Dezesseis anos, Virgem, Honesta e Deflorada
Patrão e empregada em um processo-crime em Palmital/SP (1940).
DOI:
https://doi.org/10.30612/rehr.v16i32.14660Palabras clave:
Processos-crimes. Violência sexual. Gênero. Doméstica. Discurso.Resumen
A historiografia brasileira, a partir dos anos de 1980, buscou consolidar a pesquisa histórica como um campo multidisciplinar, com novas possibilidades de fontes e a expansão do conhecimento histórico, abrindo caminhos para compreensão de novos sujeitos sociais que foram deixados à margem dos registros oficiais enquanto personagens e protagonistas, e, neste processo ganharam visibilidade as fontes criminais. A partir do contato com esse tipo de documentos no CEDAP – Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa Histórica, buscamos identificar os casos de violência sexual que foram contabilizados e entre os quais foi possível identificar padrões que envolviam a categoria de mulheres domésticas violentadas por seus patrões. Com o levantamento bibliográfico acerca das particularidades desse tipo de fontes e os dispositivos de poder que demarcaram os discursos jurídico-policiais atravessando a análise de raça, gênero e classe, podemos enxergar alguns embates de forças antagônicas quando é acionada à Justiça. A partir de um estudo de caso, um processo-crime da cidade de Palmital/SP, no ano de 1940, buscamos adentrar as disputas de narrativas em representações sociais opostas – patrão e empregada – no caso de violência sexual (defloramento), bem como a maneira como esses embates retóricos acabam por reproduzir e incidir os valores e comportamentos tidos como ideais pelas classes dominantes, além de manter preconceitos de raça, gênero e classe social.
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