Radioisótopos no Brasil: os cursos de metodologia e a circulação de novos objetos na ciência da Guerra Fria (décadas de 1950 e 1960)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/rehr.v21i39.19037

Palavras-chave:

Radioisótopos, Guerra Fria, Ciência, Circulação, Cursos

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar o desenvolvimento do conhecimento e das práticas científicas sobre os radioisótopos a partir dos cursos de metodologia de radioisótopos surgidos no Brasil na década de 1950. Esses cursos foram fomentados por agências internacionais, em parceria com órgãos e instituições brasileiras, e tinham como principal intuito a formação e inserção de médicos, agrônomos, biólogos e técnicos em geral nas práticas radioisotópicas. A partir de uma análise transversal das diferentes disciplinas científicas envolvidas, demonstramos o papel que a emergência da oferta desses cursos teve na veiculação de ideias acerca dos usos pacíficos da energia atômica no Brasil. Concluímos que isso reflete uma importante característica da ciência na Guerra Fria, qual seja, a relação intrínseca entre diplomacia e novas tecnologias, ao mesmo tempo em que aponta para os radioisótopos e a energia nuclear como elementos-chave no desenvolvimento das ciências no Brasil do pós-Segunda Guerra.

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Biografia do Autor

Jorge Tibilletti de Lara, Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ

Pesquisador em estágio pós-doutoral (PDJ, VPPCB/FIOCRUZ – COC). Doutor em História das
Ciências e da Saúde (Fiocruz – Casa de Oswaldo Cruz- Rio de Janeiro)

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Publicado

02-05-2025

Como Citar

Lara, J. T. de. (2025). Radioisótopos no Brasil: os cursos de metodologia e a circulação de novos objetos na ciência da Guerra Fria (décadas de 1950 e 1960). Revista Eletrônica História Em Reflexão, 21(39), 128–152. https://doi.org/10.30612/rehr.v21i39.19037