Efeito de um evento de friagem no cenário de mudança no uso e cobertura da terra no Sudoeste da Amazônia

Autores

  • Bárbara Antonucci Doutorado em Clima e Ambiente, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia https://orcid.org/0000-0002-5416-0531
  • Gutieres Camatta Barbino Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos/ Polo UNIR, Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária, Universidade Federal de Rondônia (UNIR) https://orcid.org/0000-0003-1590-8962
  • Nara Luísa Reis de Andrade Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos/ Polo UNIR, Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária, Universidade Federal de Rondônia (UNIR) https://orcid.org/0000-0001-8602-6161
  • Alberto Dresch Webler Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária, Universidade Federal de Rondônia (UNIR) https://orcid.org/0000-0001-5777-2982

DOI:

https://doi.org/10.55761/abclima.v33i19.16675

Palavras-chave:

Conversão de Florestas na Amazônia, Efeito de Massa Polar, Microclima

Resumo

A conversão de florestas altera o microclima. A entrada de massas polares ocorre na América do Sul, no entanto, na Amazônia o efeito é diferente, com quedas da temperatura no inverno e chuvas de convecção no verão. Diante disso, caracterizou a friagem em áreas com coberturas de floresta, pastagem e cidade na região central do estado de Rondônia, bem como, entender a atuação dos fenômenos em cada cobertura. Foram utilizados dados das torres micrometeorológicas do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia na cidade acima de um prédio, e os dados da floresta e pastagem foram coletados em torre com alturas de 62m e 08m, respectivamente. No ano de 2017 foi identificado a entrada de um evento de friagem nos quais a redução média de 31% na temperatura mínima ocorreu para as 03 coberturas. Como característica da massa polar, a umidade especifica nas localidades reduziu na passagem dos eventos, no entanto, somente na floresta ocorreu chuva com características frontais. Notou-se uma duplicação no valor da velocidade do vento e predominância do vento Sul. Após a passagem da friagem, o reestabelecimento da temperatura média ocorreu em 03 dias. De maneira geral, as condições micrometeorológicas locais são alteradas pela entrada da massa de ar fria e seca, sendo que os impactos são mais intensos nas áreas antropizadas. No entanto, são necessários mais estudos para avaliar a influência da cobertura do solo nessa resposta e possíveis impactos na vida da população.

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Biografia do Autor

Bárbara Antonucci, Doutorado em Clima e Ambiente, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Graduação em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Rondônia (2016) e mestrado em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo (2020). Atualmente trabalha como bolsista do projeto "Sistema Integrado de Monitoramento do Carbono e Vapor d´água na Amazônia, pertencente ao Programa LBA".

Gutieres Camatta Barbino , Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos/ Polo UNIR, Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária, Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

Graduado em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Rondônia. Atualmente atua como bolsista no grupo de pesquisa do Programa de Grande Escala da Biosfera Atmosfera da Amazônia - LBA/RO, na área de Geociências e Ciências Ambientais, com ênfase em micrometeorologia, onde desenvolve pesquisas utilizando produtos de sensoriamento remoto para avaliar a influência do Índice de Área Foliar no microclima, atuando principalmente nos seguintes temas: micrometeorologia uso do solo, distribuição espacial e sensoriamento remoto. Membro do Grupo de Pesquisa em Engenharia Ambiental (GPEA-UNIR) desde o ano de 2015, desenvolvendo pesquisas relacionadas à Hidrologia Ambiental, Micrometeorologia e Sensoriamento Remoto. No presente momento, cursa o Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos - ProfÁgua, na Universidade Federal de Rondônia.

Nara Luísa Reis de Andrade, Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos/ Polo UNIR, Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária, Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

Graduada em Engenharia Sanitária pela Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT (2007), mestre em Física Ambiental pela UFMT (2009), Doutora em Física Ambiental pela UFMT (2013). Atualmente é professora do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Rondônia, coordenadora fundadora do Mestrado Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (ProfÁgua - IES UNIR) desde sua fundação, em 2018, até 2022. Professora do Mestrado em Agroecossistemas Amazônicos, líder do grupo de pesquisa em Engenharia Ambiental (2013 a 2020) e integrante do Grupo de Pesquisa Ciências Ambientais (UFMT) e Grupo de Pesquisa Internacional em Resiliência Climática. É conselheira do Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental de Ji-Paraná (COMDEAM). Tem experiência nas áreas de Engenharia Sanitária e Ciências Ambientais, com ênfase em recursos hídricos/hidrologia, micrometeorologia, qualidade das águas, diagnóstico ambiental, interação biosfera-atmosfera, mudanças no uso do solo, impactos das mudanças climáticas e sustentabilidade e modelagem de ecossistemas.

Alberto Dresch Webler, Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária, Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

Graduado em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Rondônia, mestre e doutor em Engenharia Civil, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ) e, com período sanduíche, na Universidade do Porto (Portugal). Atualmente é professor Adjunto do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). É vice-líder do Grupo de pesquisa de Engenharia Ambiental da UNIR. Coordenador dos laboratórios de Saneamento e de Físico-química do Departamento de Engenharia Ambiental. Coordenador Regional do Programa LBA em Rondônia. Tem experiência na área de Engenharia Ambiental, com ênfase em Engenharia Ambiental, atuando principalmente em tratamento de efluentes, processos biológicos avançados para tratamento de efluentes, oxidação avançadas, efluentes industriais e recalcitrantes, e balanço de energia em área de pastagens e floresta.

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Publicado

15-07-2023

Como Citar

Antonucci, B., Camatta Barbino , G., Reis de Andrade, N. L., & Dresch Webler, A. (2023). Efeito de um evento de friagem no cenário de mudança no uso e cobertura da terra no Sudoeste da Amazônia. Revista Brasileira De Climatologia, 33(19), 149–168. https://doi.org/10.55761/abclima.v33i19.16675

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