Relação estatística entre casos de dengue em Maceió e variabilidade climática dos Oceanos Pacífico e Atlântico
DOI:
https://doi.org/10.55761/abclima.v37i21.18738Palavras-chave:
IOS, Dipolo do Atlântico, Ondaleta cruzada, lags, DataSUSResumo
A dengue é uma doença sistêmica e de etiologia viral, e o vetor de transmissão dessa doença é o mosquito Aedes aegypti, cuja proliferação intensa, a partir da década de 1980, resultou em epidemias explosivas em todas as regiões brasileiras. Desse modo, o objetivo do trabalho é realizar uma avaliação da relação entre a variabilidade climática dos Oceanos Pacífico e Atlântico e a ocorrência de Dengue em Maceió. Para isso foram usados dados de precipitação, dados mensais do número de casos de dengue em Maceió, e dados do Índice IOS e do Dipolo do Atlântico, com período de dados em comum de 2014- 2023. Em relação à variabilidade do Oceano Pacífico, identificou-se que períodos de aumento de casos de Dengue também apresentaram simultaneamente registros de ocorrência de ENOS. A análise de coerência entre a Precipitação e Casos de Dengue em Maceió, verificou que o máximo das duas séries ocorrem simultaneamente. Em relação à variabilidade do Oceano Atlântico, percebeu-se que alguns períodos de aumento de casos de Dengue ocorreram registros da fase negativa do Dipolo. Já na análise de coerência entre casos de Dengue e índice do Dipolo, indicou que na escala sazonal, o máximo de casos de Dengue aconteceu 20 dias após o máximo do Dipolo. Desta forma, sugere-se que com acompanhamento e monitoramento desses índices climáticos, e utilizando a Ondaleta cruzada, pode-se estimar quando ocorrerá estatisticamente o máximo de casos de Dengue em Maceió.
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