Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN:2237-258X
DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v13i00.16928 1
AS PUBLICISTAS
1
NOCULO XIX: O GERMINAR DAS IDEIAS
REPUBLICANAS NO NORDESTE BRASILEIRO
2
LOS PUBLICISTAS EN EL SIGLO XIX: LA GERMINACION DE LAS IDEAS
REPUBLICANAS EN EL NORDESTE DE BRASIL
THE PUBLICISTS IN THE NINETEENTH CENTURY: THE GERMINATION OF
REPUBLICAN IDEAS IN BRAZILIAN NORTHEASTERN
Fernanda Daniella de França BEZERRIL
e-mail: fernandafrancacs@gmail.com
Charliton José dos Santos MACHADO
e-mail: charlitonlara@yahoo.com.br
Fabiana SENA
e-mail: fabianasena@yahoo.com.br
Isabela Nathália Nunes TRISTÃO
e-mail: tristaoisabela@gmail.com
Como referenciar este artigo:
BEZERRIL, F. D. de F.; SENA, F.; TRISTÃO, I. N. N. As
publicistas no século XIX: O germinar das ideias republicanas no
nordeste brasileiro. Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13,
n. 00, e023024, 2023. e-ISSN: 2237-258X. DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v13i00.16928
| Submetido em: 27/03/2023
| Revisões requeridas em: 13/06/2023
| Aprovado em: 11/09/2023
| Publicado em: 23/12/2023
Editor:
Editor Adjunto Executivo:
1
O termo publicista aqui é tomado a partir da ideia daquelas que se propunham a publicizar suas ideias e
pensamentos por meio de publicações em jornais e revistas da época.
2
Este artigo é resultado da pesquisa intitulada “A educação na imprensa da paraíba entre a transição do império e
da república (1884-1894)”, referente ao EDITAL 09/2021 DEMANDA UNIVERSAL FAPESQ/PB, tendo
como coordenadora Profa. Dra. Fabiana Sena, os demais autores o pesquisadores do projeto.
As publicistas no século XIX: O germinar das ideias republicanas no nordeste brasileiro
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN:2237-258X
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RESUMO: Este trabalho tem como objetivo apresentar a escrita de mulheres nos jornais das
províncias da Parba e Pernambuco, onde as mulheres deram início ao processo de criação do
espaço público feminino para suas ideias republicanas. Para tanto, este estudo está inscrito na
abordagem teórico-metodológica da Nova História Cultural. Os jornais pesquisados para este
trabalho se encontram no Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, localizado no Centro da
cidade de João Pessoa. Estes foram compreendidos como objeto da cultura escrita de um
determinado tempo e lugar, atentando para suas práticas de que o provenientes. Assim, a
participação das mulheres nos jornais do XIX mostra como essas publicistas trabalhavam no
propósito de emancipar as mulheres dos limites patriarcais. A imprensa lhes serviu como espaço
de tribuna, lugar onde é possível compreender uma comunidade de leitoras, dando visibilidade
ao que escreviam ou pensavam em uma determinada época e lugar.
PALAVRAS-CHAVE: Mulheres. República. Século XIX.
RESUMEN: Este trabajo tiene como objetivo presentar la escritura femenina en los periódicos
de las provincias de Paraíba y Pernambuco, cuyas mujeres iniciaron el proceso de creación
de un espacio público femenino para sus ideas republicanas. Para ello, este estudio se inscribe
en el enfoque teórico-metodológico de la Nueva Historia Cultural. Los periódicos investigados
para este estudio se encuentran en el Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, situado en
el Centro de la ciudad de João Pessoa. Fueron entendidos como objetos de la cultura escrita
de un determinado tiempo y lugar, prestando atención a las prácticas de las que proceden. Así,
la participación de las mujeres en los periódicos del siglo XIX muestra cómo estas publicistas
trabajaban con el propósito de emancipar a las mujeres de los mites patriarcales. La prensa
les sirvió como espacio tribunicio, un lugar donde es posible entender una comunidad de
lectoras, dando visibilidad a lo que escrian o pensaban en un determinado tiempo y lugar.
PALABRAS CLAVE: Mujeres. República. Siglo XIX.
ABSTRACT: This study aims to present the writing of women in the newspapers of the
provinces of Paraíba and Pernambuco, where women initiated the process of creating a female
public space for their republican ideas. Therefore, this study is inscribed within the theoretical-
methodological approach of New Cultural History. The newspapers researched for this work
are located at the Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, situated in the downtown area
of João Pessoa. These newspapers were understood as objects of the written culture of a
specific time and place, paying attention to their originating practices. Thus, women's
participation in 19th-century newspapers shows how these female publicists worked with the
aim of emancipating women from patriarchal constraints. The press served as a platform for
them, a place where it was possible to understand a community of female readers, giving
visibility to what they wrote or thought at a particular time and place.
KEYWORDS: Women. Republic. 19th Century.
Fernanda Daniella de França BEZERRIL; Fabiana SENA; Charliton Jodos Santos MACHADO e Isabela Nathália Nunes TRISO
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN:2237-258X
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Introdução
Se me perguntassem o que acho que se deva principalmente atribuir à
prosperidade singular e a foa crescente desse povo, responderei que é a
superioridade de suas mulheres (TOCQUEVILLE, 2000, p. 265).
Neste trabalho, buscamos expor a escrita de algumas mulheres nos jornais, Arauto
Parahybano
3
, O Emancipador
4
e Verdade
5
, as quais iniciaram o processo de criação de um
espaço público feminino por meio de suas ideias republicanas, nas províncias do Norte do país,
Parba e Pernambuco.
Nesse sentido, significa refletir também sobre as mulheres que protagonizaram ideias por
meio dos escritos nos citados jornais, considerando que elas eram alvo central de um processo
educativo e “civilizador” nas sociedades letradas do XIX. Sendo assim, inevitavelmente, o
estudo nos remete a seguinte problemática: Como a escrita dessas mulheres nos impressos
analisados possibilitou a conjugação das ideias republicanas com movimentos de rupturas aos
limites sociais e culturais reservados para seu sexo?
Para tanto, esboçaremos alguns elementos históricos que permitem acompanhar o
processo de formação da mulher-cidadã, membro ativo e autônomo da soberania do corpo
político. Discutimos esta nova situação social em que as mulheres passam a ser figuras atuantes
em um novo processo de contrato social,
6
entendendo seu papel no contexto de sua organização
primária.
Nesse cenário histórico nacional, torna-se necessário inicialmente reconhecer que a
sociedade estava altamente estratificada entre homens e mulheres, baseada no patriarcalismo.
Curiosamente, no campo da educação feminina, ela abrangia todas as classes sociais, não
chegando muitas vezes a diferenciar as condões de analfabetismo entre a senhora e a escrava.
Ou seja, em regra, reforçava-se o status de inferioridade intelectual da mulher na estrutura da
família patriarcal, de modo que, desde cedo, elas eram treinadas prioritariamente para
desempenhar o papel de mãe e as conhecidas prendas domésticas. Não à toa, passava a ser
recorrente nos espaços letrados, a exemplo da imprensa e da academia, o debate sobre cidadania
3
Periódico abolicionista, com 16 exemplares avulsos cadastrados no IHGP, todos do ano de 1888.
4
Jornal do grupo se constituía como órgão da “Emancipadora Parahybana” (grupo abolicionista), esta registrado
no IHGP a presença de quatro exemplares avulsos que comtemplam o período de 1882-1883.
5
Jornal situado na cidade de Areia, brejo paraibano, órgão abolicionista, com um único exemplar registrado no
IHGP, no ano de 1888.
6
Pateman (1993, p. 17) critica a ideia de contrato original, que excluiu às mulheres do campo da política, criando
o campo da liberdade e da dominação, pois para a autora “o sentido da liberdade civil não pode ser compreendido
sem a metade perdida da história, que revela como o direito patriarcal dos homens sobre as mulheres é criado pelo
contrato”.
As publicistas no século XIX: O germinar das ideias republicanas no nordeste brasileiro
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emancipatória da mulher em contraposição aos conceitos tradicionalmente calcados numa certa
miso natural do feminino (ALVES, 1980).
Mas voltemos à epígrafe acima, pois ela demonstra o quão as mulheres eram parte
fundamental do processo de fortalecimento de uma nação. No caso do Brasil, o processo de
formão da nação ainda estava se constituindo lentamente a partir do século XIX.
Entre os jornais que circulavam no século XIX, havia aqueles voltados para o público
feminino (SENA; MACHADO, 2014; SENA; CRUZ, 2012; CASADEI, 2011; ROCHA NETO,
2008; LIMA, 2007; CARVALHO, 2006), de modo que em suas páginas se viam a possibilidade
de se compreenderem os papéis destinados às mulheres naquele período. Geralmente, estes
veículos buscavam “ilustrar a mãe de família, apresentavam moldes de roupas ou receitas
culinárias, ou então reproduziam o que se convencionou denominar de literatura “barata”, os
romances. Também havia jornais escritos por mulheres. Entre estes, procuramos destacar
aqueles que evidenciam um posicionamento militante na configuração da ideia de cidadania
feminina. Alguns desses jornais se envolveram na campanha abolicionista e republicana, sendo
usados como expressão da reivindicação de direitos políticos igualitários, como o direito ao
voto.
Ao tomarmos a imprensa feminina como objeto e fonte de pesquisa, faz-se necesrio,
Consideramos, portanto, que os jornais do século XIX se apresentam como
instrumentos de representação social por oferecerem pistas para a
compreeno de como uma sociedade se comportava naquela época. Neles
estão contidos elementos para o entendimento de seus costumes, suas
ideologias, seus hábitos, forma de vida e costumes. No que diz respeito aos
jornais femininos, estes se configuram como relevantes fontes de pesquisa
para quem se interessa pelo papel da mulher dentro da sociedade de um
determinado período, bem como busca compreender as relações sociais entre
os indivíduos (SENA; CRUZ, 2012, p. 69).
Os jornais pesquisados, Arauto da Parahyba, O Emancipador e Verdade, para este
estudo se encontram no Instituto Histórico e Geográfico da Parba, localizado no Centro da
cidade de João Pessoa. Estes foram compreendidos como objeto da cultura escrita de um
determinado tempo e lugar, atentando para suas práticas de que são provenientes.
A partir dessa compreensão, este trabalho está inscrito na abordagem teórico-
metodológica da Nova História Cultural, a qual tem considerado os usos da escrita como uma
fonte bastante significativa para compreender como comunidades ou indivíduos constroem suas
representações de mundo e as revestem de significação (CHARTIER, 1999).
Fernanda Daniella de França BEZERRIL; Fabiana SENA; Charliton Jodos Santos MACHADO e Isabela Nathália Nunes TRISO
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As mulheres na imprensa
A atuação das mulheres na imprensa coma, ainda no século XVII, por meio da
publicação de textos para o entretenimento feminino. O primeiro jornal feminino, o Lady’s
Mercury, foi fundado em 1693, na Inglaterra e exerceu um papel de “consultório sentimental
para as mulheres da nobreza. A partir de então, os jornais femininos se espalharam pelo mundo,
de modo que as alemãs inseriram o horóscopo, as italianas compartilharam modelos de trie
comaram a escrever “colunas de teor católico”, dando destaque à figura materna.
Da França surge o modelo de jornal feminino que mais cresce ao longo do
culo XIX, o jornal literário. Em 1759, o público entra em contato com o
Journal des Dames, que reenvia contos, poesias, críticas de livros e peças
teatrais escritas tanto por mulheres quanto por homens (OLIVEIRA, 2009, p.
06).
A França foi um dos principais países responsáveis pela “difusão de periódicos
femininos nas Américas”, especialmente no Brasil. Nos Estados Unidos da América, em 1828,
surgiu a Ladies Magazine, a primeira revista editada por uma mulher, Sara Joseph Hale,
considerada uma das primeiras publicistas estadunidenses.
De acordo com Sena e Cruz (2012, p. 68), “No Brasil, a imprensa feminina emergiu
apenas na década de 20 do século XIX, na província do Rio de Janeiro, com a publicação dO
Espelho Diamantino em 1827. Em 1829, surgiu o Mentor das Brasileiras (1829-1832),
publicado na província de Minas Gerais”. Em 1852, foi publicado no Brasil o primeiro jornal
genuinamente feminino, o Jornal das Senhoras,
7
fundado pela baiana Violante Atabalipa
Ximenes de Bivar e Velasco.
8
Segundo Sod(1983), a mulher comava a se libertar da
clausura colonial e passava, agora, a ocupar espaços nos salões e, até mesmo, nas ruas. Com
isto, a busca por um tipo de periódico específico para elas foi ganhando força, inicialmente
como “literatura amena de pura fantasia, sem nenhum fundamento na realidade” (SODRÉ,
1983, p. 198). Em seguida, a moda passou a ser tema recorrente nos jornais destinados às
7
Há um impasse sobre a verdadeira fundadora desse jornal. Em alguns locais, Violante Atabalipa é apontada como
fundadora assim consta nos registros da Biblioteca Nacional. Não obstante, para alguns autores, é a argentina
Joana Paulla Manso de Noronha que aparece como fundadora (COSTA, 2007, p. 133).
8
Violante Atabalipa Ximenes de Bivar e Velasco nasceu na Bahia, em 1º de dezembro de 1817, e faleceu no Rio
de Janeiro, em 25 de maio de 1875. Era filha de Diogo Soares da Silva Bivar e de Violante Lima de Bivar. Seu pai
foi membro do Conselho Imperial e primeiro presidente do Conservatório Dramático do Rio de Janeiro, além de
redator do jornal Idade d’Ouro do Brazil e da primeira revista nacional, As Variedades ou Ensaios de Literatura.
Violante dirigiu o Jornal das Senhoras até 1855 e foi considerada a primeira jornalista brasileira por Joaquim
Manuel de Macedo. A autora defendia igualdade intelectual entre os sexos e fundou, em 1873, outro periódico
semelhante ao Jornal das Senhoras, O Domingo (COSTA, 2007, p. 133).
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senhoras, o que não impediu que as reivindicações dessas mulheres aumentassem à medida que
passaram a participar da vida pública, fora do ambiente doméstico. Para Buitoni, essa tendência
de jornalismo no século XIX pode assim ser definida:
[...] a tradicional, que não permite a liberdade de ação fora do lar e que
engrandece as virtudes domésticas e as qualidades femininas; e a progressista,
que defende os direitos das mulheres, dando grande ênfase a educação
(BUITONI, 2019, p. 47).
No Jornal das Senhoras, pode-se ver, em quase todas as edições, brindes destinados às
mulheres, muitas vezes moldes de roupa caracterizando as tendências da época. Além de temas
relacionados à moda e à poesia, o jornal de número 01 traz uma tentativa de definir o que viria
a ser a Mulher. E nessa tentativa de definição conclui:
Reformace a sua educação moral; deixem os homens de conside-la sua
propriedade.
Seja o que Deos a fez: ser que pensa e o coisa que se muda de logar sem ser
consultada; e eno quando assim for fallaremos.
Entretanto este jornal dedicado exclusivamente às Senhoras tratará desses
direitos e dessa educação, cuja principal tendência é a emancipão moral da
mulher
9
(JORNAL DAS SENHORAS, Rio de Janeiro, 01 de janeiro de 1852).
Isso posto, apresenta que elas foram em busca de novas conquistas, não bastando
discutir moda e literatura amena”, mas também reivindicando uma melhor educação. Assim,
na vanguarda dessas mobilizações, algumas mulheres letradas, sintonizadas com a temperatura
cultural da época, já ensaiavam no século XIX, mesmo que timidamente, uma crítica ao modelo
do feminino confinado na esfera doméstica e no culto à maternidade.
Nesta época, segundo Costa (2007), tinha-se como ideia dominante aquela apresentada
pelo cronista francês Charles d’Epilly, que dizia: “uma mulher já seria suficiente alfabetizada
se soubesse ler receitas de goiabada; mais que isso seria perigoso” (p. 132). Apesar da situação
apresentada, vários foram os jornais, no entanto, dedicados ao público de leitoras. Em 1827,
organizava-se o primeiro periódico brasileiro dedicado às mulheres, O Espelho Diamantino,
conforme apontado anteriormente, inicialmente produzido e em circulação nas Minas Gerais,
depois transferido para o Rio de Janeiro, onde teve seus primeiros números republicados. Nas
páginas desse jornal, discutia-se, sobretudo, a questão da educação feminina, assim como, no
mesmo ano, ficou conhecida a primeira legislão referente à instrução das meninas, admitindo
seu ingresso no ensino elementar. O exemplo desse jornal logo foi seguido, em Minas Gerais,
9
Tomo I. Disponível em: http://memoria.bn.br/pdf/700096/per700096_1852_00001.pdf. Acesso em: 10 jan. 2023.
Fernanda Daniella de França BEZERRIL; Fabiana SENA; Charliton Jodos Santos MACHADO e Isabela Nathália Nunes TRISO
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com o Mentor das Brasileiras, de 1829; na Bahia, com O Despertador das Brasileiras e, em
São Paulo, com o Manual das Brasileiras, estes dois últimos de 1830.
Mesmo longe da Corte, a publicação desses jornais voltados para o público feminino
ganhava força, o que pode ser verificado com o surgimento de títulos como: O Espelho das
Brazileiras, de 1831; o Jornal das Variedades, de 1835; o Relator de Novellas, de 1838 e o
Espelho das Bellas, de 1841, este publicado com a epígrafe: nada é belo, nada é amável, sem
modéstia e sem virtude” (COSTA, 2007, p. 132), o que demonstrava uma concepção de jornal
para a melhor formação do belo, no caso, do belo sexo. Todos esses jornais estavam em
circulação na cidade de Recife. Em 1860, surgiu nessa mesma cidade o Bello Sexo. É importante
ressaltar que esses jornais, até então, tinham sido editados por homens, apenas no final do século
XIX é que teremos as mulheres escrevendo ativamente, por isso a importância e o pioneirismo
do Jornal das Senhoras, fundado em 1852, no Rio de Janeiro, visando “propagar a ilustração e
cooperar com todas as suas forças para o melhoramento social e para a emancipação moral da
mulher (COELHO, [21--], on-line).
Pouco depois, Júlia de Albuquerque Sandy Aguiar ocupava-se no Rio de Janeiro de O
Bello Sexo,
10
jornal que pretendia provocar a manifestação feminina na imprensa, logo seguido
pelo O Sexo Feminino, de1875, fundado por Francisca Senhorinha da Motta Diniz, mulher
influente convidada para ser professora na Corte, onde instalou o jornal (COELHO, [21--], on-
line). Esta última se notabilizou como uma das primeiras brasileiras a defender os direitos à
instrução e ao voto feminino (NASCIMENTO, 2009).
Essa crescente produção e circulão de jornais voltados para as mulheres houve em razão
de se ter público, pois de acordo com Chartier (1999, p. 11), “um texto só existe se houver um
leitor para lhe dar significado”. E no caso das mulheres, havia o significado de se colocar cada
vez mais presente e atuante numa sociedade patriarcal. Ainda de acordo com esse autor, essa
comunidade de leitoras a partir dos jornais destinados a elas pode ser compreendida por meio
da “instauração de uma alteridade que fundamenta a busca subjetiva” (CHARTIER, 1999, p.
14) e outros momentos da leitura.
Em outros momentos, as mulheres escritoras em jornais passaram “despercebidas”, sem
estamparem seus nomes em suas páginas. Um exemplo foi Corina de Vivalde, filha de Carlos
Vivalde, que escrevia nos periódicos dirigidos por seu pai, Ilustração do Brasil e South
10
O Bello Sexo aparece em duas referências diferentes, uma afirma ser ele um jornal editado em Pernambuco, em
outra, editado no Rio de Janeiro. Não ficou claro se o dois jornais com o mesmo nome ou se foi erro de algum
dos autores (COSTA, 2007; MUZART, 2003).
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American Mail. Corina “dirigiu a Ilustração Popular, colaborou na Folha Nova, de Manoel
Carneiro, na Gazetinha; foi redatora, em 1888, do jornal de José do Patrocínio, na Cidade do
Rio(SODRÉ, 1983, p. 222) e, mesmo depois de casada com Visconti Coaracy, continuou a
escrever e a colaborar em vários jornais da época.
A ocultação da autoria dos textos das mulheres era uma imposição do redator do jornal.
Tal submiso a esse imperativo, de certo modo, fazia que com os textos das mulheres
circulassem entre o público, embora se reconhecesse que “não [fosse) garantido que o regime
de anonimato [(dissimulado, fantasiado, usurpado)] seja quem comanda a produção dos
enunciados” (CHARTIER, 1999, p.57).
Até que a letra da lei referendasse a participação das mulheres na vida política brasileira,
muito aconteceu em torno de sua mobilização. Uma “opinião pública” atenta à chamada
“questão feminina” gestava-se ainda no Império e nas primeiras décadas republicanas, fazendo
proliferar os jornais e as associações ocupadas em discutir o lugar da mulher na vida pública
nacional. Não à toa, era comum aparecer na imprensa da época o repertório de críticas ao
movimento que, segundo expoentes mais conservadores, visava afastar a mulher dos deveres
domésticos, do cuidado ao marido e da formação dos filhos, funções legitimadas pela ciência,
religião e Estado.
Não foi sem propósito que as mulheres enfrentaram dificuldades em sua busca por
educação, pois as reivindicações iriam paulatinamente mais além. Desse modo, segundo a
historiadora Branca Moreira Alves, a luta pelo sufrágio feminino como movimento organizado
partia da premissa que:
O primeiro passo, portanto, estava na educação. Diante do obstáculo enorme
oferecido pela ignoncia das mulheres, que vinha reforçar ainda mais seu
isolamento e as limitações de sua vida, o voto e a participação política não
teriam sentido (ALVES, 1980, p. 89).
Fernanda Daniella de França BEZERRIL; Fabiana SENA; Charliton Jodos Santos MACHADO e Isabela Nathália Nunes TRISO
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O lugar da escrita dessas mulheres
A região que hoje chamamos de Nordeste
11
foi um “fértil celeiro” da imprensa feminina
no século XIX. As mulheres passaram a publicar artigos, poemas e contos que tratavam de
vários temas do dito universo feminino” e ainda sobre questões como a abolição e a República,
“visando uma maior participação nas áreas da educação, da profissionalização e da política”,
traduzindo “não somente as inquietações das mulheres sobre a condão feminina, mas também
o momento político nacional(MUZART, 2003, p. 227-228).
O debate iniciado por estas mulheres
12
das províncias do Norte, como eram referidas,
reflete a efervescência das ideias políticas, revolucionárias e progressistas, que eram produzidas
na região. Desse modo, aproveitavam os parcos espaços na imprensa para dar visibilidade às
questões que estavam no foco de seus interesses, tais como: educação, acesso às letras,
participação política em defesa das causas abolicionistas. Ademais, essa comunidade de leitoras
estava no horizonte de “cimentar as formas de sociabilidade imbricadas igualmente em
mbolos de privacidade a intimidade familiar, a convivência mundana, a conivência letrada”
(CHARTIER, 1999, p. 16-17). Nesse sentido, não bastava debater/escrever/publicar por meio
da imprensa temas de interesses das mulheres, mas compreender que tais escritos depende das
formas que atingem as suas leitoras, pois “a leitura é sempre uma prática encarnada em gestos,
em espaços, em hábitos” (CHARTIER, 1999, p. 13).
Embora a maioria dos estudos sobre a imprensa feminina no século XIX concentre sua
atenção nos veículos que circularam na Corte, o acompanhamento dos periódicos publicados
nas províncias nordestinas, como os que se configuraram na Paraíba, demonstra um
significativo debate sobre os direitos das mulheres e a construção da nação na região. Am
disso, há uma expectativa de inserção no debate nacional sobre o tema. Neste sentido, Evaldo
Cabral de Mello afirma que “a fundação do Império é ainda hoje uma história contada
exclusivamente do ponto de vista do Rio de Janeiro” (MELLO, 2004, p. 11).
11
Segundo Schwarcz e Starling (2020): a região que hoje conhecemos por Nordeste se separou do Norte na década
de 1920 e, finalmente, obteve a certidão de nascimento em 1942, na primeira divio regional criada por Vargas
(Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Leste) durante o Estado Novo. Embora esse termo possa parecer anacrônico
para o século XIX, utilizo-o para delimitar o espaço geográfico atual, pois compreendo, a partir de Albuquerque
nior (2009, p. 51), que “o Nordeste é filho da ruína da antiga geografia do país, segmentada entre “Nortee
“Sul”. O espaço natural” do antigo Norte cedera lugar a um espaço artificial, a uma nova região, o Nordeste, já
prenunciada nos engenhos menicos ciclópicos usados nas obras contra as secas, no final da década a nterior”.
12
Referimo-nos às mulheres da elite local, que foram alfabetizadas e letradas e que conseguiram espaços de
expressão social.
As publicistas no século XIX: O germinar das ideias republicanas no nordeste brasileiro
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Ensaiando uma emancipação
Uma “anonyma parahybana” assinava, no Arauto Parahybano, de 20 de maio de 1888,
artigo comemorativo da abolição.
13
Algumas dessas mulheres empenhadas em construir uma
opinião pública feminina muitas vezes associaram suas reivindicações emancipatórias à luta
pelo fim da escravidão no país.
A década de 1880 foi, de fato, marcada pelas discussões em torno do
abolicionismo, que vinha ganhando amplo espaço, repercutindo também na
imprensa paraibana. O Emancipador conclamava as mulheres, em 1883, a se
posicionarem contra a mazela da escravidão, “exemplo de torpeza” a que se
viam constrangidas as famílias, esses maus hábitos que penetravampor
essa parte da nossa casa as cozinhas e as senzalas mantendo-as na
ignoncia” e no “embrutecimento e: “fazendo-nos desconhecer o laço moral
que nos prende à humanidade (BEZERRIL, 2013, p. 82-83).
Responsáveis pela educação da família, as mulheres deveriam então influenciar seus
maridos, pais, irmãos e filhos e fazê-los partícipes da causa abolicionista. Às vésperas do
decreto emancipador, o jornal Arauto Parahybano reportava reunião abolicionista organizada
no Teatro Santa Cruz:
As distintas e ilustres senhoras residentes nesta capital e com especialidade as
gentis paraibanas, dirigimos fervorosamente nossas preces, para que, na
qualidade de e, esposa, filha e irmã, envidem seus generosos esforços em
prol dos cativos, como tem tido por timbre fazê-lo em todos os nobres
comedimentos, afim de que seja, no menor espaço de tempo possível,
declarado este município livre. Esperamos não ser debalde o apelo, que
tomamos a liberdade de dirigir as ilustres senhoras, em querer poderosamente
confiarmos, como os anjos tutelares dos desvalidos escravizados (ARAUTO
PARAHYBANO, Parahyba do Norte, 06 de mai. de 1888)
14
.
Com a aproximação do 13 de maio, mais matérias se avolumavam no mesmo sentido.
Afirmavam os periódicos que a abolição estava próxima e apelavam aos sentimentos femininos.
13
“Liberdade ou Morte - É o grito que deve soar de todos os âmbitos do império do Cruzeiro; é o brado levantado
milhões de vezes por milhões de povos. Semelhante aquela levantada as margens do Ypiranga, ele repercutirá,
sempre e sempre, nas páginas da bralia história; aparece escrito nos livros de todos os povos, de todas as
nações./ Liberdade! Por tua causa houve mártires, que se imortalizaram pela ação e pelo efeito, vultos que são
apontados como paladinos baluartes, pela linguagem animadora e adeptos que somos todos nós, dispostos a vingar
a afronta do carrasco que mil vezes tentou abater./ Deixe-se os mártires; não se lembrem a ingratio dos homens,
num dia festivo e de tamanha gloria (...)/ Associei-me convosco, grandes lutadores, e abati-me pela causa; associo-
me hoje e saúdo a deusa que chega, pronunciando as palavras de alguém no dia 25 de março:/ “Ava! Baqueou, e
sem mais raes a treva se abriu para o sol da Liberdade! (...)”. (Arauto Parahybano, Parahyba do Norte, 20 de
maio de 1888).
14
“Segunda reunião abolicionista no teatro Santa Cruz, Arauto Parahybano, Parahyba do Norte, 06 de mai. de
1888.
Fernanda Daniella de França BEZERRIL; Fabiana SENA; Charliton Jodos Santos MACHADO e Isabela Nathália Nunes TRISO
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN:2237-258X
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A matéria favorável à libertação dos escravos, intitulada “Luz e Harmonia, de J. J. de Abreu,
dirigiu-se às leitoras: “implorando-vos a vossa força, que vos vem do céu, o vosso amor que é
bendito, o vosso riso que prende, a vossa caridade que consola, em favor de seros
escravizados” (“Luz e Harmonia”, VERDADE, Parahyba do Norte, 06 de maio de 1888.)
Além de demonstrar quanto a moral feminina poderia influenciar as decisões dos homens,
o jornalista também afirmava:
Às vossas virtudes, aos vossos carinhos, ao amor dedicado, que consagras no
lar à família, deve o homem a paz da sua conscncia, as ões nobres da sua
vontade. Pelos vossos hábitos brandos, nos acostumamos a brandura; pelo
vosso amor praticamos o bem, procuramos engrandecer-nos para agradar-vos
(VERDADE, 06 de maio de 1888).
O mesmo jornalista o hesita em atribuir responsabilidade às mulheres pela liberdade
dos cativos:
São os vossos maridos, os vossos irmãos, os vossos filhos, a quem ensinais o
trilho santo, que a desventura percorre, pedindo-lhe socorro para os que
padecem que, para bem merecerem os vossos puros afetos, foram arrancar
estes, ontem míseros cativos, à escuridão de uma treva, para entregá-los à luz
de uma estrela a liberdade (VERDADE, 06 de maio de 1888).
Pouco antes, em 29 de abril de 1888, o Arauto Parahybano registrava um encontro
festivo, pró-abolão, organizado pelo Partido Liberal, com a presença daqueles paraibanos,
entre eles algumas mulheres, que haviam concedido liberdade a seus escravos:
Os Srs. Affonso d’Albuquerque Maranhão, 18 escravos alforriados; Tenente
Coronel Manoel Fonseca Galvão, 10 escravos alforriados; capitão Pedro
Batista dos Santos, 2 escravos alforriados; uma senhora, 2 escravos
alforriados; Pedro Albuquerque Maranhão, 2 escravos alforriados; D. Isabel
Marques, 1 escravo alforriado; D. Getulia Coelho, 1 escravo alforriado.
(ARAUTO PARAHYBANO, Parahyba do Norte, 29 de abril de 1888).
Anos antes, em 22 de junho de 1883, o jornal O Emancipador publicava nota elogiosa
à
Exma. Sra. D. Ephigenia Lima mãe do S. Othon Lima, cia benemérita da
Emancipadora
15
, por ter no dia de sua instalação passado gratuitamente carta
de liberdade à sua escrava Luiza, e remetida a Diretoria desta sociedade para
15
Refere-se à organização abolicionista Emancipadora Parahybana.
As publicistas no século XIX: O germinar das ideias republicanas no nordeste brasileiro
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN:2237-258X
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ser por ela entregue a liberdade por ocasião de sua sessão solene.
(EMANCIPADOR, Parahyba do Norte, 22 de junho de 1883).
Luzilá Ferreira também se refere ao envolvimento das mulheres pernambucanas em prol
da emancipação (FERREIRA; ALVES; FONTES, 1999). É provável que este movimento tenha
alcançado a Paraíba em virtude das aproximações, muitas vezes entrelaçadas por heranças
familiares, entre os dois estados. Exemplo dessa possível relação foi a associão
Emancipadora Parahybana, grupo abolicionista composto tanto por homens quanto por
mulheres, que mantinha o periódico Emancipador
16
. No mesmo molde, havia um grupo
abolicionista feminino no estado Pernambucano, Ave Libertas, dispondo de estatuto próprio e
diretoria composta exclusivamente por mulheres e que em 1885 publicava seu próprio jornal
de mesmo nome:
Apesar de tão pouco tempo de vida, ocupa esse pequeno, mas denodado grupo
de senhoras um lugar vantajosíssimo na galeria das glorias de nossa tria,
impondo-se à admiração e à consciência pública de Pernambuco como na
necessidade indeclinável e, aventuramo-nos a dizer, uma condição sine qua
non para o movimento abolicionista do Brasil. (Aos escravos”, AVE
LIBERTAS, 08 de setembro de 1885, Recife apud FERREIRA; ALVES;
FONTES, 1999, p. 211).
O jornal produzido pelas próprias mulheres, que se autodenominavam as “Prometheus
Modernas”, pretendia “salvar seus irmãos escravos”, como se em artigo de Adelaide Porto:
“Sou abolicionista, e jamais curvarei a fronte perante o interesse mesquinho, que nos pôde trazer
o cativeiro de nossos irmãos” (AVE LIBERTAS apud FERREIRA; ALVES; FONTES, 1999,
p. 215).
Ao tratarmos de mulheres publicistas, estamos nos referindo às mulheres letradas em que o
debate sobre a instrução foi essencial, pois as mulheres precisaram ser letradas e então fazerem-
se presentes nos jornais. Pois, embora se soubesse que elas deveriam ter esse tipo de compencia,
as comunidades de leitores e tradições de leitura iriam variar conforme a sociedade. De acordo com
Chartier (1999, p. 13), os textos podem ser lidos, e lidos diferentemente por leitores que não
dispõem das mesmas ferramentas intelectuais, e que não manm uma mesma relação com o
escrito”. Sabia-se que havia uma dificuldade em encontrar esses espaços de atuação feminina, visto
o silêncio dos arquivos, pois, como afirma Perrot (2005), o olhar dos homens sobre os homensos
16
A edição de 22 de junho de 1883 faz referência à primeira reunião da Sociedade Emancipadora Parahybana no
dia 25 de março de 1883.
Fernanda Daniella de França BEZERRIL; Fabiana SENA; Charliton Jodos Santos MACHADO e Isabela Nathália Nunes TRISO
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN:2237-258X
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interesses femininos acabam no esquecimento, sempre perseverando o olhar masculino sobre os
debates travados (SILVA, 2020, p. 64-65).
Estas mulheres faziam da causa abolicionista o caminho de sua própria emancipação.
Apelavam à noção de progresso e insistiam nos preceitos vindos do século dos direitos e
expostos ao mundo pela Revolão Francesa. Desse modo, manifestava-se D. Ernestina Bastos
no Ave Libertas, em 1885: “Libertaremos a pátria ou morreremos na luta, abradas à bandeira
da abolição, que é a do progresso e da civilização [...] Sejamos as mártires do presente para
sermos as hernas do futuro” (“Aos escravos”, AVE LIBERTAS apud FERREIRA; ALVES;
FONTES, 1999, p. 212).
Assim, essas vozes que compartilhavam dos ideais revolucionários franceses, bem
conhecidos na atmosfera brasileira ao longo de todo o século XIX, reivindicaram para a mulher
um outro estatuto, o de sujeito de sua própria emancipação, confirmando, juntamente com os
princípios políticos declarados pelos franceses em 1789, liberdade e igualdade, os argumentos
para as primeiras lutas femininas.
Ao final do século XIX, na primeira reunião da Sociedade Emancipadora Parahybana,
no dia 25 de março de 1883, a França era referida como a pátria da liberdade, conforme o
Extrato do discurso proferido por J. J. E. da Silva e publicado no jornal Emancipador, em 22
de junho de 1883: “Essa revolão [francesa] terá sempre um grande mérito na história, por ter
sido logo em seu como quem primeiro lançou ao mundo o verbo dos direitos do homem e o
fiat da liberdade”.
Se a teoria de Stuart Mill, em o Governo Representativo, e as obras de Mary
Wollstonecraft, como “Reinvindicação dos Direitos das Mulher”, serviram para introduzir o
tema do indivíduo-cidadão, e se o exemplo da luta feminina pela extensão do voto às mulheres
nos Estados Unidos da América não passou sem elogios, foi o imaginário revolucionário francês
que mais mobilizou a sensibilidade dessas publicistas brasileiras no final do século XIX, como
se pode ler no artigo de Ismênia Maria Duarte Pinheiro: “Quando a revolão Francesa de 1789
estendeu aos cinco ventos do Universo a sua gloriosa bandeira, a mulher dava exuberantes
provas de que foi predestinada para as grandes lutas sociais, para o futuro da democracia
moderna(“O Abolicionismo’, Ave Libertas, Recife, 08 de set. de 1885 apud FERREIRA;
ALVES; FONTES, 1999, p. 214).
As publicistas no século XIX: O germinar das ideias republicanas no nordeste brasileiro
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN:2237-258X
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Muitas dessas mulheres associaram a luta pela emancipação feminina também à defesa
da República. Maria Amélia de Queiroz,
17
outra participante do movimento, fazia parte do
Clube do Cupim
18
, “uma sociedade secreta fundada na década de 1880, no Recife, e liderada
por José Mariano
19
, que alforriava, defendia e protegia os escravos(VAINSENCHER, [21--
]
20
). A autora manifestava-se em favor dos cativos e contra a Monarquia: o são muitos,
afirmava ela em 1887, que acreditavam que “uma monarquia pervertida, anacrônica, cheia de
cios e misérias, pôde perdurar e introduzir impunemente na consciência de um povo o
aviltamento e o opróbrio, com o fim de arruinar o seu organismo social”. E concla seu
discurso associando mais uma vez a emancipação feminina à luta pela abolição da escravidão
e pela construção da República:
Eu venho nesta ocasião oportuna protestar solenemente contra a inércia,
indiferentismo e desânimo em que ahoje tem vivido a mulher infelizmente
no Brasil. É preciso, minhas amáveis patrícias, que a mulher se convença de
uma vez para sempre, que é tempo de levantar um brado de indignação
contra o passado ignominioso de tantas raças malditas. A mulher também é
capaz de grandes e altos cometimentos. Vinde! Vinde, pois, minhas amáveis
Patrícias! Vamos! É nosso dever trabalhar para a reconstrução de nossa tria,
a fim de mais tarde entregarmos aos vindouros uma pátria mais livre,
enriquecida de tradições brilhantes e feitos gloriosíssimos (FERREIRA;
ALVES; FONTES, 1999, p. 223).
21
Após a abolição, os jornais enalteciam o 13 de maio, apresentando matérias escritas pelas
próprias mulheres, como foi o caso de Aquilina d’Oliveira, que publicou o poema “Saudação”.
17
“A família de Amélia, e ela própria, era uma real afronta aos costumes. Costumes estes que comumente tomavam
as mulheres como a fruta podre de uma cesta, malignas, sedutoras, mais suscetíveis à ação do mal. Vale perceber
que mesmo sendo filho ilegítimo de um padre, pai de uma moça desonrada e avó de duas crianças ilegítimas,
Clóvis Beviláqua (marido de Amélia) não deixou de ser um respeitado jurista e intelectual. Que mesmo defendendo
pautas polêmicas, como o divórcio, ainda assim, não deixou de ser bem visto pela sociedade de sua classe. Foi,
portanto, sobre Amélia que recaiu a culpa de sua família ser como era” (SILVA, 2020, p. 86)
18
Com a abolição no Cea, em 1884, João Ramos, maranhense que vivia em Recife, fundou o Clube do Cupim
no mesmo ano. Era uma associação clandestina que se reunia em locais diversos e chegou a ter mais de trezentos
participantes. Sobre esta associação ver GASPAR, cia. Clube do Cupim.Pesquisa Escolar Online, Fundação
Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/. Acesso em: 10 dez. 2012.
19
Jo Mariano Carneiro da Cunha, formado da Faculdade de Direito de recife, na mesma turma de Joaquim
Nabuco, em 1870. Fundou o jornal a Província, e fora membro do Clube do Cupim juntamente com Maria Amélia,
Leonor Porto, Joaquim Nabuco, Barros Sobrinho, João Ramos, Alfredo Pinto, Phaelante da mara e Vicente do
Café. Ver VAINSENCHER, Semira Adler. José Mariano. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco,
Recife. Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/. Acesso em: 10, dez. de 2012.
20
VAINSENCHER, Semira Adler. Maria Amélia de Queis. (Texto extraído no site da secretaria da Mulher do
Estado de Pernambuco). [21--]. Disponível em: www2.secmulher.pe.gov.br/web/secretaria-da-mulher/mulher15.
Acesso em: 10 dez. 2012.
21
Conferência realizada por Maria Amélia de Queiroz no Teatro de Variedades de Pernambuco, em favor da
redenção dos cativos, em 25 de setembro de 1887 (FERREIRA; ALVES; FONTES, 1999, p. 223).
Fernanda Daniella de França BEZERRIL; Fabiana SENA; Charliton Jodos Santos MACHADO e Isabela Nathália Nunes TRISO
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Saudação: Salve! 13 de maio!/ Salve! Dia memorável, em que o santo brado
da Liberdade ecoou por todo Brasil!/ Salve! Dia majestoso, em que um novo
sol, dardejando seus raios vivificadores no solo brasileiro, desfez a medonha
escuridão em que se achavam imersos os infelizes apelidados cativos!/ Salve!
Oh! Brasil Livre!/ O manto negro que te envolvia, não enluta tão belo céu!/
Nas tuas plagas já não encontra eco esse gubre vobulo escravidão!/ Salve!
Pois oh! Brasil Livre! (ARAUTO PARAHYBANO, Parahyba do Norte, de 20
de maio de 1888)
22
.
A já citada “Anônima paraibana”, no mesmo jornal, elogiava o momento emancipador:
“Associo-me convosco, grandes lutadores, e abati-me pela causa; associo-me hoje e saúdo a
deusa que chega” (“Liberdade ou Morte”, Arauto Parahybano, Parahyba do Norte, 20 de maio
de 1888). Ao registrar o seu posicionamento e sua adesão ao movimento, possivelmente a
escritora-leitora busca convencer as demais leitoras à participação.
Ainda após a abolição, estas mulheres continuaram escrevendo para os jornais,
como o fariam em nome da causa republicana: “Avante democratas e
abolicionistas”, exortava o poema A escravidão, de Ignez de Almeida
Pessoa, em 1892, Avante republicanos corajosos” (“Escravidão”. Ave
Libertas apud FERREIRA & ALVES & FONTES, 1999, p. 214) Inicialmente
guiadas pela bandeira da abolição e pelo universalismo dos direitos
defendidos na configuração do novo estado brasileiro que então se firmava,
intensificava-se a participação das mulheres em várias associações e
periódicos, trazendo ao debate público a questão da extensão da cidadania por
meio do sufrágio (BEZERRIL, 2013, p. 87-88).
Considerações finais
O texto apresentado buscou dar visibilidade às escritas das mulheres nos jornais, onde
puderam deixar registradas as suas impressões a respeito das ideias republicanas, que, por meio
dos escritos, poderiam ter adesão de outras leitoras ao movimento que defendiam, já que “a
leitura que raramente deixa marcas, e que, ao dispersar-se em uma infinidade de atos
singulares, liberta-se de todos os entraves que visam submetê-la” (CHARTIER, 1999, p. 11).
Os jornais possibilitam compreender, ao longo de todo o debate, o quanto as mulheres
estavam reivindicando participação na vida política e a oportunidade de intervir na construção
da sociedade moderna que estava sendo proposta. Elas queriam agir e intervir nessa nova
sociedade que se apresentaria no advento da República, esta que necessitava de novos
paradigmas e, a qual, elas estavam dispostas a reconfigurar com a construção dessa nova
Mulher.Algumas ousaram tomar para si a responsabilidade de circunscrever os limites de uma
22
“Saudação”, assinado por Aquilina d’Oliveira, no jornal Arauto Parahybano, Parahyba do Norte, de 20 de maio
de 1888.
As publicistas no século XIX: O germinar das ideias republicanas no nordeste brasileiro
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN:2237-258X
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feminilidade nova e coerente com as necessidades recentes, repensando o lugar social da
maternidade, o papel da mulher na política, o problema da escolaridade, as falácias dicas sobre
seu corpo e inteligência (SILVA, 2020, p. 11).
Com base nessas discuses, podemos refletir sobre as dificuldades de encontrar fontes com
a existência política dessas mulheres e refazer seus caminhos nessas empreitadas. “Nesse sentido e
pensando num Brasil em que as mulheres não tinham direito à herança, tutela jurídica dos filhos,
acesso pleno ao ensino superior ou direito ao voto, a possibilidade de escrever e tornar pública
opines que antes estariam enclausuradas no mundo privado é a demonstração de uma ousadia
feminina milenar” (SILVA, 2020, p. 84). Assim, a participação das mulheres nos jornais do XIX
mostra como essas publicistas trabalhavam no propósito de emancipar as mulheres dos limites
patriarcais. A imprensa lhes serviu como espaço de tribuna, lugar onde é possível compreender uma
comunidade de leitoras, dando visibilidade ao que escreviam ou pensavam em uma determinada
época e lugar. Outrossim, possibilita aos pesquisadores(as) que tratam desse material como objeto
e/ou como fonte de pesquisa adentrarem na cultura letrada.
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Sobre os autores
Fernanda Daniella de França BEZERRIL
Universidade Federal da Parba (UFPB), João Pessoa PB Brasil. Doutoranda no Programa
de Pós-Graduação em Educação.
Charliton José dos Santos MACHADO
Universidade Federal da Parba (UFPB), João Pessoa PB Brasil. Professor Titular lotado
no Departamento de Metodologia da Educação - DME, no Centro de Educação/CE. Doutorado
em Educação (UFRN). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1C.
Fabiana SENA
Universidade Federal da Parba (UFPB), João Pessoa PB Brasil. Professora Associada III,
no departamento de Metodologia da Educação e credenciada no Programa de Pós-Graduação
em Educação. Doutorado em Letras (UFPB).
Isabela Nathália Nunes TRISTÃO
Universidade Federal da Parba (UFPB), João Pessoa PB Brasil. Doutoranda no Programa
de Pós-Graduação em Educação. Bolsista FAPESQ/PB.
Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN:2237-258X
DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v13i00.16928 1
THE PUBLICISTS
1
IN THE NINETEENTH CENTURY: THE GERMINATION OF
REPUBLICAN IDEAS IN BRAZILIAN NORTHEASTERN
2
AS PUBLICISTAS NOCULO XIX: O GERMINAR DAS IDEIAS REPUBLICANAS
NO NORDESTE BRASILEIRO
LOS PUBLICISTAS EN EL SIGLO XIX: LA GERMINACION DE LAS IDEAS
REPUBLICANAS EN EL NORDESTE DE BRASIL
Fernanda Daniella de França BEZERRIL
e-mail: fernandafrancacs@gmail.com
Charliton José dos Santos MACHADO
e-mail: charlitonlara@yahoo.com.br
Fabiana SENA
e-mail: fabianasena@yahoo.com.br
Isabela Nathália Nunes TRISTÃO
e-mail: tristaoisabela@gmail.com
How to reference this paper:
BEZERRIL, F. D. F.; SENA, F.; TRISTÃO, I. N. N. The publicists
in the nineteenth century: The germination of republican ideas in
Brazilian northeastern. Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v.
13, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN: 2237-258X. DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v13i00.16928
| Submitted: 27/03/2023
| Revisions required: 13/06/2023
| Approved: 11/09/2023
| Published: 23/12/2023
Editor:
Deputy Executive Editor:
1
The term "publicist" here is taken from the idea of those who aimed to publicize their ideas and thoughts through
publications in newspapers and magazines of the time.
2
This article is the result of the research entitled "Education in the press of Paraíba between the transition from
the empire to the republic (1884-1894)", referring to NOTICE No. 09/2021 UNIVERSAL DEMAND
FAPESQ/PB, coordinated by Prof. Dr. Fabiana Sena. The other authors are researchers of the project.
The publicists in the nineteenth century: The germination of republican ideas in Brazilian northeastern
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN:2237-258X
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ABSTRACT: This study aims to present the writing of women in the newspapers of the
provinces of Parba and Pernambuco, where women initiated the process of creating a female
public space for their republican ideas. Therefore, this study is inscribed within the theoretical-
methodological approach of New Cultural History. The newspapers researched for this work
are located at the Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, situated in the downtown area
of João Pessoa. These newspapers were understood as objects of the written culture of a specific
time and place, paying attention to their originating practices. Thus, women's participation in
19th-century newspapers shows how these female publicists worked with the aim of
emancipating women from patriarchal constraints. The press served as a platform for them, a
place where it was possible to understand a community of female readers, giving visibility to
what they wrote or thought at a particular time and place.
KEYWORDS: Women. Republic. 19th Century.
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo apresentar a escrita de mulheres nos jornais das
províncias da Paraíba e Pernambuco, onde as mulheres deram início ao processo de criação
do espaço público feminino para suas ideias republicanas. Para tanto, este estudo está inscrito
na abordagem teórico-metodológica da Nova História Cultural. Os jornais pesquisados para
este trabalho se encontram no Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, localizado no
Centro da cidade de João Pessoa. Estes foram compreendidos como objeto da cultura escrita
de um determinado tempo e lugar, atentando para suas práticas de que são provenientes.
Assim, a participação das mulheres nos jornais do XIX mostra como essas publicistas
trabalhavam no propósito de emancipar as mulheres dos limites patriarcais. A imprensa lhes
serviu como espaço de tribuna, lugar onde é possível compreender uma comunidade de
leitoras, dando visibilidade ao que escreviam ou pensavam em uma determinada época e lugar.
PALAVRAS-CHAVE: Mulheres. República. Século XIX.
RESUMEN: Este trabajo tiene como objetivo presentar la escritura femenina en los periódicos
de las provincias de Paraíba y Pernambuco, cuyas mujeres iniciaron el proceso de creación
de un espacio público femenino para sus ideas republicanas. Para ello, este estudio se inscribe
en el enfoque teórico-metodológico de la Nueva Historia Cultural. Los periódicos investigados
para este estudio se encuentran en el Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, situado en
el Centro de la ciudad de João Pessoa. Fueron entendidos como objetos de la cultura escrita
de un determinado tiempo y lugar, prestando atención a las prácticas de las que proceden. Así,
la participación de las mujeres en los periódicos del siglo XIX muestra cómo estas publicistas
trabajaban con el propósito de emancipar a las mujeres de los mites patriarcales. La prensa
les sirvió como espacio tribunicio, un lugar donde es posible entender una comunidad de
lectoras, dando visibilidad a lo que escrian o pensaban en un determinado tiempo y lugar.
PALABRAS CLAVE: Mujeres. República. Siglo XIX.
Fernanda Daniella de França BEZERRIL; Fabiana SENA; Charliton Jodos Santos MACHADO and Isabela Nathália Nunes TRISTÃO
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023024, 2023. e-ISSN:2237-258X
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Introduction
If I were asked what I think is chiefly responsible for the remarkable
prosperity and growing strength of these people, I would answer that it is the
superiority of their women (TOCQUEVILLE, 2000, p. 265, our translation).
In this work, we seek to expose the writings of some women in the newspapers, Arauto
Parahybano
3
, O Emancipador
4
and Verdade
5
, who initiated the process of creating a public
space for women through their republican ideas in the Northern provinces of Brazil, Parba,
and Pernambuco.
In this sense, it also means reflecting on the women who championed ideas through
writings in the aforementioned newspapers, considering that they were the central focus of an
educational and "civilizing" process in literate societies of the 19th century. Thus, inevitably,
the study leads us to the following question: How did the writings of these women in the
analyzed publications enable the confluence of republican ideas with movements breaking
through the social and cultural boundaries reserved for their gender?
To do so, we will outline some historical elements that allow us to follow the process of
the formation of the woman citizen, an active and autonomous member of the sovereignty of
the body politic. We discuss this new social situation in which women become active figures
in a new social contract
6
, understanding their role in the context of their primary organization.
In this national historical scenario, it becomes necessary to initially acknowledge that
society was highly stratified between men and women, based on patriarchy. Interestingly, the
field of female education encompassed all social classes, often not even differentiating between
the literacy conditions of the lady and the slave. In other words, the status of women's
intellectual inferiority within the structure of the patriarchal family was generally reinforced,
so that from an early age, they were primarily trained to fulfill the role of motherhood and the
well-known domestic chores. Not surprisingly, the debate on women's emancipatory citizenship
in opposition to concepts traditionally rooted in a certain natural mission of the feminine
became recurrent in literate spaces, such as the press and academia (ALVES, 1980).
3
Abolitionist periodical, with 16 individual issues registered at the IHGP, all from the year 1888.
4
he newspaper from the group constituted itself as the organ of the "Emancipadora Parahybana" (abolitionist
group), with four individual issues registered at the IHGP covering the period from 1882-1883.
5
Newspaper located in the city of Areia, Paraíba, an abolitionist organ, with a single issue registered at the IHGP
in the year 1888.
6
Pateman (1993, p. 17) criticizes the idea of the original contract, which excluded women from the political sphere,
creating the field of freedom and domination, because for the author "the sense of civil liberty cannot be understood
without the lost half of history, which reveals how men's patriarchal right over women is created by the contract."
The publicists in the nineteenth century: The germination of republican ideas in Brazilian northeastern
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But let's return to the epigraph above, as it demonstrates how women were a fundamental
part of the nation-building process. In Brazil, the nation-building process slowly took shape
from the 19th century onwards.
Among the newspapers circulating in the 19th century, there were those aimed at the
female audience (SENA; MACHADO, 2014; SENA; CRUZ, 2012; CASADEI, 2011; ROCHA
NETO, 2008; LIMA, 2007; CARVALHO, 2006), o that within their pages one could perceive
the roles assigned to women during that period. Generally, these publications sought to
"illustrate" the mother figure, presented clothing patterns or culinary recipes, or reproduced
what has been conventionally termed "cheap" literature, such as novels. There were also
newspapers written by women. Among these, we sought to highlight those that evidenced a
militant stance in shaping the idea of female citizenship. Some of these newspapers were
involved in the abolitionist and republican campaigns, being used as an expression of the
demand for equal political rights, such as the right to vote.
By taking the female press as the object and source of research, it is necessary,
Therefore, we consider that the newspapers of the 19th century present
themselves as instruments of social representation by offering clues to
understanding how a society behaved at that time. They contain elements for
understanding their customs, ideologies, habits, way of life, and customs.
Regarding women's newspapers, these constitute relevant sources of research
for those interested in the role of women within the society of a particular
period, as well as seeking to understand the social relations between
individuals (SENA; CRUZ, 2012, p. 69, our translation).
The newspapers researched for this study, Arauto da Parahyba, O Emancipador and
Verdade, are located at the Historical and Geographical Institute of Paraíba, located in the center
of the city of João Pessoa. These were understood as objects of the written culture of a specific
time and place, paying attention to their originating practices.
From this understanding, this work is inscribed in the theoretical-methodological
approach of the New Cultural History, which has considered the uses of writing as a very
significant source for understanding how communities or individuals construct their
representations of the world and invest them with meaning (CHARTIER, 1999).
Women in the Press
The involvement of women in the press began as early as the seventeenth century,
through the publication of texts for female entertainment. The first women’s newspaper, Lady’s
Fernanda Daniella de França BEZERRIL; Fabiana SENA; Charliton Jodos Santos MACHADO and Isabela Nathália Nunes TRISTÃO
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Mercury, was founded in 1693 in England and served as a “sentimental counseling” tool for
noblewomen. Since then, women’s newspapers have spread throughout the world, with
Germans introducing horoscopes, Italians sharing knitting patterns, and starting to write
“Catholic-themed columns,” highlighting the maternal figure.
From France emerged the model of women’s newspaper, which grew the most
throughout the nineteenth century, the literary journal. In 1759, the public
came into contact with the Journal des Dames, which featured stories, poems,
book reviews, and theatrical plays written by both women and men
(OLIVEIRA, 2009, p. 06, our translation).
France was one of the main countries responsible for the “spread of women’s periodicals
in the Americas,” especially in Brazil. In the United States of America, in 1828, the Ladie’s
Magazine, emerged, the first magazine edited by a woman, Sara Joseph Hale, considered one
of the first American publicists.
According to Sena and Cruz (2012, p. 68), "In Brazil, women's press emerged only in
the 1820s, in the province of Rio de Janeiro, with the publication of O Espelho Diamantino in
1827. In 1829, the Mentor das Brasileiras (1829-1832), appeared, published in the province of
Minas Gerais." In 1852, the first genuinely female newspaper in Brazil was published, the
Jornal das Senhoras
7
, founded by the Bahian Violante Atabalipa Ximenes de Bivar e Velasco
8
.
According to Sod(1983), women were beginning to break free from colonial seclusion and
were now occupying spaces in salons and even in the streets. With this, the search for a specific
type of periodical for them gained strength, initially as "light literature of pure fantasy, with no
basis in reality" (SODRÉ, 1983, p. 198, our translation). Subsequently, fashion became a
recurring theme in newspapers aimed at ladies, which did not prevent these women's demands
from increasing as they began to participate in public life, outside the domestic environment.
According to Buitoni, this trend of journalism in the nineteenth century can thus be defined:
[...] the traditional, which does not allow freedom of action outside the home
and which magnifies domestic virtues and feminine qualities; and the
7
There is a debate about the true founder of this newspaper. In some places, Violante Atabalipa is identified as
the founderas recorded in the National Library's records. However, for some authors, the Argentine Joana Paulla
Manso de Noronha is mentioned as the founder (COSTA, 2007, p. 133).
8
Violante Atabalipa Ximenes de Bivar e Velasco was born in Bahia on December 1, 1817, and died in Rio de
Janeiro on May 25, 1875. She was the daughter of Diogo Soares da Silva Bivar and Violante Lima de Bivar. Her
father was a member of the Imperial Council and the first president of the Dramatic Conservatory of Rio de Janeiro,
as well as the editor of the newspaper Idade d’Ouro do Brazil and the first national magazine, As Variedades or
Ensaios de Literatura. Violante directed the Jornal das Senhoras until 1855 and was considered the first Brazilian
female journalist by Joaquim Manuel de Macedo. The author advocated for intellectual equality between the sexes
and founded another periodical similar to the Jornal das Senhoras, O Domingo (COSTA, 2007, p. 133).
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progressive, which advocates for women's rights, placing great emphasis on
education (BUITONI, 2019, p. 47, our translation).
In the Jornal das Senhoras, one can see, in almost every edition, gifts intended for
women, often clothing patterns characterizing the trends of the time. In addition to topics related
to fashion and poetry, the first issue of the newspaper attempts to define what Womanhood
would be. And in this attempt at definition, it concludes:
Reform your moral education; let men no longer consider you their property.
Be what God made you: a thinking being and not something that is moved
from place to place without being consulted; and then, when that is done, we
will talk.
However, this newspaper exclusively dedicated to Ladies will address these
rights and this education, whose main tendency is the moral emancipation of
women
9
(JORNAL DAS SENHORAS, Rio de Janeiro, January 1, 1852, our
translation).
That said, it presents that they were in pursuit of new achievements, not content with
discussing fashion and "pleasant" literature, but also demanding better education. Thus, at the
forefront of these mobilizations, some educated women, attuned to the cultural temperature of
the time, already in the 19th century, albeit timidly, were critiquing the model of femininity
confined to the domestic sphere and the cult of motherhood.
During this time, according to Costa (2007), the dominant idea was that presented by
the French chronicler Charles d'Epilly, who said: "A woman would be sufficiently educated if
she knew how to read guava jam recipes; more than that would be dangerous" (p. 132, our
translation). Despite the situation presented, several newspapers were dedicated to female
readers. In 1827, the first Brazilian periodical dedicated to women, O Espelho Diamantino, was
organized, as previously mentioned, initially produced and circulated in Minas Gerais, and then
transferred to Rio de Janeiro, where its first issues were republished. In the pages of this
newspaper, the issue of female education was discussed, and in the same year, the first
legislation regarding the instruction of girls became known, allowing their entry into elementary
education. The example of this newspaper was soon followed in Minas Gerais with the Mentor
das Brasileiras, in 1829, in Bahia with O Despertador das Brasileiras and in São Paulo with
the Manual das Brasileiras, the latter two from 1830.
Even far from the Court, the publication of these newspapers aimed at the female audience
was gaining strength, as can be seen with the emergence of titles such as: O Espelho das
9
Tomo I. Available at: http://memoria.bn.br/pdf/700096/per700096_1852_00001.pdf. Accessed in: 10 jan. 2023.
Fernanda Daniella de França BEZERRIL; Fabiana SENA; Charliton Jodos Santos MACHADO and Isabela Nathália Nunes TRISTÃO
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Brazileiras, in 1831; Jornal das Variedades, in 1835; Relator de Novellas, in 1838; and Espelho
das Bellas, n 1841, the latter published with the epigraph: "nothing is beautiful, nothing is
amiable, without modesty and virtue" (COSTA, 2007, p. 132, our translation), which
demonstrated a conception of a newspaper for the better formation of the beautiful, in this case,
of the fair sex. All these newspapers were in circulation in the city of Recife. In 1860, Bello
Sexo emerged in the same city. It is important to emphasize that these newspapers, until then,
had been edited by men, only at the end of the 19th century did we have women actively writing,
hence the importance and pioneering spirit of Jornal das Senhoras, founded in 1852, in Rio de
Janeiro, aiming to "propagate enlightenment and cooperate with all its strength for the social
improvement and moral emancipation of women" (COELHO, [21--], online, our translation).
Shortly after, Júlia de Albuquerque Sandy Aguiar was involved in Rio de Janeiro with O
Bello Sexo
10
, a newspaper intended to provoke female expression in the press, soon followed
by O Sexo Feminino, de1875, in 1875, founded by Francisca Senhorinha da Motta Diniz, an
influential woman invited to be a teacher in the Court, where she established the newspaper
(COELHO, [21--], online, our translation). The latter became known as one of the first Brazilian
women to advocate for the rights to education and women's suffrage (NASCIMENTO, 2009).
The increasing production and circulation of newspapers aimed at women occurred
because there was an audience, according to Chartier (1999, p. 11, our translation), "a text only
exists if there is a reader to give it meaning." And in the case of women, there was the
significance of becoming increasingly present and active in a patriarchal society. According to
this author, this community of female readers through newspapers aimed at them can be
understood through the "establishment of an alterity that underpins subjective search"
(CHARTIER, 1999, p. 14, our translation) and other moments of reading.
At other times, women writers in newspapers passed "unnoticed," without stamping their
names on their pages. An example was Corina de Vivalde, daughter of Carlos Vivalde, who
wrote in the newspapers directed by her father, Ilustração do Brasil e South American Mail.
Corina directed Ilustração Popular, collaborated on Folha Nova, by Manoel Carneiro, on
Gazetinha; she was editor, in 1888, of José do Patrocínio's newspaper, in the Cidade do Rio
(SODRÉ, 1983, p. 222, our translation) and, even after marrying Visconti Coaracy, continued
to write and collaborate in various newspapers of the time.
10
The Bello Sexo appears in two different references, one claiming it to be a newspaper edited in Pernambuco, and
another in Rio de Janeiro. It is not clear whether these are two newspapers with the same name or if it was an error
by one of the authors (COSTA, 2007; MUZART, 2003).
The publicists in the nineteenth century: The germination of republican ideas in Brazilian northeastern
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The concealment of authorship of women's texts was an imposition on the newspaper
editor. Such submission to this imperative, in a way, caused women's texts to circulate among
the public, although it was recognized that "it is not [guaranteed] that the regime of anonymity
[(disguised, fantasized, usurped)] is the one that commands the production of the statements"
(CHARTIER, 1999, p. 57, our translation).
Until the letter of the law endorsed women's participation in Brazilian political life, much
happened around their mobilization. A "public opinion" attentive to the so-called "women's
issue" was still brewing in the Empire and the early republican decades, leading to the
proliferation of newspapers and associations engaged in discussing women's place in national
public life. It was not uncommon, therefore, to see in the press of the time a repertoire of
criticisms of the movement, which, according to more conservative exponents, aimed to
distance women from domestic duties, from caring for their husbands, and from the upbringing
of children, functions legitimized by science, religion, and the State.
It was not without purpose that women faced difficulties in their pursuit of education,
as their demands gradually extended further. Thus, according to the historian Branca Moreira
Alves, the struggle for women's suffrage as an organized movement began with the premise
that:
The first step, therefore, lay in education. Faced with the enormous obstacle
posed by women's ignorance, which only reinforced their isolation and life
limitations, voting and political participation would have no meaning
(ALVES, 1980, p. 89, our translation).
The Place of Women's Writing
The region we now call the Northeast
11
was a "fertile ground" for women's press in the
19th century. Women began to publish articles, poems, and stories addressing various themes
of the so-called "female universe" and also issues such as abolition and the Republic, "aiming
for greater participation in the areas of education, professionalization, and politics," reflecting
11
According to Schwarcz and Starling (2020): the region we now know as the Northeast separated from the North
in the 1920s and finally obtained its birth certificate in 1942, in the first regional division created by Vargas (North,
Northeast, Midwest, South, and East) during the Estado Novo. Although this term may seem anachronistic for the
19th century, I use it to delimit the current geographical space because I understand, based on Albuquerque Júnior
(2009, p. 51), that "the Northeast is the child of the ruin of the old country's geography, segmented between 'North'
and 'South.' The 'natural' space of the old North gave way to an artificial space, a new region, the Northeast, already
foreshadowed in the cyclopean mechanical mills used in works against droughts, in the late previous decade."
Fernanda Daniella de França BEZERRIL; Fabiana SENA; Charliton Jodos Santos MACHADO and Isabela Nathália Nunes TRISTÃO
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"not only women's concerns about their feminine condition but also the national political
moment" (MUZART, 2003, p. 227-228, our translation).
The debate initiated by these women from the Northern provinces, as they were referred
to, reflects the effervescence of political, revolutionary, and progressive ideas that were
produced in the region. Thus, they took advantage of the scarce spaces in the press to give
visibility to issues that were at the center of their interests, such as education, access to literature,
and political participation in defense of abolitionist causes. Furthermore, this community of
readers aimed to "cement forms of sociability equally intertwined in symbols of privacy - family
intimacy, mundane coexistence, literate collusion" (CHARTIER, 1999, p. 16-17, our
translation). In this sense, it was not enough to debate/write/publish through the press topics of
interest to women, but to understand that such writings depend on the forms that reach their
readers, as "reading is always a practice embodied in gestures, spaces, habits" (CHARTIER,
1999, p. 13, our translation).
Although most studies on women's press in the 19th century focus their attention on the
publications that circulated in the Court, monitoring the periodicals published in the
northeastern provinces, such as those configured in Paraíba, demonstrates a significant debate
on women's rights and nation-building in the region. Moreover, there is an expectation of
insertion in the national debate on the subject. In this sense, Evaldo Cabral de Mello asserts that
"the foundation of the Empire is still today a story told exclusively from the perspective of Rio
de Janeiro" (MELLO, 2004, p. 11, our translation).
Attempting Emancipation
An "anonyma parahybana" signed, in the Arauto Parahybano, on May 20, 1888, a
celebratory article on abolition
12
. Some of these women engaged in building a female public
opinion often associated their emancipatory demands with the struggle for the end of slavery in
the country.
12
"Freedom or Death" - It is the cry that must resound from all corners of the Empire of the Southern Cross; it is
the shout raised millions of times by millions of people. Similar to that raised on the banks of the Ypiranga, it will
resonate, ever and ever, in the pages of Brazil's history; it will be written in the books of all peoples, of all nations.
/ Freedom! For your sake there were martyrs, who immortalized themselves by action and by effect, figures who
are pointed out as stalwart defenders, by the encouraging language and adherents that we all are, ready to avenge
the insult of the executioner who attempted to strike down a thousand times. / Let the martyrs be; let us not
remember the ingratitude of men, on a festive day of such glory (...) / I joined with you, great fighters, and fell for
the cause; I join today and greet the goddess who arrives, uttering the words of someone on March 25: "Ava! It
faltered, and without further reasons, darkness opened to the sun of Liberty! (...)" (Arauto Parahybano, Parahyba
do Norte, May 20, 1888).
The publicists in the nineteenth century: The germination of republican ideas in Brazilian northeastern
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The 1880s were indeed marked by discussions around abolitionism, which
was gaining widespread attention and also echoed in the Paraiban press. O
Emancipador called on women, in 1883, to take a stand against the scourge of
slavery, "an example of depravity" to which families were subjected, these
"bad habits" that penetrated "through this part of our house" - the kitchens and
the slave quarters - keeping them "in ignorance" and "brutality" and: "making
us unaware of the moral bond that binds us to humanity" (BEZERRIL, 2013,
p. 82-83, our translation).
Responsible for the education of the family, women should then influence their
husbands, fathers, brothers, and sons and involve them in the abolitionist cause. On the eve of
the emancipatory decree, the newspaper Arauto Parahybano reported an abolitionist meeting
organized at the Santa Cruz Theater:
The distinguished and illustrious ladies residing in this capital, and especially
the gracious women of Paraíba, fervently direct our prayers so that, as
mothers, wives, daughters, and sisters, they exert their generous efforts on
behalf of the captives, as they have been accustomed to do in all noble
endeavors, so that this municipality may be declared free in the shortest
possible time. We hope that the appeal we have taken the liberty of addressing
to the illustrious ladies will not be in vain, as we powerfully trust them, like
guardian angels of the enslaved unfortunate (ARAUTO PARAHYBANO,
arahyba do Norte, May 6, 1888, our translation)
13
.
As the approach of May 13 drew near, more articles accumulated in the same vein. The
newspapers asserted that abolition was imminent and appealed to feminine sentiments. The
article advocating for the liberation of slaves, entitled Luz e Harmonia, by J. J. de Abreu,
addressed the readers: "imploring your strength, which comes from heaven, your blessed love,
your captivating laughter, your consoling charity, in favor of wretched enslaved" (“Luz e
Harmonia”, VERDADE, Parahyba do Norte, May 6, 1888, our translation.)
In addition to demonstrating how feminine morality could influence men's decisions, the
journalist also asserted:
To your virtues, to your affections, to the love dedicated, which you
consecrate in the home to the family, man owes the peace of his conscience,
the noble actions of his will. Through your gentle habits, we become
accustomed to gentleness; through your love, we practice goodness, we seek
to elevate ourselves to please you (VERDADE, May 6, 1888, our translation).
13
"Second abolitionist meeting at the Santa Cruz Theater," Arauto Parahybano, Parahyba do Norte, May 6, 1888.
Fernanda Daniella de França BEZERRIL; Fabiana SENA; Charliton Jodos Santos MACHADO and Isabela Nathália Nunes TRISTÃO
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The same journalist does not hesitate to attribute responsibility to women for the
freedom of the captives:
It is your husbands, your brothers, your sons, whom you teach the holy path,
that misfortune traverses, asking for their help for those who suffer, who, to
truly deserve your pure affections, went to rescue these, yesterday miserable
captives, from the darkness of a gloom, to deliver them to the light of a star
freedom (VERDADE, May 6, 1888, our translation).
Shortly before, on April 29, 1888, the Arauto Parahybano reported a festive, pro-
abolition gathering organized by the Liberal Party, with the presence of those from Paraíba,
including some women, who had granted freedom to their slaves:
Mr. Affonso d’Albuquerque Maranhão, 18 freed slaves; Lieutenant Colonel
Manoel Fonseca Galvão, 10 freed slaves; Captain Pedro Batista dos Santos, 2
freed slaves; a lady, 2 freed slaves; Pedro Albuquerque Marano, 2 freed
slaves; Mrs. Isabel Marques, 1 freed slave; Mrs. Getulia Coelho, 1 freed slave
(ARAUTO PARAHYBANO, Parahyba do Norte, April 29, 1888, our
translation).
Years earlier, on June 22, 1883, the newspaper O Emancipador published a note
praising
Mrs. D. Ephigenia Lima - mother of Mr. Othon Lima, honorary member of
the Emancipadora
14
, for having on the day of its installation, gratuitously
granted freedom to her slave Luiza, and sent it to the Directorate of this society
to be delivered by it at the solemn session (EMANCIPADOR, Parahyba do
Norte, June 22nd, 1883, our translation).
Luzilá Ferreira also refers to the involvement of women from Pernambuco in favor of
emancipation (FERREIRA; ALVES; FONTES, 1999). It is likely that this movement reached
Parba due to the close ties, often intertwined by family legacies, between the two states. An
example of this possible relationship was the Emancipadora Parahybana, association, an
abolitionist group composed of both men and women, which maintained the Emancipador
15
newspaper. Similarly, there was a female abolitionist group in the state of Pernambuco, Ave
Libertas, with its own statute and a board composed exclusively of women, which in 1885
published its own newspaper of the same name:
14
It refers to the abolitionist organization Emancipadora Parahybana.
15
The edition of June 22, 1883, makes reference to the first meeting of the Emancipadora Parahybana Society on
March 25, 1883.
The publicists in the nineteenth century: The germination of republican ideas in Brazilian northeastern
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Despite its short lifespan, this small but determined group of ladies occupies
a very advantageous place in the gallery of glories of our homeland, imposing
itself on the admiration and public consciousness of Pernambuco as an
unmistakable necessity and, we dare say, a sine qua non noncondition for the
abolitionist movement in Brazil (Aos escravos, AVE LIBERTAS,
September 8, 1885, Recife apud FERREIRA; ALVES; FONTES, 1999, p.
211, our translation).
The newspaper produced by the women themselves, who referred to themselves as the
Prometheus Modernas(Modern Prometheus), aimed to "save their enslaved brothers," as
stated in an article by Adelaide Porto: "I am an abolitionist, and I will never bow my head before
the petty interest that brought us the enslavement of our brothers" (AVE LIBERTAS apud
FERREIRA; ALVES; FONTES, 1999, p. 215, our translation).
When we discuss women as publishers, we are referring to literate women for whom the
debate about education was essential, as women needed to be literate before they could make
themselves present in newspapers. Although it was known that they should have this type of
competence, the communities of readers and reading traditions would vary according to society.
According to Chartier (1999, p. 13, our translation), "texts can be read, and read differently by
readers who do not have the same intellectual tools, and who do not maintain the same relationship
with the written word." It was understood that there was difficulty in finding these spaces of female
action, given the silence of the archives, as Perrot (2005) asserts, the "gaze of men upon men" leads
to the forgetting of women's interests, with the male gaze persisting in the debates (SILVA, 2020,
p. 64-65).
These women made the abolitionist cause the path to their emancipation. They appealed
to the notion of progress and insisted on the precepts that came from the age of rights and were
exposed to the world by the French Revolution. Thus, D. Ernestina Bastos expressed herself in
Ave Libertas in 1885: "We will liberate the homeland or die in the struggle, embracing the flag
of abolition, which is the flag of progress and civilization [...] Let us be the martyrs of the
present to be the heroines of the future" (Aos escravos”, AVE LIBERTAS apud FERREIRA;
ALVES; FONTES, 1999, p. 212, our translation).
Thus, these voices that shared the ideals of the French revolutionaries, well known in the
Brazilian atmosphere throughout the 19th century, claimed for women another status, that of
subjects of their own emancipation, confirming, along with the political principles declared by
the French in 1789, freedom and equality, the arguments for the first feminist struggles.
At the end of the 19th century, in the first meeting of the Sociedade Emancipadora
Parahybana, on March 25, 1883, France was referred to as the homeland of liberty, as per the
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Extract from the speech delivered by J. J. E. da Silva and published in the Emancipador,
newspaper on June 22, 1883: "This revolution [French] will always have great merit in history,
for it was soon at its beginning that it first launched into the world the verb of the rights of man
and the fiat of freedom."
If Stuart Mill's theory, in Governo Representativo, and Mary Wollstonecraft's works, such
as "A Vindication of the Rights of Woman," served to introduce the theme of the individual-
citizen, and if the example of the women's struggle for the extension of voting rights in the
United States of America did not go without praise, it was the French revolutionary imagination
that most mobilized the sensibility of these Brazilian publicists at the end of the 19th century,
as can be read in Ismênia Maria Duarte Pinheiro's article: "When the French Revolution of 1789
spread its glorious flag to the five winds of the Universe, the woman gave exuberant proof that
she was predestined for the great social struggles, for the future of modern democracy" (“O
Abolicionismo’, Ave Libertas, Recife, September 8, 1885 apud FERREIRA; ALVES;
FONTES, 1999, p. 214, our translation).
Many of these women also associated the fight for women's emancipation with the
defense of the Republic. Maria Amélia de Queiroz
16
, another participant in the movement, was
part of the Clube do Cupim
17
, "a secret society founded in the 1880s in Recife, and led by José
Mariano
18
, which emancipated, defended, and protected the slaves" (VAINSENCHER, [21--
]
19
, our translation). The author spoke out in favor of the captives and against the Monarchy:
not many, she affirmed in 1887, believed that "a perverted, anachronistic monarchy, full of
vices and miseries, could endure and with impunity introduce into the consciousness of a people
degradation and opprobrium, with the aim of ruining its social organism." She concluded her
16
The family of Amélia, and she herself, was a real affront to customs. Customs commonly regarded women as
the rotten fruit of a basket, wicked, seductive, and more susceptible to the actions of evil. It is worth noting that
even though he was the illegitimate son of a priest, father of a dishonored girl, and grandfather of two illegitimate
children, Clóvis Beviláqua (Amélia's husband) remained a respected jurist and intellectual. Even while advocating
controversial agendas, such as divorce, he was still well-regarded by the society of his class. Therefore, it was
upon Amélia that the blame fell for her family being as it was” (SILVA, 2020, p. 86, our translation)
17
With the abolition in Cea in 1884, João Ramos, a Maranhense living in Recife, founded the Clube do Cupim
the same year. It was an underground association that met in various locations and had more than three hundred
participants. About this association, see GASPAR, cia. Clube do Cupim. Pesquisa Escolar Online, Fundação
Joaquim Nabuco, Recife. Available at: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/. Accessed in: 10 Dec. 2012.
18
Jo Mariano Carneiro da Cunha, a graduate of the Faculty of Law of Recife, in the same class as Joaquim
Nabuco, in 1870. He founded the newspaper a Província, and was a member of the Clube do Cupim along with
Maria Amélia, Leonor Porto, Joaquim Nabuco, Barros Sobrinho, João Ramos, Alfredo Pinto, Phaelante da Câmara
e Vicente do Café. Ver VAINSENCHER, Semira Adler. JoMariano. Pesquisa Escolar Online, Fundação
Joaquim Nabuco, Recife. Available at: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/. Accessed in: 10 Dec. 2012.
19
VAINSENCHER, Semira Adler. Maria Amélia de Queis. (Text extracted from the website of the Women's
Secretariat of the State of Pernambuco). [21--]. Available at: www2.secmulher.pe.gov.br/web/secretaria-da-
mulher/mulher15. Accessed in: 10 Dec. 2012.
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speech once again by associating women's emancipation with the fight for the abolition of
slavery and the construction of the Republic:
I come on this opportune occasion to solemnly protest against the inertia,
indifference, and discouragement in which women have unfortunately lived
in Brazil until today. It is necessary, my dear countrywomen, that women
convince themselves once and for all that, it is time to raise a cry of indignation
against the ignominious past of so many accursed races. Women are also
capable of great and lofty accomplishments. Come! Come, my dear
Countrywomen! Let's go! It is our duty to work for the reconstruction of our
homeland, in order to later hand down to future generations a freer homeland,
enriched with brilliant traditions and glorious achievements (FERREIRA;
ALVES; FONTES, 1999, p. 223, our translation).
20
After abolition, newspapers celebrated May 13, featuring articles written by the women
themselves, such as Aquilina d'Oliveira, who published the poem Saudação”.
Salutation: Hail! May 13!/ Hail! Memorable day, when the sacred cry of
Freedom echoed throughout Brazil!/ Hail! Majestic day, when a new sun,
casting its life-giving rays on Brazilian soil, dispelled the dreadful darkness in
which the unfortunate ones, dubbed captives, were immersed!/ Hail! Oh! Free
Brazil!/ The black mantle that enveloped you no longer darkens such a
beautiful sky!/ In your lands, that lugubrious word "slavery" no longer finds
an echo!/ Hail! For oh! Free Brazil! (ARAUTO PARAHYBANO, Parahyba
do Norte, May 20, 1888, our translation)
21
.
The aforementioned Anônima paraibana”, in the same newspaper, praised the
emancipatory moment: "I associate myself with you, great fighters, and I dedicate myself to the
cause; I associate myself today and greet the goddess who arrives" (“Liberdade ou Morte”,
Arauto Parahybano, Parahyba do Norte, May 20, 1888). By recording her position and her
adherence to the movement, the writer-reader possibly seeks to persuade other female readers
to participate.
Even after abolition, these women continued writing for newspapers, as they
would in the name of the republican cause: Avante democratas e
abolicionistas”, exhorted the poem A escravidão”, by Ignez de Almeida
Pessoa, in 1892, Avante republicanos corajosos (“Escravidão. Ave
Libertas apud FERREIRA & ALVES & FONTES, 1999, p. 214) Initially
guided by the banner of abolition and by the universalism of the rights already
defended in the configuration of the new Brazilian state then emerging,
women's participation intensified in various associations and periodicals,
20
Conference held by Maria Amélia de Queiroz at the Teatro de Variedades de Pernambuco, de Pernambuco, in
favor of the redemption of captives, on September 25, 1887 (FERREIRA; ALVES; FONTES, 1999, p. 223).
21
“Saudação”, signed by Aquilina d'Oliveira, in the newspaper Arauto Parahybano, Parahyba do Norte, May 20,
1888.
Fernanda Daniella de França BEZERRIL; Fabiana SENA; Charliton Jodos Santos MACHADO and Isabela Nathália Nunes TRISTÃO
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bringing to public debate the issue of extending citizenship through suffrage
(BEZERRIL, 2013, p. 87-88, our translation).
Final considerations
The presented text sought to give visibility to women's writings in newspapers, where
they could record their impressions about republican ideas, which, through their writings, could
gain adherence from other female readers to the movement they advocated for, since "reading
- which rarely leaves marks, and which, by dispersing into a multitude of singular acts, frees
itself from all constraints aimed at subjugating it" (CHARTIER, 1999, p. 11, our translation).
Newspapers allow us to understand, throughout the entire debate, how much women
were demanding participation in political life and the opportunity to intervene in the
construction of the modern society that was being proposed. They wanted to act and intervene
in this new society that would emerge with the advent of the Republic, one that needed new
paradigms and which they were willing to reconfigure with the construction of this new
Woman. "Some dared to take on the responsibility of circumscribing the limits of a new
femininity coherent with recent needs, rethinking the social place of motherhood, the role of
women in politics, the problem of education, medical fallacies about their bodies and
intelligence" (SILVA, 2020, p. 11, our translation).
Based on these discussions, we can reflect on the difficulties of finding sources with the
political existence of these women and retracing their paths in these endeavors. "In this sense, and
thinking of a Brazil where women did not have the right to inheritance, legal guardianship of
children, full access to higher education, or the right to vote, the possibility of writing and making
public opinions that would previously be confined to the private world is a demonstration of
millenary feminine audacity" (SILVA, 2020, p. 84, our translation). Thus, women's participation in
nineteenth-century newspapers shows how these publicists worked with the purpose of
emancipating women from patriarchal constraints. The press served them as a platform, a place
where it was possible to understand a community of female readers, giving visibility to what they
wrote or thought at a certain time and place. Moreover, it allows researchers dealing with this
material as an object and/or as a source of research to delve into literate culture.
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About the Authors
Fernanda Daniella de França BEZERRIL
University Federal of Paraíba (UFPB), João Pessoa PB Brazil. Doctoral degree candidate
in the Graduate Program in Education.
Charliton José dos Santos MACHADO
University Federal of Parba (UFPB), João Pessoa PB Brazil. Full Professor assigned to
the Department of Educational Methodology - DME, in the Center of Education/CE. Doctoral
degree in Education (UFRN). CNPq Research Productivity Fellow - Level 1C.
Fabiana SENA
University Federal of Parba (UFPB), João Pessoa PB Brazil. Associate Professor III, in
the Department of Educational Methodology and accredited in the Graduate Program in
Education. Doctoral degree in Letters (UFPB).
Isabela Nathália Nunes TRISTÃO
University Federal of Paraíba (UFPB), João Pessoa PB Brazil. Doctoral degree candidate
in the Graduate Program in Education. FAPESQ/PB Fellow.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.