A Relação entre Capitalismo Racial e o Atlântico: o papel do Nordeste no Sistema Internacional Moderno
DOI:
https://doi.org/10.30612/mones.v14i27.18890Palavras-chave:
Capitalismo racial, Sistema internacional moderno, AtlânticoResumo
O presente artigo objetiva problematizar o papel do Nordeste no sistema internacional moderno, tendo como pano de fundo a relação entre o capitalismo racial e o Atlântico na expansão da comercialização de negros e do açúcar. Para isso, emprega-se a chave conceitual do capitalismo racial para analisar essa economia agroexportadora como um sistema econômico operacionalizado pela Europa na região do Nordeste brasileiro, especificamente em Pernambuco e Salvador. Nesse sentido, o argumento é de que o papel do Nordeste no sistema internacional moderno foi de centro comercial para sustentação econômica dos países Inglaterra, França e Portugal. De modo a desenvolver o seu argumento, o artigo está estruturado em duas seções. A primeira seção aborda a dimensão racial no debate sobre o capitalismo racial e sua relação com o Atlântico na expansão da lógica moderna. A segunda seção aponta o papel do negro enquanto tecnologia industrial, para a produção do açúcar em Pernambuco e Salvador e sua importação e exportação. As problematizações presentes neste artigo contribuem para o debate sobre a centralidade do Nordeste brasileiro na política internacional, entendendo que a política internacional é estruturada pelo Ocidente, sendo necessário dialogar nessas dimensões para novas epistêmicas não hierarquizantes.
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