Conselho Editorial lança a edição n. 30 da Revista Videre

2023-05-22

Desde 2016, ano do golpe à primeira mulher presidenta da República no Brasil, as brasileiras e brasileiros vivem uma série de desmontes de políticas sociais, econô-micas e ambientais, que colocaram novamente o país no Mapa da Fome, aumentaram as violências contra os grupos já vulnerabilizados e trouxeram os holofotes mundiais ao descaso com o meio ambiente.

Retrocessos, antes inimagináveis porque havíamos avançado significativa-mente na agenda econômica, social e ambiental, passaram a ser promovidos desde os discursos do então candidato à presidência, Jair Bolsonaro e suas práticas como presidente eleito. Uma espécie de chancela de um representante que realmente falava a linguagem reacionária de parcela da sociedade, significou uma autorização moral para que pessoas empregassem violência contra os grupos vulnerabilizados, como mostram os dados da violência no campo, contra as mulheres e contra os LGBTQIAP+, com o apoio das políticas de armamento da população.

Também passaram a fazer parte do cotidiano público os discursos e práticas conservadoras, com base em um fundamentalismo religioso. Palavras como diversida-de, gênero, sexualidade, direitos humanos, crise climática, passaram a ser desvirtua-das objeto de repulsa pelos órgãos de governo. As mulheres, raras vezes participaram do (des)governo, e quando o faziam, eram representadas por figuras conservadoras, como a Ministra Damares Alves.A desidratação orçamentária para as políticas de enfrentamento da violência contra as mulheres é o principal exemplo de como as mulheres foram menosprezadas no (des)governo de Jair Bolsonaro.

Talvez seja por isso que a frase de Simone de Beauvoir ressoe tanto ultimamente: “Basta uma crise econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados”. A resistência, no entanto, é feminina e na contramão dos retrocessos, as mu-lheres têm protagonizado as lutas por direitos, incluindo o de participar ativamente da política, seja no Legislativo, seja na disputa pela presidência nas últimas eleições. Temas como igualdade salarial, proteção das mulheres e a própria noção do termo feminismo ganham destaque nos debates em rede nacional.

Finalmente, Luiz Inácio Lula da Silva e as mulheres que fortaleceram as bases de uma aliança contra o fascismo e a democracia venceram as eleições. Devemos olhar para o futuro, sem perder de vista os retrocessos do passado mais recente da história do país, uma vez que o período é de reconstrução e ela só pode ser feminina! O futuro é feminino!É com esse entusiasmo que os editores da Revista Videre trazem ao público o v. 14, n. 30, contendo vinte artigos de autoras e autores preocupados com a realidade social do país, publicando os mais variados textos para reflexão de todos.Esperamos que as leitoras e os leitores possam apreciar a composição desta edição, divulgar o resultado das pesquisas acadêmicas, tão caras à educação de quali-dade e à reflexão das complexidades sociais e, acima de tudo, fazer parte da mudança para que a sociedade se emancipe, cada vez mais.

Dourados-MS, 22 de novembro de 2022.

Thaisa Maira Rodrigues Held e Tiago Resende Botelho

Editores