Caminhos dos Axun no território Gavião: memórias em deslocamentos

Resumo

A partir das narrativas do povo Gavião sobre os impactos do contato forçado, analisam-se as transformações nos modos de vida dos grupos Kỳikatêjê, Akrãtikatêjê e Pàrkatêjê, rememorando os efeitos deletérios que deixaram “os caminhos do contato” dentro do país Timbira (Terra Memorial Gavião). Krôhôkrenhũm, líder do grupo Pàrkatêjê, utilizou a metáfora dos axun (saúvas) para descrever a destruição causada pelos invasores, que transformaram florestas em pastagens e alteraram profundamente o território Gavião. Por meio desta metáfora zoomórfica, apresentam-se as formas como esses caminhos foram trilhados até cercar o povo Gavião dentro de seu próprio território, reduzido na Terra Indígena Mãe Maria pelos avanços da consolidação da sociedade brasileira. Nesse sentido, as considerações giram entorno a necessidade de reflorestar o território devorado, ancorando-se num planejamento da vida sob as premissas do respeito à autonomia, à autodeterminação e autogestão do povo Gavião, à formação de lideranças de capital simbólico-político significativo e o fortalecimento da cultura.