Regionalização da evapotranspiração de referência e real para o estado de Alagoas, Nordeste do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.55761/abclima.v37i21.18985Palavras-chave:
Evaporação e transpiração, Variabilidade climática, Análise de Cluster, Sensoriamento remoto, Recursos HídricosResumo
A evapotranspiração de referência (ET0) refere-se à demanda de água da atmosfera baseando-se numa superfície padronizada (sem restrição hídrica) e a evapotranspiração real (ETr) é a perda de água para a atmosfera que realmente ocorre. O objetivo deste trabalho é regionalizar e analisar as variabilidades temporal e espacial da ET0 e ETr para o estado de Alagoas. Foram utilizados dados mensais de ET0 (1961 a 2019) e ETr do produto MOD16 (2001 a 2020). De posse dos dados, foram aplicadas análises estatísticas descritivas, multivariadas (análise de Cluster e Silhouette) e Geoestatística (IDW - Inverse Distance Weighting), respectivamente, para caracterização, identificação de áreas homogêneas e interpolação para representação espacial. Entre os principais resultados, destacam-se que as variações da ETr são maiores que a ET0. Delimitou-se nesta pesquisa 4 sub-regiões para ET0 e ETr, denominadas de S1, S2, S3 e S4. A ET0 é maior na porção oeste do estado de Alagoas (S4) e os valores decrescem em direção a porção leste (S1). Em contrapartida, para ETr, ocorre o oposto. O período de maior ET0 ocorre entre outubro e março, enquanto os menores valores são registrados entre junho e julho, ou seja, em função da disponibilidade de energia. A ETr é, em média, maior no período chuvoso (julho) e menor no período seco (dezembro). As variações da ETr estão associadas a fatores como a distribuição desigual de umidade no solo e as condições climáticas locais (principalmente associadas à distribuição das chuvas). Conclui-se que essas informações são essenciais para a gestão sustentável dos recursos hídricos e o planejamento agrícola, especialmente em ambientes semiáridos.
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