Termodinâmica Noturna dos Ecossistemas Amazônicos

Authors

DOI:

https://doi.org/10.55761/abclima.v32i19.15959

Abstract

O objetivo deste artigo é estabelecer um modelo teórico não-empírico para o resfriamento noturno dos ecossistemas amazônicos dentro do escopo de compreender melhor a termodinâmica de tais ecossistemas. As características noturnas de temperatura em cinco diferentes ecossistemas da Amazônia brasileira foram estudadas, a saber, floresta profunda, floresta média, floresta de transição, savana (Cerrado) e uma floresta sazonalmente inundada (Pantanal). Durante um ano, foram analisados ​​dados micrometeorológicos, especificamente temperatura e umidade do ar. Foi observado que a temperatura em todos os ecossistemas diminui a uma taxa de 0,9 °C/h no início da noite, que é coerente com a taxa de resfriamento teórica esperada em condições de ar “seco”, ou seja, quando a umidade não exerce influência significativa na termodinâmica do ecossistema. Os dados analisados ​​revelaram que quando a umidade relativa é superior a aproximadamente 85% no meio da noite, a taxa de resfriamento cai mais de uma ordem de magnitude até o final da noite, em todos os ecossistemas. Isso significa que a água presente no ar efetivamente libera energia para o meio ambiente. Como hipoteticamente o efeito é produzido pela coalescência de aglomerados de duas moléculas de água, a quantidade de energia necessária para produzir o efeito corresponde a uma taxa de coalescência de 1022 aglomerados por metro cúbico por hora, uma quantidade muito pequena para ser devidamente detectada por sistemas de medição de fluxo.

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Author Biographies

Iramaia, Environmental Physics Research Group/Federal University of Mato Grosso (UFMT), Cuiabá-MT, Brazil

Possui graduação em Licenciatura em Ciências Naturais com habilitação em Física (UFMT-1985), Licenciatura em Física (UFMT-1994), Mestrado em Educação com ênfase em Ensino de Física (UFMT-1997) e Doutorado em Ensino de Ciências com ênfase em Ensino de Física Contemporânea (2006), pela Universidad de Burgos (Espanha). Realizou estágio pós-doutoral em Modelagem de Sistemas Complexos pela Université Libre de Bruxelles (Bélgica, 2013), participando do grupo de pesquisa fundado pelo Professor Ilya Prigogine. É Professora Associada do Instituto de Física da UFMT, onde exerceu o cargo de diretora de 2017 a 2020. Foi fundadora e coordenadora do Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências Naturais (UFMT, 2010-2013). É editora da revista Experiências em Ensino de Ciências (EENCI), desde 2011. Suas áreas de interesse são Teoria da Complexidade Aplicada a Física Ambiental e Pesquisa em Ensino de Física. Dedica-se também a teorias de aprendizagem, especialmente a Teoria da Aprendizagem Significativa e a Teoria da Aprendizagem Significativa Crítica. Credenciada no Programa de Pós-Graduação Física Ambiental (mestrado e doutorado) e Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF). Coordena o Grupo de Pesquisa em Sistemas Ambientais Complexos atuando nas linhas de pesquisa: Análise e Modelagem de Processos Ambientais Complexos e Análise e Modelagem de Processos Ecofisiológicos. Participa desde 2014 da Comissão de Pós-Graduação (CPG) do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF/PROFIS) onde atualmente é coordenadora da CPG Nacional.

Hozana Ferreira, Environmental Physics Research Group/Federal University of Mato Grosso (UFMT), Cuiabá-MT, Brazil

Possui graduação em Licenciatura Plena em Física pela Universidade Federal de Mato Grosso (2011). Mestra em Física Ambiental pela Universidade Federal de Mato Grosso (2014). Doutora em Física Ambiental pela Universidade Federal de Mato Grosso (2018).Área de Concentração: Análise e Modelagem de Processos Ambientais Complexos.

Sergio de Paulo, Environmental Physics Research Group/Federal University of Mato Grosso (UFMT), Cuiabá-MT, Brazil

Possui graduação em Bacharelado Em Física pela Universidade Estadual de Campinas (1986) e doutorado em Física pela Universidade Estadual de Campinas (1991). Pós-Doutorado pela Universidade Livre de Bruxelas. Atualmente é professor Titular da Universidade Federal de Mato Grosso. Credenciado no Programa de Pós-graduação em Física Ambiental em níveis de mestrado e doutorado. Tem experiência na área de Física, com ênfase em Ensino de Ciências e na Teoria dos Sistemas Complexos, atuando principalmente nos seguintes temas: método dos traços de fissão, termocronologia, radônio e filhos, ensino de Física, sistemas complexos e física ambiental (micrometeorologia). Atualmente, trabalha principalmente com a aplicação de métodos de análise da Teoria dos Sistemas Complexos na compreensão da dinâmica de trocas de energia e matéria nos ecossistemas brasileiros.

Jose de Souza Nogueira, Environmental Physics Research Group/Federal University of Mato Grosso (UFMT), Cuiabá-MT, Brazil

Graduado em Física pela Universidade Federal de Mato Grosso (1980), Mestrado em Física Aplicada pela Universidade de São Paulo (1991) e Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo (1995). Professor Titular da Universidade Federal de Mato Grosso, Bolsista Produtividade CNPq - nível 1A. Credenciado no Programa de Pós-graduação em Física Ambiental/UFMT. Revisor ad-hoc de diversas revistas científicas nacionais e internacionais e tem cooperação internacional com a California State University, San Marcos. Pesquisa na área de Ciências Ambientais com ênfase em evapotranspiração, correlação de vórtices turbulentos, modelagem de trocas de energia entre superfície vegetada e atmosfera e dados micrometeorológicos.

Renata Aguiar, Environmental Engineering Department, Federal University of Rondônia (UNIR), Ji-Paraná-RO, Brazil

Professora no curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal de Rondônia - Campus de Ji-Paraná e desenvolvo pesquisas no âmbito do Programa LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), na área de Ciências Ambientais e Geociências, mais especificamente sobre: troca líquida de dióxido de carbono no ecossistema, balanço de energia, padrões de chuva e mudanças no uso da terra na Amazônia. Busco em tudo que me envolvo aliar as dimensões afetivas, de lazer e sustentabilidade.

Marta Sá, National Institute of Amazonian Research/LBA Program, Manaus-AM, Brazil

Habilitação Específica para o Magistério de 1ª a 4ª Séries (1995). Graduação em Meteorologia pela Universidade Federal do Pará (2002), especialização em Oceanografia pela Universidade Federal do Pará (2003) e mestrado em Meteorologia pela Universidade Federal de Alagoas (2006). Tem experiência na área de Geociências, atuando principalmente nos seguintes temas: Micrometeorologia, Tratamento de Dados, Instrumentação, Geoestatística e Hidrometeorologia.

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Published

20/01/2023

How to Cite

de Paulo, I., Ferreira, H., de Paulo, S., Nogueira, J. de S., Aguiar, R., & Sá, M. (2023). Termodinâmica Noturna dos Ecossistemas Amazônicos. Brazilian Journal of Climatology, 32(19), 269–291. https://doi.org/10.55761/abclima.v32i19.15959

Issue

Section

Artigos