"A ciência desse povo eu não guardo só pra mim": o discurso médico nos manuais de fazendeiros fluminenses do século XIX
DOI:
https://doi.org/10.30612/rehr.v20i38.19041Palavras-chave:
Manuais, Fazendeiros, Interior Fluminense, Assistência à saúde, Século XIXResumo
O artigo tem o objetivo de investigar como a questão da assistência à saúde se apresenta em manuais escritos por fazendeiros do interior da Província do Rio de Janeiro para seus pares ao longo do século XIX. Consideramos que os proprietários mais abastados já possuíam em suas bibliotecas este tipo de produção importadas de locais cujo contexto de produção era semelhante àquele vivenciado no Brasil oitocentista. Defendemos que eles utilizavam estes manuais como guias, que os ensinaria a atravessar possíveis crises e a administrar da melhor forma suas unidades produtoras de café, voltado para o mercado agroexportador internacional. E que, a partir da sua vivência com a lavoura, passaram a registrar suas experiências seguindo este modelo de livro, mas revelando as especificidades do local. Por isso, podemos entender estas obras também como um retrato de importantes questões presentes nas sociedades nas quais seus autores estavam inseridos no momento de sua produção, inclusive da crescente incorporação do discurso médico-científico e sua utilização prática nas atividades cotidianas à época.
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