Corpo-terra, terra-corpo e feminismo comunitário: reflexões etnográficas em torno do cotidiano da Comunidade Cigana Calon no Município de Sousa/Paraíba
DOI:
https://doi.org/10.30612/videre.v14i30.15591Palavras-chave:
Comunidade Cigana Calon, Feminismo Comunitário, Terra-Corpo, Corpo-TerraResumo
Este ensaio etnográfico objetiva problematizar do ponto de vista sociológico em que medida se evidencia o protagonismo feminino na Comunidade Cigana Calon em Sousa, no Alto Sertão da Paraíba. Como principais categorias analíticas sociológicas estiveram: terra-corpo, espaço-corpo-tempo, humano marginal, sistema moderno colonial de gênero no âmbito do capitalismo contemporâneo. Como parte desse categorial analítico, percebeu-se que os ativismos das mulheres ciganas podem representar uma espécie de feminismo comunitário, expressão política, ética, capaz de repensar a socialidade cigana no interior da luta antirracista e anticapitalista.
Downloads
Referências
ALIER, Joan Martínez. O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagens de valoração. São Paulo: Contexto, 2018.
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de. Terra de quilombo, terras indígenas, “babaçuais livre”, “castanhais do povo”, faixinais e fundos de pasto: terras tradicionalmente ocupadas. 2.ª ed, Manaus: pgsca–ufam, 2008.
BACHELARD, Gaston. A intuição do instante. São Paulo: Verus Editora, 2007.
BACHELARD, Gaston. A dialética da duração. São Paulo: Ática, 1994.
BARTH, F. Grupos Étnicos e suas Fronteiras. In: POUTGNAT, P & FENARTSTREIFF, J. Teorias da Etnicidade. São Paulo: Difel, 2000.
BATISTA, Mércia Rangel; CUNHA, Jamilly. Os ciganos em Sousa-PB: Refletindo os modos de ser cigano a partir do atual cenário político brasileiro. Revista Interface de Saberes. V. 1. N. 13. 2017.
BATISTA, Mércia Rejane Rangel; BENTO, Marciana Ferreira. Os ciganos Calons na região nordeste: um estudo sobre as demandas por acesso aos direitos. Trabalho apresentado na 31ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 09 e 12 de dezembro de 2018, Brasília/DF.
BATISTA, M. R. R; GOLDFARB, M. P. L. Entre idas e vindas, como interpretar o fluxo cigano? Discutindo as compreensões sobre a diáspora e o nomadismo. In: Reunião Brasileira de Antropologia, 29., 2014, Natal, RN. Anais eletrônicos... Natal, 2014. Disponível em: . Acesso em: out. 2018.
CAMPOS, Juliana M. Soares. O nascimento da esposa: movimento, casamento e gênero entre os calons mineiros. Tese (Doutorado em Antropologia). Belo Horizonte: UFMG, 2020.
CARVAJAL, Julieta Paredes. Uma ruptura epistemológica com o feminismo ocidental. In: Pensamento feminista hoje – perspectivas decoloniais. Heloísa Buarque de Hollanda (Org). Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
DONATI, Pierpaolo. Relational Sociology: a_new paradigm for the social sciences. Introduction. Prospects for a ‘relational sociology’. London and New York: Routledge, 2011. pp. 1-19.
EKERT, C.; ROCHA, A. Etnografia da duração: antropologia das memórias coletivas em coleções etnográficas. Porto Alegre: Marcavisual, 2013.
EMIRBAYER, Mustafá. Manifesto for a Relational Sociology, American Journal of Sociology, 103, 2, pp. 281-317. 1997.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa – Mulheres, Corpo e a Acumulação Primitiva. Tradução Coletivo Sycorax. São Paulo: Elefante, 2017.
FEDERICI, Silvia. O patriarcado do salário. São Paulo: Boitempo, 2021.
FERNANDES, Florestan. Tiago Marques Aipobureu: um bororo marginal. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, v. 19, n.2.
FERNANDES, Florestan. Elementos de Sociologia teórica. São Paulo: USP, 1970.
FRASER, Nancy. ARRUZA, Cinzia. BHATTACHARYA, Tithi. Feminismo para os 99% - Um Manifesto. Tradução de Helci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2019.
FREHSE, Fraya. Potencialidades de uma etnografia das ruas do passado. Cadernos de campo, São Paulo, n. 14/15, p. 299-317, 2006.
GARCIA, Loreley. Gênero & Meio Ambiente. São Paulo: Senac, 2017.
GOLDFARB, Mª Patrícia L. Memória e etnicidade entre os ciganos Calon em Sousa-PB. João Pessoa: Editora da UFPB, 2013.
GOLDFARB, Maria Patrícia Lopes; BATISTA, Mércia Rejane Rangel. DOSSIÊ CIGANOS NO BRASIL: um exercício de comparação etnográfica. Áltera – Revista de Antropologia, João Pessoa, v. 2, n. 7, p. 8-15, jul. / dez. 2018.
GOLDFARB, Maria Patrícia Lopes. Nômades e peregrinos: o passado como elemento identitário entre os ciganos Calons na cidade de Sousa/PB. Cadernos de campo, São Paulo, n. 19, p. 1-384, 2010.
GOLDFARB, M. P. L. Ciganos Calon: a vida em movimento. In: JUBILIT, Liliana Lyra; REI, Fernando Cardozo Fernandes; GARCEZ, Gabriela Soldano (Eds.). (Org.). Direitos Humanos e Meio Ambiente: Minorias Ambientais. 1 ed. São Paulo: Manole, 2017, v. 1, p. 261-278. (Coleção Ambiental).
HALL, Stuart "The West and the Rest: discourse and power", in: Stuart Hall &Bram Gieben (eds) Formations of Modernity, Cambridge: Polity Press, 1992 pp. 275-331.
HALL, Stuart. “Quando foi o pós-colonial? Pensando no limite”. In: Diáspora. Belo Horizonte, 2003.
HASBAERT, Rogério. Do corpo-território (da terra): contribuições decoloniais. Geographia, vol.22.n. 48, 2020.
INGOLD, Tim. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Tradução de Fábio Creder. Vozes: Rio de Janeiro, 2015.
JARDIM, B. (2020). Devir cigana- tradição, rupturas e empoderamento. Revista Feminismos, 8(1). Recuperado de https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/42861.
LEFEBVRE, Henri. Metafilosofia. Trad. R. Corbisier. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1967 (1965).
LEFEBVRE, Henri. La production de l’espace. Paris: Anthropos, 1986.
LUGONES, María. Colonialidade e gênero. In: BUARQUE, Heloisa; VAREJÃO, Adriana. Pensamento Feminista Hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
MARTINS, José de Souza. Uma Sociologia da Vida Cotidiana: ensaios na perspectiva de Florestan Fernandes, de Wright Mills e de Henri Lefebvre. São Paulo: Contexto, 2020.
MARTINS, José de Souza. Sociologia da fotografia e da imagem. São Paulo: Contexto, 2017.
MARTINS, José de Souza. A sociabilidade do homem simples: cotidiano e história na modernidade anômala. São Paulo: 2018.
MARTINS, José de Souza. Fronteira – a degradação do outro nos confins do humano. São Paulo: Contexto, 2019.
MISKOLCI, Richard. A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma analítica da normalização, in: Sociologias, Porto Alegre, ano 11, no 21, jan./jun. 2009, p. 150-18.
MONTEIRO, Edilma do Nascimento Jacinto. As Crianças Calón: Uma Etnografia Sobre a Concepção de Infância Entre os Ciganos no Vale do Mamanguape-PB. Dissertação defendida no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa-PB, 2015.
MONTEIRO, Edilma do Nascimento Jacinto. Tempo, Redes E Relações: Uma Etnografia Sobre Infância E Educação Entre Os Calon. Tese de douto defendida no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social UFSC. Florianópolis, 2019.
MONTEIRO, Edilma do Nascimento Jacinto. Fluxos, redes e rotas: pensando o espaço territorial cigano a partir de uma experiência de campo. In: Ciganos – olhares e perspectivas. Maria Patrícia Lopes Goldfarb (Org.). João Pessoa: EDUFPB, 2019.
MILLS, C. W. Sobre o artesanato intelectual e outros ensaios. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2009.
MOONEN, Franz. Ciganos Calon no Sertão da Paraíba, João Pessoa: PR/PB, 1993.
MOONEN, Frans. A História Esquecida dos Ciganos no Brasil. Saeculum Revista de História, nº 02, João Pessoa, jul/dez, 1996.
MOONEN, Frans. Ciganos Calon no Sertão da Paraíba. João Pessoa, MCS/UFPB, Cadernos de Ciências Sociais, nº. 32, 1994.
ORTNER, Sharry. Making Gender: the politics and erotics of culture. Boston: Beacon Press, 1996.
PARK, Robert Ezra. A migração humana e o homem marginal. Tradução de Mauro Guilherme Pinheiro Koury. Sociabilidades Urbanas - Revista de Antropologia e Sociologia, v. 1.n3, 2017.
PISCITELLI, Adriana. Re-criando a (categoria) Mulher? In: ANGRANTI, L. (Org). A prática feminista e o conceito de gênero. Textos didáticos, n. 48. Campinas: IFCH/Unicamp, 2002, p. 742.
PORTO-GONÇALVES, C. W. Geografías, movimientos sociales: nuevas territorialidades y sustentabilidade. Cidade do México: Siglo XXI, 2001.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. Buenos Aires: Clacso, 2005.
RIVERA CUSICANQUI, Sílvia. El potencial epistemológico y teórico de la história oral: de la lógica instrumental a la descolonización de la história. Temas Sociales, 11: 49-75.
SALDANHA, A. Psychodelic White: Goa trance and the viscosity of race. Minneapolis e Londres: University of Minnesota Press, 2007.
SAMAIN, Etienne. Atravessar o espelho das aparências. In: Fraya Frehse (Organizadora). A Sociologia Enraizada de José de Souza Martins. São Paulo: Com Arte, 2018.
SANTANA, Maria de Lourdes B. Os ciganos: aspectos da organização social de um grupo cigano em Campinas. São Paulo: FFLCH-USP, 1983.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria de análise histórica, in: Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 16., n. 2, jul/dez, 1990.
SHIVA, Vandana; MIES, Maria. Ecofeminismo. São Paulo: Bertrand, 1993.
SHIVA, Vandana. Staying Alive: Women, Ecology and Survival in Índia. London: Zed Books, 1989.
SHIVA, Vandana. Staying Alive: Women, Ecology and Development. Nova Delhi: Zed Press, 1988.
SHIVA, Vandana. Monoculturas da mente: perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. Tradução Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Gaia, 2003.
SIMMEL, Georg. Sociologia do Espaço. Revista Estudos Avançados: São Paulo, 2013.
SIMMEL, Georg. O estrangeiro. RBSE. Vol. 4. nº 12. dezembro de 2005.
SOTO, William Héctor Gómez. Sociologia e história na obra de José de Souza Martins. Revista Sociedade e Estado. V. 31. Número Especial 30 anos. Brasília: 2016.
SOTO, William Héctor Gómez. El hombre marginal y la sociologia brasileña. Revista Mexicana de Sociología 81, num. 3 (Julio-Sepetiembre, 2019): 561-582.
SOTO, William Héctor Gómez. Entre Henri Lefevbre e Karl Marx. In: A Sociologia Enraizada de José de Souza Martins. Fraya Freshe (Org.). São Paulo: Com-Arte, 2018.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar?. Belo Horizonte: UFMG, 2010.
STENGERS, Isabelle. A proposição cosmopolítica. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 69, p. 442-464, abr. 2018.
STRATHERN, Marilyn. O efeito etnográfico. São Paulo: Ubu, 2017.
SVAMPA, Maristella. As fronteiras do neoextrativismo na América Latina: conflitos socioamebientais, giro ecoterritorial e novas dependências. Tradução de Lígia Azevedo. São Paulo: Elefante, 2019.
TEIXEIRA, Rodrigo Corrêa. Ciganos no Brasil: uma breve história. Segunda edição. Belo Horizonte: Crisálida, 2009.
VANDERBERGUE, Frédéric. A relação como operador mágico. Superando a divisão entre sociologia processual e relacional. Sociologia & Antropologia. Rio de janeiro, v.07.02: 341 –370, agosto, 2017.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho é licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Unported License.
Os autores devem aceitar as normas de publicação ao submeterem a revista, bem como, concordam com os seguintes termos:
(a) O Conselho Editorial se reserva ao direito de efetuar, nos originais, alterações da Língua portuguesa para se manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
(b) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Brasil (CC BY-NC-SA 3.0 BR) que permite: Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato e Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material. A CC BY-NC-SA 3.0 BR considera os termos seguintes:
- Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
- NãoComercial — Você não pode usar o material para fins comerciais.
- CompartilhaIgual — Se você remixar, transformar, ou criar a partir do material, tem de distribuir as suas contribuições sob a mesma licença que o original.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.
