Projetos agrícolas e planos de “emancipação” do povo Terena durante a ditadura Geisel
DOI:
https://doi.org/10.30612/frh.v24i44.16345Palavras-chave:
Terena, Ernesto Geisel, Política Indigenista, Tutela, EmancipaçãoResumo
Respaldado por informações obtidas em fontes jornalísticas, publicações acadêmicas e documentos oficiais, este artigo examina o contexto em que se deu a visita do presidente da República Ernesto Geisel à aldeia Bananal, município de Aquidauana, em 1977, e analisa os propósitos centrais do governo federal à época voltados ao povo indígena Terena. As questões principais enfocadas aqui dizem respeito aos planos de emancipar o referido grupo étnico da tutela estatal e aos projetos agrícolas que a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) implantou nas aldeias a partir de então com vistas a desenvolver a lavoura comercial. A receptividade dos nativos à presença do mandatário político da nação e às propostas colocadas em pauta por seu governo foi escrutinada tendo em conta declarações proferidas por lideranças desse povo. Os discursos propalados por autoridades públicas sobre os Terena e sobre a emancipação da tutela e as expectativas depositadas por elas nos Projetos de Desenvolvimento Comunitário aplicados nas áreas ocupadas pelos povos originários considerados “mais integrados” também foram tratados com especial atenção. A conclusão é que o Estado, ao tratar os Terena como sujeitos subalternos – desconsiderando padrões e práticas econômicas tradicionais e tentando suprimir abruptamente a assistência prestada – exerceu sobre eles aquilo que Anibal Quijano chama de “colonialidade do poder”. Entretanto, a comunidade indígena, ativando a sua capacidade de agência e organização, pôs em curso estratégias de resistência e negociação, impulsionando a luta por assistência diferenciada e por direitos territoriais específicos.
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