O gênero contra a parede: a intersexualidade como ferramenta de análise de saberes médico-científicos

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.30612/nty.v12i20.19529

Palabras clave:

Intersexo, Gênero, Binarismo, Sexualidade

Resumen

Neste artigo, refletimos sobre os modos pelos quais a intersexualidade é
constituída por certos regimes discursivos neoconservadores em termos de políticas morais,
como corpos violáveis a partir de uma estrutura colonial pautada no paradigma da diferença
sexual e da patologização. Tecemos críticas aos saberes da medicina e do direito no que
tange à intersexualidade, tendo em vista que, historicamente, exerceram e exercem práticas
de violências na medida em que buscam “normalizar” os corpos intersexos na lógica da matriz
de inteligibilidade binária. O controle de corpos intersexos e as formas de investimentos
morais e psicopatológicos se estabilizam não apenas em uma política moral, como também
em um arranjo neoliberal que sustenta o envergamento da moralidade como uma dimensão
individual. Lidamos com autoras e autores da perspectiva pós-estruturalista e contracoloniais,
sobretudo da teoria queer, bem como com narrativas literárias de ficção científica, como uma
aposta para um processo de subversão da modalidade de poder binária do sistema
sexo/gênero. A literatura nos possibilitou pensar, juntos/as de Paul Preciado, sobre a
necessidade de um contrato contrassexual como aposta na invenção de outras ontologias.

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Biografía del autor/a

Caio Bueno Horimoto, Casa Satine (ONG)

Graduado em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Bolsista do grupo de pesquisa e
integrante do Laboratório de Psicologia da Saúde, Políticas da Cognição e da Subjetividade (UCDB). Atua em projetos sociais numa Organização Não Governamental (ONG), a Casa Satine. e-mail:
caiobueno99@hotmail.com; ORCID https://orcid.org/0009-0006-3334-280X.

Lótus Vieira Dias, UCDB

Graduada em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Bolsista do grupo de pesquisa e
integrante do Laboratório de Psicologia da Saúde, Políticas da Cognição e da Subjetividade. (UCDB). e-mail: ianvieirad@gmail.com; ORCID https://orcid.org/0009-0009-1583-2284.

Carla Cristina de Souza, UCDB

Antropóloga pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (PPGAS/UFMS). Bacharela em Ciências Sociais pela mesma universidade (FACH/UFMS). Doutoranda em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (PPGPSI/UCDB). É integrante dos grupos de pesquisa: "Psicologia da Saúde, Políticas da Cognição e da Subjetividade" (UCDB) e do "Impróprias - Grupo de Pesquisa em gênero, sexualidade e diferenças" (CNPq/UFMS). Atua em projetos sociais numa Organização da Sociedade Civil (OSC), o "Instituto Brasileiro de Inovações Pró Sociedade Saudável Centro Oeste" (IBISS-CO); e-mail: carlinhacdsouza@gmail.com; ORCID https://orcid.org/0000-0002-6948-642X.

Gabriel Luis Pereira Nolasco, UCDB

Psicólogo. Doutorado em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco - UCDB, linha de pesquisa: Políticas Públicas, cultura e produções sociais. Integrante do Laboratório de Psicologia da Saúde, Políticas da Cognição e da Subjetividade. Pesquisa na interface entre Psicologia Social e da Saúde, nos seguintes temas: políticas públicas, gênero, sexualidade e direitos LGBTQIA+ e HIV/aids. Atua em projetos sociais numa Organização da Sociedade Civil (OSC), o "Instituto Brasileiro de Inovações Pró Sociedade Saudável Centro Oeste" (IBISS-CO); e-mail: nolasco.gabriel@gmail.com; ORCID https://orcid.org/0000-0002-3828-7014.

Anita Guazzelli Bernardes, UCDB

Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Docente e pesquisadora do Programa de Mestrado e Doutorado em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Coordenadora do grupo de pesquisa (CNPq) “Psicologia da Saúde, Políticas da Cognição e da Subjetividade”. Atualmente coordena o projeto COOPBRAS (Edital CAPES) que envolve Brasil, Chile e México; e-mail: anitabernardes.1909@gmail.com; ORCID https://orcid.org/0000-0003-4742-6036.

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Publicado

2024-12-31

Cómo citar

Horimoto, C. B., Dias, L. V., Souza, C. C. de, Nolasco, G. L. P., & Bernardes, A. G. (2024). O gênero contra a parede: a intersexualidade como ferramenta de análise de saberes médico-científicos. Revista Ñanduty, 12(20), 117–139. https://doi.org/10.30612/nty.v12i20.19529