Útero errante, desequilibrado e controlado

Reflexões contemporâneas e perspectivas historiográficas acerca da patologização do corpo feminino

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/rehr.v19i36.17335

Palavras-chave:

Patologização do corpo feminino., Medicalização, Estereótipos de gênero

Resumo

Este estudo teve como objetivo analisar a evolução histórica da patologização dos corpos femininos, destacando as principais teorias médicas e sociais que contribuíram para essa prática na sociedade contemporânea, bem como investigar as implicações da patologização dos corpos femininos nas esferas social, cultural e individual, considerando seus impactos na saúde, bem-estar e autonomia das mulheres. Através de um estudo bibliográfico de caráter descritivo, evidenciou-se que a patologização dos corpos femininos teve início na Grécia Antiga, com a atribuição da histeria como o primeiro transtorno mental exclusivamente feminino. Ao longo da história, essa prática foi influenciada por fatores sociais, culturais e religiosos, que contribuíram para a perpetuação de estereótipos e preconceitos em relação às mulheres. A patologização dos corpos femininos tem impactos significativos na esfera social, cultural e individual. Ela afeta a saúde física e mental das mulheres, bem como sua autonomia e bem-estar. Além disso, a imposição de padrões de beleza irreais e a restrição do acesso a serviços de saúde reprodutiva são exemplos de como a patologização limita as escolhas e a liberdade das mulheres. Em conclusão, este estudo evidencia a necessidade de questionar e desafiar os estereótipos e preconceitos relacionados aos corpos femininos. É fundamental promover a aceitação da diversidade de corpos femininos e garantir igualdade de acesso e tratamento adequado em todas as áreas da saúde. Somente assim poderemos construir uma sociedade mais justa e inclusiva, onde as mulheres possam viver com saúde, bem-estar e autonomia plena.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jeferson Luis Lima da Silva, Uniasselvi

Especialista em Direitos Humanos (Faculdade Focus) e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (UFPI). Licenciado em Sociologia (Unicesumar) e História (Uniasselvi). É professor na Educação Básica e Gestor Educacional no Ensino Superior. 

Referências

ANDRADE, Tatiane de. Influência: um problema Político-Terapêutico na Genealogia da Psicanálise. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 18, n. 4, p. 1155-1174, 2018.

AQUINO, Tomás. Suma teológica. La Editorial Católica, 1947.

BASEGGIO, Julia Knapp; SILVA, Lisa Fernanda Meyer da. As condições femininas no Brasil colonial. Maiêutica-História, v. 3, n. 1, 2015.

BOGOUSSLAVSKY, Julien. The mysteries of hysteria: a historical perspective. International Review of Psychiatry, v. 32, n. 5-6, p. 437-450, 2020.

CAPELI, Giovanna Marchió. We can do it!: propaganda e o" papel" da mulher na Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos. Revista Ensaios de História, 2018.

CAPONI, Sandra; MAZON, Marcia da Silva; BIANCHI, Eugenia. Gênero e saúde mental em questão. Revista Estudos Feministas, v. 31, p. e93286, 2023.

CELSUS, Aulus Cornelius. A Translation of the Eight Books. Longman, 1840.

CHENIAUX JUNIOR, Elie. Avaliacao diagnostica do transtorno disforico pre-menstrual. J. bras. psiquiatr, p. 117-126, 2000.

COSMACINI, Giorgio. The long art: the history of medicine from antiquity to the present. Rome: Oxford University Press, p. 0-0, 1997.

COSTA, Carlos Alberto Ribeiro; BRITTO, Renata Gonçalves de. Histeria, feminino e corpo: elementos clínicos psicanalíticos. Analytica: Revista de Psicanálise, v. 7, n. 13, p. 300-314, 2018.

COSTA, Teresinha. Édipo. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2010.

CRENSHAW, Kimberlé. Demarginalizing the intersection of race and sex: A black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. u. Chi. Legal f., p. 139, 1989.

DAVIDSON, Roger; HALL, Lesley A. (Ed.). Sex, sin and suffering: Venereal disease and European society since 1870. Routledge, 2003.

DELLA MIRANDOLA, Giovanni Pico. Oratio de hominis dignitate. Edizioni Studio Tesi, 1994.

FACCHINETTI, Cristiana; RIBEIRO, Andréa; MUÑOZ, Pedro F. de. As insanas do Hospício Nacional de Alienados (1900-1939). História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 15, p. 231-242, 2008.

FERNANDES, Elionara Teixeira Boa Sorte et al. Autonomia na saúde reprodutiva de mulheres quilombolas e fatores associados. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, 2020.

FOUCAULT, Michel. Histoire de la médicalisation. Hermès, n. 2, p. 11-29, 1988.

FOUCAULT, Michel. The subject and power. Critical inquiry, v. 8, n. 4, p. 777-795, 1982.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. Global Editora e Distribuidora Ltda, 2019.

JORGE, Marco Antonio Coutinho; TRAVASSOS, Natália Pereira. Histeria e sexualidade-Clínica, estrutura, epidemias: Trilogia sobre sexualidade contemporânea-vol. 2. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2021.

KEHL, Maria Rita. Deslocamentos do feminino: a mulher freudiana na passagem para a modernidade. Boitempo Editorial, 2017.

KING, Ian CC. Body image in paediatric burns: a review. Burns & Trauma, v. 6, 2018.

LERNER, Gerda. A criação do patriarcado. BOD GmbH DE, 2019.

LIMA, Cinthia Almeida. Breves considerações sobre o humanismo de Giovanni Pico Della Mirandola e Blaise Pascal. REVELETEO-Revista Eletrônica Espaço Teológico, v. 11, n. 20, p. 176-183, 2017.

MACHADO, Manuella da Silva et al. O impacto emocional imposto pela ditadura da beleza: uma revisão narrativa. Revista Eletrônica Acervo Científico, v. 34, p. e8705-e8705, 2021.

MANDÚ, Edir Nei Teixeira. Trajetória assistencial no âmbito da saúde reprodutiva e sexual: Brasil, século XX. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 10, p. 358-371, 2002.

MEDRADO, Ana Carolina; LIMA, Mônica. Saúde mental feminina e ciclo reprodutivo: uma revisão de literatura. Nova Perspectiva Sistêmica, v. 29, n. 67, p. 70-84, 2020.

MIZOCK, Lauren; CARR, Erika. Women with Serious Mental Illness: Gender-Sensitive and Recovery-Oriented Care. Oxford University Press, 2020.

MOREIRA, Marília Diógenes. A construção da imagem corporal nas redes sociais: padrões de beleza e discursos de influenciadores digitais. PERcursos Linguísticos, v. 10, n. 25, p. 144-162, 2020.

MURIBECA, Maria das Mercês Maia. The problem of hysteria to the enigmatic allure of feminine seduction in Freud. Estudos de Psicanálise, n. 39, p. 67-79, 2013.

NUNES, Sílvia Alexim. Histeria e psiquiatria no Brasil da Primeira República. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 17, p. 373-389, 2010.

PRESTES, Clélia RS; PAIVA, Vera SF. Abordagem psicossocial e saúde de mulheres negras: vulnerabilidades, direitos e resiliência. Saúde e Sociedade, v. 25, p. 673-688, 2016.

RAGO, Elisabeth Juliska. A ruptura do mundo masculino da medicina: médicas brasileiras no século XIX. cadernos pagu, n. 15, p. 199-225, 2000.

RAGO, Margareth. Epistemologia feminista, gênero e história. Masculino, feminino, plural. Florianópolis: Ed. Mulheres, p. 25-37, 1998.

SAMPAIO, Juliana Vieira; MEDRADO, Benedito; MENEGON, Vera Mincoff. Hormônios e mulheres na menopausa. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 41, p. e229745, 2021.

SANTOS, Dulce O. Amarantes dos. Saúde e enfermidades femininas nos escritos médicos (séculos XIII e XIV). Territórios e Fronteiras, v. 6, n. 2, p. 7-20, 2013.

SCHMIDT, Eder. A Histeria de Kahoun a Viena. Actas Freudianas, v. 4, p. 78-99, 2008.

SCHMIDT, Eder. Thomas Sydenham e o Epistolary discourse: uma ponte entre duas histerias. Revista Brasileira de Psicanálise, v. 53, n. 2, p. 181-192, 2019.

SIGERIST, Henry Ernest. A history of medicine. Oxford University Press, 1987.

SILVA, Thaiga Danielle Momberg; GARCIA, Marcos Roberto Vieira. Mulheres e loucura: a (des) institucionalização e as (re) invenções do feminino na saúde mental. Psicologia em Pesquisa, v. 13, n. 1, p. 42-52, 2019.

SINGER, Charles. Greek biology & greek medicine. DigiCat, 2022.

TRENCH, Belkis; SANTOS, Claudete Gomes dos. Menopausa ou menopausas?. Saúde e sociedade, v. 14, n. 1, p. 91-100, 2005.

TRINCÃO, João Carlos Pinto. A histeria e a génese da Psicanálise. Análise Psicológica, v. 7, p. 251-264, 1989.

WEEKS, Jeffrey. Sexuality and its discontents: Meanings, myths, and modern sexualities. Routledge, 2002.

WILLIAMS, Elizabeth A. Hysteria and the court physician in Enlightenment France. Eighteenth-Century Studies, v. 35, n. 2, p. 247-255, 2002.

Downloads

Publicado

12-09-2024

Como Citar

Silva, J. L. L. da. (2024). Útero errante, desequilibrado e controlado: Reflexões contemporâneas e perspectivas historiográficas acerca da patologização do corpo feminino. Revista Eletrônica História Em Reflexão, 19(36), 153–178. https://doi.org/10.30612/rehr.v19i36.17335