Mundos de Mulheres no Brasil: “escrevivendo” uma experiência de construção
DOI:
https://doi.org/10.30612/mvt.v6i10.10701Keywords:
Fazendo Gênero/Mundos de Mulheres. Feminismos. Sensibilidade. Política.Abstract
Os encontros de mulheres das mais diversas, sob o guarda-chuva instrumental dos feminismos, realocam teorias e práticas e provocam uma novidade acadêmica que é social e que acontece em primeira pessoa, no eu e no nós. Ele só pode tomar lugar na criação conjunta e no espaço coletivo, pois, se coalizão passa a ser o termo mais adequado para se chegar à mobilização feminista, isso não se dá sem as perspectivas das sensibilidades, das emoções e da solidariedade, trazidas para o âmbito acadêmico, fazendo transbordar suas margens. Este ensaio trata da realização de um dos maiores eventos transnacionais de aporte feminista, ao mesmo tempo em que situa conceitos que traduzem o entrelaçamento de sujeitos/as que transitam no mínimo entre dois territórios – o acadêmico e o dos ativismos –, estes atravessados por questões específicas de subalternidades e territorialidades não centrais. O evento internacional Fazendo Gênero/Mundos de Mulheres realizado em Florianópolis em 2017 foi construído como resposta às demandas do tempo presente no Brasil, considerando sua inserção latino-americana, as raízes indígenas, negras e populares; as incursões pela matriz africana, passando por encruzilhadas epistemológicas propostas pelas mulheres negras, o pretuguês, o pajubá e outras (in)visibilidades. Por isso a necessidade de virar do avesso esse evento e narrar seus bastidores, defendendo o argumento de que as teorias feministas estão hoje na encruzilhada entre a urgência e a qualidade, buscando desviar daquilo que não seja prática e não se reverta em ação ou fato de transformação social.Downloads
References
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. Coleção Feminismos Plurais. São Paulo: Sueli Carneiro/Pólen, 2019.
BIROLI, Flávia M.; MIGUEL, Luís Felipe. Feminismo e política: uma introdução. São Paulo: Boitempo, 2014
BOUTELDJA, Houria. Raça, classe e gênero: uma nova divindade de três cabeças. Caderno de Gênero e Diversidade, v.2, n.2, jul./dez. 2016.
BUTLER, Judith [1990]. Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
COLLINS, Patricia Hill. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. Trad. Jamille Pinheiro Dias. São Paulo: Boitempo, 2019.
CRENSHAW, Kimberle. Demarginalizing the intersection of race and sex: a black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. The University of Chicago Legal Forum: feminism in the law - theory, practice and criticism, Chicago, v. 1989, p. 139-167.
CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, vol. 10, n. 1, 2002, p. 171-188.
EVARISTO, Conceição. Poemas da recordação e outros movimentos. 3 ed. São Paulo: Malê, 2017.
GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017.
GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo Afro-latino-americano. Caderno de Formação Política do Círculo Palmarino, n. 1, p. 12-20, 2011.
HOOKS, Bell. (1984). Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra. São Paulo: Elefante, 2019.
LUGONES, María. Colonialidad y género. Tabula Rasa. Bogotá/Colombia, n.9: 73-101, julio-diciembre 2008.
LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Estudos Feministas, v.22, n.3, set./dez. 2014, p. 935-952.
QUIJANO, Aníbal (2000). Colonialidad del poder y clasificación social. Journal of world-systems research, v. 11, n. 2, p. 342-386.
RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. Coleção Feminismos plurais. São Paulo: Sueli Carneiro/Pólen, 2019.
SNYDER, Cara, VEIGA, Ana Maria & WOLFF, Cristina Schiebe (2018) “América Latina Vai Ser Toda Feminista”: Visualizing & Realizing Transnational Feminisms in the Women’s Worlds March for Rights. Ada: A Journal of Gender, New Media, and Technology, n.14, 10.5399/uo/ada.2018.14.2. Disponível em: https://adanewmedia.org/2018/11/issue14-snyderveigawolff/.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2010.
VIGOYA, Mara Viveros. La interseccionalidad: una aproximación situada a la dominación. Debate Feminista, n.52, 2016, p. 1-17. Universidad Nacional Autónoma de México.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Authors must accept the publication rules when submitting the journal, as well as agree to the following terms:
(a) The Editorial Board reserves the right to make changes to the Portuguese language in the originals to maintain the cultured standard of the language, while respecting the style of the authors.
(b) Authors retain the copyright and grant the journal the right to first publication, with the work simultaneously licensed under the Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Brazil (CC BY-NC-SA 3.0 BR) that allows: Share - copy and redistribute the material in any medium or format and Adapt - remix, transform, and create from the material. CC BY-NC-SA 3.0 BR considers the following terms:
- Attribution - You must give the appropriate credit, provide a link to the license and indicate whether changes have been made. You must do so under any reasonable circumstances, but in no way that would suggest that the licensor supports you or your use.
- NonCommercial - You may not use the material for commercial purposes.
- Sharing - If you remix, transform, or create from material, you must distribute your contributions under the same license as the original.
- No additional restrictions - You may not apply legal terms or technological measures that legally restrict others from doing anything that the license permits.
(c) After publication, authors are allowed and encouraged to publish and distribute their work online - in institutional repositories, personal page, social network or other scientific dissemination sites, as long as the publication is not for commercial purposes.