Geografia das extinções: efeitos deletérios do capitalismo na biota animal brasileira e suas relações com o antropoceno

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.5418/ra2024.v20i43.18783

Mots-clés :

ameaça de extinção, agronegócio, domínios de natureza

Résumé

Partindo da hipótese de que as estruturas capitalistas implementadas no espaço geográfico, enfaticamente as terras ligadas ao agronegócio, tendem a promover homogeneização da paisagem e simplificação da biota, o presente artigo tem por objetivo discutir o atual quadro de ameaças de extinção no território brasileiro tomando a fauna de mamíferos como bioindicadora. Os caminhos metodológicos passaram pela compilação das espécies de mamíferos ameaçadas de extinção e identificação de suas causas, procedimentos estes acompanhados de produção cartográfica correlata, o que resultou em um padrão no qual a interiorização das ameaças de extinção acompanha a interiorização da economia brasileira, dos ciclos econômicos iniciais ao agronegócio cada vez mais intensificado no período das Grandes Acelerações do Antropoceno, atualmente responsável por 35% das situações de ameaça de extinção em território nacional. Os resultados também verificaram que o domínio das florestas tropicais atlânticas é aquele que mais apresenta espécies ameaçadas de extinção devido à sua história ambiental de ocupação mais intensiva, dominantemente concentradas na ordem Primates, com espraiamento da perda composicional da biota animal para o interior do país.

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Biographie de l'auteur

Roberto Marques Neto, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Professor do Departamento de Geociências e do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora; Programa de Pós-graduação em Geografia - Universidade Federal de Alfenas

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Publiée

2025-02-23

Comment citer

Marques Neto, R. (2025). Geografia das extinções: efeitos deletérios do capitalismo na biota animal brasileira e suas relações com o antropoceno. Revista Da ANPEGE, 20(43), 22. https://doi.org/10.5418/ra2024.v20i43.18783