ascensão e queda do governo Evo Morales na Bolívia (2006-2019) sob o prisma da “sociedade abigarrada”
DOI:
https://doi.org/10.30612/rmufgd.v10i20.12906Palavras-chave:
Estado plurinacional boliviano, Governo Evo Morales, Oposição políticaResumo
Juan Evo Morales Ayma, primeiro presidente boliviano de origem indígena, fez um governo caracterizado por inovações constitucionais e políticas. Duas mudanças foram marcantes: a criação de um Estado “plurinacional” e a introdução de princípios da filosofia indígena andina, como o “vivir bien”. Em termos econômicos, ocorreram a renegociação das taxas nos setores de recursos minerais e hidrocarbonetos e investimentos na produção, o que esteve na base da criação de políticas sociais. No entanto, em 2019, Morales renunciou à presidência boliviana pela pressão de militares e da oposição, resultando em seu exílio. Diante disso, o objetivo deste artigo foi analisar por que Morales, apesar das inovações legais e da melhora econômica e social na Bolívia, foi destituído em 2019. A principal hipótese é que, mesmo com as transformações implementadas, o governo Morales não foi capaz de superar o abigarramento da sociedade boliviana, conceito de Zavaleta Mercado, que consiste em divisões estruturais existentes na sua composição. Foram utilizadas fontes primárias, como o plano de desenvolvimento nacional e a Constituição boliviana de 2009, e fontes secundárias, como artigos acadêmicos e reportagens de jornais. Concluiu-se que os desafios impostos pelo abigarramento boliviano permanecem abertos e são crucias para o futuro do país.
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