Por um resgate das abordagens transicionais

a busca de um sentido narrativo para interpretar a evolução dos sistemas nacionais de assentamento

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5418/ra2023.v19i38.16397

Palavras-chave:

Abordagens transicionais, Realismo Perspectivista, Distribuição espacial da população, Migrações

Resumo

A partir da corrente epistemológica do “realismo perspectivista”, esse artigo defende a utilização de modelos teóricos transicionais como uma valiosa ferramenta analítica e hermenêutica para o estudo dos fenômenos e processos relacionados à distribuição espacial da população. Ao resgatar teorias e conceitos consagrados na literatura e associar mudanças nas taxas vitais e padrões migratórios com o desenvolvimento dos espaços econômicos nacionais, o modelo apresentado permite uma interpretação holística e dá um sentido narrativo à evolução dos sistemas nacionais de assentamento. Contrariando pressupostos do empirismo lógico, argumenta-se que modelos teóricos podem ser úteis mesmo quando não são empiricamente verdadeiros em todos os seus aspectos e que devem ser julgados em termos pragmáticos, não pela sua “verdade”, em um sentido absoluto ou metafísico. Para fins ilustrativos, o caso brasileiro é brevemente analisado à luz do modelo. 

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Biografia do Autor

Rodrigo Coelho de Carvalho, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Bacharel em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005), mestre (2013) e doutor (2017) em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (CEDEPLAR/FACE/UFMG). Possui experiência nas áreas de Demografia e Geografia, sobretudo nos temas de distribuição espacial da
população, migrações, estudos urbanos e regionais, análise espacial e socioeconômica.
A partir de 2007, passou a atuar como consultor no setor público e privado na elaboração
de estudos e diagnósticos socioeconômicos, Estudos de Impacto Ambiental (EIA),
Relatórios de Impacto Ambiental (RIMA), laudos técnicos ambientais, produção de mapas,
projeções demográficas, entre outros trabalhos. Nos anos de 2017 e 2018, trabalhou
como pesquisador de pós-doutorado no grupo de Políticas Públicas e Direitos Humanos
em Saúde e Saneamento (PPDH) do Instituto René Rachou/Fundação Oswaldo Cruz
(FIOCRUZ-MG). Durante o ano de 2022, foi professor adjunto substituto no Departamento
de Geografia do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (IGC/
UFMG). Desde 2020 é pesquisador de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação
em Demografia do CEDEPLAR/FACE/UFMG (bolsista PNPD/CAPES).

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Publicado

2023-07-27

Como Citar

Coelho de Carvalho, R. (2023). Por um resgate das abordagens transicionais: a busca de um sentido narrativo para interpretar a evolução dos sistemas nacionais de assentamento. Revista Da ANPEGE, 19(38). https://doi.org/10.5418/ra2023.v19i38.16397