Os territórios do trabalho dos migrantes haitianos no Paraná

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5418/ra2024.v20i43.18403

Palavras-chave:

migração, trabalho, haitianos, Paraná

Resumo

A migração haitiana para o Brasil, de natureza transnacional, advém de variados fatores explicativos oriundos da herança colonial francesa e, mais tarde, da vinculação político-econômica com os Estados Unidos, que situaram o Haiti historicamente como um país de emigração. No Paraná, o fluxo de haitianos se constitui o maior movimento migratório ocorrido em décadas. A difusão da população do país caribenho se deu por várias regiões do Estado, adquirindo grande amplitude e tendo como elemento comum a busca por trabalho e melhores condições de vida. Diante disso, o objetivo do presente artigo é investigar o Estado do Paraná como sendo território migrante, no bojo das migrações contemporâneas que atraíram para esse território migrantes provenientes do sul global (especialmente Haitianos e Venezuelanos). Parte-se da análise da relação entre migração e trabalho, na qual abordamos as características socioeconômicas do território paranaense alicerçado no estudo denominado “Vários Paranás” (2017), do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), auxiliando-nos a compreender o que faz os municípios paranaenses serem atrativos para migrantes, especialmente a partir dos anos 2010. Enfatizamos a dinâmica produtiva dos frigoríficos como fazendo parte de espaços econômicos relevantes. Com vistas a dar destaque aos sujeitos do processo migratório - ou seja, os migrantes. A pesquisa teve como procedimentos metodológicos: a) discussão de um arcabouço teórico-metodológico sobre a problemática da investigação, b) trabalho de campo realizado ente 2020 e 2022, a partir da execução de entrevistas com migrantes haitianos residentes nos municípios de Cascavel, Coronel Vivida, Curitiba, Londrina, Maringá e Toledo. Defendemos a existência de territórios do trabalho dos migrantes haitianos no Paraná, a saber: Oeste e Sudoeste, Norte e Leste. Esses territórios se constituem não somente como espaço voltado ao trabalho, mas também como espaços de resistência, construção e luta coletiva em busca da melhoria das condições de vida dos migrantes.

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Biografia do Autor

Lineker Alan Gabriel Nunes, Instituto Federal do Paraná - IFPR

Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná, Campus Cascavel/PR. Doutor em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina (2023). Mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina (2017). Graduado em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Campus de Marechal Cândido Rondon/PR (2013). Possui experiência em Geografia, atuando em escolas da rede estadual de educação do Paraná.

Ideni Terezinha Antonello, Universidade Estadual de Londrina

Possui graduação em Geografia pela Universidade Federal de Santa Maria (1990), mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe (1994) com a dissertação O camponês Sertanejo e doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1999) com a tese Metamorfoses do Trabalho e a Mutação do Campesinato e realizou aperfeiçoamento no L'institut Des Hautes Études de L'amerique Latine Université de La Sorbonne, IHELA, França, mediante a categoria de doutorado "sanduíche"(CNPq) sob orientação do Prof. CHISTIAN GROSS. Pós-doutoramento (2015) no IGOT- Instituto de Geografia e Ordenamento do Território/Universidade de Lisboa/Portugal. Bolsista CAPES Processo 1660/14-4. Atualmente é professora associada da Universidade Estadual de Londrina. Tem experiência na área de Geografia Humana, atuando principalmente nos seguintes temas: planejamento urbano e regional, espaço urbano, os novos arranjos urbano-rural, pensamento geográfico, ensino de geografia (literatura).

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Publicado

2025-01-26

Como Citar

Alan Gabriel Nunes, L., & Terezinha Antonello, I. (2025). Os territórios do trabalho dos migrantes haitianos no Paraná. Revista Da ANPEGE, 20(43). https://doi.org/10.5418/ra2024.v20i43.18403

Edição

Seção

Dossiê América Latina e Caribe: Por uma Geografia dos saberes, das diferenças e das lutas