Extrativismos e colonialidade: a Reserva Nacional do Cobre – Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/videre.v13i26.13142

Palavras-chave:

Extrativismo. Renca. Direito socioambiental. Decolonialidade.

Resumo

O artigo analisa o extrativismo presente no modelo de desenvolvimento tendo como referência o caso da Reserva Nacional do Cobre no Brasil (RENCA). Metodologicamente o trabalho se vale do estudo de caso dos trâmites ocorridos no poder Executivo nos anos de 2017 e 2018 para analisar qual racionalidade sustenta o discurso desenvolvimetista para extinção da RENCA. Como objetivo específico indaga qual é a importância do debate público e da participação social em temas relacionados ao binômio ambiente/sociedade. Como resultado afirma-se que a racionalidade que embasa o discurso do desenvolvimento mantém-se atrelada ao perfil extrativista e é incapaz de conduzir à sustentabilidade, vez que a natureza é um limite ao ciclo do capital. Também observou-se que as estratégias de produção normativa reproduzem e garantem a permanência dessa racionalidade colonial exportadora de matérias primas, a qual acarreta efeitos perversos sob a base social e a qualidade ambiental. O estudo indica que um dos passos para decolonizar o poder, o ser e o saber é admitir os efeitos negativos do desenvolvimento capitalista de bases coloniais nas sociedades latino-americanas e, para isso, faz-se necessária a garantia de participação e deliberação de todos os grupos sociais. Por fim, repensar as estratégias extrativistas integra o campo de pesquisas do direito socioambiental e essa reflexão pode iniciar reconhecendo os limites que a racionalidade moderna eurocêntrica apresenta para garantia de maior respeito aos direitos da natureza e dos povos nas sociedades latino-americanas.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Katya Regina Isaguirre-Torres, Universidade Federal do Paraná

Advogada, mestra em direito empresarial e cidadania pelo Unicuritiba. Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná. Professora no Departamento de Direito Público da Universidade Federal do Paraná, nos cursos de graduação e pós-graduação. Líder do grupo de pesquisa e extensão em direito socioambiental EKOA. Pesquisadora colaboradora da unidade de Socioeconomia, Ambiente e Desenvolvimento (SEED), do Departamento de Gestão e Ciências do Ambiente da Universidade de Liège, Campus Arlon/BE.

Referências

AMAPÁ, Lei estadual nº 392, de 11 de dezembro de 1997. Disponível em: http://oads.org.br/leis/3435.pdf. Acesso em 9 dez. 2020.

BRASIL, Decreto nº 89404, de 24 de fevereiro de 1984. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1980-1987/decreto-89404-24-fevereiro-1984-439865-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em 9 dez. 2020.

BRASIL, Decreto-Lei nº 764, de 15 de agosto de 1969. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/Del0764.htm. Acesso em 9 dez. 2020.

BRASIL, decreto legislativo nº 2, de 1994. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decleg/1994/decretolegislativo-2-3-fevereiro-1994-358280-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em 9 dez. 2020.

BRUM, Eliane. Belo Monte: a anatomia de um etnocídio. El país: Brasil. 1º de dezembro de 2014. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2014/12/01/opinion/1417437633_930086.html. Acesso em 9 dez. 2020.

CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da “invenção do outro”. In: LANDER, Edgardo (Org). A colonialidade do saber, eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latin-americanas. Buenos Aires: Clacso, 2005, p. 169-186. Disponível em: http://biblioteca.clacso.edu.ar/ar/libros/lander/pt/lander.html.

COSTA, Antônio. Índios não podem 'ficar parados no tempo', diz novo chefe da Funai. Entrevista concedida a João Fellet. BBC Brasil em Brasília, 6 abr. 2017. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39510285. Acesso em 9 dez. 2020.

FOSTER. La ecologia de Marx: materialismo y naturaliza. Ediciones de Intervención Cultural/El Viejo Topo: 2000.

GUDYNAS. Eduardo. Brasil: o maior extrativista do continente. Correio da Cidadania, 20 de maio 2013. Disponível em: http://www.correiocidadania.com.br/colunistas/eduardo-gudynas/8388-21-05-2013-brasil-o-maior-extrativista-do-continente. Acesso em 9 dez. 2020.

GUDYNAS, Eduardo. Esquerda e progressismo são hoje duas coisas diferentes na América Latina. Entrevista concedida a João Flores da Cunha. Instituto Humanitas Unisinos. São Leopodo, Rio Grande do Sul, 30 de mar. 2017. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/566265-esquerda-e-progressismo-sao-hoje-duas-coisas-diferentes-na-america-latina-entrevista-especial-com-eduardo-gudynas#. Acesso em 9 dez. 2020.

LAUSCHE, Barbara. (2012). Directrices para la legislación relativa a áreas protegidas. UICN, Gland, Suiza. Bonn: UICN, 2012. Disponível em: https://portals.iucn.org/library/sites/library/files/documents/EPLP-081-Es.pdf. Acesso em 9 dez. 2020.

MEDEIROS, Rodrigo. Evolução das tipologias e categorias de áreas protegidas no Brasil. Ambient. soc., Campinas, v. 9, n. 1, p. 41-64, June 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-753X2006000100003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 9 dez. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-753X2006000100003.

MIGNOLO, Walter. Os esplendores e as misérias da “ciência”: colonialidade, geopolítica do conhecimento e pluri-versalidade epistêmica. In: SOUSA SANTOS, Boaventura de (Org). Conhecimento prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciências revisitado. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2006, p. 667-709.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, Portaria nº 128, de 30 de março de 2017. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/10584/4401929/Portaria_n_128-2017/7eba9b7c-a84a-4768-9736-eb653942bc4d;jsessionid=F4E063B2521AAFCABB9B74E01F536573.srv154?version=1.0. Acesso em 9 dez. 2020.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), SECRETARIA DE BIODIVERSIDADE DEPARTAMENTO DE ÁREAS PROTEGIDAS, INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Nota técnica conjunta COCUC/DIMAN/ICMBIO/DAP/SBio/MMA, nº 11 de 2017. Disponível em: http://diretodaciencia.com/wp-content/Anexos/Nota-Tecnica_ICMBio_Renca.pdf. Acesso em 9 dez. 2020

MOUFFE, Chantal. Democracia, cidadania e a questão do pluralismo. In. Revista Política & Sociedade. Florianópolis: UFSC, n. 3, out. 2003. Disponível em: http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article. Acessado em: 9 dez. 2020.

PLANALTO, PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Nota à imprensa. Brasília, 24 ago. 2018. Disponível em: https://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/notas-oficiais/notas-oficiais-do-presidente/nota-a-imprensa-42.

PIERRI, Naína. Análisis crítico del instrumento de evaluación de impacto ambiental: su aplicación en Uruguay. Tesis de Doctorado. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2002.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org). La Colonialidad del saber: eurocentrismo y ciências sociales. 2 ed. Buenos Aires/Argentina, CLACSO, 2011 [2000], p. 219-264.

SANTILLI, Juliana. Sócioambientalismo e novos direitos: proteção jurídica à diversidade biológica e cultural. São Paulo: Peirópolis, 2005.

SENRA, Ricardo. Mineradoras canadenses souberam de extinção de reserva na Amazônia 5 meses antes do anúncio oficial. BBC Brasil em Washington, 26 ago. 2017. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41033211. Acesso em 9 dez. 2020.

SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. De como a natureza foi expulsa da modernidade. In: Revista Crítica de Direito. N. 5. Vol. 66. São Paulo: 2015, p. 88-104.

SVAMPA, Maristela. Modelo de desarrollo e cuestión ambiental em América Latina: categorias y escenarios em disputa. In Wanderley. F. (comp.) El desarrollo em cuestión: reflexiones em América latina. La Paz : CIDES, OXFAN y Plural. 2011. p. 411-441.

TUFFANI, Maurício. Da forma como foi feita, extinção da Renca traz risco para a Amazônia. In: Direto da Ciência: análise, opinião e jornalismo investigativo. São Paulo, 25 ago. 2017. Disponível em: http://www.diretodaciencia.com/2017/08/25/da-forma-como-foi-feita-extincao-da-renca-traz-risco-para-a-amazonia/. Acesso em 9 dez. 2020.

Downloads

Publicado

2021-04-23

Como Citar

Isaguirre-Torres, K. R. (2021). Extrativismos e colonialidade: a Reserva Nacional do Cobre – Brasil. Revista Videre, 13(26), 298–318. https://doi.org/10.30612/videre.v13i26.13142

Edição

Seção

Artigos