A “Casa Búnker” e a redefinição da escala doméstica: rumo a fragmentação socioespacial?
DOI:
https://doi.org/10.30612/rel.v16i31.18027Palavras-chave:
Casa búnker, Escala doméstica, Fragmentação socioespacial, Covid-19Resumo
A estrutura das cidades médias vem passando por mudanças nos últimos anos, marcado uma ruptura da lógica centro-periférica para a lógica da fragmentação socioespacial. Estas transformações ganharam especial relevância em nosso texto, pincipalmente quando elas alteram as práticas espaciais e as experiências urbanas de citadinos residentes em Presidente Prudente/SP. Para tanto, selecionamos colaboradores de diferentes áreas desta cidade, seja em espaços residenciais fechados ou nos conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida (faixa 1). A partir da análise de entrevistas discutimos as transformações no cotidiano destes moradores, além as diferentes formas de apropriação do espaço urbano, os graus de isolamento e as estratégias para superar os constrangimentos impostos pela distâncias. Os impactos da pandemia de covid-19 também estão presentes em nossas análises, dado a importância do tema para os entrevistados. A desigualdade e a seletividade espacial estão presentes nos relatos que discutimos neste texto, a partir dos quais defendemos a ideia de que podemos compreender essas novas dinâmicas à luz do processo de fragmentação socioespacial, da ressignificação da escala doméstica e da formação de uma “casa búnker”.
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