Direitos Humanos e refugiados: relações entre regimes internacionais construídos no sistema ONU
DOI:
https://doi.org/10.30612/rmufgd.v7i14.9107Palavras-chave:
direitos humanos. refugiados. regimes internacionais.Resumo
O presente artigo busca analisar as relações tecidas entre o regime internacional de direitos humanos e o regime internacional relativo aos refugiados –ambos estruturados no contexto do pós-Segunda Guerra Mundial –, lançando luz, sobretudo, para a influência ocidental na construção da definição de refugiado cunhada pela Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951. A proposta é ressaltar os termos notadamente marcados por uma perspectiva individualista e liberal dos direitos civis e políticos, a qual já estava presente na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, reverberando na elaboração da Convenção de 1951. Sustenta-se, nesse sentido, que a categorização da perseguição individualizada por motivos de nacionalidade, religião, raça, filiação a determinado grupo social ou opinião política privilegia direitos civis e políticos, tornando-os elementos centrais no regime internacional relativo aos refugiados – em detrimento a outros direitos reconhecidos como econômicos, sociais e culturais. A argumentação desenvolvida no texto se ampara em revisão bibliográfica da literatura especializada na área de estudos sobre refugiados, pesquisa documental sobre a Declaração Universal, a Convenção de 1951 e outros instrumentos jurídicos correlatos, além de artigos de relevância acadêmica e dados disponibilizados pela Organização das Nações Unidas.Downloads
Referências
ACNUR. Conference of plenipotentiaries on the status of refugees and stateless persons: summary record of the twenty-first meeting. 1970. Disponível em: <http://www.unhcr.ch/cgi-bin/textis/vtx/print?tbl=PROTECTION&id=3ae68cdec>. Acesso em: 5 abr. 2005.
______. Conference of plenipotentiaries on the status of refugee and stateless persons: summary record of the twenty-second meeting. 1970. Disponível em: <http://www.unhcr.ch/cgi-bin/textis/vtx/print?tbl=PROTECTION&id=3ae68cde10>. Acesso em: 5 abr. 2005.
______. Conference of plenipotentiaries on the status of refugee and stateless persons: summary record of the twenty-third meeting. 1970. Disponível em: <http://www.unhcr.ch/cgi-bin/textis/vtx/print?tbl=PROTECTION&id=3ae68cda10>. Acesso em: 5 abr. 2005.
______. Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados. In: ______. Manual de procedimentos e critérios a aplicar para determinar o estatuto de refugiado. Lisboa: ACNUR.
______. Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados. In: ______. Manual de procedimentos e critérios a aplicar para determinar o estatuto de refugiado. Lisboa: ACNUR, 1996.
ALEINIKOFF, Alexander. State-centered refugee Law: from resettlement to containment. In: DANIEL, E. Valentine; KNUDSEN, John Chr (Ed.). Mistrusting refugees. Berkeley; Los Angeles; London: University of California Press, 1995. p. 257-278.
ALVES, José Augusto Lindgren. Direitos Humanos como Tema Global. São Paulo: Perspectiva, 1995.
ANDRADE, José Henrique Fischel de. Breve reconstituição histórica da tradição que culminou na proteção internacional dos refugiados. In: ARAUJO, N.; ALMEIDA, G. A. de (Coord.). O Direito Internacional dos Refugiados: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Renovar. p. 99-125. 2001.
ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
BETTS, Alexander. Protection by persuasion: international cooperation in the refugee regime. Ithaca: Cornell University Press, 2009.
CHELIUS, Leticia Calderón. O que há por trás do direito ao voto dos emigrantes internacionais? Teoria, História e Cidadania demandante. Contexto Internacional, Rio de Janeiro, v. 33, n. 1, p. 231-250, 2011.
COMPARATO, Fabio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2013.
CONLEY, Marshall. The institutional framework of refugee law and political forces. In: MAHONEY, Kathleen; MAHONEY, Paul (Ed.) Human Rights in twenty-first century: a global challenge. Dordrecht: Kluwer Academic Publications, 1993. p. 629-643.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Disponível em <http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf> Acessado em 7 de abril de 2018.
DAUVERGNE, Catherine. Challenges to sovereignty: migration laws for the 21st century. New issues in refugee research n. 92. Geneva: UNHCR, 2003.
HATHAWAY. James. Reconceiving refugee law as human rights protection. Journal of Refugee Studies, Oxford, v. 4, n. 2, p. 113-131, 1991.
FELLER, Erica. The Convention at 50: the way ahead for refugee protection. Forced Migration Review, Oxford, v.10, p. 6-9, 2001.
GLYNN. Irial. The genesis and development of article 1 of the 1951 Refugee Convention. Journal of Refugees Studies, v. 25, n. 1, p. 134-148, 2011.
GOODWIN-GILL, Guy. Migration: international law and human rights. In: GHOSH, Bimal (Ed.). Managing Migration: time for a new international regime? Oxford: Oxford University Press, 2000.
GORLICK, Brian. Human Rights and Refugees: enhancing protection through international human rights law. New Issues in Refugee Research, n. 30, Geneva UNHCR, 2000.
HADDAD, Emma. The refugee in international society: between sovereigns. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.
HAMMAR, Tomas. European Immigration policy: a comparative study. In: MESSINA, Anthony; LAHAV, Gallya. The migration reader: exploring politics and policies. Boulder, Colo.: Lynne Rienner Publishers, 2005. P. 235-245.
HARRELL-BOND, Barbara. Refugees and the international system: the evolution of solutions after the second World War. Siirtolaisuus, n. 3, p. 3-18, 1996.
HATHAWAY. James. Reconceiving refugee law as human rights protection. Journal of Refugee Studies, Oxford, v. 4, n. 2, p. 113-131, 1991.
HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
HYNDMAN, Jennifer. Managing displacement: refugees and the politics of humanitarianism. London; Minneapolis: University of Minnesota Press, 2000.
JAEGER, Gilbert. Opening keynote address: the refugee Convention at fifty. In: VAN SELM, Joanne; KAMANGA, Khoti; MORRISON, John; NADI, Aninia; SPOLJAR-VRZINA, Sanja; VAN WILLIGEN, Loes (Ed.) The refugee convention at fifty: a view from forced migration studies. Lanham; Oxford: Lexington books, 2003. p. 9-21.
LOESCHER, Gil. Beyond Charity: international cooperation and the global refugee crisis. New York: Oxford University Press, 1996.
______. Protection and humanitarian action in the post-cold war era. In: ZOLBERG, Aristide R.; BENDA, Peter M. (Ed.). Global migrants, global refugees: problems and solutions. New York; Oxford: Berghalm books, 2001a. P. 172-205.
______. UNHCR and the erosion of refugee protection. Forced Migration Review, Oxford, v.10, p. 28-30, 2001b.
______. The UNHCR and world politics: state interests vs. institutional autonomy. International Migration Review, New York, v. 35, n. 1, p. 33-56, 2001c.
MATAS, David. A history of the politics of refugee protection. In: MAHONEY, Kathleen; Mahoney, Paul. (Ed.). Human Rights in the Twenty-First Century: a global challenge. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1993. p. 619-628.
MILLER, Mark J. International migration in post-cold war international relations. In: GHOSH, Bimal. Managing migration: time for a new international regime? Oxford: Oxford University Press, 2000. P. 27-47.
MOREIRA, Julia Bertino. Política em relação aos refugiados no Brasil (1947-2010). Tese (Doutorado em Ciência Política) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas: UNICAMP, 2012.
______; SALA, José Blanes. Migrações forçadas: categorização em torno de sujeitos migrantes. In: JUBILUT, Liliana Lyra; FRINHANI, Fernanda de Magalhães Dias; LOPES, Rachel de Oliveira (Org.). Migrantes Forçad@s: conceitos e contextos. Boa Vista: Editora da UFRR, 2018. P. 15-42.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Universal Periodic Review. [s.n]. Disponível em <http://www.ohchr.org/EN/HRBodies/UPR/Pages/BasicFacts.aspx> Acessado em 7 de abril de 2018.
OKOTH-OBBO, George; O´CONNOR, Courtney Mireille; KJAERUM, Morten; CHANTAVANICH, Spupang. Regional approaches to forced migration. In: VAN SELM, Joanne; KAMANGA, Khoti; MORRISON, John; NADI, Aninia; SPOLJAR-VRZINA, Sanja; VAN WILLIGEN, Loes (Ed.) The refugee convention at fifty: a view form forced migration studies. Lanham; Oxford: Lexington books, 2003. p. 31-45.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e Justiça Internacional. São Paulo: Saraiva, 2012.
______. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. São Paulo: Saraiva, 2013.
REIS, Rossana Rocha. Construindo Fronteiras: políticas de imigração na França e nos Estados Unidos (1980-1988). Tese de doutorado FFLCH/ USP, São Paulo, 2002.
______; MOREIRA, Julia Bertino. Regime internacional para refugiados: mudanças e desafios. Revista Sociologia Política, v. 18, n. 37, 2010.
RUGGIE, John Gerard; KRATOCHWIL, Fridrich von. Epistemologia, ontologia y el estudio de los regimes internacionales. Relaciones Internacionales, Madrid, v. 12, p. 171-191, oct. 2009.
SALOMON, Kim. Refugees in the cold war: toward a new international refugee regime in the early postwar era. Lund: Lund University Press; Bromley: Chartwell-Bratt, 1991.
SHORT, Katherine. Da Comissão ao Conselho: a Organização das Nações Unidas conseguiu ou não criar um organismo de direitos humanos confiável? SUR Revista Internacional de Direitos Humanos, v. 5, n.9, 2008.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
- Os autores e autoras mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Brasil. que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores e autoras têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores e autoras têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado, porém invariavelmente com o reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.