Violência contra as mulheres e instituições públicas em Campinas - SP: O paradoxo entre a lógica espacial masculina e a experiência feminina
DOI:
https://doi.org/10.5418/ra2021.v17i32.12461Palabras clave:
mulheres, violência, Campinas.Resumen
A violência é historicamente construída e estruturalmente mantida na sociedade. No que tange ao gênero, a violência se reafirma através de relações de poder patriarcais, constantemente presentes nas vivências cotidianas: às mulheres estão expostas às vulnerabilidades decorrentes de dinâmicas que hierarquizam os papéis entre masculino e feminino. Apesar de crescentes iniciativas, a espacialidade continuamente auxilia na manutenção das relações violentas de poder pautadas, entre outros pilares, na construção social do gênero.
Campinas, município do estado de São Paulo, evidencia a dominação de poder masculina no desenvolvimento do tecido urbano, inclusive no que diz respeito aos locais de atendimento às mulheres vítimas de violência, salientando a desigualdade espacialmente intrínseca às relações sociais. Partindo desta realidade, o presente artigo propõe um debate inicial acerca das dimensões escalares que compõem a multiplicidade de relações espaciais que fomentam a lógica das redes materiais e imateriais constituidoras de vulnerabilidades às mulheres campineiras.
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