DA EUFORIA À CRISE: UMA VISÃO GEOGRÁFICA DAS TRAJETÓRIAS ERRÁTICAS DA ECONOMIA E DA INDÚSTRIA NO BRASIL, NO SÉCULO XXI, EM MEIO A PROBLEMAS, CARÊNCIAS E DESAFIOS

Autores

  • Silvia Selingardi-Sampaio Universidade Estadual Paulista (UNESP)

DOI:

https://doi.org/10.30612/el.v11i21.12047

Palavras-chave:

Brasil. Indústria. Evolução econômica. Problemas internos. Desafios externos.

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar as trajetórias erráticas percorridas pela economia e pela indústria do Brasil, nas duas décadas iniciais do século XXI, conduzindo o país de uma fase socioeconômica de crescimento e euforia para outra de crise, recessão e estagnação. A ideia central desenvolvida é a de que há obstáculos e desafios externos, oriundos do sistema capitalista global, em especial, a célere corrida tecnológica dos países desenvolvidos, a pressionar a evolução positiva dos aludidos setores, todavia, o peso das carências e problemas internos é muito maior. Fatores e causas desses óbices são rastreados, não de forma exaustiva, sendo um dos mais importantes a existência de erros e falhas na condução da política macroeconômica. Entre as recomendações feitas ao final, duas se destacam: os problemas têm que ser enfrentados, com seriedade, competência e determinação política; e a indústria, em regressão no país, tem que ser estimulada e reestruturada, para gerar crescimento e emprego e para poder acompanhar a evolução tecnológica dos países desenvolvidos, no momento expressa pela Indústria 4.0.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Silvia Selingardi-Sampaio, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Doutora pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp - Campus de Rio Claro. Livre Docente em Geografia Industrial desde 1996. Docente voluntário na Unesp, junto ao Curso de Pós-Graduação em Geografia.

Referências

AGLIETTA, MICHEL. A theory of capitalist regulation. London: Left Books, 1976.

AZZONI, Carlos Roberto. Um cenário em transformação. In: AZZONI, Carlos Roberto (Org.). Como está São Paulo: as pessoas/ a produção/ os municípios/ o meio ambiente. Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Planejamento e Gestão, Coordenadoria de Planejamento Regional, São Paulo, 1993, p.7-9.

BAER, Werner. A economia brasileira. São Paulo: Nobel, 1996. BENKO, George. Economia, espaço e globalização na aurora do século XXI. 2.ed. São Paulo, HUCITEC.

BENKO, George; LIPIETZ, Alain. As regiões ganhadoras: distritos e redes; os novos paradigmas da geografia econômica. Oeiras, Portugal: Celta, 1994.

CANO, Wilson. Industrialização, desindustrialização e políticas de desenvolvimento. Revista Faac, Bauru, v. 1, n. 2, p. 155-164, 2012.

CANO, Wilson; PACHECO, Carlos Américo. Cenários demográficos para as décadas de 80 e 90. In: Cenários e diagnósticos: população e emprego. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo; Secretaria de Planejamento e Gestão; SEADE, São Paulo, 1992, v.4, p. 13-89. (São Paulo no limiar do século XXI).

CANO, Wilson; SEMEGHINI, Ulysses C. Diagnósticos setoriais: Introdução. In: Diagnósticos setoriais da economia paulista: introdução geral e agropecuária. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo; Secretaria de Planejamento e Gestão; SEADE, São Paulo, 1992, v. 2, p. 13-34. (São Paulo no limiar do século XXI).

CARLEIAL, Liana; VALLE, Rogério (Orgs.). Reestruturação produtiva e mercado de trabalho no Brasil. São Paulo: HUCITEC – ABET, 1997.

CARNEIRO, Ricardo. Desenvolvimento em crise: a economia brasileira no último quarto do século XX. São Paulo: Editora Unesp; IE, Unicamp, 2002.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: a era da informação: economia, sociedade e cultura. Vol. 1. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CNI - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Mapa Estratégico da Indústria -2018-2022. CNI – SESI – SENAI – IEL. Disponível em: http://www.portal da industria.com.brcni/canais/mapa-estrategico-da-industria/o-que-e. Acesso em: 27 jan. 2020.

COMIN, Álvaro. A desindustrialização truncada: perspectivas de desenvolvimento econômico. 2005. Tese (Doutorado em Economia) – Instituto de Economia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.

CORRÊA, Roberto L. Trajetórias geográficas. 2 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Russel, 2001.

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2016.

DINIZ FILHO, Luis Lopes. Desigualdades regionais e conflitos federativos no Brasil: a “guerra fiscal” no contexto da integração competitiva. Revista Ra’ega, Curitiba, ano 2, n. 2, p. 125-139, 1998.

ESTALL, Robert C.; BUCHANAN, Robert Ogilvie. Atividade industrial e Geografia Econômica. 2. Ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976.

FIESP-CIESP-DEPECON- Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos. Panorama da indústria de transformação brasileira. 14ª edição. São Paulo, julho de 2017, 55 p. FURTADO, Celso. Brasil: a construção interrompida. 3.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992.

FURTADO, João et al. Indústria 4.0: a quarta revolução industrial e os desafios para o Brasil. In: ALMEIDA, Júlio Sergio Gomes de; CAGNIN, Rafael Fagundes (Orgs.). A indústria do futuro no Brasil e no mundo. IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, 3.2, p. 171-195, março/2019. Disponível em: http://iedi.org.br.media/site/artigos/industria-do-futuro-no-Brasil-e-no-mundo20190311. Acesso em: 6 fev.2020.

HARVEY, David. A condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Edições Loyola, 1992.

HARVEY, David. O enigma do capital e as crises do capitalismo. São Paulo, SP: Boitempo: 2011.

HIRATUKA, Célio; SARTI, Fernando. Transformações na estrutura produtiva global, desindustrialização e desenvolvimento industrial no Brasil. Revista de Economia Política, v. 37, n. 1, São Paulo, Jan./Mar., 2017.

HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. 1914-1999. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. IBGE – Instituto de Geografia e Estatística – Pesquisa Industrial Mensal, 2019. Disponível em://www.agenciadenoticias.ibge.gov.br. Acesso em: 23 jan. 2020.

KEYNES, John M. The general theory of employment, interest and money. London: Macmillan, 1936.

KRUGMAN, Paul. A crise de 2008 e a economia da depressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

LAMBERT, Jacques. Os dois Brasis. Rio de Janeiro: INEP; Centro Nacional de Estudos Pedagógicos, 1959.

MARTIN, Ron. Teoria econômica e Geografia Humana. In: GREGORY, Derek; MARTIN, Ron; SMITH, Graham (Orgs.). Geografia Humana: sociedade, espaço e Ciência Social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1996.

MASSEY, Doreen. Industrial restructuring as class restructuring: production decentralization and local uniqueness. Regional Studies, v. 17, p. 73-89, 1983.

MATTOSO, Jorge. Produção e emprego: renascer das cinzas. In: LESBAUPIN, Ivo (Org.). O desmonte da nação: balanço do governo FHC. 2 ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1999, p. 115-132.

MORCEIRO, Paulo César. Desindustrialização na Eonomia Brasileira, no Período 2000 -2011: Abordagens e Indicadores. Araraquara: Faculdade de Ciências e Letras – UNESP – Universidade Estadual Paulista, 2012. Dissertação (Mestrado em Economia).

NEDER, Vinicius. Indústria naval parou e demitiu 27 mil trabalhadores. O Estado de São Paulo, São Paulo, 16 jan. 2020. Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral.industria-naval-parou-e-demitiu-27-miltrabalhadores.70003160790. Acesso em: 27 jan. 2020.

OLIVEIRA, Denise L. C. Machado de. Desenvolvimento e Especialização da Agroindústria em Uberlândia – MG (1970 a 2014): a Expansão das Indústrias Processadoras de Soja, Carnes e Couros e seu Papel na Articulação das Escalas LocalGlobal. Rio Claro: Instituto de Geociências e Ciências Exatas – UNESP – Universidade Estadual Paulista -2016. 208 f. Tese (Doutorado em Geografia).

PARROT, Aaron; WARSHAW, Lane. Industry 4.0 and the digital twin: Manufacturing meets its match. Deloitte University Press: 2017. PASTORE, José. Você perderá seu emprego para a automação? O Estado de São Paulo, 30 jan.2020. Disponível em: http://economia.estadao. com.br/noticias/geral.voceperdera-seu-emprego-para-a-automaçao.70003178089. Acesso em: 6 fev. 2020.

PIRES, Elson Luciano Silva et al. Governança territorial: conceito, fatos e modalidades. Rio Claro: UNESP-IGCE : Programa de Pós-graduação em Geografia, 2011.

PORTER, Michael E. A vantagem competitiva das nações. 7.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

RAIS – RELAÇÃO ANUAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS. BRASIL. Secretaria de Trabalho - Ministério da Economia. Setor IBGE- Indústria de Transformação (2014 – 2018). Disponível em: http://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.php. Acesso em: 27. jan. 2020.

ROLNICK, Raquel; SOMEKH, Nadia. Governar as metrópoles: dilemas da recentralização. In: RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz (Org.); LAGO, Luciana Correa do; AZEVEDO, Sergio de; SANTOS JUNIOR, Orlando Alves dos (colaboradores). Metrópoles: entre a coesão e a fragmentação, a cooperação e o conflito. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo; Rio de Janeiro- FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional, 2004, parte I, p. 111-124.

SANTOS, Milton: A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 3. ed. São Paulo: HUCITEC, 1997.

SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001.

SCHOENBERGER, Erica. From Fordism to flexible accumulation: technology, competitive strategies, and international location. Environment and Planning D: Society and Space, London, n. 6, p. 245-262, 1988.

SCHWAB, K. S. A quarta Revolução Industrial. São Paulo: Edipro, 2016. SCHWAB, K. S. Aplicando a quarta Revolução Industrial. São Paulo: Edipro, 2018.

SCOTT, Allen J. Flexible production systems and regional development: the rise of new industrial spaces in North America and Western Europe. International Journal of Urban and Regional Research, London, v. 12, n. 2, p. 171-186, 1988.

SCOTT, Allen J.; STORPER, Michael. Industrial change and territorial organization: a summing up. In: SCOTT, Allen J.; STORPER, Michael. (Orgs.). Production, work, territory: the geographical anatomy of industrial capitalism. Winchester: Allen & Unwin, 1986, p. 301-311.

SELINGARDI-SAMPAIO, Silvia. A evolução recente do sistema industrial brasileiro: a ação do Estado e dos investimentos externos. Boletim de Geografia Teorética, Rio Claro, v. 18, n. 35-36, p. 5-37, 1988.

SELINGARDI-SAMPAIO, Silvia. Desindustrialização ou nova configuração dos espaços produtivos no Brasil? Em meio à crise, a necessidade de reflexão e de debate. Texto apresentado no II Seminário “Dinâmica Econômica e Desenvolvimento Regional”, em dezembro de 2017, no Campus da UNESP, em Presidente Prudente, SP, No prelo.

SELINGARDI-SAMPAIO, Silvia. Indústria e território em São Paulo: A estruturação do Multicomplexo Territorial Industrial paulista. Campinas, SP: Editora Alinea, 2009.

SINGER, Paul. Globalização e desemprego: diagnóstico e alternativas. 3. ed. São Paulo: Contexto: 1999.

SOJA, Edward. Geografias pós-modernas: a reafirmação do espaço na teoria social crítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

STORPER, Michael; WALKER, Richard. The capitalist imperative: territory, technology and industrial growth. New York: Basil Blackwell, 1989.

STORPER, Michael. Desenvolvimento territorial na economia global do aprendizado: o desafio dos países em desenvolvimento. In: RIBEIRO, Luis Cesar. de Queiroz; SANTOS Jr, Orlando Alves dos. (Orgs.). Globalização, fragmentação e reforma urbana: o futuro das cidades brasileiras na crise. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1994, p. 23-63.

TEIXEIRA, A. Vinte anos de política econômica: evolução e desempenho da economia brasileira de 1970 a 1989. In: Cenários e diagnósticos: a economia no Brasil e no mundo. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo; Secretaria de Planejamento e Gestão; SEADE, São Paulo, 1992, v.1, p. 85-122. (Coleção São Paulo no limiar do século XXI).

VERMULM, Roberto. Políticas para o desenvolvimento da indústria 4.0 no Brasil. In: ALMEIDA, Júlio Sergio Gomes de; CAGNIN, Rafael Fagundes (Orgs.). A indústria do futuro no Brasil e no mundo. IEDI – Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial, 3.1, p. 144-162, março de 2019. Disponível em: http://iedi.org.br.media/site/artigos/20190311_industria_do_futuro_no_Brasil_e_nomundo.pdf. Acesso em: 6 fev.2020.

Downloads

Publicado

2020-06-01

Como Citar

Selingardi-Sampaio, S. (2020). DA EUFORIA À CRISE: UMA VISÃO GEOGRÁFICA DAS TRAJETÓRIAS ERRÁTICAS DA ECONOMIA E DA INDÚSTRIA NO BRASIL, NO SÉCULO XXI, EM MEIO A PROBLEMAS, CARÊNCIAS E DESAFIOS. ENTRE-LUGAR, 11(21), 13–44. https://doi.org/10.30612/el.v11i21.12047

Edição

Seção

Artigos