Concepções de estudantes indígenas e não indígenas do Ensino Médio sobre o ingresso no Ensino Superior em duas instituições escolares em Mato Grosso do Sul

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/eduf.v10i29.14172

Palavras-chave:

Acesso ao Ensino Superior, Indígenas, Escolha profissional, Ensino Médio

Resumo

Este artigo apresenta os resultados de uma ampla pesquisa em andamento desenvolvida pelos estudiosos associados à Rede Nacional de Pesquisa Universitas, em parceria com as instituições de ensino superior da região Centro-Oeste, intitulada: Permanência e evasão na Educação Superior: fatores interferentes, interfaces com Ensino Médio público e possibilidades de avanço nas políticas públicas. Sob a coordenação da Universidade Federal de Mato Grosso, tem participação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e natureza quali/quantitativa, tendo sido realizada em meados de 2019 junto a estudantes indígenas e não indígenas do Ensino Médio de duas instituições escolares localizadas em Dourados e em Campo Grande, no Estado de Mato Grosso do Sul. O trabalho visa analisar as concepções e expectativas que esses jovens possuem em relação ao acesso ao Ensino Superior, considerando algumas características, como: o perfil socioeconômico; as dificuldades e os desafios para se inserirem no Ensino Superior, bem como projetos de acesso. Na atualidade, essa investigação é necessária em razão das dificuldades que a oferta do Ensino Médio tem enfrentado nas últimas décadas no Brasil, evidenciando baixos resultados nos exames de avaliação nacional, bem como elevados índices de evasão e repetência, não só nas instituições escolares de Mato Grosso do Sul, mas nas diferentes regiões do país. Assim, as reflexões sobre a produção dos dados oportunizam conhecermos as visões de mundo desses sujeitos, a fim de favorecer sua permanência ao longo do processo educativo, com vistas ao ingresso no ensino superior. Os dados foram produzidos por meio de um questionário respondido por 386 estudantes indígenas e não indígenas matriculados no Ensino Médio na rede estadual de ensino de Mato Grosso do Sul. Os resultados evidenciam a necessidade de reestruturação da matriz escolar de forma que esta possa permitir uma escolha mais qualificada por parte dos/as estudantes, com informações sobre as áreas de conhecimento, dos cursos almejados e dos apoios existentes em cada instituição de ensino superior, de forma a promover a permanência desse alunado neste nível de ensino e contribuir com a formação de cada indivíduo, produzindo impacto na sociedade e em cada comunidade indígena.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABRAMO, H. W. et al. Juventude, política e cultura. Revista Teoria e Debate. Fundação Perseu Abramo, n. 45, jul./ago./set, 2000. p. 45-69.

AGUILERA URQUIZA, Antônio Hilário. Elementos da história da educação escolar indígena no Brasil – uma “guinada epistemológica”. In: AGUILERA URQUIZA, Antônio Hilário (Org.) Antropologia e História dos povos indígenas em Mato Grosso do Sul. Campo Grande: Editora da UFMS, 2016, v. 1, p. 288-304.

ARAÚJO, Edineide Jezine Mesquis; CORRÊA, Elourdiê Macena. PROUNI: políticas de inclusão ou exclusão no contexto das aprendizagens ao longo da vida. Educação e Fronteiras On-Line, Dourados-MS, v. 1., n. 1, 2011, p. 32 – 47. Disponível em: http://ojs.ufgd.edu.br/index.php/educacao/article/view/1406 Acesso em : 24 jul 2020.

ARIÉS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.

BERGAMASCHI, Maria Aparecida; DOEBBER, Michele Barcelos; BRITO, Patricia Oliveira. Estudantes indígenas em universidades brasileiras: um estudo das políticas de acesso e permanência. Rev. Bras. Estud. Pedagog., Brasília, v. 99, n. 251, p. 37-53, jan./abr. 2018.

BERGAGNA, María Alejandra; OSSOLA, María Macarena. Povos indígenas e ensino superior: entre a inclusão e a procura de reconhecimento e justiça epistêmica. Revista Del Cisen Tramas/Maepova, 7 (2), p. 319-325, 2019.

BOTH, Sérgio José. Migração e história dos estudantes indígenas em escolas urbanas. In: IV Forum de Educação e Diversidade Diferentes (Des)Iguais e Desconectados, 2010, Tangará Serra-MT: UNEMAT, 2010. v. 01. p. 12-22

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil [recurso eletrônico]. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Documentação, 2019. 577 p. Atualizada até a EC n. 105/2019.

BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA, DIRETORIA DE ENSINO MÉDIO. Seminário Políticas de Ensino Médio para os povos indígenas. Anais. Brasília: Secretaria de Educação Média e Tecnológica, Diretoria de Ensino Médio, 2003.

BRASIL. MEC/SEF. Referencial Curricular Nacional para as escolas indígenas. Brasília: MEC/SEF,1998.

CORDEIRO, M. J. J. A.; LANDA, B. S.; LACERDA, L.T. Permanência na Educação Superior: ato de resistência de negros/as e indígenas pela identidade e formação. In: SOUSA, Andréia da Silva Quintanilha; MACIEL, Carina Elizabeth (Org.). Desafios na Educação Superior: acesso, permanência e inclusão. Curitiba: Editora CRV, 2019, v. 1, p. 51-70.

ESCOLA ESTADUAL INDÍGENA INTERCULTURAL GUATEKA MARÇAL DE SOUZA. Projeto Político Pedagógico, 2019.

GROPPO, L. A. Juventude: ensaios sobre a sociologia e a história das juventudes modernas. Rio de Janeiro: DIFEL, 2000.

INSTITUTO Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sinopse Estatística da Educação Superior 2018. Brasília: Inep, 2019. Disponível http://portal.inep.gov.br/basica-censo-escolar-sinopse-sinopse. Acesso em 05/12/2019

LANDA, B. S. A formação de mulheres indígenas no ensino superior da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. In: FARIA, Marisa de Fátima Lomba; COSTA, Alexandra Lopes da; VIEIRA, Luciana Branco (Orgs.). Mulheres na História de Mato Grosso do Sul. Dourados: EdUFGD, 2017, v. 1, p. 235-260.

LOURENÇO, Renata. O movimento de professores indígenas Guarani/Kaiowá: luta pelo direito de ser Guarani a partir de uma escola indígena – de 1988 a 2000. Tellus, ano 11, n. 21, jul./dez. 2011, p. 149-171.

LUCIANO, Gersem José dos Santos. Educação intercultural: direitos, desafios e propostas de descolonização e de transformação social no brasil. Cadernos CIMEAC, Uberaba/MG, 2017, v. 7. n. 1, 2017, p. 12 -31.

MACHADO, Almires Martins. Terena, Guarani, Kaiowá e Guateka: convivência entre nós e os outros. In: MOTA, Juliana Grasiéli Bueno; CAVALCANTE, Thiago Leandro Vieira (Orgs.). Reserva Indígena de Dourados: histórias e desafios contemporâneos. Ebook. São Leopoldo: Karywa, 2019, p. 77-94.

MAGALHÃES, Marly Augusta Lopes. Educação indígena em contextos urbanos dos municípios de Barra do Garças, Pontal do Araguaia e Aragarças: desafios de novos tempos. Polifonia, Cuiabá, EDUFMT, nº 17, p. 203-213, 2009.

MARQUES, Edilmar Galeano. O serviço de informação profissional na Escola Estadual Hércules Maymone, Campo Grande/MS. 2015. 136 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação) – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Campo Grande, Campo Grande/MS, 2015.

ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM MURTINHO. Projeto Político Pedagógico. Campo Grande, MS. 2018.

NASCIMENTO, Adir Casaro; AGUILERA URQUIZA, Antônio Hilario. Currículo, diferenças e identidades: tendências da escola indígena Guarani e Kaiowá. Currículo sem Fronteiras, v. 10, n. 1, p. 113-132, jan./jun. 2010.

OLIVEIRA, Izadir Francisco. Educação étnico-racial e cultural na Escola Estadual Joaquim Murtinho: aplicação da Lei nº 10.639/2003. 2018. 156 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação) – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Campo Grande, Campo Grande/MS, 2018.

PALADINO, Mariana. “O retorno à comunidade”: trajetórias de indígenas Ticuna que estudaram na cidade, ocupação de cargos na aldeia e processos de diferenciação social. R. Pós Ci. Soc. v.7, n.14, p. 87-103, 2010

______. Um mapeamento das ações afirmativas voltadas aos povos indígenas no ensino superior. In: BERGAMASCHI, M. A.; NABARRO, E.; BENITES, A. (Orgs.). Estudantes indígenas no ensino superior: uma abordagem a partir da experiência na UFRGS. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2013.

REIS, Roseli Souza dos Nunes; VELOSO, Tereza Christina Mertens Aguiar. A permanência na educação superior: múltiplos olhares. Dourados, Educação e Fronteiras On-Line, Dourados-MS, v. 6, n. 6, 2016, p.48 – 63, Disponível em: http://ojs.ufgd.edu.br/index.php/educacao/article/view/5708 Acesso em: 24 jul 2020.

ROSSATO, Veronice Lovato; SOUZA, Teodora; SOUSA, Neimar Machado. O movimento indígena e os professores: os professores indígenas e o movimento. Opará, 2018, v. 1, p. 1-21.

SIMÕES, Caroline Hardoim. A formação de professores na Escola Normal Joaquim Murtinho no Sul de Mato Grosso no período de 1930 a 1973. 2014. 141 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande/MS, 2014.

SORATTO, Marinês. A construção do sentido da escola para os estudantes indígenas do ensino médio da reserva Francisco Horta Barbosa – Dourados/MS. Dissertação (mestrado) – Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, Mestrado em educação, 2007.

SIMÕES, Caroline Hardoim. A Formação de Professores na Escola Normal Joaquim Murtinho No Sul de Mato Grosso no Período de 1930 a 1973. 2014. 141 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande/MS, 2014.

SOUZA, Neimar Machado; SOUSA, Teodora. Saberes indígenas: vivência e convivência. Humanidades & Inovação, 2017, v. 4, p. 235-248.

TROQUEZ, Marta Coelho Castro. Notas sobre a Presença Terena na Reserva Indígena de Dourados, MS. In: MOTA, Juliana Grasiéli Bueno; CAVALCANTE, Thiago Leandro Vieira (Orgs.). Reserva Indígena de Dourados: histórias e desafios contemporâneos. Ebook, São Leopoldo: Karywa, 2019, p. 95- 110.

VIEIRA, Carlos Magno Naglis. As crianças indígenas em escolas da cidade: os conflitos e as tensões nas relações escolares. Série-Estudos, Campo Grande, MS, v. 21, n. 42, p. 167-184, 2016.

Downloads

Publicado

2020-03-08

Como Citar

LANDA, B. dos S.; LACERDA, L. T.; CATANANTE, B. R. Concepções de estudantes indígenas e não indígenas do Ensino Médio sobre o ingresso no Ensino Superior em duas instituições escolares em Mato Grosso do Sul. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 29, p. 72–91, 2020. DOI: 10.30612/eduf.v10i29.14172. Disponível em: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/educacao/article/view/14172. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

DOSSIÊ: “ACESSO, PERMANÊNCIA E EVASÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR"