O hazard seca no semiárido baiano: risco do clima ou perigo da informação?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.55761/abclima.v31i18.15445

Palavras-chave:

Estiagem, Comunicação e Precipitação

Resumo

Entre 2012 e 2015 houve uma seca intensa no semiárido baiano. Nesse período, a mídia impressa da Bahia divulgou notícias sobre esse fenômeno climático. Este artigo objetivou analisar qualitativa e quantitativamente as notícias sobre a seca 2012-2015 difundidas pela mídia, bem como a relação entre a difusão das matérias e o volume de precipitação local. O método consistiu em: análise de conteúdo das matérias publicadas pela mídia baiana e a análise conjunta dos dados de precipitação e a quantidade de notícias. Os resultados demonstraram relação entre o número de notícias e o comportamento da precipitação, contudo, foram verificados erros conceituais e adjetivos pejorativos à seca. Concluiu-se que as notícias ainda sustentam o discurso do combate à seca e ignoram as causas do risco da seca na região. Assim, a informação sobre a seca, difundida pela mídia, é mais um perigo que o sertanejo enfrenta. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rafael Vinicius de São José, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Doutorando em Geografia (UNICAMP) e em Geociências/ Ensino e História de Ciências da Terra (UNICAMP) em parceria com o Centro de Pesquisas Climáticas e Meteorológicas Aplicadas à Agriculutura (CEPAGRI), UNICAMP. Mestre em Ensino e História de Ciências da Terra (UNICAMP). Graduação em Geografia (UEFS). Atua na área  Climatologia Regional e  Educação  e Comunicação em Climatologia.

Referências

ABREU, G. X. de; FÉLIX, J. A. B. O meio ambiente na mídia – um estudo de caso do jornal de maior circulação de Brasília. Universitas: Arquit. e Comun. Social, v. 5n. 1/2, p. 51-68, 2008.

ACSELRAD, H.. O conhecimento do ambiente e o ambiente do conhecimento: anotações sobre a conjuntura do debate sobre vulnerabilidade. Faculdade de Serviço Social da Universidade do Rio de Janeiro. Em Pauta, Rio de Janeiro, 2006.

ALVES, J. M. B. Um vórtice ciclônico de altos níveis sobre o Nordeste do Brasil e Atlântico adjacente no verão de 1999. Revista Brasileira de Meteorologia, v.16, n.1, p.115-122, 2001.

ARMOND, N. B; SANT’ ANNA NETO, J. L. Utilização de Mídia Impressa na identificação e análise de episódios extremos de chuva no Município do Rio de Janeiro. Revista GEONORTE, Edição Especial 2, v. 1, n. 5, p. 774 - 785, 2012.

BLAIN, G. C. Revisiting the probabilistic definition of drought: strengths, limitations and an agrometeorological adaptation. Bragantia, Campinas, v. 71, n. 1, p. 132-141, 2012. <http://dx.doi.org/10. 1590/S0006-87052012000100019>.

BLAMONT, Emmanuel et al. O Semi-árido da Bahia: problemas, desafios e possibilidades. Revista Bahia Agrícola, v.5, n.2, 2002, ISSN 1414-2368.

BOYKOFF, M. T. The cultural politics of climate change discourse in UK tabloids. Political Geography, v. 27, n. 5, p. 549 - 569, 2008.

BOYKOFF, M. T.; BOYKOFF, J. M. Climate change and journalistic norms: A study of US mass-media coverage. Geoforum, v. 38, n. 6, p. 1190-1204, 2007.

BURITI, C. O.; BARBOSA, H. A. Um século de secas: por que as políticas hídricas não transformaram o Semiárido brasileiro? 1 ed. São Paulo: Chiado Books, 2018. p. 434.

BURITI, C. de O.; BARBOSA, H. A. Secas e vulnerabilidade socioambiental no semiárido brasileiro: a institucionalização dos estudos científicos e das políticas hídricas na região. Ciência Geográfica - Bauru - Ano XXIII - Vol. XXIII - (1), p. 268-282, 2019.

CAMPOS, J. N. B. Secas e políticas públicas no Semiárido: ideias, pensadores e períodos. Estudos avançados, v. 28, n. 82, p. 65-88, 2014.

CASTRO, A. L. C. DE.; CALHEIROS, L. B.; CUNHA, M. I. R.; BRINGEL, M. L. N. DA C. Manual de Desastres Naturais. Brasília, DF: Ministério da Integração Nacional - Secretaria Nacional de Defesa Civil, 2003. 174 p.

CONTI, J. B. Clima e meio ambiente. 7 ed. São Paulo: Atual, 2011. p. 96.

DIMENSTEIN, G. O cidadão de papel: a infância, a adolescência e os direitos humanos no Brasil. 21 ed. São Paulo: Ática, 2005.

DJEBOU, C. S. Bridging Drought and Climate Aridity. Journal of Arid Environments, v. 144, p. 170 - 180, 2017.

EDITORIAL: O preço da ausência. A TARDE. Edição em 23 de abril de 2012b.

ELY, D. F. Eventos climáticos e mídia impressa em Londrina (PR): Construindo uma abordagem a partir da análise do discurso. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA, 8, 2008. Anais... Alto Caparaó (MG) 2008. p.138-151.

ESTIAGEM: Baixo nível das barragens de Conquista já compromete área urbana; no oeste, perda de agricultores chega a 100%. A TARDE. Governadores cobram verbas de Dilma. Edição em 23 de abril de 2012a.

ESTIAGEM: Renegociação de dívidas dos produtores, distribuição de palma adensada e a construção de adutoras e barragens são algumas das reivindicações. A TARDE. Edição em 26 de fevereiro de 2013b.

Food and Agriculture Organization (FAO). Guidelines: Land evaluation for Rainfed Agriculture. FAO Soils Bulletin 52. Rome, 1983.

FLAGELO: Para enfrentar os efeitos da estiagem no Nordeste e em Minas Gerais, governo federal anuncia que liberará R$ 2,7 bilhões até dezembro e criará o Bolsa Estiagem para agricultores familiares. A TARDE. Edição em 24 de abril de 2012c.

FREITAS, M. A. S. O Fenômeno das Secas no Nordeste do Brasil: Uma Abordagem Conceitual. In: SIMPÓSIO DE RECURSOS HÍDRICOS DO NORDESTE, 9, Salvador, 2008. Anais...Salvador: ABRH, 2008.

GUMBEL, E. J. ‘Statistical forecast of droughts’. Bull. Int. Assoc. Sci. Hydrol. 8, 1963. p. 5–23.

HEIM, R. R. Jr. A review of twentieth-century drought indices used in the United States. Bulletin of the American Meteorological Society. 83 (8), 2002. p. 1149 – 1165.

KASPERSON R. E.; KASPERSON J. X. The social amplification and attenuation of risk. The Annals - American Academy of Political and Social Science, v. 545, 1996. p. 95-105.

MAIA, D. C. Mídia Escrita e o Ensino de Climatologia no Ensino Fundamental. ACTA Geográfica, Boa Vista, Ed. Esp. Climatologia Geográfica, 2012.

MALVEZZI, Roberto. Semi-Árido: uma visão holística. Brasília: Confea, 2007.

MARENGO, J. A.; CUNHA, A. P.; ALVES, L. M. A seca de 2012-15 no semiárido do Nordeste do Brasil no contexto histórico. Revista Climanálise, v. 4, n. 1, 2016. p. 49-54.

MISHRA, A. K.; SINGH, V. P. A review of drought concepts. Journal of Hydrology. v. 391, n. 1-2, 2010. p. 202-216.

MONTEIRO, C. A. F. Análise rítmica em Climatologia. São Paulo: USP/IG. Climatologia 1. 1971.

NDMC. NATIONAL DISASTER MANAGEMENT CENTRE. Inaugural Annual Report 2006-2007. Provincial and Local Government Department. Pretoria, South Africa, 2007.

NO semiárido, apesar das chuvas, a estiagem continua provocando transtornos. A TARDE. Edição em 23 de abril de 2013a.

NOBRE, L. F. D. P. Mídia Impressa e Meio Ambiente: Um estudo da Cobertura da mortandade de peixes no estuário do rio Pontegi. 2011. p. 114. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento) - Centro de Biociências, Universidade Federal de Natal, Rio Grande do Norte, 2011.

NUNES, L. H. O papel da mídia na difusão da informação climática: o El Niño de 1997-98. Geografia, v.32, n.1, 2007. p.29-50.

NUNES, L. H. Riscos do clima ou riscos da comunicação? A cobertura jornalística do furacão Sandy (2012) em um periódico nacional. Revista Brasileira de Climatologia, v. 19, 2016. p. 54-73.

NUNES, L. H.; CANDIDO, D. H.; VICENTE, A. K.; ARAKI, R.; SANTOS, F.R.N. dos; COLLAÇO, M.M.; CASTELLANO, M.S., BARBIN, N.B.C.B. Condicionantes físicos e impactos dos tornados do final de março de 2006 no interior paulista. GEOUSP - Espaço e Tempo, n. 23, 2008. p.99-124.

OLIVEIRA, G. S. Análise de Conteúdo Temático-Categorial: Uma proposta de sistematização. Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v.16, n. 4, 2008. p. 569-76.

PALMER, W.C. 1965. Meteorological Drought. US Department of Commerce, Weather Bureau, Research Paper, n. 45, 1965. p. 58.

PAREDES, F. J.; BARBOSA, H. A.; GUEVARA, E. Spatial and temporal analysis of droughts in northeastern Brazil. Agriscientia, v. 32, 2015. p. 57-67.

REBOITA, M.; SANTOS, I. Influência de alguns padrões de teleconexão na precipitação no Norte e Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Climatologia, v.15, p.28-48, 2014.

REBOITA, Michelle Simões et al. Causas da semi-aridez do sertão nordestino. Revista Brasileira de Climatologia, v.19, p. 254-277, 2016.

SAMPLEI, Y.; USUI-AOYAGI, M. Mass-media coverage, its influence on public awereness of climate-change issues, and implications for Japan’s national campaign to reduce greenhouse gas emissions. Global Environmental Change, v.19, n.2, 2009. p. 203-212.

SANGRIA no semiárido. CORREIO. Edição em 05 de junho de 2013a.

SANTOS, M. A Natureza do Espaço: Técnica e tempo, razão e emoção. 3ed. São Paulo: EDUSP, 2002.

SÃO JOSÉ, R. V. et al. Avaliação de vulnerabilidade agrícola à seca: um estudo de caso no semiárido do estado da Bahia. Caminhos de Geografia, v. 21 n. 77, p. 96-110, 2020

SÃO JOSÉ, R. V. et al. Seca extrema de 2012 no semiárido baiano e seus impactos: informações climáticas difundidas pela mídia. Revista Brasileira de Climatologia, Dourados, MS, v. 29, p. 416-438, 2021a.

SÃO JOSÉ, R. V. et al. Avaliação de vulnerabilidade agrícola à seca: um estudo de caso no semiárido do estado da Bahia. Caminhos de Geografia, v. 22 n. 84, p. 136-153, 2021b.

SÃO JOSÉ, R. V. et al. Hazard (seca) no semiárido da Bahia: Vulnerabilidades e Riscos climáticos. Revista Brasileira de Geografia Física, v.15 n. 04, p. 1978-1993, 2022.

SCHEUFELE, D. A.; SHANAHAN, J.; KIM, S. Who Cares About Local Politics? Media Influences on Local Political Involvement, Issue Awareness, and Attitudes Strength. Journalism and Mass Communication Quarterly, v. 79, n.2 (summer 2002), p. 427-444.

SECA: 228 municípios em estado de emergência. CORREIO. Edição em 04 de maio de 2012b.

SECA: governo renegociará dívidas de produtores. CORREIO. Edição em 14 de junho de 2012a.

SENA, A. R.M. de. Seca, vulnerabilidade socioambiental e saúde. Tese de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde. Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2017.

SILVA, G. M. F; CARAMORI, P. H; RICCE, W. S. O Jornal como fonte de informação sobre precipitação de granizo no Estado do Paraná. Revista GEONORTE, Edição Especial 2, v. 1, n. 5, 2012. p. 1079 – 1090.

SOOD, B. R.; STOCKDALE, G.; ROGERS, E. M. How the News Media Operate in Natural Disasters. Journal of Communication, v.37, n.3, p. 27-41, 1987.

SOROKA, S. N. Issue Attributes and Agenda-Setting by Media, the Public, and Policymakers in Canada. International Journal of Public Opinion Research, v. 14, 2002. p. 264–85.

SOUZA, C. G de; SANT’ ANNA NETO, J. L. A imprensa como fonte de análise da adversidade climática. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEÓGRAFOS, 6, 2003, Goiânia. Anais… Goiânia: AGB/UFG, 2004. 1 CD-ROM.

SOUZA, C. G. A influência do ritmo climático na morbidade respiratória em ambientes urbanos. 2007. 184 p. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Geografia) - Faculdade de Ciências e Tecnologia - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Presidente Prudente, 2007.

SOUZA, M.A. O aquecimento global e sua repercussão na mídia: algumas contribuições para o debate. Geografia em Atos, v.2, n.12, 2012. p.91-104.

STEINKE, E. T. Climatologia Fácil. São Paulo: Oficina de textos, 2012. p. 144.

STEINKE, E.T.; SAITO, C.H.; ANDRADE, G. de S.; GASPAR, L. Como a mídia impressa do Distrito Federal divulga fatos relacionados ao clima e ao tempo na época da estiagem. Geografia, v.31, n.2. 2006. p.347-357.

TEODORO, P. H. M.; AMORIM, M. C. C. T. Mudanças climáticas: algumas reflexões. Revista brasileira de climatologia, v. ¾, 2008. p. 25-36.

UN Secretariat General. United Nations Convention to Combat Drought and Desertification in Countries Experiencing Serious Droughts and/or Desertification, Particularly in Africa. Paris, 1994.

VALENCIO, N.; VALENCIO, A. Cobertura jornalística sobre desastres no Brasil: dimensões sociopolíticas marginalizadas no debate público. Anuario Electrónico de Estudios en Comunicación Social “Disertaciones”, vol.10, n°2, 2017.

VIDA na lama: Na estiagem, até água suja e cheia de sal vira um tesouro valioso. CORREIO. Edição 01 de maio de 2012c.

VIDAS SECAS. CORREIO. Edição em 27 de março de 2013b.

WMO. WORLD METEOROLOGICAL ORGANIZATION. Report on Drought and Countries Affected by Drought During 1974–1985, WMO, Geneva, 1986. p. 118.

Downloads

Publicado

24-08-2022

Como Citar

São José, R. V. de, Coltri, P. P., Greco, R., Ignácio, C. F., & Alpine, M. M. (2022). O hazard seca no semiárido baiano: risco do clima ou perigo da informação?. Revista Brasileira De Climatologia, 31(18), 285–307. https://doi.org/10.55761/abclima.v31i18.15445

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)