Filhos da invisibilidade: Profilaxia e/ou segregação parental
DOI:
https://doi.org/10.30612/rehr.v20i38.19054Palabras clave:
Exclusões, Hanseníase, Parentalidade, Santo Antônio do PrataResumen
A presente pesquisa discute como o Século XX foi marcado por políticas eugênicas que influenciaram na tomada de decisões sobre o controle da lepra e, principalmente, sobre os filhos "sadios" dos doentes que viviam isolados no Leprosário Santo Antônio do Prata, localizado na área rural de Igarapé-Açu/PA. Os filhos dos leprosos eram segregados dos seus pais logo ao nascer e passavam a receber cuidados de outras pessoas. Este afastamento familiar, configurava-se numa tentativa profilática de impedir a transmissibilidade da doença entre pais e filhos, visto que, os pais não eram impedidos de se reproduzirem. No entanto, a permanência das crianças junto ao convívio dos pais acarretaria riscos significativos ao ciclo de contaminação que se buscava combater naquele período. Desta forma, esta pesquisa parte de uma análise bibliográfica em documentos desse período — sendo a obra Lazarópolis do Prata, de autoria a Heraclides de Souza Araújo, a mais utilizada — que retratam como essa doença era entendida como uma ameaça para a sociedade. Bibliografias atuais, tais como Del Cont (2008), Louzada (1942), Pacheco (2018) e Souza (2006) são utilizadas, junto com a abordagem qualitativa, para aprofundar a discussão sobre a relação entre a profilaxia e a segregação dessas crianças em espaços que impediam a continuidade do ciclo da doença.
Descargas
Citas
BRASIL. Coleção de leis, 1962, Decreto n.968 de 7 de maio de 1962.
BRASIL. Decreto federal n.14.354, de 16 de setembro de 1920. Aprova o regulamento para o Departamento Nacional de Saúde Pública, em substituição do que acompanhou o decreto n.14.189, de 26 de maio de 1920.
BRASIL. Decreto nº 16.300, de 31 de dezembro de 1923. Aprova o Regulamento do Departamento Nacional de Saúde Pública. BRASIL. Coleção das Leis da República dos Estados Unidos do Brasil, v. 3, p. 581-974, 1924.
BRASIL. Decreto n 27.124, de 10 de setembro de 1949. Regulamenta a Lei n.610, de 13 de janeiro de 1949 que fixa normas para a profilaxia da lepra.
CABRAL, Dilma. A terapêutica da lepra no século XIX. ESBOÇOS (UFSC) , v. 16, p. 35-61, 2006.
CABRAL, Dilma. Entre idéias e ações: Lepra, medicina e políticas de saúde no Brasil (1894-1934). 2007. 424 f. Tese (Doutorado em história) – Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2007.
CABRAL, Dilma. Uma profilaxia ímpar: o lugar da lepra entre as endemias nacionais. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 25., 2009, Fortaleza. Anais do XXV Simpósio Nacional de História – História e Ética. Fortaleza: ANPUH, 2009.
CAMPOS, Pautilia Paula de Oliveira; FLORES, Thiago Pereira da Silva. Cadernos Do Morhan, A Segunda Geração. Minas Gerais: Escritório Virtual do Morhan Nacional, 2012.
DEL CONT, Valdeir. Francis Galton: eugenia e hereditariedade. Scientiae Studia (USP), v. 6, p. 710-733, 2008.
CUNHA, Vivian da Silva. Isolados ‘como nós’ ou isolados ‘entre nós’?: a polêmica na Academia Nacional de Medicina sobre o isolamento compulsório dos doentes de lepra. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.17,
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Vozes, Petrópolis. 1977.
GALTON, Francis. Hereditary Genius. London: Macmillan and Co, 1869.
GOMIDE, Leila Regina Scalia. “Órfãos de pais vivos”. A lepra e as instituições preventoriais no Brasil: estigmas, preconceito e segregação. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1991.
LOUZADA, Antônio. O problema da esterilização dos doentes de lepra. Revista Brasileira de Leprologia, São Paulo, v.10, n.4, p.421-430. 1942.
MONTEIRO, Yara Nogueira. Doença e Estigma. Revista de História (Porto), São Paulo, v. 128, p. 131-139, 1993. 83
MONTEIRO, Yara Nogueira. Da maldição divina a exclusão social um estudo da hanseníase em São Paulo. 1995. 492 f. Tese (Doutorado) – universidade de São Paulo, São Paulo, 1995.
MONTEIRO, Yara Nogueira. Violência e Profilaxia: os preventórios paulistas para filhos de portadores de hanseníase. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 7, n.1, p. 03-26, 1998.
PACHECO, Tatiana do Socorro Corrêa. Infância e experiências educativas de crianças que viveram o isolamento compulsório no Educandário Eunice Weaver em Belém do Pará (1940-1982). ISSN: 1982-0305. Teias (Rio de Janeiro), v. v.19, p. p.91-p.106, 2018.
PACHECO, Tatiana do Socorro Corrêa. A História de Crianças que viveram o Isolamento Compulsório no Educandário Eunice Weaver em Belém do Pará (1942- 1980). ISSN 2318-7344. ARQUIVO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO, v. v. 6, p. p.181-215-215, 2018.
PENA, Belisario. O problema brasileiro da lepra. Archivos rio grandenses de medicina. Rio grande do sul, v. 7, n.8/9, p. 12 – 36, ago/set. 1928.
POLIZELLO, Anreza. O desenvolvimento das ideias de herança de Francis Galton: 1865-1897. Filosofia e História da Biologia, v. 6, n. 1, p. 1-17, 2011.
SANTOS, Maria Luiza Ramos Vieira. Lei n. 12.318/2010 - Instrumento de Garantia ao Direito da Criança e do Adolescente à Convivência Familiar. In: Ludmila Albuquerque Douettees Araújo e Iara Rodrigues de Toledo e Fernanda Garcia Escane. (Org.). Direito de Família II. Ied.Forianopolis: CONPEDI, 2014, p. 89-103.
SOUZA-ARAÚJO, Heráclides César. Lazarópolis do Prata – serviço de saneamento e prophilaxia rural no Estado do Pará. Belém: Emp. Graphica Amazônia, 1924.
SOUZA-ARAÚJO, Heráclides César. O problema da lepra na América do Sul. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v.43, n.3, p.583-598. 1945.
SOUZA-ARAÚJO, Heráclides César. O problema da lepra no Brasil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v.52, n.2, p.419-441. 1954.
SOUZA-ARAÚJO, Heráclides César. História da Lepra no Brasil: período republicano (1889 – 1946) Album das Organizações Antileprosas. Vol.2. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional. 1948.
SOUZA, Vanderlei Sebastião de. A política biológica como projeto: a “eugenia negativa” e a construção da nacionalidade na trajetória de Renato Kehl (1917-1932). Revista da Sociedade Brasileira de História da Ciência, v. 4, n. 1, p. 94-95, 2006.
SOUZA, Vanderlei Sebastião de. As idéias eugênicas no Brasil: ciência, raça e projeto nacional no entre-guerras. Revista eletrônica história em reflexão (UFGD) , v. 6, p. 1-23, 2012.
SOUZA, Vanderlei Sebastião de. Em nome da raça: a propaganda eugênica e as idéias de Renato Kehl nos anos 1910 e 1920. Revista de História Regional, v. 11, p. 29-70, 2007.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2024 Revista Eletrônica História em Reflexão
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-CompartirIgual 4.0.
Os autores devem aceitar as normas de publicação ao submeterem a revista, bem como, concordam com os seguintes termos:
(a) O Conselho Editorial se reserva ao direito de efetuar, nos originais, alterações da Língua portuguesa para se manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
(b) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Brasil (CC BY-NC-SA 3.0 BR) que permite: Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato e Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material.
A CC BY-NC-SA 3.0 BR considera os termos seguintes:
- Atribuição: Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
- NãoComercial: Você não pode usar o material para fins comerciais.
- CompartilhaIgual: Se você remixar, transformar, ou criar a partir do material, tem de distribuir as suas contribuições sob a mesma licença que o original.
- Sem restrições adicionais: Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.