Autoria acadêmica surda do Movimento Surdo Brasileiro: Circulação de saberes de um Projeto Coletivo Intercultural
DOI:
https://doi.org/10.30612/rehr.v21i40.18873Palavras-chave:
Autoria Acadêmica Surda, Movimento Social, Educação, InterculturalidadeResumo
Esta investigação discute a atuação histórica das lideranças surdas no movimento social, com foco no seu papel educador nas relações sociais. Parte-se da indagação sobre os sentidos empregados pelos sete primeiros doutores surdos brasileiros, ativistas dos movimentos surdos nos primeiros anos do século XXI, na perspectiva da articulação coletiva de saberes. Assim, a temática ganha força diante da dissolução das representações sociais subalternizantes das pessoas surdas, possibilitando a visibilização do protagonismo e da autoria surda em razão dos conhecimentos sistematizados, produzidos, articulados e compartilhados pelas lideranças intelectuais. Portanto, a pesquisa propõe reconhecer, por meio da autoria acadêmica de lideranças surdas, um projeto de educação intercultural como estratégia de transformação das relações sociais entre agentes e instituições. De característica básica e qualitativa, metodologicamente, opta-se pela revisão bibliográfica, bem como pesquisa documental. Através da leitura interpretativa dos dados coletados recorre-se a aproximação com o campo teórico com os estudos (inter)culturais críticos desde a América Latina, orientados pelo pensamento decolonial. Por fim, a pesquisa evidencia diferentes saberes que convergem em aprendizagens para ouvintes, destacadas pelo grupo pioneiro no processo de doutoramento dos intelectuais engajados. Por meio da articulação de saberes práticos, teóricos, técnicos-instrumentais, sócio-políticos, simbólicos-culturais, linguísticos e epistêmicos verifica-se a construção de uma pedagogia intercultural fundada no reconhecimento e na solidariedade com surdos pelos ouvintes.
Downloads
Referências
BOURDIEU, Pierre. O campo científico. In: ORTIZ, Renato (org.). Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo: Ática, 1983. p. 122-155.
BOURDIEU, Pierre. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Editora UNESP, 2004.
BRITO, Fabio Bezerra de. O movimento surdo no Brasil: a busca por direitos. Journal of Research in Special Educational Needs, v.16, n.1, p. 766–769, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1111/1471-3802.12214. Acesso em: 10 set. 2018. DOI: https://doi.org/10.1111/1471-3802.12214
CAMPELLO, Ana Regina e Souza; PERLIN, Gladis Teresinha Taschetto; STROBEL, Karin Lilian; STUMPF, Marianne Rossi; REZENDE, Patrícia Luiza Ferreira; MARQUES, Rodrigo Rosso; MIRANDA, Wilson de Oliveira. Carta Aberta ao Ministro da Educação. 2012. Disponível em: https://docs.google.com/file/d/0B8A54snAq1jAQnBYdVRPYmg1VUk/edit?pli=1. Acesso em 10 de ago. de 2018.
CAMPELLO, Ana Regina; REZENDE, Patrícia Luiza Ferreira. Em defesa da escola bilíngue para surdos: a história de lutas do movimento surdo brasileiro. Educar em Revista, Curitiba, n. 2, p. 71-92, 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/0104-4060.37229
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
GOHN, Maria da Glória Marcondes. Movimentos sociais na contemporaneidade. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 16, n. 47, p. 333-513, maio/ago. 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-24782011000200005
GOHN, Maria da Glória Marcondes. Movimentos sociais no início do século XXI: antigos e novos atores sociais. Petrópolis: Vozes, 2013.
GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador - Saberes construídos na luta por emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017.
GONTIJO, Rebeca. História, cultura, política e sociabilidade intelectual. In: BICALHO, Maria Fernanda; SOIHET, Rachel; GOUVÊA, Maria de Fátima (orgs.). Culturas Políticas: Ensaios de história cultural, história política e ensino de história. Rio de Janeiro: Maud Editora. 2005. p. 259-284.
MIRANDA, Wilson de Oliveira. A experiência e a pedagogia que nós surdos queremos. 2007. 160f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/13581. Acesso em: 10 set. 2018.
MONTEIRO, Myrna Salerno. MESTRES E DOUTORES SURDOS: Sobre a Crescente Formação Especializada de Pessoas Surdas no Brasil. Revista Virtual de Cultura Surda, n. 23, mai. 2018. Disponível em: http://editora-arara-azul.com.br/site/revista_edicoes/detalhes/59. Acesso em: 10 jul. 2018.
MORAES, Violeta Porto. "Vivemos um ser desconjuntado": a produção da diferença nos discursos dos surdos acadêmicos. 2014. 65 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2014.
POKORSKI, Juliana de Oliveira. Mãos Bilíngues na Academia: Narrativas Surdas. In: Anais do X Seminário da ANPED Sul, Florianópolis, 2014.
POKORSKI, Juliana de Oliveira. Narrativas Surdas de Percursos Acadêmicos. 2020. 310 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2020. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/218414#. Acesso em: 17 nov. 2021.
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani César. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Novo Hamburgo: Feevale, 2009.
REICHERT, Inês Caroline. Tramas indígenas contemporâneas: doutores indígenas e os sentidos da autoria acadêmica indígena no Brasil. 2018. 191 f. Tese (Doutorado em Diversidade Cultural e Inclusão Social) – Universidade Feevale, 2018. DOI: https://doi.org/10.20435/tellus.v19i38.550
REZENDE, Patrícia Luiza Ferreira. Implante coclear na constituição dos sujeitos surdos. 2010. 164 f. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Ciências da Educação. Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. Disponível em: http://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/94074. Acesso em: 2 set. 2018.
RIBEIRO, Maria Clara Maciel de Araújo. O discurso acadêmico-científico produzido por surdos: entre o fazer acadêmico e o fazer militante. 2012. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/LETR-96LNYY/tese_maria_clara_maciel.pdf?sequence=1. Acesso em: 17 nov. 2021.
ROTHER, Edna Terezinha. Revisão sistemática X revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem [online]. 2007, v. 20, n. 2, p. v-vi. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001. Acesso em: 25 nov. 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001
SILVA, Vilmar. A política da diferença: educadores-intelectuais surdos em perspectivas. 2009. 184 f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/106672/273852.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso: 28 set. de 2011.
SOUZA, Gabriel de. Sinais de uma autoria acadêmica surda no Brasil: as trajetórias sociais das/os primeiras/os doutoras/es surdas/os. 2018. 97 f. Monografia (Conclusão do Curso de Licenciatura em História) - Feevale, Novo Hamburgo-RS, 2018. Disponível em: https://biblioteca.feevale.br/Vinculo2/000016/000016fd.pdf. Acesso em: 11 fev. 2019.
SOUZA, Gabriel de; REICHERT, Inês Caroline. Lideranças intelectuais nos caminhos da Autoria Acadêmica Surda. Revista Espaço, Rio de Janeiro, n. 53, p. 175-196, jan.-jun. 2020.
STROBEL, Karin. Surdos: vestígios culturais não registrados na história. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/91978. Acesso em: 9 set. 2018.
STUMPF, Marianne Rossi. Aprendizagem de Escrita de Sinais pelo sistema SignWriting: Língua de Sinais no papel e no computador. 2005. 330f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/5429. Acesso em: 12 set. 2018.
VELHO, Gilberto. Projeto e metamorfose: antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1999.
WALSH, Catherine. La interculturalidad en la educación. Lima: UNICEF - Ministerio de Educación, 2005.
WALSH, Catherine. Estudios (inter)culturales en clave de-colonial. Tabula Rasa, Bogotá, n. 12, p. 209-227, jun. 2010. DOI: https://doi.org/10.25058/20112742.393
WALSH, Catherine. Interculturalidad crítica y (de)colonialidad: Ensayos desde Abya Yala. Quito: Ediciones Abya-Yala, 2012.
WALSH, Catherine. Pedagogías decoloniales caminando y preguntando. Notas a Paulo Freire desde Abya Yala”, Entramados - Educación y Sociedad, dez. 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Eletrônica História em Reflexão

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Os autores devem aceitar as normas de publicação ao submeterem a revista, bem como, concordam com os seguintes termos:
(a) O Conselho Editorial se reserva ao direito de efetuar, nos originais, alterações da Língua portuguesa para se manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
(b) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Brasil (CC BY-NC-SA 3.0 BR) que permite: Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato e Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material.
A CC BY-NC-SA 3.0 BR considera os termos seguintes:
- Atribuição: Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
- NãoComercial: Você não pode usar o material para fins comerciais.
- CompartilhaIgual: Se você remixar, transformar, ou criar a partir do material, tem de distribuir as suas contribuições sob a mesma licença que o original.
- Sem restrições adicionais: Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.
