Virada estética e política externa: uma leitura machadiana da identidade internacional do Brasil

a Machadian reading of Brazil’s international identity

Autores

  • Luciano Muñoz Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.30612/rmufgd.v11i22.15070

Palavras-chave:

virada estética – política externa brasileira – literatura brasileira

Resumo

Neste artigo, buscamos submeter a política externa brasileira à investigação crítica por meio da virada estética em relações internacionais. Contestamos o entendimento historiográfico tradicional acerca da identidade internacional do Brasil. Por um lado, a narrativa conta que houve uma bem-sucedida atuação na Segunda Conferência de Paz da Haia em 1907, durante a qual o país defendeu o princípio da igualdade jurídica dos Estados. Por outro, diz que sua busca por status de potência terminou em fiasco quando o Brasil se retirou da Liga das Nações em 1926. Em lugar disso, almejamos aplicar a literatura machadiana como recurso estético a fim de desestabilizar tal interpretação e pensar a identidade internacional do país com consciência irônica. Através da alegoria de Brás Cubas, afirmamos que sua identidade não resolvida resulta em sua frustrada busca por reconhecimento internacional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ASHLEY, Richard K.; WALKER, R. B. J. Conclusion: Reading Dissidence/Writing the Discipline: Crisis and the Question of Sovereignty in International Studies. International Studies Quarterly, Vol. 34, No. 3, Special Issue: Speaking the Language of Exile: Dissidence in International Studies. (Sep., 1990), pp. 367-416.

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Fixação de texto, notas e posfácio de Antônio Sanseverino. Coordenação editorial, biografia do autor, cronologia e panorama do Rio de Janeiro por Luís Augusto Fischer. Porto Alegre: L&PM, 2013.

BARRETO, Lima. Os Bruzundangas (1922). Texto integral (Sátiras e Romances de Lima Barreto Livro 6). Arquivo Kindle.

BLEIKER, Roland. The Aesthetic Turn in International Political Theory. Millennium: Journal of International Studies, 2001, Vol. 30, No. 3, pp. 509-533.

_______. In Search of Thinking Space: Reflections on the Aesthetic Turn in International Political Theory. Forum: The Aesthetic Turn at 15. Millennium: Journal of International Studies, 2017, Vol. 45 (2), pp. 258-264.

CARDIM, Carlos Henrique. A raiz das coisas. Rui Barbosa: o Brasil e o mundo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

_______. Prefácio. In: COUTINHO, Maria do Carmo Strozzi (coord.). II Conferência da Paz, Haia, 1907: a correspondência telegráfica entre o Barão do Rio Branco e Rui Barbosa. Centro de História e Documentação Diplomática. Brasília: FUNAG, 2014, pp. 9-29.

CHEIBUB, Zairo Borges. Diplomacia e construção institucional: o Itamaraty em uma perspectiva histórica. Dados – Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Vol. 28, n. 1, 1985, pp. 113-131.

DER DERIAN, James. Introducing Philosophical Traditions in International Relations. Millennium: Journal of International Studies, 1988, Vol. 17, No. 2, pp. 189-193.

DERRIDA, Jacques. A farmácia de Platão. Tradução de Rogério da Cosa. São Paulo: Iluminuras, 2005.

_______. Essa estranha instituição chamada literatura: uma entrevista com Jacques Derrida. Tradução de Marileide Dias Esqueda. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.

GARCIA, Eugênio Vargas. A candidatura do Brasil a um assento permanente no Conselho da Liga das Nações. Rev. Bras. Polít. Int. 37 (1): 5-23 [1994].

_______. O Brasil e a Liga das Nações (1919-1926): vencer ou não perder. Porto Alegre: Editora da UFRGS; Brasília: FUNAG, 2000.

LAFER, Celso. A identidade internacional do Brasil e a política externa brasileira: passado, presente e futuro. São Paulo: Perspectiva, 2007.

_______. Relações Internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação. Vol. 1. Brasília: FUNAG, 2018.

LAPID, Yosef. The Third Debate: On the Prospects of International Theory in a Post-Positivist Era. International Studies Quarterly, Vol. 33, No. 3 (Sept., 1989), pp. 235-254.

REGO, Enylton de Sá. O calundu e a panacéia: Machado de Assis, a sátira menipéia e a tradição luciânica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989.

RORTY, Richard. Contingency, irony, and solidarity. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.

SANTOS, Luís Cláudio Villafañe Gomes. O Brasil entre a América e a Europa: o Império e o interamericanismo. São Paulo: Editora UNESP, 2004.

SANTOS, Norma Breda dos. Diplomacia e fiasco. Repensando a participação brasileira na Liga das Nações: elementos para uma nova interpretação. Rev. Bras. Polít. Int. 46 (1): 87-112 [2003].

_______. Grand Days: Noventa anos depois de o Brasil ter deixado Genebra, o que diz a historiografia sobre a participação brasileira na Liga das Nações (1920-1926)? Cadernos de Política Exterior, Ano II, Número 3, 1º Semestre 2016, pp. 195-220.

SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. 2ª Edição. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2012.

SOARES DE LIMA, Maria Regina. Aspiração internacional e política externa. Revista Brasileira de Comércio Exterior, no. 82, ano XIX, Janeiro/Março de 2005, pp. 4-19.

SPODE, Raphael. An Inquiry into the Moral and Religious Dimensions of International Politics: the Thought and Contribution of Rui Barbosa. Contexto Internacional, vol. 39 (1), Jan/Abr 2017, pp. 53-73.

SYLVESTER, Christine. Art, Abstraction, and International Relations. Millennium: Journal of International Studies, 2001, Vol. 30, No. 3, pp. 535-554.

WHITE, Hayden. Meta-História: A Imaginação Histórica do Século XIX. Tradução de José Laurênio de Melo. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1992.

Downloads

Publicado

2022-12-15

Como Citar

Muñoz, L. (2022). Virada estética e política externa: uma leitura machadiana da identidade internacional do Brasil: a Machadian reading of Brazil’s international identity. Monções: Revista De Relações Internacionais Da UFGD, 11(22), 151–177. https://doi.org/10.30612/rmufgd.v11i22.15070

Edição

Seção

Artigos - Seção Miscelânea