Fricções contracoloniais contra as frentes de ocupação do Sul de Mato Grosso e a armadilha do epistemicídio indígena (1890-1950).

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/frh.v26i46/47/48.19746

Palavras-chave:

Epistemicídio indígena, Contracolonizar, Descaravelização , Futuro ancestral , Fricção indígena

Resumo

O estudo aqui apresentado busca fazer o diálogo entre o saber acadêmico e o das pessoas indígenas, ouvindo-lhes as palavras sobre a sua história, para tentar assim não cair na armadilha colonialista do epistemicídio. É preciso, urgentemente, contracolonizar, isto é, pegar as palavras portuguesas e subverte-las, (re)escrevendo indigenamente os saberes ancestrais que dão significado e significância às vivências aos povos das florestas (indígenas) e seus saberes nativos; ciência, espiritualidade e religiosidade, história, alimentação, medicina, etc. Partindo desse pressuposto êmico, de saberes ancestrais e das matas, buscar-se-á descaravelizar os processos de escrita da história ocidental colonialista e euro-cristã que carrega no seu íntimo o racismo indígena; ao se valer das palavras da língua do colonizador como: “pioneiro”, para se referir metaforicamente ao invasor das terras indígenas, especificamente em Mato Grosso do Sul. Decorrendo dessa prática o fenômeno do epistemicídio indígena.

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Biografia do Autor

Eduardo Martins, UFMS

Possui graduação em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2001), mestrado em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2003) e doutorado em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2008). Possui pós-doutorado pela Universidade Federal da Grande Dourados, UFGD, (2018). Docente adjunto 4 junto à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS, curso de História, campus de Nova Andradina, MS. Autor do livro "A invenção da vadiagem", editora CRV, 2011, autor do livro "Ofaié: eu estou na estrada", editora Life, 2022. Participação em capítulo do livro "Leituras foucaultinas", CRV, 2015, autor do posfácio no livro "Territorialidades camponesas no noroeste do Paraná", editora CRV, 2021. Autor do livro "1823: A Assembleia Constituinte, escravidão e cidadania no Brasil". Atuante nos Grupos de pesquisa CAPES: Grupo de estudos e pesquisas interdisciplinares sobre cultura, política e sociabilidade, desde 2014

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Publicado

2025-07-07

Como Citar

Martins, E. (2025). Fricções contracoloniais contra as frentes de ocupação do Sul de Mato Grosso e a armadilha do epistemicídio indígena (1890-1950). Fronteiras, 26(46/47/48), 125–148. https://doi.org/10.30612/frh.v26i46/47/48.19746

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Seção

ARTIGOS