(Re)Pensando a história da Amazônia guianense por meio de documentos nativos: as alianças e os aliados na II Guerra Mundial pela perspectiva Galibi Marworno
DOI:
https://doi.org/10.30612/rmufgd.v13i26.17915Palavras-chave:
contra-história, colonização, perspectivas indígenas, Amazônia caribenha, Segunda Guerra MundialResumo
O artigo analisa o histórico de disputas territoriais e tensões internacionais na região das guianas, exaradas das memórias coligidas no diário pessoal de muchê Koko Tavi (Manoel Firmino), um falecido escritor do povo Galibi Marworno. Em que pesem os particularismos culturais de narrar o vivido e as idiossincrasias do português indígena, propõe-se que o escrutínio das sobreditas memórias permite o acesso a uma perspectiva de contra-história ou antropologia-reversa, escrita nos termos indígenas. Nesse sentido, o texto apresenta nuances dos impactos da II Guerra Mundial na Amazônia caribenha, especificamente na região da atual fronteira franco-brasileira, situada na borda fronteiriça do município de Oiapoque/Amapá/Brasil. Partindo-se de uma historicidade autóctone, argumenta-se que a conflagração mundial acirrou o processo de colonização e “abrasileiramento” da antiga Guiana luso-brasileira através da ocupação territorial resultante da implantação de uma base aeronaval estadunidense na região, desvelando assim as relações entre a história e a memória local e a conjuntura geopolítica experimentada desde séculos de colonização nas fronteiras amazônicas.
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