Dos açougues e fabriquetas aos frigoríficos: experiências dos trabalhadores com o abate e a desossa da carne no oeste paranaense (1960-2015)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/rehr.v19i37.17686

Palavras-chave:

Trabalhadores e frigoríficos, Mudanças nos mundos do trabalho, Precarização e intensificação do trabalho

Resumo

O presente artigo se propõe a problematizar historicamente a experiência dos trabalhadores que estiveram empregados em açougues e fabriquetas em Cascavel-PR e no Oeste do Paraná nos últimos 50 anos. Problematizando entrevistas orais realizadas com trabalhadores ocupados na produção de carne e reportagens publicadas na imprensa local, pretendemos abordar conflitos e tensões entre distintas formas de produção de carne que atravessam o processo de expansão da indústria frigorífica na região entre 1960 e 2015. Sustentamos que a reorganização da produção de carne no Oeste Paranaense foi projeto articulado pelas classes dominantes para viabilizar a acumulação de capital, mas que tal articulação se deu atravessada pela presença de outras formas de abate e produção de carne. Neste sentido, ao passo que até a década de 1980 os saberes e práticas dos trabalhadores de pequenos açougues e fabriquetas eram elementos que precisavam ser mobilizados pelos frigoríficos locais, a partir da década de 1990, com a expansão dos frigoríficos de frango, estas outras formas de produção passaram a ser estigmatizadas. Evidenciam-se neste contexto tanto a alteração de percepções acerca da higiene e consumo de carne congelada, como também a desqualificação dos saberes e práticas acumulados pela experiência dos trabalhadores dos açougues e fabriquetas.

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Biografia do Autor

Guilherme Dotti Grando, Instituto Federal do Pará (IFPA)

Professor do Instituto federal do Pará (IFPA) campus Parauapebas

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Publicado

31-10-2024

Como Citar

Grando, G. D. (2024). Dos açougues e fabriquetas aos frigoríficos: experiências dos trabalhadores com o abate e a desossa da carne no oeste paranaense (1960-2015). Revista Eletrônica História Em Reflexão, 19(37), 79–108. https://doi.org/10.30612/rehr.v19i37.17686