O balanço de sumidouro de carbono e condições meteorológicas na cidade do Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.55761/abclima.v35i20.18187Palavras-chave:
Troca Líquida de CO2 no Ecossistema. Pegada de Carbono. Clima Urbano. Mudanças Climáticas.Resumo
O presente trabalho foca no balanço de carbono e o papel da vegetação nos fluxos de CO2 na cidade. O objetivo é avaliar a variabilidade espaço-temporal da troca líquida de CO2 no ecossistema ou Net Ecosystem Exchange (NEE) e sua relação com as condições meteorológicas na cidade do Rio de Janeiro, no período de 2016 a 2020. O trabalho foi desenvolvido a partir de um modelo empírico-biogênico que estima os fluxos horários de NEE em uma resolução de 300 metros, usando dados de sensoriamento remoto, variáveis meteorológicas e coeficientes derivados empiricamente. Os resultados mostram que a maior absorção de CO2 ocorreu nas áreas com elevada fração de vegetação (80 - 100%) com um máximo de -1.26 gCO2 300m2 hora-1 e mínimo -0.5 gCO2 300m2 hora-1 nas áreas urbanizadas. Os valores totais de NEE variaram diariamente e sazonalmente devido à variação da temperatura do ar e da precipitação acumulada. Durante a noite, a respiração das plantas e solos emitiram CO2 com uma média de 1.8 tCO2 hora-1 e, durante o dia, a fotossíntese capturou CO2, chegando a -6 tCO2 hora-1. Os maiores valores de NEE (-1,8 ktCO2) foram registrados no verão e os mínimos (0,2 ktCO2) no inverno. Os resultados deste estudo contribuem para a formulação de estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas na cidade, que levam em conta o papel das áreas verdes no balanço de carbono.
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