Reformismo conservador-autoritário no cinema durante a Ditadura Militar (1964-1985): o caso do filme Manhã cinzenta (São Paulo, 1968)

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.30612/rehr.v21i40.18945

Palabras clave:

reformismo, universidades, Ditadura Militar, cinema, ciências

Resumen

Neste artigo analisamos a representação da comunidade universitária e científica presentes no média-metragem Manhã Cinzenta (São Paulo, 1968), produzido no auge da Ditadura Militar no Brasil. Observamos que a película pode ser compreendida como um testemunho das discussões sobre o projeto institucional militar para o ensino superior, movido tanto pelo investimento prioritário em pesquisas que pudessem desenvolver a economia e o setor de tecnologia quanto pela repressão à organização política dos universitários. Desse modo, os elementos tecnológicos presentes no filme podem ser interpretados como representações alegóricas de uma ciência acrítica e estritamente técnica defendida pelos militares, enquanto os universitários da trama fazem alusão à ala que se contrapunha a esse projeto.

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Biografía del autor/a

Renan Siqueira da Silva, Universidade Federal do ABC

Doutor (2023) e Mestre (2018) em Ensino e História das Ciências pela Universidade Federal do ABC (UFABC) e Licenciado em Física (2014) pela Universidade de São Paulo (USP). Pesquisa principalmente sobre os seguintes temas: história das ciências brasileiras, Ditadura Militar (1964-1985), cinema como fonte histórica, ensino de ciência e formação de professores. Atualmente é pesquisador colaborador da Universidade Federal do ABC e estuda as imagens científica repercutidas em produções fílmicas brasileiras lançadas durante a Ditadura Militar (1964-1985), além da interface entre a história das ciências e ensino de ciências no contexto de formação de professores. Também atua como professor de física e de eletivas (cinema e automação), tendo experiência em instituições dos setores públicos e privados. É membro do Grupo de Pesquisa em Interfaces entre História das Ciências e Educação Científica (GIHCEC) e do Grupo de pesquisa de História, Teoria e Ensino de Ciências da Universidade de São Paulo (GHTC). 

Breno Arsioli Moura, Universidade Federal do ABC

Professor Associado da Universidade Federal do ABC (UFABC). Doutor e Mestre em Ensino de Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) - com ênfase em História da Ciência - e Licenciado em Física pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Pesquisa principalmente sobre os seguintes temas: Iconografia, História da Ciência, Século XVIII e Interface entre História da Ciência e Ensino. Realizou estágios pós-doutorais no Departamento de História da Universidade da Califórnia (Berkeley-EUA) e no laboratório SPHERE (Université de Paris/CNRS, Paris-França), ambos apoiados pela FAPESP. Atualmente, é coordenador da Pós-Graduação em Ensino e História das Ciências e da Matemática (UFABC). É membro do Grupo de História, Teoria e Ensino de Ciências (GHTC) e do Grupo de Pesquisas em Interfaces entre História das Ciências e Educação Científica (GIHCEC). Desde 2022, é bolsista Produtividade CNPq na área de História. 

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Publicado

23/08/2025

Cómo citar

Silva, R. S. da, & Moura, B. A. (2025). Reformismo conservador-autoritário no cinema durante a Ditadura Militar (1964-1985): o caso do filme Manhã cinzenta (São Paulo, 1968). Revista Eletrônica História Em Reflexão, 21(40), 354–382. https://doi.org/10.30612/rehr.v21i40.18945