Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023002, 2023. e-ISSN:2237-258X
DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v13i00.16859 1
EXPERIÊNCIA, TRABALHO E MODOS DE VIDA: PARA UM DEBATE SOBRE
TERRITÓRIOS DE POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS E PROCESSOS DE
LUTA E RESISTÊNCIA1
EXPERIENCIA, TRABAJO Y FORMAS DE VIDA: POR UN DEBATE SOBRE
TERRITORIOS DE PUEBLOS Y COMUNIDADES TRADICIONALES Y PROCESOS
DE LUCHA Y RESISTENCIA
EXPERIENCE, WORK, AND WAYS OF LIFE: TOWARDS A DEBATE ON
TERRITORIES OF TRADITIONAL PEOPLES AND COMMUNITIES AND
PROCESSES OF STRUGGLE AND RESISTANCE
Maria Isabel Batista RODRIGUES
e-mail: r.mariaisabelbatistarodrigues@yahoo.com.br
Gilmar Pereira da SILVA
e-mail: gpsilva@ufpa.br
Como referenciar este artigo:
RODRIGUES, M. I. B.; SILVA, G. P. Experiência, trabalho e
modos de vida: Para um debate sobre territórios de
povos e
comunidades tradicionais e processos de luta e resistência. Rev.
Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023002, 2023. e-
ISSN: 2237-
258X. DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v13i00.16859
| Submetido em: 20/08/2022
| Revisões requeridas em: 15/10/2022
| Aprovado em: 22/11/2022
| Publicado em: 01/01/2023
Editora:
Profa. Dra. Alessandra Cristina Furtado
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1 O presente trabalho consubstancia pesquisa bibliográfica, em prol de investigação de doutorado em andamento
sobre formação do ser social infantil na contradição capital e trabalho, com foco na experiência de um território
quilombola no Estado do Pará, a partir do Programa de Pós-Graduação em Educação na Amazônia - PGEDA
Dourado em Rede, Universidade Federal do Pará.
Experiência, trabalho e modos de vida: Para um debate sobre territórios de povos e comunidades tradicionais e processos de luta e
resistência
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023002, 2023. e-ISSN:2237-258X
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RESUMO: Problematizamos a categoria experiência na definição dos territórios de povos e
comunidades tradicionais, considerando seus modos de vida, lutas e resistências necessários
para o processo de suas existências, em oposição ao modo de produção capitalista. Trata-se de
investigação com abordagem qualitativa, por meio de pesquisa bibliográfica, dando condições
para entender de forma crítica, interpretativa e analítica condicionantes da relação humana, no
interior das contradições capital e trabalho, sobre modos de vida de povos e comunidades
tradicionais. Inferimos que as experiências vividas e compartilhadas por sujeitos no contexto
de comunidades e povos tradicionais expressam formas de luta e resistência contra
sociabilidades, as quais intensificam desigualdades sociais e individualizam relações.
Atestamos, por conseguinte, que a experiência pressupõe modos de vida, constituindo
identidade peculiar e decorrente do território habitado, permitindo a homens e mulheres,
mediados pela consciência social, refletirem sobre sua realidade e buscarem estratégias para
modificá-la ou mantê-la.
PALAVRAS-CHAVE: Território. Experiência. Comunidades tradicionais. Trabalho. Modos
de vida.
RESUMEN: Problematizamos la experiencia de categoría en la definición de los territorios
de los pueblos y comunidades tradicionales, considerando sus formas de vida, luchas y
resistencias necesarias para el proceso de sus existencias, en oposición al modo de
producción capitalista. Se trata de una investigación cualitativa, a través de la pesquisa
bibliográfica, dando condiciones para comprender de manera crítica, interpretativa y
analítica condicionando la relación humana, dentro de las contradicciones capital y trabajo,
sobre las formas de vida de los pueblos y comunidades tradicionales. Inferimos que las
experiencias vividas y compartidas por los sujetos en el contexto de las comunidades y
pueblos tradicionales expresan formas de lucha y resistencia contra la sociabilidad, que
intensifican las desigualdades sociales e individualizan las relaciones. Atestiguamos, por
tanto, que la experiencia presupone modos de vida que constituyen una identidad peculiar
resultante del territorio habitado, permitiendo a hombres y mujeres, mediados por la
conciencia social, reflexionar sobre su realidad y buscar estrategias para modificarla o
mantenerla.
PALABRAS CLAVE: Territorio. Experiencia. Comunidades tradicionales. Trabajo. Formas
de vida.
ABSTRACT: We problematize the experience category in defining the territories of
traditional peoples and communities, considering their ways of life, struggles, and resistance
necessary for their existence in opposition to the capitalist mode of production. This is an
investigation with a qualitative approach using bibliographical research, giving conditions to
understand critically, interpretatively, and analytically the conditioning factors of the human
relationship, within the contradictions between capital and labor, in ways of life of traditional
peoples and communities. We infer that the experiences lived and shared by subjects in the
context of traditional communities and peoples express forms of struggle and resistance
against sociabilities, which intensify social inequalities and individualize relations. We attest,
therefore, that the experience presupposes ways of life, constituting a peculiar identity and
arising from the territory inhabited, allowing men and women, mediated by social awareness,
to reflect on their reality and seek strategies to change it or maintain it.
KEYWORDS: Territory. Experience. Traditional communities. Work. Ways of life.
Maria Isabel Batista RODRIGUES e Gilmar Pereira da SILVA
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Introdução
Neste trabalho, problematizamos a categoria experiências vividas, decorrentes de
relações econômico-sócio-culturais em territórios de povos e comunidades tradicionais, como
expressões da constituição de lutas e resistências para com a firmação de seus modos de vida,
em contraposição ao modo de produção capitalista, considerando seus processos formativos.
Trata-se de pesquisa bibliográfica que decorre da necessidade de se aprofundar a
categoria experiência, no interior de materialidades históricas de povos e comunidades na
Amazônia, em prol de pesquisa de doutorado, em andamento, sobre a constituição do ser
social infantil, em uma comunidade quilombola do Estado do Pará, na perspectiva de se
analisar os processos dessa constituição, a partir das contradições capital e trabalho,
considerando mediações de primeira e de segunda ordem, conforme Mészáros (2006).
Buscamos, assim, contribuir com análises futuras sobre o como sujeitos crianças se
formam diante das experiências de povos e comunidades tradicionais, considerando a
possibilidade de as mediações de segunda ordem do capital estarem impactando a constituição
da subjetividade2 desses sujeitos, mas também a possibilidade de ocorrer resistências a um
processo formativo de interesse do capital, pautadas em mediações de primeira ordem; no
sentido de se materializar um modo de vida que compreende o trabalho e as experiências dele
advindas como condição de humanização, em princípios de sociabilidades, reciprocidade e
coletividades — dimensões opostas às subjetividades do capital.
Não menos importante encontra-se a questão de a comunidade quilombola, lócus de
estudo de tese de doutorado em construção, manter vínculo com a natureza, também em
relação de complementaridade. Como disposto por Fischer e Rodrigues (2022), constituindo
lhe a vida por meio da agricultura familiar, que consiste no plantio de roças de mandioca para
a produção de farinha e do extrativismo mediante a prática da coleta do açaí, da castanha do
Pará, do babaçu e outros elementos derivados da constituição da floresta em torno da
comunidade, tratando-se de experiências permeada de saberes tradicionais como oposição à
produção de interesse do capital.
Teoricamente, discutimos as categorias território, experiência, trabalho e modos de
vida, procedimento que se pauta em “[…] dados de categorias teóricas já trabalhadas por
2 Entende-se por “subjetividade o modo de ser e as formas de existência” (OLIVEIRA; TRINDADE, 2015, p.
30) que singularizam os sujeitos diante de sua relação pessoal ou coletiva, portanto no seio de uma sociedade e
seus modos de produzir a vida e seus condicionantes
Experiência, trabalho e modos de vida: Para um debate sobre territórios de povos e comunidades tradicionais e processos de luta e
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outros pesquisadores e devidamente registrados […]”, tornando-se os textos “[…] fontes dos
temas a serem pesquisados” (SEVERINO, 2007, p. 122).
Nesse sentido, a partir de Thompson (1981), tomamos a categoria experiência como
condição do ser social, despertando-lhe uma consciência social que lhe permite outras
relações de existência, em contraposição a materialidades do modo de produção capitalista.
Isso nos permite entender diferentes formas de organização social, entre as quais as
relacionadas povos e comunidades tradicionais quilombolas e seu modo de vida também
constituído na e pela experiência em seu território.
Sobre território3, consideramos as discussões de Santos (2005) e Anjos (2009),
relacionando ao uso do espaço geográfico onde se concebem relações de poder, com as
contradições decorrentes da relação capital e trabalho, imprimindo a produção social da
existência, manifestas nas vivências políticas, econômicas e culturais, constituindo uma
historicidade material e simbólica dos sujeitos que o constituem.
Também consideramos a leitura de Haesbaert (2004), que nos possibilitou entender o
território na sua multiplicidade e diversidade, considerando as formas como as pessoas se
organizam num espaço, atribuindo significados peculiares ao lugar, por exemplo, aos povos
de comunidades tradicionais, para os quais o território se realiza como um referente para o
viver de uma cultura de intensa relação com a natureza e heranças de seus antepassados.
Tiriba e Souza (2021), por outro lado, abordam as implicitudes do território com as
experiências compartilhadas. A partir de Thompson (1981), considerando tanto as relações
produtivas quanto sociais, o que implica a compreensão da materialização de um modo de
vida que pode configurar-se como princípios de resistência às investidas do modo de
produção voltado para a acumulação - o que concordamos, consubstanciando o norte que
estamos discutindo neste trabalho.
Quanto à categoria trabalho, nossas discussões perpassam pelas contribuições de
Frigotto (2008) e Marx (2008), considerando a dimensão criadora do trabalho humano, como
constituição do ser social, responsável pelas mediações entre seres humanos e outros
elementos da natureza, possibilitando a mulheres e homens constituírem a vida cultural,
3 Neste trabalho, discutimos a categoria território em decorrência da pesquisa que realizamos no Programa de
Pós-graduação em Educação na Amazônia PGEDA Universidade Federal do Pará UFPA, analisando a
formação do ser social infantil no interior dos processos de trabalho na comunidade de Mupi-Torrão, no
município de Cametá, a partir da disputa entre capital e trabalho, em torno da constituição da subjetividade
humana. Trata-se de uma comunidade com seu território habitado por trabalhadoras e trabalhadores
agricultores(as) que vivem da agricultura, representando a maior fonte de economia da localidade.
Maria Isabel Batista RODRIGUES e Gilmar Pereira da SILVA
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social, simbólica, assim como, de modo geral, seu processo formativo mediante uma ação
consciente, que projeta e materializa pari passus a sua existência.
No que concerne à categoria modos de vida, a partir de territórios de povos e
comunidades tradicionais, de acordo com Tiriba e Fischer (2015, p. 409), para as quais refere-
se a modos de estar no mundo, mas diferente do modo de produção capitalista, porque se
parte da compreensão de que o “[…] metabolismo entre ser humano e natureza pressupõe a
regulação do processo de trabalho em sintonia com a natureza […]”, em que “[…] a
organização, coordenação e controle das múltiplas atividades, materiais e culturais, […]”
objetivam “[…] um sistema de reprodução social cada vez mais complexo”, porém não
pautado em processos de produção de mais valor, de mercantilização da vida.
Com base em Silva e Menezes (2005), desenvolvemos, pois, uma pesquisa qualitativa,
considerando-se que “[…] há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um
vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser
traduzido em números” (SILVA; MENEZES, 2005, p. 20), pressupondo, por outro lado, “A
interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados […]” (SILVA; MENEZES, 2005,
p. 20), de modo a se analisar a realidade, entendendo as múltiplas determinações que a
determinam, conforme (KOSIK, 1976).
Nessa perspectiva, com base em referenciais teóricos, compreenderemos movimentos e
dinâmicas de relações sociais vividas em uma sociedade que apresenta experiência de trabalho,
valores e cultura singulares, considerando a materialidade de vida de povos e comunidades
tradicionais, pressupondo, ainda, a constituição de subjetividades que podem divergir às do
modo de produção capitalista, em prol da manutenção da própria vida em sociedade.
Em termos estruturais, este artigo apresenta a introdução, em que apresentamos o objeto e
problema de pesquisa, bem como os procedimentos metodológicos. Em seguida, numa primeira
seção, discutimos a experiência enquanto condição histórica do ser social, sobre sua realidade, de
maneira a romper com princípios de dominação, para constituir modos de vida opostos à ordem
capitalista.
Na segunda seção, abordamos a importância do território e a relação identitária
constituída por grupos sociais que nele vivem, construindo suas identidades no percurso da
experiência, espaço onde os sujeitos vivenciam processos culturais articulados com o acontecer
da vida cotidiana. Compreendemos o território como espaço da existência e da coexistência de
sujeitos e suas experiências, que constituem a vida tanto material quanto simbólica, dando um
sentido singular ao modo de vida de suas tradições. Na terceira seção, tratamos da dinâmica do
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viver de povos e comunidades tradicionais no contexto da Amazônia, a partir de modos de vida
que pressupõem o intercâmbio com a natureza, em oposição à ruptura do metabolismo pela
ordem do capital. Por fim, tecemos nossas considerações finais.
Experiência e modos de produzir a vida: entre a reprodução ampliada da vida e a
reprodução ampliada do capital4
As experiências vividas e compartilhadas na dinâmica cotidiana de povos e
comunidades tradicionais no Brasil impactam ações que estão para além do direito de existir e
resistir em seus territórios como sujeitos pertencentes a um lugar e espaço que lhes
possibilitam viver relações político-sociais, culturais e econômicas, por exemplo, de maneira
a consolidar suas dimensões formativas e identitárias. Expressam também formas de lutas
contra sociabilidades do capital que, como resultado proveniente da exploração do trabalho,
resultam em formas de lucro, acentuando as desigualdades sociais e a individualização das
relações, impondo pesquisas que possibilitem, conforme Fischer e Rodrigues (2022, p. 09):
[...] conhecer e entender outras formas de relação com a natureza, como a de
povos e comunidades tradicionais que são atravessados pelas ordens do
capital, e também como lutam para manter e também construir outras
possibilidades de metabolismo com a natureza, em que a maximização do
lucro não é a tônica nos permitindo “na busca de um reino da liberdade
diante do abismo” (FERNANDES, 2021, p. 14).
Na dimensão da experiência de povos de comunidades tradicionais, entretanto, a
cultura do trabalho articula-se politicamente com o social e com uma relação de
complementaridade com o meio ambiente, como mediações de primeira ordem, de que nos
fala Mészáros (2006). Nessa direção, o intercâmbio seres humanos e outros elementos da
natureza, bem como entre homem e sociedade, constitui-se imprescindível para o bem-estar
dos sujeitos trabalhadores que evidenciam em seus territórios outra lógica de produção da
vida, uma lógica não capitalista, conforme Fischer e Rodrigues (2022, p. 11):
[...] entendemos que esses diversos grupos possuem processos de
organização social, materializados em saberes com amplas dimensões
(política, cultural, econômica, social, técnica, dentre outras), que
consubstanciam processos de autoidentificação, com “[...] um sentido
político-organizativo [...] como alternativa ao modo de produção e ao modo
de vida capitalista” (CRUZ, 2012, p. 597).
4 As categorias reprodução ampliada da vida e reprodução ampliada do capital tomamos a partir de Tiriba
(2018).
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E nessa perspectiva, vão se instituindo as condições de classe entre os sujeitos,
partindo-se da compreensão de que “A sociedade se estrutura em função da maneira pela qual
se organiza o processo de produção da existência humana, o processo de trabalho”
(SAVIANI, 1986, p. 14) vivido numa dimensão educativa, de modo que o trabalhador se
perceba enquanto classe. Partindo-se do pressuposto de que “As classes se definem conforme
o modo como tal formação acontece efetivamente” (THOMPSON, 2001, p. 277), a partir de
experiências que potencializam a percepção de contradições, mas também como
pertencimentos a culturas, valores, como destaca Thompson (ibdem), sendo “a classe […]
uma relação, e não uma coisa” (THOMPSON, 1987, p. 11), de maneira que os sujeitos
[...] não experimentam sua própria experiência apenas como ideias, no
âmbito do pensamento [...]. Elas também experimentam sua experiência
como sentimento e lidam com esse sentimento na cultura, como normas,
obrigações familiares e de parentesco, e reciprocidades, como valores ou
(através de formas mais elaboradas) na arte ou nas convicções religiosas
(THOMPSON, 1981, p. 189).
Essa relação de complementaridade com o meio ambiente pressupõe um agir
consciente dos sujeitos diante de sua realidade histórico-social, o que nos conduz a
compreender a experiência enquanto condição humana que permite a homens e mulheres
perceberem e refletirem sobre sua condição de vida. A partir daí, organizarem-se para
modificá-la ou mantê-la, diante das mediações do capital (MÉSZÁROS, 2006), de acordo
com Thompson (1981, p. 182):
Os homens e mulheres também retornam como sujeitos, dentro deste termo
[experiência] não como sujeitos autônomos ‘indivíduos livres’, mas como
pessoas que experimentam suas situações e relações produtivas determinadas
como necessidades e interesses como antagonismos, em seguida ‘tratam’
essa experiência em sua consciência e sua cultura (as duas excluídas pela
prática teórica) das mais complexas maneiras (sim, ‘relativamente
autônomas’) e em seguida (muitas vezes, mas nem sempre, através de
estruturas de classe resultantes) agem, por sua vez, sobre sua situação
determinada.
Nessa perspectiva, entendemos que “A experiência é um termo médio necessário entre
o ser social e a consciência social […]” (THOMPSON, 1981, p. 112), de maneira que a
constituição dos povos e comunidades tradicionais como classe trabalhadora, em lutas e
resistências ao modo de produção capitalista, constitui-se para além do viver em um território,
pressupondo-se compreender suas experiências de trabalho, de cultura, de produção e renda,
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por exemplo, como expressões de outras sociabilidades, podendo ser antagônicas ao
sociometabolismo do capital, de que nos fala Mészáros (2006).
Neste sentido, compreendemos que a experiência não está somente relacionada ao tão
somente saber fazer algo, mas compreende também as formas de comportamento, interação,
relação e convivência, as atividades econômico-culturais, que se constituem por meio do
sentir, do pensar e agir dos sujeitos diante de seus modos de produzir a vida, elaborando suas
existências em contextos de povos e comunidades tradicionais, pactuando com Vendramini e
Tiriba (2011, p. 1), de que “[…] a análise da experiência, gerada na vida material, contribui
para o entendimento das diversas formas de organização da vida social e do sentido histórico
da vida dos trabalhadores”.
Para sujeitos de povos e comunidades tradicionais, portanto, a experiência do trabalho
como produção da vida decorre do intercâmbio com a natureza que lhes possibilita a
existência em múltiplas dimensões, tanto material como simbólica, de maneira que o trabalho
se manifesta “[…] como elemento da formação humana, ou seja, do fazer-se humano como
ser social, o que requer permanente processo de criação e reflexão sobre o mundo
(FISCHER; CORDEIRO; TIRIBA, 2022, p.191), bem como seu modo de viver e existir para
além do alimentar-se e se vestir, por exemplo, pressupondo a relação de complementaridade
seres humanos e outros elementos da natureza, de que nos falam Fischer e Rodrigues (2022).
Sendo assim, consideramos que a base para o fortalecimento das relações econômico-
sociais nas comunidades tradicionais se dá por meio de experiências vividas em torno do
cuidar do território, mediante seu uso social e não pessoal, como pressupostos de garantia da
existência, tanto no plano material quanto no plano simbólico, possibilitando aos sujeitos o
viver solidário para além do mundo do trabalho, em sua forma mercantilizada.
Nesse sentido, povos e comunidades tradicionais na Amazônia, no que consiste ao
plano material da produção da vida, mantêm uma relação com a natureza, quanto ao uso
comum da terra para a produção de alimentos necessários ao sustento familiar,
respeitosamente e com equilíbrio. Quando uma área está produzindo, ou seja, ocupada com o
plantio da mandioca, arroz, feijão, por exemplo, ou após ser utilizada para outra finalidade,
passa por um processo de descanso para recuperar os nutrientes e não perder sua condição
fértil, restabelecendo assim sua vegetação e as condições de complementaridade entre homens
e outros elementos da natureza, conforme Silva (2016).
Compreendemos, assim, a partir do exposto acima, que se trata “[…] de um
metabolismo ou relação orgânica capaz de configurar certa condição de equilíbrio e permitir o
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autossustento” (SOUZA; CHAVEIRO, 2019. Isso suprirá, por um longo tempo, as
necessidades urgentes das pessoas que habitam o território, mantendo também as espécies
orgânicas do ambiente, inclusive os homens e as mulheres.
Considerando o plano simbólico, por outro lado, a identidade cultural é condição
ligada à ancestralidade, implicando a preservação de tradições no “habitus”, de acordo com
Thompson (1981), de vivências e convivências repassadas e/ou compartilhadas, “em primeiro
lugar, na família, no trabalho e na comunidade imediata” (THOMPSON, 1981, p. 194), que
garantem a unidade de vida e de pertencimentos, necessários às lutas, aos processos de
organização e resistência para sujeitos integrados como povos e comunidades tradicionais,
constituindo-se o território muito mais que espaços, lugares, mas relações de múltiplas
dimensões tecidas na relação seres humanos e outros elementos da natureza, conforme Fischer
e Rodrigues (2022).
Nesse sentido, a tradição de pertencimento, complementaridade, constitui-se no
sentimento de “viver e morrer naquele território, ao irem onde eles [os sujeitos] nasceram, e
onde viveram e morreram os seus ancestrais” (ROCHA; SANTOS, 2017, p. 08), produzindo,
por extensão, lutas e resistências, em prol da constituição de heranças culturais vividas, as
quais são transmitidas às próximas gerações para que também possam vivê-las e retransmiti-
las a outras gerações, de acordo com seu modo de vida singular, exercendo papel importante
nesse ciclo de aprendizagens as experiências construídas pelo trabalho, como produtor de
culturas, valores, determinações de identidade, de pertencimento.
Em termos teóricos, consideramos, pois, que a experiência como relações que
constroem sentimentos de comunidade, de percepções coletivas, que agregam os sujeitos em
torno de seus territórios, constituindo-se como espaços-tempos de contradição, como unidade
de contrários, a partir do que mobilizam ações em prol da defesa da vida, onde se constroem,
pelo trabalho.
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O território como espaço-tempo5 de trabalho, identidade6, unidade e resistência7
Para Rocha e Santos (2017, p. 11), “[…] a relação das sociedades com os seus
territórios traz o aspecto muito sólido de impregnação identitária, sendo que essa relação
consolida a identidade do grupo social”. E nesta perspectiva estão os grupos sociais que se
auto identificam e são reconhecidas como comunidades tradicionais quilombolas8, para os
quais o território “deixa de ser meramente o direito material a terra, sendo, a relação simbólica
e de etnicidade existente e ali estabelecida desde seus antepassados” (ROCHA; SANTOS,
2017, p. 11).
Neste sentido, também se evidenciam, nesses territórios, experiências culturais e
econômicas que particularizam um modo de produção da existência diante das formas de
organização da vida, incluindo a cultura e o trabalho, favorecendo a compreensão de classe e
a formação de classe, dada a necessidade de se contrapor a lógicas que agridem os territórios
onde sujeitos na Amazônia, por exemplo, garantem a própria vida, como vêm se constituindo
os garimpos em terra indígenas9. De acordo com Thompson (1981, p. 112),
[...] é a experiência (muitas vezes a experiência de classe) que dá cor à
cultura, aos valores e ao pensamento: é por meio da experiência que o modo
de produção exerce uma pressão determinante sobre outras atividades: e é
pela prática que a produção é mantida.
E nessa dimensão da experiência, como determinante também da produção de valores
e culturas, o trabalho é vivido e partilhado, de acordo com Frigotto (2008, p. 02), como
“práxis que possibilita criar e recriar, não apenas no plano econômico, mas também no plano
5 Tomamos a categoria espaços-tempos, para entender território, a partir de Tiriba e Fischer (2015).
6 Consideramos de acordo com (FARIAS; SOUZA, 2011) que a identidade é a constituição dos sujeitos
mediante sua história pessoal e social, é um processo de formação que deriva da socialização com o outro de
modo a cultivar um sentimento de pertencimento a determinado espaço/lugar.
7 Baseado em Netto (2017), o sentido de resistência para povos e comunidades tradicionais consiste “na vontade
dessas comunidades em persistir no seu ser. Revoltam-se e se organizam para resistir porque somente a
resistência é possível frente ao movimento do mundo que dissolve e nega esse ser” (NETTO, 2017, p.229).
8 Para fins do Decreto 4.887/2003 (BRASIL, 2003), artigo 2º, consideram-se remanescentes das comunidades
dos quilombos os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto atribuição, com trajetória histórica própria,
dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência
à opressão histórica sofrida.
9 De acordo com Manzolli (2022, online): “A exploração de ouro no Brasil tem expandido suas fronteiras para o
interior da Amazônia, invadindo terras indígenas e unidades de conservação”. E de acordo com Garcia (2023,
online), em matéria de fevereiro: A crise sanitária e humanitária que afeta a Terra Indígena Yanomami está longe
de chegar ao fim. Os garimpeiros invasores têm resistido às ações do atual governo que atua para a desintrusão
na reserva. A ocupação criminosa foi premeditada e estimulada, não só na Terra Yanomami, mas em outras áreas
indígenas. Mais de 90% dos focos de mineração irregular estão na Amazônia Legal, colocando em risco a vida
dos povos originários contatados e os isolados, que são frágeis ao contato com os chamados “homens brancos”.
Maria Isabel Batista RODRIGUES e Gilmar Pereira da SILVA
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da arte e da cultura, linguagem e símbolos, o mundo humano como respostas às suas múltiplas
e históricas necessidades”.
Assim, a necessidade das lutas historicamente travadas no território de povos de
comunidades tradicionais quilombolas, com a finalidade de manter-se em seus territórios
cobiçados pelo capital para a prática da agricultura e pecuária comercial, remete-nos a uma
compreensão. Sobretudo, como um campo de resistência por meio de experiências vividas e
compartilhadas, em oposição às relações de sociabilidades produzidas pelo capital que
corroboram para a fomentação de vivências individualizadas, desiguais e amplamente
competitivas. A esse respeito, Tiriba e Sousa (2021, p. 181) observam que:
[...] as mediações do capital exercem forte pressão no cotidiano das
comunidades, tensionando as relações sociais que homens e mulheres
estabelecem no território. Como contraponto, a afirmação e a defesa do
modo de vida calcados em culturas do trabalho associado podem ser
entendidas como elementos de resistência de povos e comunidades
tradicionais.
No que lhe concerne, esses elementos de resistência perpassam por experiências
específicas que produzem conhecimentos e dão sentido a uma tradição cultural referenciada
por pessoas, sujeitos que historicamente expressam sentimentos, que os conduzem a atuar em
defesa de seus valores e costumes com base em uma consciência constituída a partir de seu
processo de envolvimento e comprometimento com os acontecimentos de seus territórios.
Nesta direção, entendemos que a experiência é uma dimensão intrínseca de homens e
mulheres enquanto seres sociais, que lhes possibilita o refletir e o agir sobre a realidade
pessoal e coletiva, além de se apresentar como uma “[…] resposta mental e emocional, seja de
um indivíduo ou de um grupo social, a muitos acontecimentos inter-relacionados ou a muitas
repetições do mesmo tipo de acontecimento” (THOMPSON, 1981, p. 15). Portanto, é na
dimensão dos homens enquanto ser social que a consciência social evidencia mediação para
uma experiência que promove novas atitudes e conhecimentos acerca do modo de viver em
determinada sociedade, como também aprimora seus meios de lutas para o enfrentamento às
intensas subjetividades do capital.
Nessa perspectiva, a categoria experiência mantém relação direta com a categoria
território, dele decorrendo a sua materialidade, a qual, para Thompsom (1988), é oriunda do
trabalho nele presente, com subjetividades-objetividades culturais, econômicas e de classe.
Assim, as experiências nos territórios de trabalho e do viver cotidianamente de povos e
comunidades tradicionais nos permitem compreender, a partir de suas experiências, quem são
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os sujeitos, como vivem, como produzem, como se relacionam e como acontecem os
processos formativos diante do fazer e ser em território, quer quilombola, ribeirinho,
extrativista10, dentre outros, pois as atividades nesse território são decorrentes da experiência
materializada na realidade e de heranças culturais de seus antepassados, mas também de
outras construídas no aqui-agora das experiências historicamente construídas.
Experiências cotidianas, tensões políticas e disputas são elementos presentes em
diferentes realidades que nos permitem, enquanto pesquisadores, compreender outras
subjetividades, como as de resistência e luta por diferentes dimensões dos territórios, quer
materiais como simbólicas.
Nessa perspectiva, consideramos que a consolidação da existência de mulheres e homens,
nos territórios de povos e comunidades tradicionais, parte de um movimento de luta, implicando
uma gama de interesses concernentes ao benefício de um coletivo ou não; e tudo isso acontece a
partir de um lugar, conforme seu dinamismo de manifestar, produzir seus condicionantes para a
firmação de modo de vida, compreendendo assim a formação de seus territórios. Ou seja, a
compreensão das experiências de lutas e resistências de povos e comunidades tradicionais, do
ponto de vista metodológico, pressupõe etnografias dos territórios, mas observando as
contradições, os atravessamentos das ordens do capital, mas também as subversões, os valores e
culturas a constituir relações de classe.
Nessa perspectiva, compreendemos a categoria território a partir de Santos (2005, p.
253), para o qual “[…] o uso do território se dá pela dinâmica dos lugares […]”, o que implica
considerar que é “[…] o espaço da existência e da coexistência […]”, resultando em formas de
relações mediante um “acontecer solidário” (SANTOS, 2011 apud ANJOS, 2011, p. 55), tecido
cotidianamente.
Diante disso, entendemos que todo lugar, como território, é constituído a partir de
histórias de vida carregadas de características peculiares que acabam por constituir identidades
singulares, mas também coletivas, na existência de pessoas, as quais viveram e vivem,
organizaram-se e organizam-se num determinado tempo e espaço. Assim sendo, “O território é o
chão e mais a população, isto é uma identidade, o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos
pertence […]” (SANTOS, 2003 apud ANJOS, 2011, p. 55). E ainda, para Anjos (2009, p. 108):
10 Cruz (2012, p. 596) destaca que a categoria povos e comunidades tradicionais compreende: “[...] os Povos
Indígenas; Quilombolas; Populações agroextrativistas (Seringueiros, Castanheiros, Quebradeiras de Coco de
Babaçu); Grupos vinculados aos rios ou ao mar (Ribeirinhos; Pescadores artesanais; Caiçaras; Varjeiros;
Jangadeiros; Marisqueiros); Grupos associados a ecossistemas específicos (Pantaneiros; Caatingueiro;
Vazanteiros; Geraizeiros; Chapadeiros) Grupos associados à agricultura ou à pecuária (Faxinais; Sertanejos;
Caipiras; Sitiantes-Campeiros; Fundo de Pasto; Vaqueiros”.
Maria Isabel Batista RODRIGUES e Gilmar Pereira da SILVA
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O território é uma condição essencial, porque define o grupo humano que
ocupa, onde estão localizados e porque estão naquele espaço (historicidade). A
terra o terreiro não significa apenas uma dimensão física, mas antes de tudo
é um espaço comum, ancestral, que todos têm registros da história, da
experiência pessoal e coletiva do seu povo, enfim, uma instância do trabalho
concreto e das vivências do passado e do presente.
A maneira com que os indivíduos dirigem, portanto, tanto sua vida social como pessoal
possibilita condições de um estar para além da garantia do alimentar-se, do vestir-se, mas
também pode compreender a ampliação da consciência diante do que entendemos por uma
formação cidadã, na qual o bem-estar de um todo perpassa pela forma de agir de cada um, cada
uma e vice-versa, em coletivo, partindo-se do entendimento de que “A consciência é definida
pelos homens ao viver sua própria história” (THOMPSON, 1984, p. 34), com experiências,
embora na aparência individual, mas coletivas nas relações mediadas pelo trabalho, que nos
constitui como seres sociais (MARX, 2008),
Para Santos (2003, apud ANJOS, 2011, p. 55), “Quando se fala em território deve-se,
pois, de logo, entender que se está falando em território usado, utilizado por uma população” que
nele reflete, trabalha, estuda, manifesta sua posição ideológica, participa de eventuais ou
constantes manifestações religiosas e culturais. É neste sentido que, segundo Santos (2003 apud
ANJOS, 2011, p. 55), “O território é a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e
espirituais e da vida, sobre as quais ele influi”.
No que tange à formação do território, convém pontuarmos uma construção política, em
que, mediante diferentes práticas sociais e produtivas, os sujeitos também consolidam suas
existências e desenvolvem estratégias de convivências por meio de disputa, haja vista diferentes
grupos sociais com diferentes interesses poderem se defrontar cotidianamente no mesmo lugar.
Assim, “enquanto espaço-tempo-vivido, o território é sempre múltiplo, diverso e complexo”
(HAESBAERT, 2004, p. 19).
E, por assim se apresentar, “o território é relacional, ligado ao movimento e às conexões e
engloba as dimensões biológicas/natural, política (das relações de poder), cultural-simbólica e
econômica” (BRAGA, 2010, p. 29). Isto é, o território é socialmente construído por
manifestações individuais e coletivas de mulheres, homens e crianças que nasceram ou chegaram
num lugar e que nem sempre tecem suas convivências de forma harmoniosa e pacífica. Assim, o
significado que o território representa para cada sujeito ou grupos é permeado por diversos
interesses manifestados numa condição de poder. E, conforme o comportamento vivido no lugar
de produção da vida, o território pode se constituir numa dimensão solidária ou celetista.
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Numa condição de solidariedade é compreensível que o bem-estar de uma maioria
também é palco de preocupação e ação de um coletivo e, assim, se pactuam decisões que possam
atender a vida nas suas diversas necessidades. Na condição de seletividade, o uso do território se
faz pelo domínio dos agentes do capital impondo relações desiguais e preocupações
individualizadas, quase sempre pautadas em meios de acumulação para certos beneficiados e,
dessa forma, dá ênfase a outra territorialidade, entende-se que “[…] nem sempre a
territorialidade é expressão da liberdade e da resistência, mas também da dominação, da
espoliação e da opressão” (VASCONCELOS; ALBARADO, 2020, p. 16).
Logo, é possível surgirem “relações sociais (de poder) que irão requisitar o domínio de
espaços contínuos e delimitados que se “legisle” em nome de todos os integrantes desses
espaços∕territórios” (HAESBAERT, 2004, p. 31, grifos do autor). A esse respeito, Raffestin
(1993, p. 158) entende que a
Territorialidade adquire um valor bem particular, pois reflete a
multidimensionalidade do “vivido” territorial pelos membros de uma
coletividade, pelas sociedades em geral. Os homens “vivem”, ao mesmo
tempo, o processo territorial e o produto territorial por intermédio de um
sistema de relações existenciais e/ou produtivistas.
Considerando o contexto das relações existenciais, os condicionantes econômicos e
culturais mantêm uma relação de muita proximidade com o modo de vida dos sujeitos, pois a
forma de organização do espaço onde vivem, a importância e o significado dado ao lugar, o
modo como se dá a utilização da terra/natureza, por exemplo, refletem uma dinâmica de vida e
de trabalho de povos que buscam resistir às determinações do capital, lutando para constituir
cada vez mais suas identidades. Com esta perspectiva, encontram-se os povos e as comunidades
tradicionais quilombolas, por exemplo, para os quais o território se reveste de uma dimensão
simbólica, e esta, é dotada de um sentimento que lhes possibilita constituir formas particulares de
convivência pautada em princípios de solidariedade, conforme Miranda e Rodrigues (2021).
Tais princípios tendem a ser perceptíveis no processo de produção do trabalho enquanto
forma de lidar com a produção, por exemplo, no cultivo da terra, ao trocar dias de trabalho não
por moedas/dinheiro, mas por retribuição/execução de uma atividade realizada anteriormente ou
ainda a acontecer numa propriedade vizinha, cujos acordos se definem no combinado e não na
lei do lucro, manifestando, assim, princípios de ajuda mútua e não de mercado, conforme
Thompson (1981).
E nessa dimensão de interações, as referências básicas são as pessoas e sua forma de
organização, e não o quanto produzem por um preço estipulado. Dessa forma, a cultura do
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trabalho é percebida e vivenciada na relação estabelecida entre os indivíduos, conferindo uma
forma particular de viver um território que muitas vezes precisa lutar para manter de uma cultura e
economia, a qual pode estar em defesa de sua existência enquanto sujeitos de um pensar-fazer que
buscam se contrapor ao modo de vida impresso pelo capital. Assim, segundo Haesbearte (2004, p.
28, grifo do autor),
[...] grande parte das sociedades tradicionais conjugava a construção material
(“funcional”) do território como abrigo e base de “recursos” com uma
profunda identificação que recheava o espaço de referentes simbólicos
fundamentais à manutenção de sua cultura.
Diante disso, pactuamos com Haesbearte (2004), ao considerar o território na perspectiva
de integração, salientando que este não é um espaço unicamente natural e nem pode ser
compreendido separadamente dos vieses econômico, político ou cultural. Trata-se de uma
constituição de vida que se apresenta para além do modo de produção intensivo de mercadorias,
pois, tanto a terra quanto o território “não são apenas fonte de trabalho e de alimentos; são
também cultura, comunidade, história, ancestralidade, sonhos, futuro, vida e mãe natureza”
(TIRIBA; SOUZA, 2021, p. 175).
Neste sentido, a maneira como mulheres e homens produzem a vida também constitui o
território, pois nele estão imersos elementos materiais e simbólicos resultantes de sua experiência
a partir seu modo de vida, este entendido como
[...] um conjunto de práticas sociais, econômicas e culturais cotidianas
compartilhadas por determinado grupo social no processo de produção material
e simbólica. Como expressão da cultura diz respeito a costumes, tradições,
valores, crenças e saberes que orientam as normas de convivência na vida
familiar, no trabalho e em âmbito comunitário (TIRIBA; SOUZA, 2021, p.
182).
Para muitos trabalhadores, particularmente aqueles que dependem da agricultura para
viver, o território é também a maneira de “produzir, consumir e distribuir os frutos do trabalho,
tendo em vista as formas de sentir e pensar a vida e o mundo” (TIRIBA; SOUZA, 2021, p. 182).
Assim, a relação com o território está implícita nas experiências compartilhadas, em suas
práticas produtivas e em suas relações sociais. Os sujeitos formam seus territórios e por eles
também são formados, a partir de experiências de trabalho, pressupondo assim uma relação
dialética, conforme afirma Picanço (2019, p. 27):
[...] o território é antes de qualquer coisa, relação social, é conflito, resultante
de uma ação conduzida por um sujeito geográfico que é sujeitante e
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sujeitado de formas de relações sociais territorializadas de diferentes modos
com interesses e visões diferenciadas.
É no território que todas as ações humanas acontecem, inclusive as intencionalidades para
existir. E diante disso, as lutas de povos em determinadas comunidades se apresentam como um
importante elemento para se compreender as formas de relação presentes num determinado
lugar, portanto, a razão deste lugar. Em territórios de comunidades quilombolas, por exemplo,
entendemos, de acordo com Miranda e Rodrigues (2021), que a luta política se manifestou
outrora como condição de fuga, de resistência às formas de opressão, violência; atualmente, é
possível que o propósito das lutas em territórios quilombolas seja pela defesa da manutenção de
valores, cultura, identidades próprias, sem deixarem de constituir formas de resistência. De
acordo com Anjos (2009, p. 53),
O conceito de comunidade quilombola, portanto, tem origem no campesinato
negro, povos de matriz africana que conseguiram ocupar uma terra e obter
autonomia política e econômica. Ao quilombo contemporâneo está associada
uma interpretação mais ampla, mas que perpetua a ideia de resistência do
território étnico capaz de se organizar e reproduzir no espaço geográfico de
condições adversas, ao longo do tempo, sua forma particular de viver.
Entendemos, pois, considerando pesquisa de doutorado em andamento sobre a
constituição do ser criança em comunidade quilombola no Estado do Pará, que viver em um
território quilombola é buscar entender primeiramente que todos precisam garantir o acesso de
todos aos bens sociais, e nessa dimensão, segundo Anjos (2009, p. 108),
[...] a terra não é pensada e nem praticada como uma propriedade individual,
mas como uma instância de uso comum-coletivo, que é elemento principal
da consolidação do território étnico, da manutenção da identidade cultural e
da coesão social.
A intensa relação com a terra, tendo como princípio uma instância de uso comum-
coletivo, instituiu saberes e conhecimentos que garantem a existência de um grupo, cujo valor
social está acima de condições econômicas. A forma de cuidar da terra, como princípio de
sustento de todos, remete a uma singularidade, ao modo de vida de povos que se reconhecem
como comunidade quilombola, dentre outras manifestações de povos e comunidades
tradicionais, como os indígenas e as indígenas, os pescadores artesanais, os ribeirinhos, os
agricultores familiares, e outros. Por meio dessas práticas sociais, o território se diferencia pela
forma como as pessoas ali vivem, entendendo a resistência como um ato de autonomia que
revela seus princípios de liberdade em relação a um modelo socioeconômico de acumulação.
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Experiências empíricas de povos e comunidades tradicionais na Amazônia: breves notas
sobre quilombolas e pescadores artesanais
Quanto aos quilombolas, dada a pesquisa de doutorado em andamento que realizamos,
entendemos que estão trabalhando, resistindo e lutando contra a destruição da natureza, portanto,
de si mesmo, se entendermos que o “ser humano é parte constitutiva da natureza e o trabalho é
central no metabolismo estabelecido na relação entre o ser humano e a natureza” (FISCHER;
RODRIGUES, 2022, p. 4).
E sobre esses sujeitos, homens e mulheres de trabalho, de culturas, de lutas e resistências,
a Nova Cartografia Social Brasileira11 destaca que existem mais de “1.000 comunidades
quilombolas na Amazônia Legal, assim distribuídas: cerca de 750 no Maranhão, mais de 400 no
Pará, quase 100 no Tocantins e dezenas no Amapá, Amazonas e Rondônia”. Este grupo da
população habita e persiste, em seus domínios, na administração sustentável da terra, dos rios e
das florestas, assegurando dessa forma a preservação não somente do meio ambiente como a sua
própria, atos que se contrariam às técnicas do modelo de produção capitalista que deixa vestígios
de destruição, poluição e morte.
Esses grupos sociais têm seus costumes baseados em conhecimentos tradicionais, o que
também os torna capazes de estabelecer relações de complementaridade com outros elementos
da natureza. Dessa forma, a coleta de produtos naturais, a caça e a pesca fornecem alimento e
renda, atividades estás praticadas para a aquisição do necessário para garantir a vida e não para
comercialização no sentido da obtenção de lucro em grande escala para a bem-estar de poucos
privilegiados. A natureza, a terra, não é tomada como fonte de controle para o exercício do poder
sobre o outro, mas, sobretudo, para garantir a vida, seja ela humana, mas também animal e
vegetal, de acordo com Miranda e Rodrigues (2021).
Não menos importante está que o uso comum da terra e dos meios de produção, o agir
coletivo, seus saberes, a exemplo destes, os saberes dos mutirões12 praticados pelos quilombolas
11 OS POVOS DA FLORESTA. Instituto Sociedade, População e Natureza, [2019?]. Disponível em:
https://ispn.org.br/biomas/amazonia/povos-e-comunidades-tradicionais-da-amazonia/. Acesso em: 27 fev. 2023.
12 Miranda e Rodrigues (2021, p. 198) definem o mutirão realizado na comunidade quilombola de Tambaí-Açu,
Mocajuba (PA), como “um saber do trabalho caracterizado como coletivo, colaborativo, associativo e festivo”.
Este tem como objetivo fundamental, segundo Miranda e Rodrigues (2021, p.198), “diminuir a força de
trabalho”. E ainda, segundo os autores, esta prática é ritualizada em meio a “sons de ancestralidade africana
materializados no samba de cacete e banguê”” (MIRANDA; RODRIGUES, 2021).
Sobre o uso do mutirão, Mourão, Uchôa e Borges (2020, p. 179) informam que este é “realizado por todos os
trabalhadores (as) e ocorre em função de organizar e estabelecer as relações de trabalho; por exemplo, o processo
de cultivo da mandioca; é um movimento dinâmico em que todos os comunitários se ajudam mutuamente na
tentativa de usufruir integralmente o período propício a plantação para que a colheita seja realizada antes das
cheias”.
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de comunidade, a exemplo de Tambaí-Açu, em Mocajuba13 (PA), de acordo com Miranda e
Rodrigues (2021), constituem práticas do viver que contribuem a resistir em seus espaços de
produção da vida. Sobre os saberes dos mutirões, Miranda e Rodrigues (2021, p. 206) salientam
que “Os quilombolas do Tambaí-Açu, Mocajuba (PA), continuam até os dias atuais produzindo
as suas roças por meio de mutirões, ou seja, fazendo-se no movimento entre as reproduções
ampliadas da vida e do capital”. Também é observado pelos referidos autores que “os mutirões
quilombolas resistem como prática de trabalho que destoa do trabalho fragmentado, assalariado
do capitalismo” (MIRANDA; RODRIGUES, 2021, p. 198), sendo indicadores, segundo os
autores, de uma relação de ajuda mútua e não assalariada.
Para Noda (2007, p. 70), “as relações de ajuda mútua, denominadas regionalmente de
mutirão, ajuri ou puxirum, apresentam-se como sendo o produto das necessidades econômicas
dos/as trabalhadores/as amazônicas”, sendo está uma experiência a promover a socialização da
força de trabalho como também do conhecimento proveniente da experiência do trabalho, já que
nesses mutirões estão presentes possivelmente pessoas de gênero e idades diferentes.
Na Amazônia, além dos quilombolas, outros grupos de povos tradicionais que vivem do
manejo sustentável da natureza, como indígenas, agricultores familiares, ribeirinhos e pescadores
artesanais, formam um mosaico de formas de viver em harmonia com o meio ambiente, sem
predação, diferentemente da produtividade capitalista.
Os pescadores artesanais, por outro lado, no movimento de produzir a vida, materializam
uma relação de unidade com a natureza, pressuposto de um certo cuidado, pois ao produzirem
seus instrumentos de pesca consideram materiais não poluentes, produzidos, segundo Rodrigues
e Castro (2022), com “talas e cipós presentes na mata”. Estas tecnologias são passadas de
geração a geração, nos levando a compreender que “Os saberes da pesca atuam também como
capitais simbólicos que contribuem para o sentimento de uma identidade político-social”,
mediados por experiência que supostamente fortalece a relação homem e homem, homem e
sociedade e não as individualiza.
No caso dos pescadores artesanais no município de Cametá14, no nordeste do Pará, o uso
do matapi (instrumento utilizado para a captura do camarão) e do pari (instrumento utilizado na
13 De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2021), município de
Mocajuba localiza-se no nordeste paraense com uma área de 870 km², possui uma população estimada e 31.917
habitantes, tem seus limites geográficos com os municípios de Baião e Cametá.
14 O município de Cametá está situado no nordeste do estado do Pará, à margem esquerda do rio Tocantins,
constitui-se um dos municípios mais antigos deste estado. Tem uma área territorial de 3.018, 36 km² e uma
população estimada em 140.814 pessoas, limita-se geograficação ao norte com o município de Limoeiro do
Ajuru, ao sul Mocajuba, ao leste Igarapé-Miri e a oeste Oeiras do Pará.
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pesca) também têm, como propósito, selecionar os camarões, por exemplo, que ainda não estão
aptos para o consumo e assim evitar que estes sejam desperdiçados também em função de uma
possível comercialização para a aquisição de outros elementos para outras necessidades.
O metabolismo homem e natureza, ao ser fator primordial para os processos de produção
da vida na Amazônia, uma vez que as dinâmicas das marés e os ciclos da natureza ditam as
imersões do sujeito no cotidiano do trabalho. Para os pescadores artesanais e outros povos de
comunidades tradicionais, o intercâmbio com outros elementos da natureza produz a vida,
plasmados em realidades, construindo outras sociabilidades que permitem a homens e mulheres e
existência e as condições para tanto (RODRIGUES; CASTRO, 2022, p. 187).
Todavia, os trabalhadores e trabalhadoras da Amazônia: ribeirinhos, agricultores
familiares, quilombolas, pescadores e outros, lutam e resistem diante de seus modos de vida
pondo-se as “racionalidades que mercantilizam a existência a partir da presença de grandes
projetos do capital, como a Hidrelétrica de Tucuruí e a paulatina implantação da Hidrovia
Araguaia-Tocantins” (RODRIGUES, 2012 apud RODRIGUES; CASTRO, 2022, p. 187),
situação esta que, “tem lhes exigido resistência, organização e posicionamento político”
(RODRIGUES, 2012 apud RODRIGUES; CASTRO, 2022, p. 187).
Com tais considerações, como demonstrações empíricas, a partir de estudos já realizados
sobre povos e comunidades tradicionais, como Miranda e Rodrigues (2021) e Rodrigues e Castro
(2022), explicitamos as contradições capital e trabalho na Amazônia, os processos de resistência
e luta, os atravessamentos da ordem do capital, mas também o como as experiências desses
sujeitos potencializam evidências para pesquisas que buscam analisar como homens e mulheres
buscam construir, contraditoriamente, outras hegemonias, opostas ao modo de produção
capitalista, como quilombolas, pescadores artesanais.
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Considerações finais
O presente trabalho analisou a categoria experiências vivenciadas pelas relações
socioculturais em territórios de povos e comunidades tradicionais como matriz teórica para se
entender a constituição das lutas e resistências, para com a firmação de seus modos de vida, que
podem estar contrapostos ao do capital, com modos de produzir a existência com sentido de
coletividade e solidariedade, mediante à produção da vida por meio do trabalho familiar, por
exemplo, como condição que possibilita a luta e a resistência, uma vez que a dinâmica e o fruto
do trabalho não ficam concentrados nas mãos de poucos, há uma partilha.
Trata-se de entender, a partir de perspectivas como essas, a experiência como condição
determinante para a constituição da consciência social que se forja nos indivíduos por meio de
suas relações sociais e conhecimentos, partindo de uma realidade constituída por estes mesmos
indivíduos, que expressa uma historicidade de constituição de identidade formada por meio de
lutas e resistência de grupos sociais na conquista por direitos sociais, como também pela
manutenção de valores e culturas ligados a um modo de vida cuja existência é refletida tanto no
plano material como no simbólico a partir de um espaço/lugar.
Neste sentido, consideramos que a experiência também é constituída por heranças
culturais e pelo trabalho, pois este possibilita que mulheres e homens se organizem de modo a
educar-se para uma perspectiva coletiva e solidária da vida, sem pressupor uma acumulação
intensificada do resultado da produção, corroborando assim para a constituição de um território
seletivo que privilegia materialmente uma parcela de indivíduos.
Para povos de comunidades tradicionais, o território não significa somente o espaço do
viver cotidianamente; ele implica uma historicidade na qual valores e culturas são pressupostos
de experiências advindas de relações sociais constituídas a partir de lutas que historicamente
foram e são travadas para fins de garantir a existência, constituir suas resistências e consolidar
seu modo de vida. Isso dá sentido ao viver de uma identidade singular que se materializa no
âmbito comunitário do trabalho e nas relações sociais.
E nesta dimensão do produzir a vida social em consonância com o processo identitário,
mulheres e homens, que vivenciam o lugar/espaço em comunidades tradicionais, sentem-se
pertencentes a seus territórios, pois a vida material produzida perpassa pelo sentir, pelo pensar e
pelo fazer, fruto de uma consciência social que está para uma compreensão de existência num e
espaço e num lugar onde as sociabilidades têm suas próprias formas de organização social.
Os trabalhadores que vivem nas comunidades tradicionais na Amazônia produzem suas
existências de forma oposta ao modo de produção capitalista, no qual a natureza se realiza para a
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produção de mercadoria, com a finalidade de transformar bens para a comercialização em grande
escala, ou seja, para obter significativos lucros, em detrimento das sociabilidades que possam se
materializar na preservação do meio ambiente e o bem-estar de todos.
Teoricamente, entendemos que não pontuamos a experiência como meramente
construções de sensações diante da realidade e a partir dela. Mas construções históricas,
decorrentes das relações entre seres humanos entre si e com outros elementos da natureza, que
potencializam valores, culturas, formas de atuação no mundo, implicando os atravessamentos de
ordens do capital. E também compreensões, entendimentos sobre outras sociabilidades opostas a
essas ordens, para o que as pesquisas precisam considerar os territórios onde as experiências,
pelo trabalho, são produzidas, considerando as relações de totalidade e de contradição que as
relações sociometabólicas, como diz Mészáros (2006), produzem.
Também estamos considerando, com base em Fischer, Cordeiro e Tiriba (2022), que as
experiências de povos e comunidades tradicionais podem evidenciar hegemonias de produzir a
vida que se antagonizam ao modo de produção vigente, sendo importante entender como se dão
os processos formativos, que subjetividades são construídas para muito além dos homens de
negócio que a sociedade atual impõe por meio das sociabilidades do empreendedorismo. Este,
coloca nos sujeitos a responsabilidade pelo sucesso, pela individualização da existência, quando
as razões são de ordem estrutural, dado o modo de produção capitalista que tudo cria, em prol de
seus interesses, principalmente diante, por exemplo, de uma crise estrutural de desemprego.
Experiência, trabalho e modos de vida: Para um debate sobre territórios de povos e comunidades tradicionais e processos de luta e
resistência
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023002, 2023. e-ISSN:2237-258X
DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v13i00.16859 22
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Sobre os autores
Maria Isabel Batista RODRIGUES
Universidade Federal do Pará (UFPA), Cametá PA Brasil. Doutoranda no Programa de
Pós-Graduação em Educação na Amazônia (PGEDA/UFPA). Membra do Grupo de Estudos e
Pesquisas sobre Trabalho e Educação (GEPTE/UFPA). Bolsista FAPESPA/UFPA.
Gilmar Pereira da SILVA
Universidade Federal do Pará (UFPA), Cametá PA Brasil. Coordenador do Grupo de
Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Educação (GEPTE/UFPA). Docente no Programa de
Pós-Graduação em Educação na Amazônia (PGEDA/UFPA) e no Programa de Pós-
Graduação em Educação e Cultura (PPGEDUC/UFPA).
Experiência, trabalho e modos de vida: Para um debate sobre territórios de povos e comunidades tradicionais e processos de luta e
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Agradecimentos à Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e
Pesquisas FAPESPA , Estado do Pará, a partir das mediações da Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação – PROPESP da Universidade Federal do Pará UFPA pela
concessão de bolsa que permite o desenvolvimento da pesquisa, com o título “ Formação
do ser social infantil na contradição capital e trabalho: experiência no território
quilombola Mupi-Torrão, por meio do doutorado realizado no Programa de Pós-
Graduação em Educação na Amazônia PGEDA/UFPA, Associação Plena em Rede, polo
Belém. Agradecimentos também ao prof. Dr. Gilmar Pereira da Silva pelo processo de
orientação no doutorado em desenvolvimento.
Financiamento: Bolsa de pesquisa concedida pela Fundação Amazônia de Amparo a
Estudos e Pesquisas FAPESPA do Estado do Pará, a partir de interlocução com a P-
Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação PROPESP da Universidade Federal do Pará
UFPA.
Conflitos de interesse: Não há.
Aprovação ética: Tratando-se de pesquisa bibliográfica, seguiram-se os procedimentos de
referenciação dos materiais consultados.
Disponibilidade de dados e material: Não há.
Contribuições dos autores: Maria Isabel Batista Rodrigues, refletindo sobre
experiências, e modos de vida em comunidades tradicionais a partir de território de
comunidades quilombolas e suas ações de luta e resistência para a preservação do meio
como da própria vida. Gilmar Pereira da Silva, tecendo reflexão considerando a produção
da vida na Amazônia por meio do trabalho e em oposição as práticas predatórias que
advém do modo de produção capitalista que muito ameaça a vida dos povos presentes
nela.
Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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EXPERIENCE, WORK, AND WAYS OF LIFE: TOWARDS A DEBATE ON
TERRITORIES OF TRADITIONAL PEOPLES AND COMMUNITIES AND
PROCESSES OF STRUGGLE AND RESISTANCE
1
EXPERIÊNCIA, TRABALHO E MODOS DE VIDA: PARA UM DEBATE SOBRE
TERRITÓRIOS DE POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS E PROCESSOS DE
LUTA E RESISTÊNCIA
EXPERIENCIA, TRABAJO Y FORMAS DE VIDA: POR UN DEBATE SOBRE
TERRITORIOS DE PUEBLOS Y COMUNIDADES TRADICIONALES Y PROCESOS
DE LUCHA Y RESISTENCIA
Maria Isabel Batista RODRIGUES
e-mail: r.mariaisabelbatistarodrigues@yahoo.com.br
Gilmar Pereira da SILVA
e-mail: gpsilva@ufpa.br
How to reference this article:
RODRIGUES, M. I. B.; SILVA, G. P. Experience, work, and ways
of life: Towards a debate on territories of traditional peoples and
communities and processes of struggle and resistance. Rev.
Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023002, 2023. e-
ISSN: 2237-258X. DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v13i00.16859
| Submitted: 20/08/2022
| Revision required: 15/10/2022
| Approved: 22/11/2022
| Published: 01/01/2023
Editor:
Profa. Dra. Alessandra Cristina Furtado
Executive Deputy Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
1
The present work is based on bibliographic research, in support of the doctoral research in progress on the
formation of the child social being in the contradiction between capital and labor, with a focus on the experience
of a quilombola territory in the State of Pará, from the Postgraduate Program in Education in the Amazon -
PGEDA - Doutorado em Rede, Federal University of Pará.
Experience, work, and ways of life: Towards a debate on territories of traditional peoples and communities and processes of struggle and
resistance
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023002, 2023. e-ISSN:2237-258X
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ABSTRACT: We problematize the experience category in defining the territories of
traditional peoples and communities, considering their ways of life, struggles, and resistance
necessary for their existence in opposition to the capitalist mode of production. This is an
investigation with a qualitative approach using bibliographical research, giving conditions to
understand critically, interpretatively, and analytically the conditioning factors of the human
relationship, within the contradictions between capital and labor, in ways of life of traditional
peoples and communities. We infer that the experiences lived and shared by subjects in the
context of traditional communities and peoples express forms of struggle and resistance
against sociabilities, which intensify social inequalities and individualize relations. We attest,
therefore, that the experience presupposes ways of life, constituting a peculiar identity and
arising from the territory inhabited, allowing men and women, mediated by social awareness,
to reflect on their reality and seek strategies to change it or maintain it.
KEYWORDS: Territory. Experience. Traditional communities. Work. Ways of life.
RESUMO: Problematizamos a categoria experiência na definição dos territórios de povos e
comunidades tradicionais, considerando seus modos de vida, lutas e resistências necessários
para o processo de suas existências, em oposição ao modo de produção capitalista. Trata-se
de investigação com abordagem qualitativa, por meio de pesquisa bibliográfica, dando
condições para entender de forma crítica, interpretativa e analítica condicionantes da
relação humana, no interior das contradições capital e trabalho, sobre modos de vida de
povos e comunidades tradicionais. Inferimos que as experiências vividas e compartilhadas
por sujeitos no contexto de comunidades e povos tradicionais expressam formas de luta e
resistência contra sociabilidades, as quais intensificam desigualdades sociais e
individualizam relações. Atestamos, por conseguinte, que a experiência pressupõe modos de
vida, constituindo identidade peculiar e decorrente do território habitado, permitindo a
homens e mulheres, mediados pela consciência social, refletirem sobre sua realidade e
buscarem estratégias para modificá-la ou mantê-la.
PALAVRAS-CHAVE: Território. Experiência. Comunidades tradicionais. Trabalho. Modos
de vida.
RESUMEN: Problematizamos la experiencia de categoría en la definición de los territorios
de los pueblos y comunidades tradicionales, considerando sus formas de vida, luchas y
resistencias necesarias para el proceso de sus existencias, en oposición al modo de
producción capitalista. Se trata de una investigación cualitativa, a través de la pesquisa
bibliográfica, dando condiciones para comprender de manera crítica, interpretativa y
analítica condicionando la relación humana, dentro de las contradicciones capital y trabajo,
sobre las formas de vida de los pueblos y comunidades tradicionales. Inferimos que las
experiencias vividas y compartidas por los sujetos en el contexto de las comunidades y
pueblos tradicionales expresan formas de lucha y resistencia contra la sociabilidad, que
intensifican las desigualdades sociales e individualizan las relaciones. Atestiguamos, por
tanto, que la experiencia presupone modos de vida que constituyen una identidad peculiar
resultante del territorio habitado, permitiendo a hombres y mujeres, mediados por la
conciencia social, reflexionar sobre su realidad y buscar estrategias para modificarla o
mantenerla.
PALABRAS CLAVE: Territorio. Experiencia. Comunidades tradicionales. Trabajo. Formas
de vida.
Maria Isabel Batista RODRIGUES and Gilmar Pereira da SILVA
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023002, 2023. e-ISSN:2237-258X
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Introduction
In this paper, we problematize lived experiences arising from economic-socio-cultural
relations in territories of traditional peoples and communities as expressions of the
constitution of struggles and resistance to establishing their ways of life in opposition to the
capitalist production mode, considering their formative processes.
This is bibliographical research that stems from the need to deepen the experience
category, within the historical materialities of peoples and communities in the Amazon, in
favor of doctoral research in progress, about the constitution of the child social being, in a
quilombola community in the state of Pará, in the perspective of analyzing the processes of
this constitution, from the contradictions between capital and labor, considering first and
second order mediations, according to Mészáros (2006).
We seek, thus, to contribute with future analyses about how child subjects are formed
in the face of the experiences of traditional peoples and communities, considering the
possibility that the second-order mediations of capital are impacting the constitution of the
subjectivity
2
of these subjects but also the possibility of resistance to a formative process of
the capital interest, based on first order mediations; in the sense of materializing a way of life
that understands work and its experiences as a condition for humanization, in principles of
sociability, reciprocity, and collectivities - dimensions opposed to the subjectivities of capital.
No less important is the issue that the quilombola community, the locus of study of the
doctoral thesis under construction, maintains a bond with nature, also in a complementary
relationship. As provided by Fischer and Rodrigues (2022), they make their living through
family farming, which consists of planting cassava fields for the production of flour and
extractivist through the practice of collecting açaí, Brazil nut, babaçu and other elements
derived from the constitution of the forest around the community, dealing with experiences
permeated by traditional knowledge as opposed to the production of capital interest.
Theoretically, we discuss the categories territory, experience, work, and ways of life, a
procedure that is based on "[...] data from theoretical categories already worked on by other
researchers and duly registered [...]", making the texts "[...] sources of the themes to be
researched" (SEVERINO, 2007, p. 122, our translation).
2
"Subjectivity is understood as the way of being and the forms of existence" (OLIVEIRA; TRINDADE, 2015, p.
30, our translation) that singularize the subjects before their personal or collective relationship, therefore within a
society and its ways of producing life and its conditioning factors.
Experience, work, and ways of life: Towards a debate on territories of traditional peoples and communities and processes of struggle and
resistance
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Based on Thompson (1981), we take the experience as a condition of the social being,
awakening a social consciousness that allows other relations of existence in opposition to the
materialities of the capitalist production mode. This allows us to understand different forms of
social organization, among which those related to traditional quilombola peoples and
communities and their way of life also constituted in and by the experience in their territory.
About territory
3
, we consider the discussions of Santos (2005) and Anjos (2009),
relating the use of geographical space where power relations are conceived, with the
contradictions arising from the relationship between capital and labor, imprinting the social
production of existence, manifested in political, economic and cultural experiences,
constituting a material and symbolic historicity of the subjects that constitute it.
We also considered the reading of Haesbaert (2004), which enabled us to understand
territory in its multiplicity and diversity, considering how people organize themselves in a
space, assigning peculiar meanings to the place, for example, the peoples of traditional
communities, for whom the territory is realized as a referent for living culture of an intense
relationship with nature and heritage of their ancestors.
Tiriba and Souza (2021), on the other hand, address the implications of territory with
shared experiences. Based on Thompson (1981), considering both productive and social
relations, which implies the understanding of the materialization of a way of life that can be
configured as principles of resistance to the onslaughts of the production mode focused on
accumulation - which we agree, substantiating the north that we are discussing in this work.
As for the category work, our discussions go through the contributions of Frigotto
(2008) and Marx (2008), considering the creative dimension of human work as a constitution
of the social being, responsible for mediations between human beings and other elements of
nature, enabling women and men to constitute cultural, social, symbolic life, as well as, in
general, their formative process through conscious action, which projects and materializes
pari passus their existence.
Regarding the category of ways of life, from territories of traditional peoples and
communities, according to Tiriba and Fischer (2015, p. 409, our translation), for which it
refers to methods of being in the world but different from the capitalist mode of production
3
In this paper, we discuss the category territory as a result of the research we conducted in the Postgraduate
Program in Education in the Amazon - PGEDA - Federal University of Para - UFPA, analyzing the formation of
the child social being within the work processes in the community of Mupi-Torrão, in the municipality of
Cametá, from the dispute between capital and labor, around the constitution of human subjectivity. This is a
community with its territory inhabited by agricultural workers who live from agriculture, representing the main
source of the local economy.
Maria Isabel Batista RODRIGUES and Gilmar Pereira da SILVA
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because it is based on the understanding that the "[...] metabolism between human being and
nature presupposes the regulation of the labor process in tune with nature [.... ]", in which
"[...] the organization, coordination, and control of multiple activities, material and cultural,
[...]" aim at "[...] an increasingly complex system of social reproduction," but not based on
processes of production of more value, of the commodification of life.
Based on Silva and Menezes (2005), we developed qualitative research, considering that
"[...] there is a dynamic relationship between the real world and the subject, that is, an
inseparable link between the objective world and the subjectivity of the subject that cannot be
translated into numbers" (SILVA; MENEZES, 2005, p. 20, our translation), presupposing, on the
other hand, "The interpretation of phenomena and the attribution of meanings [...]" (SILVA;
MENEZES, 2005, p. 20, our translation); to analyze reality, understanding the multiple
determinations that determine it, according to (KOSIK, 1976).
In this perspective, based on theoretical references, we will understand the movements
and dynamics of social relations experienced in a society that presents unique work experience,
values, and culture, considering the materiality of life of traditional peoples and communities,
also assuming the constitution of subjectivities that may diverge from those of the capitalist
production mode, for the sake of maintaining life itself in society.
In structural terms, this article presents the introduction, in which we introduce the
research object and problem and the methodological procedures. Then, in the first section, we
discuss the experience as a historical condition of the social being, about its reality, to break with
principles of domination, to constitute ways of life opposed to the capitalist order.
In the second section, we approach the importance of territory and the identity
relationship constituted by social groups that live in it, building their identities in the course of
experience, a space where subjects experience cultural processes articulated with the happening
of everyday life. We understand territory as a space of existence and coexistence of subjects and
their experiences, which constitute both material and symbolic life, giving a singular meaning to
the way of life of their traditions. In the third section, we deal with the dynamics of living of
traditional peoples and communities in the Amazonian context, based on ways of life that
presuppose the exchange with nature in opposition to the disruption of metabolism by the capital
order. Finally, we offer our final considerations.
Experience, work, and ways of life: Towards a debate on territories of traditional peoples and communities and processes of struggle and
resistance
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Experience and ways of producing life: between the extended reproduction of life and
the extended reproduction of capital
4
The experiences lived and shared in the daily dynamics of traditional peoples and
communities in Brazil impact actions that are beyond the right to exist and resist in their
territories as subjects belonging to a place and space that enable them to live political-social,
cultural, and economic relations, for example, to consolidate their formative and identity
dimensions. They also express forms of struggles against capital sociabilities that, as a result
coming from labor exploitation, result in forms of profit, accentuating social inequalities and
the individualization of relations, imposing research that makes it possible, according to
Fischer and Rodrigues (2022, p. 09, our translation):
[...] to know and understand other forms of relationship with nature, such as
that of traditional peoples and communities that are crossed by the orders of
capital, and also how they fight to maintain and also build other possibilities
of metabolism with nature, in which the maximization of profit is not the
keynote in allowing us "in search of a realm of freedom before the abyss"
(FERNANDES, 2021, p. 14).
In the dimension of the experience of traditional community peoples, however, the
work culture is politically articulated with the social and complementary relationship with the
environment as mediations of the first order, which Mészáros (2006) tells us about. In this
direction, the exchange between human beings and other elements of nature, as well as
between man and society, is essential for the well-being of the working subjects that show in
their territories another logic of production of life, a non-capitalist logic, according to Fischer
and Rodrigues (2022, p. 11, our translation):
[...] we understand that these diverse groups have processes of social
organization, materialized in knowledge with broad dimensions (political,
cultural, economic, social, technical, among others), which embody
processes of self-identification, with "[...] a political-organizational sense
[...] as an alternative to the mode of production and the capitalist way of life"
(CRUZ, 2012, p. 597).
From this perspective, the conditions of class among the subjects are established based
on the understanding that "Society is structured according to how the process of production of
human existence is organized, the process of work" (SAVIANI, 1986, p. 14, our translation)
lived in an educational dimension so that the worker perceives himself as a class. Starting
from the assumption that "Classes are defined according to how much formation effectively
4
We take the categories extended reproduction of life and capital from Tiriba (2018).
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happens" (THOMPSON, 2001, p. 277), from experiences that enhance the perception of
contradictions, but also as belonging to cultures and values, as Thompson highlights (ibdem),
being "class [...] a relation, not a thing" (THOMPSON, 1987, p. 11), so that subjects
[...] do not experience their own experience only as ideas, in the realm of
thought [...]. They also experience their experience as feeling and deal with
that feeling in culture, as norms, family and kinship obligations, and
reciprocities, as values or (through more elaborate forms) in art or religious
convictions (THOMPSON, 1981, p. 189, our translation).
This relationship of complementarity with the environment presupposes a conscious
action of the subjects before their historical-social reality, which leads us to understand the
experience as a human condition that allows men and women to perceive and reflect on their
living conditions. From there, they organize themselves to change or maintain it in the face of
the mediations of capital (MÉSZÁROS, 2006), according to Thompson (1981, p. 182, our
translation):
Men and women also return as subjects, within this term [experience] - not
as autonomous subjects 'free individuals', but as people who experience their
given situations and productive relations as needs and interests as
antagonisms, then 'treat' this experience in their consciousness and their
culture (the two excluded by theoretical practice) in the most complex (yes,
'relatively autonomous') ways, and then (often, but not always, through
resulting class structures) act, in turn, upon their given situation.
From this perspective, we understand that "Experience is a necessary middle term
between social being and social consciousness [...]" (THOMPSON, 1981, p. 112, our
translation), so that the constitution of traditional peoples and communities as working class,
in struggles and resistance to the capitalist production mode, is constituted beyond living in a
territory, presupposing to understand their experiences of work, culture, production, and
income, for example, as expressions of other sociabilities, which may be antagonistic to the
capital's socio-metabolism, that Mészáros (2006) tells us about.
In this sense, we understand that experience is not only related to just knowing how to
do something but also includes forms of behavior, interaction, relationships and coexistence,
and economic-cultural activities, which are constituted through feeling, thinking, and acting
of the subjects in the face of their ways of producing life, elaborating their existences in
contexts of traditional peoples and communities, agreeing with Vendramini and Tiriba (2011,
p. 1, our translation), that "[...] the analysis of experience, generated in material life,
Experience, work, and ways of life: Towards a debate on territories of traditional peoples and communities and processes of struggle and
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contributes to the understanding of the various forms of organization of social life and the
historical meaning of workers' lives.
For subjects of traditional peoples and communities, therefore, the experience of work
as the production of life stems from the exchange with nature that enables their existence in
multiple dimensions, both material and symbolic, so that work manifests itself "[...] as an
element of human formation, i.e., of becoming human as a social being, which requires a
permanent process of creation and reflection on the world" (FISCHER; CORDEIRO;
TIRIBA, 2022, p. 191, our translation), as well as its way of living and existing beyond
feeding and dressing, for example, presupposing the complementary relationship between
human beings and other elements of nature, which Fischer and Rodrigues (2022) talk about.
Thus, we consider that the basis for strengthening economic-social relations in
traditional communities is through experiences lived around caring for the territory, through
its social and not personal use, as assumptions for guaranteeing existence, both materially and
symbolically, enabling subjects to live in solidarity beyond the world of work, in its
commodified form.
In this sense, when it comes to the material plane of life production, traditional peoples
and communities in the Amazon maintain a relationship with nature regarding the common
use of the land for the production of food necessary for family sustenance, respectfully and
with balance. When an area is producing, that is, occupied with the planting of cassava, rice,
beans, for example, or after being used for another purpose, it goes through a resting process
to recover the nutrients and not lose its fertile condition, thus restoring its vegetation and the
conditions of complementarity between men and other elements of nature, according to Silva
(2016).
We understand, thus, from the above, that it is "[...] a metabolism or organic
relationship capable of configuring a certain condition of balance and allowing self-
sustenance" (SOUZA; CHAVEIRO, 2019). This will supply, for a long time, the urgent needs
of the people who inhabit the territory, also maintaining the organic species of the
environment, including men and women.
Considering the symbolic plan, on the other hand, cultural identity is a condition
linked to ancestry, implying the preservation of traditions in the "habitus," according to
Thompson (1981), of experiences and coexistences passed on and shared, "in the first place,
in the family, at work, and the immediate community" (THOMPSON, 1981, p. 194, our
translation), which guarantees the unity of life and belonging, necessary for the struggles,
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organizational processes, and resistance for subjects integrated as traditional peoples and
communities, constituting territory much more than spaces and places, but relationships of
multiple dimensions woven in the relationship between human beings and other elements of
nature, according to Fischer and Rodrigues (2022).
In this sense, the tradition of belonging, complementarity, is constituted in the feeling
of "living and dying in that territory, by going where they [the subjects] were born, and where
their ancestors lived and died" (ROCHA; SANTOS, 2017, p. 08, our translation), producing,
by extension, struggles, and resistance, in favor of the constitution of lived cultural heritages,
which are transmitted to the next generations so that they can also live them and retransmit
them to other generations, according to their unique way of life, playing an important role in
this cycle of learning the experiences built by work, as a producer of cultures, values, identity
determinations, and belonging.
In theoretical terms, we consider, therefore, that the experience as relationships that
build feelings of community, of collective perceptions, that aggregate the subjects around
their territories, constituting themselves as space-time of contradiction, as a unity of
opposites, from which they mobilize actions in favor of the defense of life, where they are
built, through work.
Territory as a space-time
5
of work, identity
6
, unity and resistance
7
For Rocha and Santos (2017, p.11), "[...] the relationship of societies with their
territories brings the very solid aspect of identity impregnation, and this relationship
consolidates the identity of the social group". And in this perspective are the social groups
that self-identify and are recognized as traditional quilombola
8
communities, for which the
territory "is no longer merely the material right to land, but the symbolic and ethnic
relationship existing and established there since their ancestors" (ROCHA; SANTOS, 2017, p.
11, our translation).
5
We take the category space-time to understand the territory from Tiriba and Fischer (2015).
6
According to (FARIAS; SOUZA, 2011), identity is the constitution of the subjects through their personal and
social history; it is a formation process that derives from socialization with others to cultivate a feeling of
belonging to a certain space/place.
7
Based on Netto (2017), the meaning of resistance for traditional peoples and communities consists "in the will
of these communities to persist in their being. They revolt and organize themselves to resist because only
resistance is possible in the face of the movement of the world that dissolves and denies this being" (NETTO,
2017, p. 229, our translation).
8
For Decree 4887/2003 (BRASIL, 2003), article 2, the remaining quilombo communities are considered ethnic-
racial groups, according to self-determination criteria, with their historical trajectory, endowed with specific
territorial relations, with presumed black ancestry related to the resistance to the historical oppression suffered.
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In this sense, it is also evident, in these territories, cultural and economic experiences
that particularize a mode of production of existence in the face of forms of organization of
life, including culture and work, favoring the understanding of class and class formation,
given the need to counter the logic that harms the territories where subjects in the Amazon,
for example, ensure their own lives, as have been constituting the mines on indigenous
9
land.
According to Thompson (1981, p. 112, our translation),
[...] it is experienced (often class experience) that gives color to culture,
values, and thought: it is through experience that the mode of production
exerts a determining pressure on other activities: and it is through practice
that production is maintained.
And in this dimension of experience, as a determinant also of the production of values
and cultures, work is experienced and shared, according to Frigotto (2008, p. 02), as "a praxis
that makes it possible to create and recreate, not only in the economic plan but also in the plan
of art and culture, language and symbols, the human world as responses to its multiple and
historical needs".
Thus, the necessity of the struggles historically waged in the territory of traditional
quilombola communities to maintain themselves in their territories coveted by capital for
commercial agriculture and cattle-raising leads us to an understanding. Above all, as a field of
resistance through lived and shared experiences, contrary to the sociability relations produced
by capital that corroborate the promotion of individualized, unequal, and widely competitive
experiences. In this regard, Tiriba and Sousa (2021, p. 181, our translation) observe that:
[...] the mediations of capital exert strong pressure on the daily lives of
communities, straining the social relations that men and women established
in the territory. As a counterpoint, the affirmation and defense of the way of
life-based on cultures of associated work can be understood as elements of
resistance of traditional peoples and communities.
As for you, these elements of resistance go through specific experiences that produce
knowledge and give meaning to a cultural tradition referenced by people, subjects who
historically express feelings that lead them to act in defense of their values and customs based
9
According to Manzolli (2022, online): "Gold exploration in Brazil has expanded its frontiers into the interior of
the Amazon, invading indigenous lands and conservation units. And according to Garcia (2023, online), in a
February article: The health and humanitarian crisis affecting the Yanomami Indigenous Land is far from over.
The invading miners have resisted the actions of the current government that is acting to demarcating the
reserve. The criminal occupation has been premeditated and stimulated, not only in the Yanomami Land but in
other indigenous areas as well. More than 90% of the focus of irregular mining is in the Legal Amazon, putting
at risk the lives of the contracted and isolated native peoples, who are fragile to contact with the so-called "white
men".
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on a conscience constituted from their process of involvement and commitment to the events
in their territories.
In this sense, we understand that experience is an intrinsic dimension of men and
women as social beings, which enables them to reflect and act upon personal and collective
reality, besides presenting itself as a "[...] mental and emotional response, either from an
individual or a social group, to many interrelated events or many repetitions of the same type
of event" (THOMPSON, 1981, p. 15, our translation). Therefore, it is in the dimension of men
as social beings that the social conscience shows mediation for an experience that promotes
new attitudes and knowledge about the way of living in a certain society and improves their
means of fighting against the intense subjectivities of the capital.
From this perspective, the category experience is directly related to the category
territory, from which derives its materiality, which, according to Thompsom (1988), comes
from the work present therein, with cultural, economic, and class subjectivities-objectivities.
Thus, the experiences in the territories of work and daily life of traditional peoples and
communities allow us to understand, from their experiences, who the subjects are, how they
live, how they produce, how they relate to each other, and how the formative processes take
place in the face of doing and being in the territory, whether quilombola, riverine,
extractivist
10
, among others, because the activities in this territory are derived from the
experience materialized in reality and from the cultural heritage of their ancestors, but also
others built in the here-and-now of historically constructed experiences.
Daily experiences, political tensions, and disputes are elements present in different
realities that allow us, as researchers, to understand other subjectivities, such as those of
resistance and struggle for different dimensions of territories, both material and symbolic.
In this perspective, we consider that the consolidation of the existence of women and men
in the territories of traditional peoples and communities is part of a movement of struggle,
implying a range of interests concerning the benefit of a collective or not; and all this happens
from a place, according to its dynamism to manifest, produce its conditions for the establishment
of the way of life, thus understanding the formation of their territories. In other words,
understanding the experiences of struggles and resistance of traditional peoples and
10
Cruz (2012, p. 596, our translation) points out that the category of traditional peoples and communities
includes: "[... ] the Indigenous Peoples; Quilombolas; agro-extractivist populations (rubber tappers, Brazil nut
growers, Babaçu coconut breakers); groups linked to the rivers or the sea (River communities; Artisanal
fishermen; Caiçaras; Varjeiros; Jangadeiros; Shellfish gatherer); Groups associated with specific ecosystems
(Pantaneiros; Caatingueiro; Vazanteiros; Geraizeiros; Chapadeiros) Groups associated with agriculture or cattle-
raising (Faxinais; Sertanejos; Caipiras; Sitiantes-Campeiros; Fundo de Pasto; Vaqueiros)
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communities, from a methodological point of view, presupposes ethnographies of the territories,
but observing the contradictions, the crossings of the capital's orders, but also the subversions,
the values and cultures that constitute class relations.
From this perspective, we understand the category territory from Santos (2005, p. 253,
our translation), for whom "[...] the use of territory is given by the dynamics of places [...]",
which implies considering that it is "[...] the space of existence and coexistence [...]", resulting in
forms of relationships through a "solidary happening" (SANTOS, 2011 apud ANJOS, 2011, p.
55, our translation), woven daily.
Given this, we understand that every place, as territory, is constituted from life stories
loaded with peculiar characteristics that constitute singular identities, but also collective, in the
existence of people who lived and lived, organized and organized themselves in a given time and
space. Therefore, "The territory is the ground plus the population; this is an identity, the fact and
the feeling of belonging to what belongs to us [...]" (SANTOS, 2003 apud ANJOS, 2011, p. 55,
our translation). And still, for Anjos (2009, p. 108, our translation):
The territory is essential because it defines the human group that occupies it,
where they are located, and why they are in that space (historicity). The land -
the terreiro (meeting places) - is not only a physical dimension but, above all, a
common space, ancestral that everyone has records of the history, the personal
and collective experience of its people, in short, an instance of concrete work
and experiences of the past and the present.
How individuals direct, therefore, both their social and personal lives enable conditions
for a being beyond the guarantee of food and clothing, but can also understand the expansion of
consciousness in the face of what we understand as a citizen formation, in which the welfare of a
whole passes through the way each one acts, each one and vice versa, in collective, starting from
the understanding that "Consciousness is defined by men when living their history"
(THOMPSON, 1984, p. 34, our translation), with experiences, although in appearance
individual, but collective in relationships mediated by work, which constitute us as social beings
(MARX, 2008),
For Santos (2003 apud ANJOS, 2011, p. 55, our translation), "When we talk about the
territory, we must, therefore, understand that we are talking about territory used, used by a
population" that reflects, works, studies, expresses its ideological position, and participates in
occasional or constant religious and cultural manifestations. It is in this sense that, according to
Santos (2003 apud ANJOS, 2011, p. 55, our translation), "Territory is the basis of work,
residence, material and spiritual exchanges, and life, over which it influences".
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Regarding the formation of territory, it is worth pointing out a political construction in
which, through different social and productive practices, the subjects also consolidate their
existences and develop strategies for coexistence through dispute since different social groups
with other interests can face daily in the same place. Thus, "as living space-time, the territory is
always multiple, diverse, and complex" (HAESBAERT, 2004, p. 19, our translation).
And, for presenting itself this way, "territory is relational, linked to movement and
connections and encompasses the biological/natural, political (of power relations), cultural-
symbolic and economic dimensions" (BRAGA, 2010, p. 29, our translation). The territory is
socially constructed by individual and collective manifestations of women, men, and children
born or arrived in a place that did not always harmoniously and peacefully weave their
coexistence. Thus, the meaning that territory represents for each individual or group is permeated
by various interests manifested in a condition of power. And, according to the behavior
experienced in the place of production of life, it can constitute the territory in a solidary or
vegetarian dimension.
In a condition of solidarity, it is understandable that the well-being of a majority is also
the stage for concern and action by a collective, and thus, decisions are agreed upon that can
meet life in its various needs. In the condition of selectivity, the use of territory is made by the
domination of capital agents imposing unequal relations and individualized concerns, almost
always based on means of accumulation for certain beneficiaries and, thus, emphasizes another
territoriality, it is understood that "[...] territoriality is not always an expression of freedom and
resistance, but also of domination, spoliation, and oppression" (VASCONCELOS;
ALBARADO, 2020, p. 16, our translation).
Therefore, it is possible to arise "social relations (of power) that will require the
domination of continuous and delimited spaces that 'legislate' on behalf of all the members of
these spaces∕territories" (HAESBAERT, 2004, p. 31, emphasis added, our translation). In this
regard, Raffestin (1993, p. 158, our translation) understands that.
Territoriality acquires a very particular value because it reflects the
multidimensionality of the territorial "lived" by the members of a
collectivity, by societies in general. Men "live", at the same time, the
territorial process and the territorial product through a system of existential
and productive relations.
Considering the context of existential relations, the economic and cultural conditioning
factors are closely related to the way of life of the subjects since the way they organize the space
where they live, the importance and meaning given to the place, the way they use the land/nature,
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for example, reflect a dynamic of life and work of peoples who seek to resist the determinations of
capital, struggling to constitute their identities more and more. With this perspective, we find the
traditional Quilombola peoples and communities, for example, for whom territory has a symbolic
dimension, and this is endowed with a feeling that enables them to constitute particular forms of
coexistence based on principles of solidarity, according to Miranda and Rodrigues (2021).
Such principles tend to be perceptible in the process of labor productivity as a way of
dealing with production, for example, in the cultivation of the land, when exchanging days of
work not for coins/cash but for retribution/performance of an activity previously carried out or still
to happen in a neighboring property, whose agreements are defined in the combined and not in the
law of profit, thus manifesting principles of mutual help and not of the market, according to
Thompson (1981).
And in this dimension of interactions, the basic references are people and their form of
organization, and not how much they produce for a stipulated price. In this way, the work culture
is perceived and experienced in the relationship established among individuals, conferring a
particular form of living in a territory that many times need to fight to maintain its culture and
economy, which may be in defense of its existence as subjects of a way of thinking that seeks to
oppose the way of life imposed by capital. Thus, according to Haesbearte (2004, p. 28, emphasis
added, our translation)
[...] most traditional societies combined the material construction
("functional") of the territory as shelter and base of "resources" with a deep
identification that filled the space with symbolic references fundamental to
the maintenance of their culture.
Therefore, we agree with Haesbearte (2004) when considering territory from the
perspective of integration, pointing out that it is not a solely natural space, nor can it be
understood separately from economic, political, or cultural aspects. Instead, it is a constitution of
life that is presented beyond the intensive production mode of commodities because both land
and territory "are not only a source of work and food; they are also culture, community, history,
ancestry, dreams, future, life, and mother nature" (TIRIBA; SOUZA, 2021, p. 175, our
translation).
In this sense, the way women and men produce life also constitutes the territory because
in it are immersed material and symbolic elements resulting from their experience from their
way of life, understood as
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[...] a set of daily social, economic, and cultural practices shared by a given
social group in material and symbolic production. As an expression of culture, it
concerns customs, traditions, values, beliefs, and knowledge that guide the rules
of coexistence in family life, at work, and in the community (TIRIBA; SOUZA,
2021, p. 182, our translation).
For many workers, particularly those who depend on agriculture for a living, territory is
also the way to "produce, consume, and distribute the fruits of labor, given the ways of feeling
and thinking about life and the world" (TIRIBA; SOUZA, 2021, p. 182, our translation). Thus,
the relationship with the territory is implicit in shared experiences, effective practices, and social
relations. The subjects form their territories and are also formed by them from work experiences,
thus presupposing a dialectical relationship, as stated by Picanço (2019, p. 27, our translation):
[...] the territory is before anything, social relationship, it is conflict,
resulting from an action conducted by a geographical subject who is subject
and the subject of forms of social relations territorialized in different ways
with differentiated interests and visions.
It is in the territory that all human actions take place, including the intentionalities to
exist. Given this, the struggles of people in certain communities present themselves as an
important element in understanding the forms of relationship present in a certain place, therefore,
the reason for this place. In territories of quilombola communities, for example, we know,
according to Miranda and Rodrigues (2021), that the political struggle was once manifested as a
condition of escape, of resistance to forms of oppression and violence; currently, the purpose of
the struggles in quilombola territories may be for the defense of the maintenance of values,
culture, own identities, without ceasing to constitute forms of resistance. According to Anjos
(2009, p. 53, our translation),
The quilombola community, therefore, originates in the black peasantry,
people of African origin who managed to occupy a land and obtain political
and economic autonomy. To the contemporary quilombo is associated with a
broader interpretation, but one that perpetuates the resistance of the ethnic
territory capable of organizing and reproducing in the geographical space of
adverse conditions its particular way of living over time.
We understand, therefore, considering doctoral research in progress on the constitution of
being a child in a quilombola community in the State of Pará, that to live in a quilombola
territory is to seek first to understand that everyone needs to guarantee access to social goods,
and in this dimension, according to Anjos (2009, p. 108, our translation)
[...] the land is not thought or practiced as individual property, but as an
instance of common-collective use, which is the main element of the
Experience, work, and ways of life: Towards a debate on territories of traditional peoples and communities and processes of struggle and
resistance
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consolidation of ethnic territory, of the maintenance of cultural identity and
social cohesion.
The intense relationship with the land, having as its principle an instance of common-
collective use, has instituted knowledge and know-how that guarantee the existence of a group
whose social value is above economic conditions. The way of caring for the land, as a principle
of sustenance for all, refers to a singularity, to the way of life of people who recognize
themselves as quilombola communities, among other manifestations of traditional peoples and
communities, such as indigenous people, artisanal fishermen, river dwellers, family farmers, and
others. Through these social practices, the territory is differentiated by how people live there,
understanding resistance as an act of autonomy that reveals its principles of freedom in relation
to a socioeconomic accumulation model.
Empirical experiences of traditional peoples and communities in the Amazon: brief notes
on quilombolas and artisanal fishermen
As for the quilombolas, given our ongoing doctoral research, we understand that they are
working, resisting, and fighting against the destruction of nature, therefore, of themselves if we
understand that the "human being is a constitutive part of nature and work is central to the
metabolism established in the relationship between human beings and nature" (FISCHER;
RODRIGUES, 2022, p. 4, our translation).
And about these subjects, men and women of work, of cultures, of struggles and
resistance, the New Brazilian Social Cartography
11
highlights that there are more than "1,000
quilombola communities in the Legal Amazon, distributed as follows: about 750 in Maranhão,
more than 400 in Pará, almost 100 in Tocantins, and dozens in Amapá, Amazonas, and
Rondônia. This group of the population inhabits and persists, in their domains, in the sustainable
administration of the land, the rivers, and the forests, assuring in this way the preservation not
only of the environment but also of their acts that go against the techniques of the capitalist
production model that leaves traces of destruction, pollution, and death.
These social groups have their customs based on traditional knowledge, making them
capable of establishing complementary relationships with other elements of nature. Thus, the
gathering of natural products, hunting, and fishing provide food and income, activities that are
practiced for the acquisition of what is necessary to ensure life, and not for commercialization in
the sense of obtaining large-scale profit for the well-being of a privileged few. Nature, the land,
11
THE PEOPLES OF THE FOREST. Society, Population and Nature Institute, [2019?]. Available:
https://ispn.org.br/biomas/amazonia/povos-e-comunidades-tradicionais-da-amazonia/. Access: 27 Feb. 2023.
Maria Isabel Batista RODRIGUES and Gilmar Pereira da SILVA
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is not taken as a source of control for the exercise of power over others but, above all, to
guarantee life, be it human, animal, or vegetal, according to Miranda and Rodrigues (2021).
No less important is the common use of land and means of production, the collective
action, and their knowledge, for example, the knowledge of collective effort
12
practiced by
community quilombolas, such as Tambaí-Açu, in Mocajuba
13
(PA), according to Miranda and
Rodrigues (2021), constitute practices of living that contribute to resisting in their spaces of
production of life. About the knowledge of mutirões, Miranda and Rodrigues (2021, p. 206, our
translation) point out that "The quilombolas of Tambaí-u, Mocajuba (PA), continue to this
day producing their crops through collective effort, that is, in the movement between the
expanded reproduction of life and capital. It is also observed by the referred authors that
"Mutirões Quilombolas resist as a work practice that is different from the fragmented, salaried
work of capitalism" (MIRANDA; RODRIGUES, 2021, p. 198, our translation), being indicators,
according to the authors, of mutual aid and non-salaried relationship.
For Noda (2007, p. 70, our translation), "the mutual help relations, regionally called
Collective Effort, ajuri or puxirum, are presented as the product of the economic needs of
Amazonian workers", being an experience that promotes the socialization of labor force as well
as the knowledge from the work experience, since in these Mutirões people of different genders
and ages are possibly present.
In the Amazon, besides the quilombolas, other groups of traditional peoples who live
from the sustainable management of nature, such as indigenous people, family farmers, river
dwellers, and artisanal fishermen, form a mosaic of ways of living in harmony with the
environment, without predation, unlike capitalist productivity.
The artisanal fishermen, on the other hand, in the movement of producing life,
materialize a relationship of unity with nature, a presupposition of certain care, because when
creating their fishing tools, they consider non-polluting materials produced, according to
12
Miranda and Rodrigues (2021, p. 198, our translation) define the mutirão carried out in the quilombola
community of Tambaí-Açu, Mocajuba (PA), as "a working knowledge characterized as collective, collaborative,
associative and festive". According to Miranda and Rodrigues (2021, p. 198, our translation), this is its
fundamental objective "to reduce the labor force". And yet, according to the authors, this practice is ritualized
amidst "sounds of African ancestry materialized in the samba de cacete and banguê" (MIRANDA;
RODRIGUES, 2021).
About the use of mutirão, Mourão, Uchôa e Borges (2020, p. 179, our translation) inform that this is "carried out
by all workers and occurs to organize and establish labor relations, for example, the process of cultivation of
cassava; it is a dynamic movement in which all communities help each other in an attempt to fully enjoy the
period conducive to planting so that the harvest is done before the floods.
13
According to information from the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE, 2021), the
municipality of Mocajuba is located in northeastern Pará with an area of 870 km², has an estimated population of
31,917 inhabitants, and has its geographical boundaries with the municipalities of Baião and Cametá.
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Rodrigues and Castro (2022), with "splints and lianas present in the forest. These technologies
are passed from generation to generation, leading us to understand that "Fishing knowledge also
acts as symbolic capitals that contribute to the feeling of a political-social identity", mediated by
experience that supposedly strengthens the relationship between man and man, man and society,
and does not individualize them.
In the case of artisanal fishermen in the municipality of Cametá
14
, in northeastern Pará,
the use of the matapi (an instrument used for capturing shrimp) and the pari (a fishing
instrument) also have the purpose of selecting shrimp, for example, that are not yet fit for
consumption and thus prevent them from being wasted also due to possible commercialization
for the acquisition of other elements for other needs.
The man-nature metabolism is a primordial factor for the production processes of life in
the Amazon, once the dynamics of the tides and the cycles of nature dictate the subject's
immersion in the daily work. For artisanal fishermen and other people from traditional
communities, the exchange with other elements of nature produces life, shaped into realities,
building other sociabilities that allow men and women and existence and their conditions
(RODRIGUES; CASTRO, 2022, p. 187).
However, the workers of the Amazon: riverine peoples, family farmers, quilombolas,
fishermen, and others, struggle and resist in the face of their ways of life against the "rationalities
that commodify existence from the presence of large capital projects, such as the Tucuruí
hydroelectric plant and the gradual implementation of the Araguaia-Tocantins waterway"
(RODRIGUES, 2012 apud RODRIGUES; CASTRO, 2022, p. 187, our translation). This
situation "has required resistance, organization, and political positioning" (RODRIGUES, 2012
apud RODRIGUES; CASTRO, 2022, p. 187, our translation).
With these considerations, as empirical demonstrations, from studies already conducted
on traditional peoples and communities, such as Miranda and Rodrigues (2021) and Rodrigues
and Castro (2022), we explicitly the contradictions between capital and labor in the Amazon, the
processes of resistance and struggle, the crossings of the capitalist order, but also how the
experiences of these subjects potentialize evidence for researches that seek to analyze how men
and women seek to build, contradictorily, other hegemonies, opposite to the capitalist mode of
production, such as quilombolas, artisanal fishermen.
14
The municipality of Cametá is located in the northeast of Pará, on the left bank of the Tocantins River, and is
one of the oldest municipalities of this state. It has a territorial area of 3,018, 36 km² and an estimated population
of 140,814 people; it is geographically limited to the north with the municipality of Limoeiro do Ajuru, south
with Mocajuba, east with Igarapé-Miri and west with Oeiras do Pará.
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Final consideration
The present work analyzed the category of experiences lived through socio-cultural
relations in the territories of traditional peoples and communities as a theoretical matrix for
understanding the constitution of struggles and resistance for the establishment of their ways of
life, which may be in opposition to that of capital, with ways of producing existence with a sense
of collectivity and solidarity, through the production of life using family work, for example, as a
condition that makes the struggle and resistance possible, since the dynamics and the fruit of the
work are not concentrated in the hands of a few; there is a sharing.
It is about understanding, from perspectives like these, the experience as a determining
condition for the constitution of social consciousness that is forged in individuals through their
social relations and knowledge, starting from a reality constituted by these same individuals,
which expresses the historicity of identity constitution formed through struggles and resistance
of social groups in the conquest for social rights, as well as by the maintenance of values and
cultures linked to a way of life whose existence is reflected both in the material and in the
symbolic from a space/place.
In this sense, we consider cultural heritages, and my work also constitutes that
experience since this enables women and men to organize themselves in such a way as to
educate themselves for a collective and solidary perspective of life without presupposing an
intensified accumulation of the result of production, thus corroborating the constitution of a
selective territory that materially privileges a portion of individuals.
For people from traditional communities, the territory does not mean only the space
where they live daily; it implies a historicity in which values and cultures are presupposed by
experiences arising from social relations constituted from struggles that have historically been
and are waged to guarantee their existence, constitute their resistance, and consolidate their way
of life. This gives meaning to the living of a singular identity that materializes in the work
community and social relations.
And in this dimension of producing social life in consonance with the identity process,
women and men who experience the place/space in traditional communities feel they belong to
their territories because the material life produced goes through the feeling, the thinking, and the
doing, fruit of a social conscience that is for an understanding of existence in a space and a place
where sociabilities have their forms of social organization.
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The workers who live in the traditional communities in the Amazon produce their
existences in a way opposite to the capitalist mode of production, in which nature is realized for
the production of merchandise, to transform goods for large-scale commercialization, that is, to
obtain significant profits, to the detriment of the sociabilities that can materialize in the
preservation of the environment and the well-being of all.
Theoretically, we understand that we do not punctuate experience as mere constructions
of sensations in the face of reality and from it. But historical constructions, arising from the
relations between human beings among themselves and with other elements of nature, enhance
values, cultures, and ways of acting in the world, implying the crossings of capital orders. And
also understandings about other sociabilities opposed to these orders, for which research needs to
consider the territories where experiences, through work, are produced, considering the relations
of totality and contradiction that socio-metabolic relations, as Mészáros (2006) says, produce.
We are also considering, based on Fischer, Cordeiro, and Tiriba (2022), that the
experiences of traditional peoples and communities can show hegemonies of producing life that
is antagonistic to the prevailing mode of production, and it is important to understand how the
formative processes take place, which subjectivities are built far beyond the business people that
current society imposes through the sociabilities of entrepreneurship. The latter places on the
subjects the responsibility for success, for the individualization of existence, when the reasons
are of structural order, given the capitalist mode of production that creates everything in favor of
its interests, especially when facing, for example, a structural unemployment crisis.
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About the authors
Maria Isabel Batista RODRIGUES
Federal University of Pará (UFPA), Cametá PA Brasil. Doctoral degree in the Graduate
Program in Education in the Amazon (PGEDA/UFPA). Member of the Group of Studies and
Research on Work and Education (GEPTE/UFPA). Scholarship FAPESPA/UFPA.
Gilmar Pereira da SILVA
Federal University of Pará (UFPA), Cametá PA Brasil. Coordinator of the Study and
Research Group on Work and Education (GEPTE/UFPA). Professor in the Postgraduate
Program in Education in the Amazon (PGEDA/UFPA) and in the Postgraduate Program in
Education and Culture (PPGEDUC/UFPA).
Maria Isabel Batista RODRIGUES and Gilmar Pereira da SILVA
Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 13, n. 00, e023002, 2023. e-ISSN:2237-258X
DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v13i00.16859 25
CRediT Author Statement
Acknowledgments: Thanks to the Amazon Foundation of Support for Studies and
Research - FAPESPA -, State of Pará, from the mediations of the Prorectorate Research
and Graduate Studies - PROPESP - of the Federal University of Para - UFPA - for
granting a scholarship that allows the development of the research, with the title
"Formation of the child social being in the contradiction between capital and labor:
experience in the quilombola territory Mupi-Torrão, through the doctorate conducted in
the Postgraduate Program in Education in the Amazon - PGEDA/UFPA, Full Network
Association, Belem pole. Thanks also to Prof. Dr. Gilmar Pereira da Silva for his guidance
during the doctoral process in development.
Financing: Research scholarship granted by Amazon Foundation for the Support of
Studies and Research - FAPESPA - of the State of Pará, from interlocution with
Prorectorate Research and Graduate Studies - PROPESP - of the Federal University of
Para - UFPA.
Conflicts of interest: None.
Ethical approval: Since this was bibliographical research, the referencing procedures of
the materials consulted were followed.
Availability of data and material: None.
Authors' contributions: Maria Isabel Batista Rodrigues reflects on experiences and ways
of life in traditional communities from the territory of quilombola communities and their
struggle and resistance actions to preserve the environment and life itself. Gilmar Pereira
da Silva reflects considering the production of life in the Amazon through work and in
opposition to predatory practices that come from the capitalist mode of production that
greatly threatens the lives of the people present there.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.