Entre secas e inundações: modelo de tendência e desastres socioclimáticos em Feira de Santana, BA
DOI:
https://doi.org/10.55761/abclima.v33i19.17201Palavras-chave:
Mudanças climáticas, Semiárido, Precipitação, Enchentes, SocioambientalResumo
Episódios de inundação e de alagamento têm sido recorrentes no contexto urbano. Na busca por justificativas, proliferam-se conteúdos voltados a culpabilizar exclusivamente o clima, sobretudo após os debates científicos sobre as mudanças climáticas globais. Em linha contrária, o artigo vem questionar até que ponto pode-se atribuir ao clima a responsabilidade pelos eventos geradores de desastres. Assim, tem-se como objetivo analisar a dinâmica das chuvas em Feira de Santana - BA, avaliando as repercussões urbanas e à tendência pluviométrica no período de 1961 a 2020. Em termos procedimentais, recorreu-se aos dados sobre os índices de chuvas (1960 a 2020), análise de reportagens (1990 a 2020) e a aplicação de técnicas estatísticas. Os resultados realçam a presença do clima semiárido em Feira de Santana, sendo possível delimitar três seguimentos pluviométricos. O primeiro, de novembro a março, marcado pela maior variabilidade e recorrência dos eventos extremos. O segundo, de abril a julho, com chuvas de baixa magnitude e elevada frequência. O terceiro, de agosto a outubro, marcado pelas secas, com baixa possibilidade de enchentes. Tais delimitações dialogam com as 62 reportagens veiculadas sobre os desastres associados às chuvas. Apesar do aumento temporal dos episódios geradores de perdas humanas e materiais, o modelo de tendência aponta redução do índice de chuva. Deste modo, o quantitativo pluviométrico por si só é insuficiente para justificar as enchentes, sendo essencial avaliar a composição biofísica da cidade em meio as intervenções sociais implementadas com o avanço da mancha urbana.
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