Das Santas Pretas ao Muquifu: (des)continuidade territorial à preservação da memória social

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/nty.v10i16.16769

Palavras-chave:

Discurso, museu comunitário, raça

Resumo

Esta narrativa é resultado de uma experiência de campo no museu Muquifu no ano de 2019. Foi possível, por meio das fronteiras de identificação e (des)continuidades históricas e territoriais, sinalizar alguns modos de produção de subjetividades racializadas. Procuro descrever experiências pessoais e de identidade coletiva por meio da análise de práticas discursivas sobre pessoas racializadas e também acerca das práticas racistas. A metodologia se encontra alinhada aos estudos decoloniais e à teoria discursiva. O Muquifu é lido em/por suas expressões de arte e resistência, particularmente nas expressões de um grupo de 14 mulheres do Morro do Papagaio, Belo Horizonte, Minas Gerais. Percebo a subversão criativa frente à remoção territorial como força (re)produtora de linhas fronteiriças que colocam a população local em (des)continuidades de cunho social, abrangendo o frequente deslocamento de seus territórios e a descentralização das expressões de sua cultura, provocando a consequente invisibilização de seus corpos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BRASIL. Lei nº 11.124, de 16 de junho de 2005. Dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social –SNHIS, cria o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social –FNHIS e institui o Conselho Gestor do FNHIS. Publicada no DOU de 17.6.2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11124.htm>.

BIAVASCHI, Magda Barros. 2014. “Os direitos das trabalhadoras domésticas e as dificuldades de implementação no Brasil: contradições e tensões sociais”. Friedrich Ebert Stiftung.

BIAVASCHI, Magda Barros. 2016. “O processo de construção e desconstrução da tela de proteção social do trabalho: tempos de regresso”. Estudos Avançados [S. l.], 30(87):75-87. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/119116.

DELEUZE, Gilles.; GUATTARI, Felix. 2010. O Anti-Édipo capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Luiz B. L. Orlandi. São Paulo, Ed. 34.

FOUCAULT, Michel. 2008. Segurança, Território, população. Rio de Janeiro, Martins Fontes.

FERNANDES, Florestan. 1965. A Integração do Negro na Sociedade de Classes. São Paulo, Cia. Editora Nacional.

FRANCISCO, Daniele Monteiro et al. 2015. “O trabalho doméstico e sua regulamentação”. Colloquium Humanarum, 12(Esp): 787-793.

GONÇALVES, Natália Martins et al. 2012. A organização e a ocupação do espaço urbano nas cidades do século XXI: impactos das políticas públicas do Brasil dos anos 90 no direito de ir e vir no ambiente local. Amicus Curiae. 9(9): s/p.

GONZALEZ, Lélia. 2018. Lélia Gonzalez: primavera para as rosas negras. São Paulo, UCPA Editora.

GUATTARI, Felix, ROLNIK, Sueli. 1996. Micropolítica: Cartografias do desejo. 4º ed. Petrópolis, Vozes.

HALBWACHS, Maurice. 1990. A memória coletiva. Tradução de Laurent Léon Schaffter. Vertice. 2º Ed.

HALL, Stuart. 1995. “Raça, um significado flutuante?” Conferência de 1995 (Race, the Floating Signifier). Disponível em: http://revistazcultural.pacc.ufrj.br/raca-o-significante-flutuante%EF%80%AA/

HATMANN, Luciana. 2011. Gesto, Palavra e Memória: Performance narrativas de contadores de causos. Florianópolis, EdUFSC.

IPHAN. 2010. Os sambas, as rodas, os bumbas, os meus e os bois. Princípios, ações e resultados da política de salvaguarda do patrimônio cultural imaterial no Brasil. 2° ed. Brasília, IPHAN - Departamento do Patrimônio Imaterial.

KILOMBA, Grada. 2019. Quem pode falar? Falando no centro, descolonizando o conhecimento. In: KILOMBA, Grada. Memórias de plantação: episódios de racismos cotidiano. Rio de Janeiro, Cobogó. [Cap 2: 4– 9].

KILOMBA, Grada. 2013. “A máscara”. Plantation memories. Episodes of everyday racismo. Budapest: Interpress. Traduzido: Jessica Oliveira de Jesus. Disponível em: http://www.pretaenerd.com.br/2017/02/mascara-grada-kilomba.html

MARTINS, José de Souza. 2018. Fronteira: a degradação do outro nos confins do humano. São Paulo, Contexto.

PRESIDENTE BOLSONARO, J. M. 2020. Fez discurso de abertura da 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 22 de setembro de 2020. Licença de atribuição Creative Commons (reutilização permitida). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=821wal-DuEA.

SATHLER, Conrado Neves. 2016. Formações subjetivas: o sujeito à luz da teoria dos discursos. Dourados, UFGD.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL. MJSP - Polícia Federal. Ditec- Instituto Nacional de Criminalística. Laudo Nll 1242/2020 - Inc/Ditec/Pf. Laudo De Perícia Criminal Federal. (Registros de áudio e imagens da Reunião Ministerial, 22 de abril de 2020). Acessada: https://www.youtube.com/redirect?q=https%3A%2F%2Fwww.poder360.com.br%2Fgoverno%2Fleia-a-transcricao-dos-trechos-da-reuniao-ministerial-destacados-pelo-stf%2F&redir_token=QUFFLUhqbmRqWTVtbWx4TzgtZDJaSm1RaENNUVRRYm10UXxBQ3Jtc0traTM5RWhTV29STDNfVTYxVWtjYWttZmRWYTA1OHpfQUpMVjRtYnNuaDZPcnlERVB6amRFclhUXzB5bGlNNnloTUxDWEF2aldGdjRrTjcyNWRnelFiSkZTV0NWT2lZcUhWVDBjeHVOZUtDM19KQTZTaw%3D%3D&event=video_description&v=VkCTwQH55Ic.

SILVA, Padre Mauro Luiz da. 2016. No Muquifu as paisagens mudam e a cultura resiste. http://portaleventosacademicos.pucminas.br/index.php/simposioics/VSICS/paper/download/772/195.

STRÜKER, Bianca et al. 2016. “Bela, recatada e do lar”: os novos desdobramentos da família patriarcal. XII Seminário internacional, demandas sociais e políticas públicas na sociedade contemporânea, UNISC.

THOREAU, Henry David. 2011. A Desobediência Civil. Porto Alegre, L&PM.

WYZYKOWSKI, Tamini e FRISON, Marli Dallagnol. 2018. “Contribuições do trabalho educativo na constituição social da memória humana”. Cad. Pesq. São Luís, 25(2):11-32.

OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. 2002. Visualizing the Body: Western Theories and African Subjects in: COETZEE, Peter H.; ROUX, Abraham P.J. (eds). The African Philosophy Reader. New York, Routledge. [391-415].

Downloads

Publicado

2022-12-15

Como Citar

Santos , T. M. dos, & Sathler , C. N. (2022). Das Santas Pretas ao Muquifu: (des)continuidade territorial à preservação da memória social. Revista Ñanduty, 10(16), 114–137. https://doi.org/10.30612/nty.v10i16.16769