Dinâmicas territoriais sobre terras indígenas de Mato Grosso do Sul

a Reserva Indígena de Dourados, a Terra Indígena Ñande Ru Marangatu e a Terra Indígena Amambai

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/rel.v16i32.19945

Palavras-chave:

Uso e cobertura da terra, Conflito socioambiental, Conservação ambiental, Fragmentação florestal, Geotecnologias

Resumo

O estado de Mato Grosso do Sul apresenta elevada sinergia para a realização de atividades agropecuárias, mineração, indústria, turismo e comércio, isso em razão da área de fronteira. Suas dinâmicas territoriais geram ganhos econômicos e, ao mesmo tempo, diversos impactos negativos, que se materializam no meio ambiente e sobre as comunidades indígenas, essas sempre vulneráveis a esse modelo de produção do espaço, que tem no uso desmesurado do território sua característica mais evidente. As áreas protegidas do estado, que inclui as Terras Indígenas, têm permanecido como mosaicos quase sempre isolados e são vulneráveis a conflitos agrários e impactos socioambientais de diversas formas e magnitudes. Sob esse aspecto, o estudo objetivou compreender a dinâmica territorial sobre os territórios indígenas, por meio do diagnóstico do uso e cobertura da terra e das características físicas do entorno de seis quilômetros. O estudo envolveu três terras indígenas da fronteira sul-mato-grossense e paraguaia, são elas: a Reserva Indígena de Dourados, a Terra Indígena Ñande Ru Marangatu e a Terra Indígena Amambai. Para isso, foram analisadas as características do relevo (altitude e declividade), os tipos de solo e o uso e cobertura da terra, que foram quantificados e analisados espacialmente a partir do uso de SIGs e geotecnologias.  Os resultados mostraram que, apesar das áreas apresentarem estruturas e características naturais diferentes, há evidências que a produção do espaço gera dinâmicas territoriais semelhantes, ocasionando pressões sobre as comunidades indígenas. Destacam-se, por exemplo, os baixos percentuais de remanescentes florestais, quase sempre associados à alta fragmentação, que foram suprimidos ao longo de décadas. Os dados apresentados têm o potencial de fornecer subsídios para ações de políticas públicas voltadas à gestão do uso do território, que estão ao redor das Terras Indígenas, e ao mesmo tempo questionar o modelo de desenvolvimento e uso do território vigente.

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Biografia do Autor

Amanda Trindade Amorim, Universidade Estadual Paulista (Unesp), FCT-Presidente Prudente

Engenheira Ambiental pela Universidade Estadual de Maringá - UEM, Mestra em Ciências Ambientais pelo Instituto de Ciência e Tecnologia - UNESP Sorocaba, Doutora em Geografia pela Faculdade de Ciências e Tecnologia - UNESP Presidente Prudente, Pós-dourodanda em Geografia pela Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD.

Charlei Aparecido da Silva, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)

Geografo, Mestre em Geociências pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas - UNESP Rio Claro, Doutor em Geografia pelo Instituto de Geociências da Unicamp. Professor o Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD.

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Publicado

2025-10-27

Como Citar

Amorim, A. T., & Silva, C. A. da. (2025). Dinâmicas territoriais sobre terras indígenas de Mato Grosso do Sul: a Reserva Indígena de Dourados, a Terra Indígena Ñande Ru Marangatu e a Terra Indígena Amambai. ENTRE-LUGAR, 16(32), 238–260. https://doi.org/10.30612/rel.v16i32.19945

Edição

Seção

I SIDET/2024