A distribuição dos seres vivos no espaço: algumas reflexões sobre a evolução desse conhecimento e desafios presentes para a Geografia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5418/ra2020.v16i29.7626

Resumo

A Biogeografia é uma área de conhecimento interdisciplinar, para a qual a Geografia tem oferecido importantes contribuições ao longo do tempo. Este artigo tem o objetivo de realizar uma análise da evolução dessa área do conhecimento na Geografia e efetuar considerações a respeito dos trabalhos apresentados durante o XII Encontro Nacional da Anpege (ENANPEGE), realizado em Porto Alegre (RS) em outubro de 2017. Foi observado que a contribuição da Geografia à Biogeografia passa, historicamente, por uma reflexão metodológica, onde o conceito adotado de Natureza é fundamental. Sobre o ENANPEGE, os trabalhos apresentados demonstraram a preocupação em apreender as dinâmicas de uma Natureza cada vez mais antropizada, tanto do ponto de vista da degradação como pela oportunidade de novas formas de uso dos recursos existentes, incluindo as áreas urbanas. Finalizando, chamamos atenção para algumas ações que devem ser efetuadas para que a Biogeografia possa colaborar de forma mais decisiva para a compreensão dessa Natureza transfigurada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Bartolomeu Israel Souza, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Departamento de Geociências, área de Geografia Física

Eduardo Lima, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Departamento de Geociências, área de Geografia Física

Sueli Furlan, Universidade de São Paulo (USP)

Departamento de Geografia, área de Geografia Física

Rosemeri Souza, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Departamento de Engenharia Ambiental

Luiz Antonio Cestaro, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Departamento de Geografia

Referências

AB’SÁBER, A. N. Problemática da Desertificação e da Savanização no Brasil intertropical. Geomorfologia, v. 53, 1977.

BACHELARD, G. A Formação do Espírito Científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contra - Ponto, 1996.

BERTRAND, G. Pour une étude géographique de la végétation. Rev. Géographie des Pyrenées et du Sud-Ouest, v. 37, p. 129 – 143, 1966.

BERTRAND, G.; BERTRAND, C. Territorialiser l’environnement. Un objectif pour la Géographie. Dijon: Geoforum, 24 – 26 de maio de 1991.

BUENO, L.; DIAS, A. Povoamento inicial da Amércia do Sul: contribuições do contexto brasileiro. Estudos Avançados, v. 29, n. 83, p. 119 – 147, 2015.

CAMARGO, J. C. G. A evolução da Biogeografia no âmbito da ciência geográfica no Brasil. Rio Claro: Geografia, v. 27, n. 3, p. 133 – 155, dez. 2002.

CARACRISTI, I. Processo de desertificação no Nordeste brasileiro. Revista da Casa de Geografia de Sobral, v. 8/9, n. 1, p. 31 – 43, 2006/2007.

CARVALHO, M. B. Geografia e Complexidade. Scripta Nova, n. 34, 15 de febrero de 1999.

CASTRO, E. B.; GONZÁLEZ, M. A. C.; TENORIO, M. C.; BOMBIN, R. E.; ANTÓN, M. G.; FUSTER, M. G.; MANZANEQUE, A. G.; MANZANEQUE, F. G.; SAIZ, J. C. M.; JUARISTI, C. M.; PAJARES, P. R.; OLLERO, H. S. Los bosques ibéricos. Una interpretación geobotânica. Barcelona: Ed. Planeta, 2005.

CRUTZEN, P. J. Geology of mankind. Nature, v. 415, p. 23, 2002.

CZEBRESZUK, J. & SZMYT, M. Making the Cultural Landscape: Neolithic and Bronze Age communities ond polish lowland and their environment. HILDEBRANDT – RADKE, I.; DORFLER, W.; CZEBRESZUK, J.; MULLER, J. (eds.). Anthropogenic pressure in the Neolithic and the Bronze Age on the Central European Lowlands. Poznán: Bogucki Wydawnictwo Naukowe, p. 31 – 52, 2011.

DENEVAN, W. M. Cultivated landscapes of native Amazonia and the Andes. Oxford: Oxford University Press, 2001.

ELLIS, E. C. Anthropogenic transformation of the terrestrial biosphere. Phil. Trans. R. Soc., p. 1010 – 1035, 2011.

ELLIS, E. C.; RAMANKUTTY, N. Putting people in the map: anthropogenic biomes of the world. Front. Ecol. Environ. v. 6, n. 8, p. 439 – 447, 2008.

ELLIS, E. C.; ANTILL, E. C.; KREFT, H. Al lis not loss: Plant biodiversity in the Antropocene. Plos ONE, v. 7, jan. 2012.

FIGUEIRÓ, A. Biogeografia: dinâmicas e transformações da natureza. São Paulo: Oficina de Textos, 2015.

FIGUEIRÓ, A.; VIEIRA, A. A. B.; CUNHA, L. Patrimônio geomorfológico e paisagem como base para o geoturismo e o desenvolvimento local sustentável. CLIMEP, v. 8, n.1, p. 49 – 81, jan./jun. 2013.

FOURNIER, J. A natureza da Geografia e a Geografia da natureza. Boletim Paulista de Geografia, n. 78, p. 97 – 120, dez. 2001.

FURLAN, S. A.; SOUSA, R. M.; LIMA, E. R. V.; SOUZA, B. I. Biogeografia: reflexões sobre temas e conceitos. Revista da ANPEGE, v. 12, n. 18, Especial GT ANPEGE, p. 97 – 115, 2016.

GERALDINO, C. F. G. A questão da Geografia na “Origem das espécies” de Charles Darwin. Tese (226 folhas). Campinas: UNICAMP/Instituto de Geociências, 2016.

GOMES, P. C. C. Quadros geográficos. Uma forma de ver, uma forma de pensar. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017.

GREEN, G. M.; SCHWEIK, C. M.; RANDOLPH, J. C. Recuperando informações sobre mudanças de cobertura da terra a partir de imagens do satélite Landsat e minimizando outras fontes de variabilidade de reflectância. In: MORAN, E. F. e OSTROM, E. (orgs.). Ecossistemas florestais. Interação homem – ambiente. Tradução: Diógenes S. Alves e Mateus Batistella. São Paulo: Edusp, 2009.

HARARI, Y. N. Homo Deus: uma breve história do amanhã. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

LENOBLE, R. História da idéia de Natureza. Lisboa: Edições 70, 1969.

LENTZ, D. L. Imperfect balance: landscape transformations in the Precolumbian Americas. New York: Columbia University Press, 2000.

LÉVÊQUE, Ch.; MUXART, T.; ABBADIEL, L.; WEIL, A.; van der

LEEUW, S. L”Anthroposystème: entité structurelle et foctionnelle des interactions sociétés – milieux. In: LÉVÊQUE, Ch.; van der

LEEUW, S. (ed.). Quelles natures voulons-nous? Paris: Elsevier, p. 110 – 129, 2003.

LÉVI-STRAUSS, C. As estruturas elementares do parentesco. Tradução de Mariano Ferreira. Petrópolis: Vozes, 1982.

LOPES DE SOUZA, M. Consiliência ou bipolarização epistemológica? Sobre o persistente fosso entre as ciências da natureza e as da sociedade – e o papel dos geógrafos. SPOSITO, E. S., SILVA, C. A.,

SANT’ANNA NETO, J. L., MELAZZO, E. S. (orgs.). A diversidade da Geografia brasileira. Escalas e dimensões da análise e da ação. 1ª. Ed. Rio de Janeiro: Consequência Editora, p. 13 – 56, 2016.

MARTIN, L. J.; QUINN, J. E.; ELLIS, E. C.; SHAW, M. R.; DORNING, M. A.; HALLETT, L. M.; HELLER, N. E.; HOBBS, R. J.; KRAFT, C. E.; LAW, E.; MICHEL, N. L.; PERRING, M. P.; SHIREY, P. D.; WIEDERHROLT, R. Conservation oportunities across the world’s anthromes. Diversity and Distributions, v. 20, p. 745 – 755, 2014.

MARTONNE, E. de. Panorama da Geografia. v. II. Lisboa: Ed. Cosmos, 1954.

MASSARD-GUILBAUD, G. Historiadores, geógrafos y la relación hombre-medio em Francia: de Vidal de la Blache a los programas interdisciplinares de finales del siglo XX. AREAS, n. 35, p. 15 – 25, 2016.

MATAGNE, P. L’anthopogéographie allemande: um courant fondateur de l’écologie? Annales de Géographie, v. 565, p. 325 – 331, 1992.

MATURANA, H. R.; VARELA, F. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: Palas Athenas, 2000.

MENDIVELSO, J. C.; ARIAS, I. M. El Antropoceno: aportes para la compreensión del cambio global. Ar@cne, Revista Electrónica de Recursos de Internet sobre Geografía y Ciencias Sociales, Universidad de Barcelona, n. 203, diciembre de 2015.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à Educação do Futuro. 6ª. ed. São Paulo: Ed. Cortez, 2002.

MÜLLER, G. Ratzel et la biogéographie en Allemagne dans la deuxième moitié du 19e siècle. Revue d’histoire des sciences, n. 45, pp. 435-452, 1992.

NEVES, C. E.; MACHADO, G.; HIRATA, C. A.; STIPP, N. A. F. A importância dos geossistemas na pesquisa geográfica: uma análise a partir da correlação com o ecossistema. Soc. & Nat., 26 (2): 271-285, mai/ago/2014.

OLIVEIRA, R. B. Mata Atlântica, Paleoterritórios e História Ambiental. Ambiente & Sociedade, v. 10, n. 2, p. 11 – 23, jul./dez. 2007.

OLIVEIRA, A. M. S.; BRANNSTROM, C.; NOLASCO, M. C.; PELOGGIA, A. U. G.; PEIXOTO, M. N. O.; COLTRINARI, L. Tecnógeno: registros da ação geológica do Homem. In: Celia R. G. Souza, Kenitiro Suguio, Antonio M. S. Oliveira, Paulo E. de Oliveira (edits.). Quaternário do Brasil. Ribeirão Preto: Holos Editora, p. 363 – 378, 2005.

PAPAVERO, N.; TEIXEIRA, D. M. Os viajantes e a Biogeografia. História, Ciências, Saúde, vol. VIII (suplemento), p. 1015 – 37, 2001.

PELLOGIA, A. A magnitude e a frequência da ação humana representam uma ruptura na processualidade geológica na superfície terrestre? Geosul, Edição Especial II Simpósio Nacional de Geomorfologia, v. 14, n. 27, p. 54 – 60, nov. 1998.

SANTOS, M. Por uma Geografia Nova: da crítica da Geografia a uma Geografia Crítica. São Paulo: HUCITEC/EDUSP, 1978.

SANTOS, M. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico-informacional. São Paulo: HUCITEC, 1994.

SIMMONS, I. G. Biogeografía Natural y Cultural. Tradução: Joan Ayala. Barcelona: Ediciones Omega, 1982.

SOUZA, B. I. ARTIGAS, R. C.; LIMA, E. R. V. Caatinga e desertificação. Mercator, v. 14, n. 1, p. 131 – 150, 2015a.

SOUZA, B. I.; MACÊDO, M. L. S.; SILVA, G. J. F. Temperatura dos solos e suas influências na regeneração natural da caatinga nos Cariris Velhos – PB. Ra’ega, v. 35, p. 261 – 287, dez. 2015b

SOUZA, B. I; SOUZA, R. S. Processo de ocupação dos Cariris Velhos – PB e efeitos na cobertura vegetal: contribuição à Biogeografia Cultural do semiárido. Caderno de Geografia (PUC Minas), v. 26, n. 2, p. 229 – 258, 2015.

SUERTEGARAY, D. M. A. Geografia Física e Geomorfologia: uma (re)leitura. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002.

SUERTEGARAY, D. M. A. Caminhos, interfaces e transdisciplinaridade: arenização como tema. In: SUERTEGARAY, D. M. A.; SILVA, L. A. P.; GUASSELLI, L. A. (orgs.). Arenização: Natureza socializada. Porto Alegre: Compasso/Imprensa Livre, p. 25 – 40, 2012.

SUERTEGARAY, D. M. A. Debate contemporâneo: Geografias ou Geografia? Fragmentação ou Totalização? GEOGRAphia, v. 19, n. 40, p. 95 – 102, 2017.

SUERTEGARAY, D. M. A.; PIRES DA SILVA, L. A. Tchê Pampa: histórias da natureza gaúcha. In: PILLAR, V. P.; MÜLLER, S. C.; CASTILHOS, Z. M. S.; JACQUES, A. V. A. (Edits.). Campos Sulinos – conservação e uso sustentável da biodiversidade. Brasília: MMA, p. 42 – 59, 2009.

TER-STEPANIAN. Beginning of the Technocene. Bulletin of the International Association of Engineering Geology, v. 38, p. 133 – 142, 1988.

THOMAS, K. O Homem e o mundo natural. Mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500 – 1800). Tradução: João Roberto Martins Filho. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

VELASCO, J. C. La acción humana, el paisaje vegetal y el estúdio biogeográfico. Boletím de la A.G.E, n. 31, p. 47 – 60, 2001.

VENTURI, L. A. B. A técnica e a observação na pesquisa. In: VENTURI, L. A. B. (org.). Geografia. Práticas de campo, laboratório e sala de aula. São Paulo: Ed. Sarandi, p. 11 – 28, 2011.

VIADANA, A. G. Biogeografia: natureza, propósitos e tendências. In: VITTE, A. C. e GUERRA, A. J. T. Reflexões sobre a Geografia Física no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, p. 111 – 128, 2004.

VITTE, A. C. Por uma Geografia Híbrida. Ensaios sobre os mundos, as naturezas e as culturas. Curitiba: CRV, 2011.

WILKINSON, B. H. Humans as geologic agentes: A deep-time perspective. Geology, v. 33, n. 3, p. 161 – 164, 2005.

Downloads

Publicado

2020-12-02

Como Citar

Souza, B. I., Lima, E., Furlan, S., Souza, R., & Cestaro, L. A. (2020). A distribuição dos seres vivos no espaço: algumas reflexões sobre a evolução desse conhecimento e desafios presentes para a Geografia. Revista Da ANPEGE, 16(29), 45–75. https://doi.org/10.5418/ra2020.v16i29.7626