Como centralizar raça e racismo nas RI à luz do debate sobre a Agenda 2030?
DOI:
https://doi.org/10.30612/rmufgd.v12i24.16760Palavras-chave:
Raça, Racismo, Agenda 2030, Objetivos do Desenvolvimento SustentávelResumo
O texto aborda a formulação e implementação da Agenda 2030 a partir de uma perspectiva crítica racializada na análise dos ODS. Uma vez que os ODS foram construídos a partir de uma base prática e intelectual ocidentalista, constituem uma linguagem de política internacional de perpetuação das desigualdades de cunho étnico-racial que tem muitas dificuldades em promover transformações nos países do Sul Global. O texto se baseia em uma análise crítica do discurso, avaliando os principais documentos oficiais da Agenda 2030, bem como um conjunto da literatura sobre temas raciais. Argumenta-se que a falta de representatividade racial na Agenda 2030 limita seu potencial e gera dissonâncias na sua efetividade como uma agenda global, ilustrando sobre o papel da filosofia Ubuntu como uma perspectiva racializada alternativa. O estudo conclui que a eficácia da Agenda 2030 depende da incorporação de perspectivas não ocidentais, especialmente no que diz respeito às questões étnico-raciais, e defende uma abordagem mais crítica e inclusiva para promover uma implementação mais efetiva dos ODS.
Downloads
Referências
ALEJANDRO, Audrey. Western Dominance in International Relations? The Internationalization of IR in Brazil and India. 2018. London: Routledge.
ÁFRICA DO SUL. Building a Better World: The Diplomacy of Ubuntu - White Paper on South Africa’s Foreign Policy. Cape Town, 2011.
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural?. Belo Horizonte: Letramento, 2019.
ANIEVAS, Alexander; MANCHANDA, Nivi; SHILLIAM, Robbie. "Confronting the Global Colour Line: An Introduction". In: ANIEVAS, Alexander; MANCHANDA, Nivi; SHILLIAM, Robbie (eds.). Race and Racism in International Relations: Confronting the Global Colour Line. New York: Routledge, 2015.
BAKHTIN, M. M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. 16ª ed. São Paulo: Hucitec, 2014.
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Teoria do discurso: fundamentos semióticos, 3.ed. São Paulo: Humanitas, 2002.
BASTOS, C. L; KELLER, V. Aprendendo a aprender. Petrópolis: Vozes, 1995.
BENHABIB, S. Dignity in Adversity: Human Rights in Troubled Times. Cambridge: Polity Press, 2011.
BRASIL. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde - Datasus. Óbitos maternos. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/mat10uf.def. Acesso em: 16 set. 2021.
CANEDO, D. “Cultura é o quê”. Reflexões Sobre o Conceito de Cultura e a Atuação dos Poderes Públicos. Salvador: UFBA, mai. 2009.
CUCHE, Denys. O Conceito de Cultura nas Ciências Sociais. Tradução de Viviane Ribeiro. 2 ed. Bauru: EDUSC, 2002.
DU BOIS, W. E. B. Worlds of color. New York, Mainstream Publishers, 1961.
FANON, Frantz. Por uma revolução africana: textos políticos. Rio de Janeiro: Zahar, 2021.
FERREIRA, Sibelle. A razão negra e os direitos humanos: as políticas internacionais contra a discriminação racial. 2017.
FLOR, Wanderson. Filosofia Africana: Ubuntu, com Wanderson Flor. Entrevista concedida a Murilo Ferraz, Marcos Carvalho Lopes e Adilbênia Machado. Podcast Filosofia Pop, 16 nov. 2015. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/02TCg055iHGDpieDUaEQb6?si=3TSwI2_WStC_9KqWErav_w. Acesso em: 08/04/2021.
GONZALEZ, Lélia. 2020. Por um Feminismo Afro-Latino-Americano: Ensaios, Intervenções e Diálogos. Rio Janeiro: Zahar. 375 pp.
GRANGE, L. The Philosophy of Ubuntu and Education in South Africa. Education and Humanism, 2011, p. 67-78.
GROSFOGUEL, Ramón. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado –, [S.L], v. 31, n. 1, jan./abr. 2016.
HENDERSON, Errol A. "Hidden in plain sight: racism in international relations theory". In: ANIEVAS, Alexander; MANCHANDA, Nivi; SHILLIAM, Robbie (eds.). Race and Racism in International Relations: Confronting the Global Colour Line. New York: Routledge, 2015.
HIDALGO, A.; GARCÍA, S.; CUBILLO, A.; MEDINA, N. Los Objetivos del Buen Vivir. Una propuesta alternativa a los Objetivos de Desarrollo Sostenible. Iberoamerican Journal of Development Studies, v.8, 2019, p. 6-57.
IPEA. ODS – Metas Nacionais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Proposta de Adequação. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. 2018.
KATONGOLE, E. Ethics in the workplace and the power of culture: Is Ubuntu acurse or a blessing? In: RAIDT, E. H. Ethics in the Workplace. Johannesburg: St. Augustine Publications, 2001, p. 11-16.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2019.
LOPES, A. M. H. Descolonização e Racismo: Atualidade e crítica. In: Sankofa, Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana. Ed. USP, Ano IV, n. 8, 2011.
MARCONI, M. de A. e LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa: pesquisa, planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. Revisada e ampliada. São Paulo, SP: Atlas, 1999.
MATSHE, Getrude. Born On the Continent - Ubuntu. [s.l.]: CreateSpace Independent Publishing Platform, 2012.
MBEMBE, Achille. Crítica da Razão Negra. Lisboa: Antígona Editores, 2013.
MUNASINGHE, M. Environmental Economics, and Sustainable Development. World Bank, Washington DC, 1993.
NASCIMENTO, Alexandre. Ubuntu como fundamento. Revista de Estudos Culturais e Afrobrasileiros, v. 20, 2014.
NICOLAIDES, A. Gender Equity, Ethics, and Feminism: Assumptions of an African Ubuntu Oriented Society. Journal of Social Sciences, 42:3, 2015, p. 191-210.
NUNES, T. S. Pan-Africanismo e Libertação: A Luta Anti-Colonial de Abdias do NASCIMENTO. Revista Idealogando, ano 2, v. 2, n. 1, 2018, p. 221-226.
ONU. Glossário de termos do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Organização das Nações Unidas, 2016.
ONU. Glossário de termos do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6: Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos.Organização das Nações Unidas, 2018.
ONU. Glossário de termos do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7: Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todas e todos.Organização das Nações Unidas, 2018.
ONU. Glossário de termos do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 9: Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação. Organização das Nações Unidas, 2016.
ONU. Glossário de termos do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 11: Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Organização das Nações Unidas, 2018.
ONU. Glossário de termos do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12: Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.Organização das Nações Unidas, 2019.
ONU. Glossário de termos do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 13: Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos.Organização das Nações Unidas, 2017.
ONU. Glossário de termos do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14: Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.Organização das Nações Unidas, 2018.
ONU. Marco de Parceria das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil 2017-2021. Nações Unidas no Brasil. 2016.
ONU. Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável: Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), Brasil, v. 1, n. 1, p. 1-49, out./2015.
ONU MULHERES. Mulheres Negras destacam potencial dos ODS para inclusão da população negra e eliminação do racismo. Disponível em: http://www.onumulheres.org.br/noticias/mulheres-negras-destacam-potencial-dos-ods-para-inclusao-da-populacao-negra-e-eliminacao-do-racismo/. Acesso em: 2 ago. 2021.
PEREIRA, A. C. J. Pensamento social e político do movimento de mulheres negras: o lugar de ialodês, orixás e empregadas domésticas em projetos de justiça social. 2016.
QUADROS. M. F. Descolonizando as relações internacionais: a raça e o racismo como categoria de análise. Semina - Revista dos Pós-Graduandos em História da UPF, v.18, n.1, p.39-57, 5 Nov. 2019.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e Ciências Sociais. In: A Colonialidade do Saber: Eurocentrismo e Ciências Sociais. Perspectivas Latino-Americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005, p. 117-142.
RAMOSE, M. African Philosophy through Ubuntu. Harare: Mond Books, 1999, p.
-66.
_______. A Importância Vital do “Nós”. Revista do Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, edição 353, dez. 2010, p. 8-11.
SWANSON, D. Ubuntu, uma “alternativa ecopolítica” à globalização econômica neoliberal. Revista do Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, edição 353, dez. 2010, p. 11-13.
VAN DIJK,Teun A. Discurso e Poder. São Paulo. Contexto, 2018.
VITALIS, Robert. White world order, black power politics: The birth of American International relations. NY: Cornell University Press, 2015.
VOLÓCHINOV, Valentin (Círculo de Bakhtin). Marxismo e filosofia da linguagem. Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Editora 34, 2017.
WAGHID, Y. On the Educational Potential of Ubuntu. In: TAKYI-AMOAKO, E. J.; ASSIÉ-LUMUMBA, N. T. Re-Visioning Education in Africa. Palgrave Macmillan, 2018, p. 55-65.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
- Os autores e autoras mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Brasil. que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores e autoras têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores e autoras têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado, porém invariavelmente com o reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.