Geografia da resistência LGBTQIA+ no Brasil

Resumo

O presente artigo buscou discutir a trajetória do Movimento LGBTQIA+ brasileiro a partir de uma perspectiva histórico-geográfica, dando ênfase para a abordagem socioespacial e socioterritorial desse movimento tão diverso e relevante para a história de luta que se vincula a temática dos direitos humanos e cidadania no Brasil. Buscou-se a construção de um diálogo em torno das ações já consolidadas dos movimentos socioespaciais que se vinculam a diversidade sexual e de gênero, como a Parada LGBTQIA+, até as novas tipologias de ação pensadas em diferentes movimentos tradicionais que, na atualidade, tem incorporado a temática da diversidade como um elemento necessário e fundamental para a urgente ampliação do escopo e das discussões presentes nos sujeitos que constituem essas organizações. As questões e diálogos surgem como uma centelha em busca de uma compreensão geográfica do Movimento LGBTQIA+, possibilitando uma real intelecção entre as ações e pautas construídas e o contexto sociopolítico brasileiro. Para a sua construção, adotou-se a abordagem socioespacial e socioterritorial trazendo luz para a dimensão geográfica dos conflitos que produzem a mediação e apropriação do espaço geográfico, desde o corpo até a construção de efetivas políticas públicas direcionadas para a cidadanização dessa população. Para alcançar o objetivo proposto, foi realizado um levantamento bibliográfico que buscou evidenciar os aspectos históricos, políticos e geográficos das primeiras organizações voltadas para temática LGBTQIA+ no Brasil. Posteriormente, foi construído um banco de dados e mapeamento das ações dos movimentos socioespaciais e socioterritoriais urbanos que se vinculam à temática da diversidade sexual e de gênero e que não são movimentos exclusivamente LGBTQIA+. Observa-se que nas últimas décadas os diferentes movimentos e coletivos que foram fundados com objetivos distintos, incorporaram essa discussão e produziram um conjunto de novos significados e dimensões para a disputa urbana em consonância com as interseccionalidades presentes em sua nova formação e configuração.