Ferida de outono: Sobre literatura, corpo e presentificação da geograficidade
DOI:
https://doi.org/10.5418/ra2020.v16i31.12541Palavras-chave:
geografia encarnada, corpo, fenomenologia, Yanick Lahens, Maurice Merleau-Ponty.Resumo
A reflexão apresentada aqui faz uma incursão à área fronteiriça entre a geografia e a literatura, mas desde um ponto de partida específico: reconhecendo o poder que a literatura tem (poder de nos afetar) e se perguntando sobre as origens desse poder. Para lidar com esta questão, aborda a experiência literária a partir da dimensão sensível, mobilizando, para tanto, o pensamento do filósofo Maurice Merleau-Ponty ao mesmo tempo em que dialoga com a narrativa Bain de Lune (Banho de lua), da escritora haitiana Yanick Lahens. Quando a dimensão sensível é posta no centro da questão sobre a origem do poder que a literatura tem de nos afetar, o corpo que somos se revela enquanto via a partir da qual habitamos o mundo e, pelo mesmo movimento, via a partir da qual a literatura exerce poder sobre nós. E, nesse sentido, este texto discorre também sobre o fato de que é por esse mesmo poder que nossa geograficidade se presentifica em toda e qualquer experiência literária.
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