A Repercussão do Golpe de 1964 sobre o Cinema Novo: Crise do projeto nacional-popular e autocrítica (1964-1968)
DOI:
https://doi.org/10.30612/rehr.v21i40.18867Palabras clave:
Golpe de 1964, Cinema Novo, Revista Civilização Brasileira, Cinema brasileiroResumen
Este artigo visa problematizar como o Golpe de 1964 repercutiu nos cineastas ligados ao Cinema Novo, analisando um recorte temporal que abrange os primeiros anos de Ditadura até a instauração do AI-5. Para este fim, investigamos a produção bibliográfica dos cineastas engajados ligados ao movimento em questão, sobretudo publicações da Revista Civilização Brasileira, interpretadas segundo as orientações metodológicas de Tânia Regina de Luca sobre o uso de periódicos na pesquisa histórica e tomando como fundamentação teórica formulações de Raymond Williams sobre a aplicação de uma perspectiva materialista aos estudos culturais. O trabalho parte de exposições sobre o panorama geral das esquerdas na conjuntura do Golpe de 64 para, progressivamente, singularizar a dimensão artística da militância, mais especificamente aquela referente ao cinema. Através de uma análise que instrumentalizou conceitos de diferentes áreas do conhecimento para investigar as fontes supracitadas, observamos que a militância dos cineastas no período após o Golpe de 1964 se caracterizou por uma dualidade entre “a voz do militante de esquerda” e “a voz do profissional de cinema”: por um lado, há uma ênfase nas contribuições positivas do Cinema Novo para o desenvolvimento da indústria cinematográfica nacional, mas, quando se trata de avaliar as consequências do diálogo com o projeto nacional-popular, com suas estratégias de intervenção sobre a sociedade e mobilização do público, críticas mais severas foram feitas, geralmente direcionadas aos objetivos não atingidos das obras.
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