O cosmos das línguas indígenas perante a barbárie do antropoceno

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/nty.v11i17.16820

Palavras-chave:

Línguas indígenas, Decolonialidade, Antropoceno

Resumo

A emergência climática e os genocídios multiespécies nos levam a compreender este tempo como uma barbárie cósmica, decorrente de consecutivas colonizações. A cena científica experimenta nomeá-lo como Antropoceno. Este artigo se mobiliza a pensar a ligação entre linguagem e a percepção cósmica. Assim, por meio de reflexões do poder de supressão da monológica colonial sobre as onto-epistemologias das línguas indígenas americanas e a potência da soltura dos grilhões antropocênicos, propor um giro decolonial nas ciências e experiências de vida em busca de um futuro ancestral que possibilidade alternativas alheias aos caminhos do Antropoceno e garanta uma confluência de cosmos.

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Biografia do Autor

Gabriel Gruber, UNICAMP

Bacharel em Teologia, Licenciado em Letras Português e Inglês, Mestrando em Linguística Teórica. 

Emanuely Miranda, Unicamp

Jornalista e Mestranda em Divulgação Científica e Cultural.

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Publicado

2023-06-20

Como Citar

Gruber, G., & Miranda, E. (2023). O cosmos das línguas indígenas perante a barbárie do antropoceno. Revista Ñanduty, 11(17), 89–117. https://doi.org/10.30612/nty.v11i17.16820