A Amazônia sem futuro ou o futuro sem a Amazônia
DOI:
https://doi.org/10.30612/rmufgd.v9i18.12149Palavras-chave:
Amazônia, Futuro, Modernidade/Colonialidade.Resumo
O presente artigo convida a uma inflexão a partir de debates nas Relações Internacionais de percepções temporais e espaciais como universais, ao questionar como análises e referências do imaginário sobre a Amazônia são indissociáveis das dinâmicas citadas. Para tanto, aborda-se a história e o teor das políticas voltadas para a Amazônia, com ênfase no governo de Jair Bolsonaro e nas contestações de povos indígenas contra o projeto de nação desenvolvimentista. Ao reconhecimento de um agravamento de políticas nocivas à região são apresentados também visões de sujeitos que têm recorrido a um cenário imaginário de destruição ou fim da Amazônia. As formas de se pensar sobre futuros, fins e lugares partem de uma referência que é predominantemente centrada em valores ocidentais. A partir de outras percepções culturais, podemos imaginar novas formas de ver o mundo, a Amazônia e as Relações Internacionais.
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