image/svg+xmlRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 1| 1O UNIVERSO DAS MULHERES NA REVISTA A VIDA MODERNA (SÃO PAULO - 1907-1926): UMA ANÁLISE DA TEMÁTICA FEMINISTA EL UNIVERSO DE LAS MUJERES EN LA REVISTA A VIDA MODERNA (SÃO PAULO – 1907-1926): UN ANÁLISIS DE LA TEMÁTICA FEMINISTATHE UNIVERSE OF WOMEN IN THE MAGAZINE A VIDA MODERNA (SÃO PAULO - 1907-1926): AN ANALYSIS OF THE FEMINIST THEMES Gabriel Monteiro de SOUZA Universidade Federal de Uberlândia e-mail: gabrieldesouza1987@gmail.com Raquel Discini CAMPOS Universidade Federal de Uberlândia e-mail: raqueldiscini@uol.com.br Como referenciar este artigo CAMPOS, R. D.; SOUZA, G. M. de. O universo das mulheres na revista A Vida Moderna(São Paulo - 1907-1926): Uma análise da temática feminista.Revista Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X. DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377Submetido em: 19/06/2020 Revisões requeridas em: 07/01/2021 Aprovado em: 10/02/2021Publicado em: 01/03/2021
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA e Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 2| 2RESUMO:Este estudo investiga as potencialidades da imprensa não declaradamente pedagógica ou escolar para o campo da História da Educação, em especial para as pesquisas que recaem sobre a temática da educação feminina, educação aqui entendida em sentido lato, como uma instância da cultura que orienta os valores e as visões de mundo. Tomamos como fonte de pesquisa a revista A Vida Moderna, importante periódico paulista que circulou durante as três primeiras décadas do século XX na capital e no interior do Estado, e analisamos textos e imagens voltados para a leitura feminina a partir dos referenciais teóricos da História Cultural e dos fundamentos da teoria da linguagem de Mikhail Bakhtin. A ênfase no exame se dá nas representações acerca do feminismo de então. PALAVRAS-CHAVE:Imprensa. História da Educação. Educação feminina. RESUMEN:Este estudio investiga las potencialidades de la prensa no declaradamente pedagógica o escolar para el campo de la Historia de la Educación, en especial para las investigaciones que recaen sobre la temática de la educación femenina, educación aquí entendida en sentido amplio, como una instancia de la cultura que orienta los valores y las visiones de mundo. Tomamos como fuente de investigación la revista A Vida Moderna, un importante periódico paulista que circuló durante las tres primeras décadas del siglo XX en la capital y en el interior del Estado, y analizamos textos e imágenes direccionados a la lectura femenina a partir de los referentes teóricos de la Historia Cultural y de los fundamentos de la teoría del lenguaje de Mikhail Bakhtin. El énfasis en el examen se da en las representaciones sobre el feminismo del momento. PALABRAS CLAVE:Prensa. Historia de la Educación. Educación femenina.ABSTRACT:This study investigates the potentiality of the not declaredly pedagogical or academic press for the field of History of Education, particularly for researches focused on the themes of female education – education herein understood in the broad sense, as an instance of culture that guides values and world views. The magazine A Vida Moderna, an important periodical in the state of São Paulo which was published during the first three decades of the 20thcentury in the state capital and countryside, was taken as a research source, and texts and images aimed at female reading were analyzed based on theoretical references of Cultural History and the foundations of Mikhail Bakhtin’s language theory. In the analysis, the emphasis is placed on the representations of feminism at that time. KEYWORDS: Press. History of Education. Female education.
image/svg+xmlO universo das mulheres na revista A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): Uma análise da temática feminista Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 3| 3Imprensa e educação A ideia de que a imprensa não pedagógica exerce também uma função educativa na sociedade vem sendo confirmada por inúmeros pesquisadores da História da Educação no Brasil (ARAÚJO, 2002; CAMPOS, 2009, 2012, 2015; FARIA FILHO, 2002; GONÇALVES NETO, 2002). Os trabalhos de Robert Darnton1e Roger Chartier2sobre a história do livro e das práticas de leitura e as categorias de análise formuladas a partir desses objetos de pesquisa são evidenciadores do papel pedagógico dos impressos – mesmo aqueles não estritamente pedagógicos, no sentido mais comum do termo –, e da imprensa, podendo-se considerar ingênua alguma noção que os tome por veículos informativos transparentes, neutros, desinteressados das questões políticas, econômicas e culturais da sociedade. Esses autores têm mostrado, inclusive, que a influência dos textos sobre as pessoas independe mesmo de sua leitura, bastando uma relação, uma interação com eles por outros meios, que podem incluir a exposição oral, um debate, uma representação cênica ou até mesmo um ouvir falar. A partir dessa compreensão, ampliamos a noção do conceito de educação e dos objetos da História da Educação. Estes não ficam restritos à escola e a tudo que gira em seu entorno, como os agentes envolvidos – professores, alunos, funcionários em geral –, estrutura física, materiais didáticos, impressos pedagógicos, legislação educacional etc. O conceito de educação que adotamos é amplo, diferencia-se de instrução ou escolarização. Nós a tomamos, aqui, como uma instância da cultura que orienta os valores e as visões de mundo. E, dessa forma, assumimos a compreensão de que a imprensa bem como outros meios de expressão atreladas ou não a ela – publicidade, fotografia, ilustrações, literatura, cinema – configuram-se como espaços educativos por meio dos quais as pessoas constroem, de modo dialógico, suas concepções de mundo, suas referências de atuação na realidade, seus valores. Instrumentais teóricos Para orientar nossas análises, optamos pelos conceitos desenvolvidos no âmbito da História Cultural, em particular por Roger Chartier, e da teoria da linguagem bakhtiniana, os quais conseguem, a nosso ver, de forma consistente, problematizar nosso objeto de estudo. 1 Cf. Darnton (1990, 2014).2 Cf. Chartier (2001, 2003).
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA e Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 4| 4A História Cultural tem como principal objetivo identificar os modos de construção cultural de uma dada realidade social e as maneiras pelas quais ela é representada e apreendida socialmente (CHARTIER, 2002)3. Para alcançar tal objetivo, Chartier desenvolve três importantes conceitos: representação, apropriação e práticas. O conceito de representação diz respeito à maneira como variados grupos sociais, por meio de classificações e delimitações, configuram suas visões de mundo, constroem significados para suas práticas e ações, os quais engendrarão um embate, uma vez que as representações sociais nunca são neutras, mas expressões de valores e de poder dos divergentes grupos que compõem uma sociedade. Essa representação de si e do outro aparece nas práticas culturais, práticas discursivas que são compreendidas tanto como tradução dos interesses dos diversos atores sociais quanto como descrição da sociedade segundo significados atribuídos por esses mesmos agentes. A apropriação refere-se às várias modalidades de interpretação de práticas culturais (textos, imagens, rituais etc.) as quais as pessoas estão sujeitas de acordo com variados modos de estar no mundo: classes, grupos, estamentos. Nesse sentido, a relação texto-leitor não é, de modo algum, transparente, como se o texto contivesse um significado em si mesmo, estivesse deslocado social e historicamente do leitor, tábula rasa do conhecimento. Pelo contrário, articulam-se nesta relação as ideias de que o texto é um produto social e historicamente construído, assim como o leitor, que se configura a partir das representações do mundo social em que atua. Neste trabalho, portanto, o conceito de apropriação busca compreender as possibilidades de leitura de práticas culturais típicas do início do século XX, em São Paulo, a saber, textos e imagens publicados em periódicos, especificamente, no formato revista. Por fim, o conceito de prática diz respeito à articulação de variadas esferas da vida em sociedade – política, social, econômica, discursiva – que produz, historicamente, as estruturas sociais e suas representações. A representação, por sua vez, engendra novas ou confirma práticas sociais instituídas, que serão apropriadas e novamente representadas pelos diversos grupos. As práticas configuram identidades, hierarquias, ordenamentos etc. Dessa maneira, a tríade conceitual formulada por Roger Chartier – representação, apropriação e prática – auxilia este estudo na compreensão de que as práticas culturais dos 3 A História Cultural proposta por Roger Chartier assenta-se em três conceitos fundamentais: representação, prática e apropriação. Abarca a compreensão da sociedade não apenas do ponto de vista das relações sociais hierarquizadas nos campos econômico e político, mas, também, no campo simbólico, próprio da cultura. Por isso, por meio da análise das práticas discursivas de uma sociedade, podemos, de forma mais abrangente, compreender os significados construídos e dados a ver pelos diversos grupos que a integram sobre si e sobre os outros; podemos vislumbrar os mecanismos e estratégias de dominação.
image/svg+xmlO universo das mulheres na revista A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): Uma análise da temática feminista Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 5| 5sujeitos – aqui, especificamente, os textos da revista, as imagens nela presentes, as práticas de leitura de revistas no recorte espaço-temporal selecionado – são reveladoras e, simultaneamente, formadoras de valores, visões de mundo e identidades sociais. Bem como revelam os embates em torno de interesses variados dos grupos sociais. Isto é, as práticas são expressões da cultura e ao mesmo tempo conformadoras da cultura. Nosso propósito é contribuir com o campo da História da Educação por meio dessa abordagem dos impressos como instâncias educativas, conformadoras de cosmovisões, de valores que orientam as práticas dos sujeitos no cotidiano da história; espaços nos quais múltiplas e variadas vozes enunciativas se entrecruzam, disputando o jogo da hegemonia discursiva. Da filosofia da linguagem bakhtiniana, utilizamos o conceito de dialogismo. Segundo Bakhtin (2011, p. 261), “todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem”. Daí decorre um dos pressupostos fundamentais de sua filosofia da linguagem, qual seja, o de que o modo de funcionamento real e concreto da linguagem se dá por meio do enunciado. O enunciado possui algumas características constitutivas próprias. Todo enunciado é autoral e tem um destinatário; constitui-se como a réplica de um diálogo, por isso encerra um acabamento que permite uma resposta; é dialógico; é axiológico (BAKHTIN, 2011; FIORIN, 2006). Decorrente do primeiro, tem-se o segundo pressuposto. Isto quer dizer: se o meio pelo qual os homens interagem com a realidade é o enunciado/discurso, e se o discurso é constitutivamente dialógico, logo, as próprias relações sociais são dialógicas, são construídas dialogicamente. A dialogicidade do discurso existe como fenômeno da cultura porque nenhum indivíduo interage sozinho, de modo direto com a realidade. Os discursos dos indivíduos – mas não só deles, também os discursos que se apresentam como coletivos como a ciência, o estado, as empresas e outras instituições - são atravessados pelos discursos alheios, sejam seus contemporâneos ou seus antepassados. Por vezes, inclusive, as duas instâncias temporais se mesclam na construção discursiva dos sujeitos. É nesse sentido, portanto, que o discurso se apresenta sempre como uma réplica a outros discursos. A esse caráter da linguagem e das relações sociais designa-se o conceito de dialogismo. Dessa forma, podemos melhor compreender as relações estabelecidas entre os sujeitos dessa prática social que constitui a redação, publicação e consumo – diga-se prática de leitura – de textos e imagens em revistas no início do século XX, no Brasil. Através dessa lente podemos entrever sujeitos não completamente controlados, submetidos e seduzidos pelos
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA e Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 6| 6discursos. Pelo contrário, sujeitos que também negociam, desejam, rejeitam, exigem, que não se deixam enlear tão facilmente. Falamos de sujeitos que respondem aos discursos dos quais são alvos no âmbito da ciência, da religião. do mercado ou quaisquer outros. Arevista A Vida Moderna tem reconhecida sua importância no meio impresso ilustrado da Primeira República como confirmam os trabalhos de Martins (2001), Cruz (2013), Moraes (2007), Souza (2019) e o trabalho de Affonso A. de Freitas, A imprensa periódica de São Paulo: dos seus primórdios em 1823 até 1914, publicado em 1915, que constitui importante fonte para o estudo do periodismo paulista. Nosso acesso às fontes deu-se por meio da consulta aos exemplares digitalizados e hospedados nos sítios da Biblioteca Nacional Digital e do Arquivo Público do Estado de São Paulo. A escolha dos números para análise (133, 137, 350, 418, 427, 432, 436, 437, 441 e 475) foi orientada pelo que denominamos “universo das mulheres na revista”, ou seja, o conjunto dos assuntos que tinham as mulheres como tema, filtrado pelo enfoque na temática feminista. Dessa forma, pudemos analisar e compreender as representações acerca do feminismo de então no periódico. A Vida Moderna4foi uma revista do segmento “variedades”, editada em São Paulo entre os anos 1907 e 1929. Antes voltada para a temática esportiva e para um público eminentemente masculino, a revista quinzenal Sportman, por deliberação de seus diretores, veio a denominar-se, a partir de seu número 25, A Vida Moderna. O periódico passa, gradativamente, por uma reformulação gráfica, temática e publicitária, buscando alcançar novos horizontes comerciais, implementando estratégias de distribuição e conseguindo com isso maior número de leitores e de anunciantes. As “revistas de variedades”, também chamadas de “revistas ilustradas”, caracterizavam-se pela abordagem de temas diversificados, considerados “leves”: vida social dos salões, saraus, passeios públicos, as diversões ao ar livre, os clubes, cinema, espetáculos teatrais e de dança, literatura, moda e crítica de costumes e a grande quantidade de anúncios publicitários de 4 Fundada como Sportmanem 1906 por Luiz Couto e propriedade e direção de Artur Reis Teixeira, torna-se A Vida Modernaem 1907. Adquirida por Amâncio dos Santos em 1910 ou 1911, possuiu vários diretores de redação: Amadeu Amaral, Gelásio Pimenta – que fundaria, em 1914, A Cigarra, principal concorrente d’A Vida Moderna –, Garcia Redondo, coproprietário da revista até sua morte em 1916. Armando Mondego assume sua direção e assim permanece até o último número a que tivemos acesso, 518, de 08/12/1926. Para maior informação sobre a revista, cf. Moraes (2007) e Souza (2019).
image/svg+xmlO universo das mulheres na revista A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): Uma análise da temática feminista Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 7| 7produtos e serviços de empresas brasileiras e estrangeiras. Outra característica distintiva das revistas desse segmento era o uso abundante da reprodução fotográfica. A fotografia era a grande novidade do periodismo de início de século, o fetiche de editores e leitores. Foi utilizada para dar visibilidade a eventos públicos, cívicos, sociais, encontros políticos, competições esportivas etc. O registro de paradas militares, das visitas diplomáticas, da chegada, à cidade de São Paulo, de alguma personalidade do mundo político ou artístico constituía sempre uma oportunidade de demonstrar, por meio de imagens, o estágio de desenvolvimento da cidade, do estado e da própria revista. (MARTINS, 2001; COEHN, 2015; CRUZ, 2015). A Vida Modernaera propriedade da Empresa d’A Vida Moderna, cujo escritório localizava-se, na primeira década do século XX, na Praça Antônio Prado, local também escolhido para situar os escritórios das revistas São Paulo Magazine, Luae do influente jornal O Estado de S. Paulo, fato que pode ser indicativo do poder econômico da empresa publicadora da revista (MARTINS, 2001). Martins (2001) apresenta uma lista das tipografias de São Paulo e dos periódicos aos quais prestavam serviços gráficos. A Vida Modernanão está presente, o que pode ser mais um indício de que a própria Empresa d’A Vida Modernaimprimia os exemplares da revista. De acordo com Cruz (2013), o periódico foi considerado um importante empreendimento na imprensa paulista, chegando a ser a revista de maior tiragem durante boa parte dos anos 1920. Segundo Martins (2001, p. 342), “uma das revistas mais importantes do período”. Seu público-alvo compunha-se, principalmente, de famílias da elite5e das classes médias6paulistanas7, que se identificavam com os valores defendidos pela revista – uma ética do trabalho e individualismo capitalistas nascentes e, ao mesmo tempo, a identidade paulista – valores com significados trazidos e ressignificados pelo grande crescimento econômico do estado de São Paulo naqueles anos, bem como sua posição de prestígio no cenário político nacional8. À semelhança de outras revistas paulistanas como São Paulo Magazine, O Pirralhoe A Cigarra, A Vida Modernaapresentava tratamento gráfico de vanguarda: capa multicolorida, uso frequente e abundante de imagens, principalmente as fotográficas, inovação e deslumbre da época (MARTINS, 2001). Contemporâneo à revista, sobre ela declarou Freitas (1915, p. 5 Por classe alta, entendemos, em São Paulo, a parcela da população composta pelas famílias tradicionais ligadas à grande propriedade rural, ao comércio e à industrialização incipiente. Cf. Costa, E. (1987). 6 Por classes médias, entendemos uma parcela da população urbana composta por profissionais liberais, pequenos empresários, funcionários públicos com nível superior, pequenos comerciantes, empregados de escritório. Cf. Saes (1984) e Costa, E. (1987).7 Sobre mulheres da classe trabalhadora, cf. Chalhoub (2012); Soihet (2004); Moura (1982) e Pena (1981).8 Sobre a construção da identidade paulista, cf. Ferreira (2002).
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA e Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 8| 8704): “finamente redigida e profusamente illustrada a photogravura é hoje uma das mais bem feitas e populares revistas de S. Paulo”. Um exemplar d’A Vida Modernamedia 19cm de largura x 28cm de altura e apresentava-se, em média, com 30 páginas em papel cuchê, não numeradas. Edições especiais podiam chegar a 100 páginas. A diagramação interna podia trazer, em um mesmo número, textos dispostos em duas, três ou quatro colunas. Com capas coloridas, conteúdo interno em até três cores fartamente ilustrado e uso abundante de fotografias, a revista teve publicação quinzenal de 1907 a 1912. Mais tarde, de 1912 a 1914 passou a sair semanalmente e assim o fez até 1915, quando voltou a ser uma revista quinzenal, mantendo essa periodicidade até seu último ano de existência, 1929910. O número de seções foi impermanente. Elas podiam aparecer e desaparecer de um número para outro sem aviso prévio. Os temas mais frequentes eram esportes, vida social e festas cívicas, crítica de costumes e vida cultural. Assuntos políticos eram tratados, às vezes, nos textos de abertura, crônicas ou matérias especiais sobre personagens da política estadual. Uma breve caracterização das seções mais frequentes pode ser feita da seguinte maneira: “Filigranas” é uma coluna que discute arte e costumes na cidade de São Paulo. Apresenta comentários críticos a respeito do comportamento de homens e mulheres no espaço público em geral, festas, teatros, concertos etc.; “Elegancias”, assinada por “Mme. X”11- não se conhece sua real identidade –, discute aspectos da moda, aprova e reprova modos de vestir-se e comportar-se, discute aspectos do mundo artístico referente aquilo que considera alta cultura, referenciada nos ideais clássicos; “Azulejos” é uma coluna literária e possui colunistas variados, trazendo textos originais e às vezes traduções; “Do salão á cosinha” é uma coluna que tem como objetivo fornecer, além de receitas culinárias, conselhos práticos para as donas de casa: remover das roupas manchas de gordura, produzir artesanalmente perfumes, preparados contra a queda de cabelo; “Cine-revista” é a coluna dedicada a notícias do mundo do cinema. Concede especial destaque às grandes estrelas do cinema americano, trazendo informações sobre filmes, vida pessoal e profissional dos atores e atrizes; “Sports”é uma coluna dedicada a comentários sobre partidas de futebol, canoagem, hipismo, corrida de cavalos, aviação, dentre outros; “O momento literário” não é assinada e apresenta poemas e seus autores; “Sobre literatura”é uma coluna em que se discute e apresenta o autor e sua obra. 9 Na edição em que se anuncia a mudança na periodicidade não há informação dos motivos para tal.10 Sobre o encerramento das atividades da revista, cf. Souza (2019).11 Sobre o uso de pseudônimos por mulheres na imprensa, cf. Pessoa (2005).
image/svg+xmlO universo das mulheres na revista A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): Uma análise da temática feminista Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 9| 9O universo das mulheres n’A Vida Moderna Neste tópico, discutiremos as representações acerca do feminismo na revista e analisaremos um caso em que texto e imagem, no conjunto diagramático da página, produzem um efeito paradoxal, revelando a porosidade dos sentidos de um texto, evidenciando o caráter dialógico de todo enunciado. Dessa forma, pretendemos elucidar nossa hipótese de que a imprensa periódica não pedagógica, em específico e de modo exemplar a revista A Vida Moderna, operava como espaço educativo para os valores e para a visão de mundo, ou seja, um instrumento formador e reforçador de representações acerca do feminismo entre as mulheres da elite e das classes médias urbanas paulistas naquele contexto. O debate a respeito dos papéis sociais das mulheres nos espaços público e privado era candente no início do século XX. Assim, temas como trabalho e voto femininos mantinham espaços de discussão pública na imprensa periódica, uma vez que transformações econômicas, sociais e políticas vinham, desde o final do século XIX, pressionando a sociedade brasileira e produzindo efeitos sensíveis no tecido da organização social, dentre eles, a saída das mulheres da elite e das classes médias do espaço privado do lar, o único que ocupavam até aquele momento histórico. Cada vez mais, principalmente nas grandes cidades, as mulheres da elite das classes médias estudavam e trabalham fora de casa, construíam carreira profissional, deambulavam pelo centro da cidade de São Paulo (BESSE, 1999). Os assuntos considerados, à época, tipicamente femininos, uma vez que não havia seções específicas para tratar do universo das mulheres, perpassavam toda A Vida Moderna: moda, beleza, comportamento, vida conjugal e familiar, receitas culinárias, cuidados com a casa, filhos. “Filigranas”, coluna de perfil conservador em matéria de comportamento, exaltava os modos e costumes do passado, em detrimento do presente, avaliado como tempo de degenerescência. O feminino era objeto constante de vigilância e prescrição de especialistas da área médica e jurídica, de religiosos e dos meios de comunicação. Os discursos normativos endereçados às mulheres ganham força em razão daquelas transformações socioeconômicas e políticas às quais nos referimos, uma vez que os contemporâneos receavam uma desestruturação social motivada pela ausência da mulher no lar e pela competição com o homem no mercado de trabalho e na vida pública (BESSE, 1999; CAULFIELD, 2000; COSTA, J.; 1983; CUNHA, 2006; FREIRE, 2008) N’A Vida Moderna, portanto, uma coluna que tratasse de comportamento não podia furtar-se a prescrevê-los para o público feminino. Em nossa pesquisa, identificamos as colunas “Elegancias”, “Filigranas” e “Do salão à cozinha” como os espaços privilegiados de enunciação de discursos normativos para as mulheres.
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA e Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 10| 10O tema feminismo estava presente nas discussões públicas do início do século XX, no Brasil, apesar de o termo traduzir significados distintos de acordo com o portador do discurso. Ao mesmo tempo em que carregava um sentido de modernidade, progresso, direitos políticos das mulheres e, até mesmo de modismo, o termo feminismo, de acordo com Besse (1999, p. 214), foi banalizado pela imprensa em seu significado de “transformação fundamental da consciência”. Nas primeiras décadas do século XX, era difícil definir o feminismo e estabelecer suas claras delimitações. Sob a alcunha de feminista estavam pessoas que defendiam bandeiras se não completamente opostas, pelo menos nitidamente diferentes. Analisando crônicas sociais e cartas de leitores, publicadas em 1920 e 1921, no jornal O Estado de São Paulo, Sevcenko (1992) percebe que um dos significados correntes de feminismo estava associado à adoção de novos comportamentos como o encurtamento das saias e usos de cabelos curtos e cigarro. Feminista podia ser quem defendesse o voto e a participação política feminina, assim como maior participação no mercado de trabalho; podia ser quem pregasse que o verdadeiro feminismo era aquele que preservava os papéis naturais da mulher, sua essência feminina, e que a protegia das modernidades desmoralizantes. Podiam ser também aquelas jovens que se preocupavam em andar conforme a moda ou sempre bem enfeitadas. As anarquistas, que propugnavam a emancipação feminina e rejeitavam a denominação por considerá-la uma concessão ao sistema político-econômico burguês, ao qual combatiam, eram também chamadas feministas pela imprensa (BESSE, 1999; CAMPOS, 2009). Verifica-se tal variação conceitual também n’A Vida Moderna. As palavras feminismo e feminista são utilizadas com mais de um sentido, como aos que nos referimos acima. Não se pode, pois, afirmar que a revista possuísse uma posição acerca do feminismo sem que o próprio termo seja definido. Nosso procedimento metodológico foi considerar como temática feminista aqueles significados que envolvem as mulheres em questões acerca de direitos políticos, ocupação do espaço público no mercado de trabalho e na vida intelectual e comportamento. Assim definido o feminismo do periódico, pode-se compreender que nele houvesse espaço para as discussões contemporâneas acerca do papel das mulheres na nova era de modernidade e progresso que o século XX inaugurara. Ainda assim, não se tratava de uma posição editorial, mas individual de cada colunista ou colaborador. As palavras que se escrevem sobre Marise, pseudônimo da escritora gaúcha Maria Luiza Duclos, nos permitem compreender os avanços e os limites no processo de autonomia das mulheres das classes médias e alta no contexto analisado. O artigo sobre Marise destaca um trecho elogioso a seu respeito, de um texto publicado em uma revista de Porto Alegre chamada
image/svg+xmlO universo das mulheres na revista A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): Uma análise da temática feminista Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 11| 11Iris, intituladoMulher e sua missão moral e intelectual”, em que o autor declara: Sempre dei o maior apreço á intervenção da Mulher no preparo moral de um povo. Ella mais do que homem póde levar ao intimo da educação desde o lar ás reuniões sociaes, o seu poderoso influxo de aperfeiçoamento. A cooperação de minha distincta patricia, tem nas letras um alto relevo no nosso meio collectivo. A importância da presença da mulher no espaço público, nesse caso, o mundo das letras, não é menosprezada. É atribuída a ela uma tarefa específica e própria, que o homem não poderia realizar com a mesma eficácia: a educação moral. De fato, o magistério primário foi uma das principais ocupações das mulheres das classes médias e “em 1920, 75% dos professores primários da cidade de São Paulo e 81% dos da cidade do Rio de Janeiro eram mulheres” (BESSE, 1999, p. 163). A presença feminina no mercado de trabalho, na vida política e intelectual, entretanto, não deveria apartar as mulheres do que era considerada sua natural missão. Ou seja, mesmo no espaço público, a mulher deveria zelar pela sua essência e suas novas ocupações não deveriam apagar sua feminilidade nem seus papéis sociais12. Em 1912, edição número 137, num artigo intitulado “Bom humor”, apresenta-se o fato de que um jornal do Rio de Janeiro, “tirou a alta reportagem política a um dos seus redactores, para a confiar a uma mulher”. O tom é ameno, como sugere o título, e a jornalista Virginia Quaresma é elogiada pela perspicácia com que conduziu a entrevista com um general. Duas frases, no entanto, a que abre e a que encerra o artigo, são reveladoras de um contexto em que, gradativamente, as mulheres ocupavam funções antes apenas devidas aos homens: “O feminismo avança […] Salve-se quem puder!”. Em uma pequena nota, na edição 133, de 05 de setembro de 1912, leem-se comentários sobre dois casos internacionais em que mulheres aparecem exercendo profissão e ocupando espaços que tradicionalmente não eram os seus. A chamada para os comentários é curiosa: sua diagramação sugere uma bandeira com os dizeres “O feminismo triumpha”. A nota nos informa que, nos Estados Unidos, elas estavam sendo iniciadas na construção civil; no Uruguai, uma mulher conquista, mediante concurso, a cadeira de Direito Romano na Universidade de Montevidéu e sofre, por isso, resistência dos estudantes, que ameaçam renunciar às aulas. Logo a seguir, há um texto opinativo sobre o caso uruguaio, lamentando a atitude dos estudantes de Montevidéu em relação à nomeação da professora “doutora Matilde Luisa”, declarando-a 12 Por papéis sociais entendemos as maneiras específicas de se relacionar socialmente, uma vez que os papéis sociais determinam as expectativas sociais dos comportamentos dos indivíduos. Todo papel social está ligado a uma posição de status. Por statusentendemos posições sociais relacionadas a graus de prestígio, privilégio, poder e responsabilidades. Sobre esse assunto, cf. Goffman (2014).
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA e Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 12| 12irracional, contrária ao progresso dos tempos de então, “de conquistas e de luzes”. O(a) autor(a), ainda, destaca os méritos intelectuais da professora, considerando-a “uma dama de alto valor intelectual” e, ao recorrer ao seu histórico, nos informa que ela foi “a primeira mulher a prestar serviços ao seu paiz, na diplomacia, occupando com brilho, um cargo consultivo na embaixada do uruguay em Paris”. O discurso d’A Vida Modernasobre o feminismo não era homogêneo, mas permeado por nuances. O texto sobre o caso da professora uruguaia inicia apresentando uma verdade aparentemente inexorável e imemorial: “A primeira obrigação de uma mulher é ser bella”. Durante a leitura, percebe-se que se trata de uma crítica à postura preconceituosa dos estudantes uruguaios e não de conselhos de beleza. A ironia no uso da frase feita como abertura do texto serve para construir o sentido da crítica, mas não deixa de revelar um dos pressupostos sociais que conformavam o ser mulher naquele contexto. Por outro lado, o que pode demonstrar os contrastes no interior da redação da revista acerca do tema, em 1919, na edição número 350, o colunista Bruno Ferraz coloca-se completamente contrário à instituição do Dia da Mulher e considera o feminismo “uma subversão completa, inteira e cabal da sociedade”, uma revolução “temerosa e horrivel” porque pretende conferir autonomia às mulheres. Os diferentes modos de tratamento do tema feminismo pela revista nos coloca, também, diante da complexidade de uma época em que os valores tradicionais se modificavam. A ideia de que o feminismo, ao desenvolver-se como um movimento organizado no Brasil, representaria uma subversão da sociedade não deixa de fazer sentido. Uma sociedade organizada com base em relações sociais patriarcais via-se, desde o final do século XIX, às voltas com transformações econômicas, políticas e sociais, das quais as demandas feministas eram apenas parte de um processo de modernização. É, pois, compreensível o alarme feito pelo colunista, se considerarmos que, três anos depois da sua condenação à ideia de criação do Dia da Mulher, A Vida Modernapublicaria, na edição 441, um artigo elogioso em que se relacionava o feminismo à luta das mulheres pela conquista de “direitos e deveres iguaes aos do homem”. De igual modo, em 1924, edição 475, uma nota anuncia como “uma alta conquista do feminismo” o fato de que se aprovara, na “Camara dos Comuns”, como direito das mulheres, na Inglaterra, o pedido de divórcio segundo os mesmos critérios já permitidos para os homens. Em 1921, na coluna “Elegancias”, Mme. X, em texto intitulado “Feminismo”, elogia a
image/svg+xmlO universo das mulheres na revista A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): Uma análise da temática feminista Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 13| 13atuação de Bertha Lutz13 em favor do sufrágio feminino, enaltecendo sua causa e declarando-lhe apoio. Leitor gentil, o feminismo é um facto. Se bem que pareça aos olhos das nossas camaradas uma utopia, não é senão uma realidade. Até aqui no nosso amado Brasil, já vem elle triumphando. Basta prestar attenção a este espirito energico e valoroso de Bertha Lutz, para vermos que ha em verdade uma força que sabe levar de vencida e a golpes de energia, para a victoria, os direitos políticos da mulher brasileira. Achamos que ella faz bem em convencer aos espiritos claros e preparados a lhe seguirem na sua nobre missão. Os srs. Homens (nem todos) em maioria apresentam dificuldades em facultar o direito político a mulher, allegando elles a falta de preparo [...]. Não se pode mesmo comprehender qual a difficuldade em legislar a respeito. [...]. Percebemos, nesse trecho, que por feminismo entendia-se certo espírito feminino, valoroso e enérgico, aplicado para construir o progresso da civilização brasileira. É interessante notar a metáfora da guerra/luta para referir-se ao trabalho de Lutz na Federação Brasileira para o Progresso Feminino. Esse tratamento é pouco usual, pois, às mulheres, estavam vinculadas imagens ligadas ao mundo privado, ao cuidado, à beleza e graça etc. (BUITONI, 2009). Entretanto, termos como enérgico, energia, valoroso, força, golpes e vitória apresentam uma leitura renovada das atitudes e comportamentos das mulheres naquele princípio de século. Mas haveria limitações, certamente. Quando escrevemos a história sob orientação das lentes do contemporâneo, impedimo-nos de enxergar os horizontes possíveis de determinado tempo histórico. Na edição 427, em mais um texto intitulado “Feminismo”, Mme. X confere destaque a um escritor espanhol, considerado o “advogado das mulheres” em seu país. Em contrapartida, lamenta que o Brasil mantenha posição retardatária em relação à presença feminina na vida pública. Critica os preconceitos sociais que buscam “esmagal-a com este falso elogio de que é ella o Anjo do Lar”. E apresenta, ainda, uma crítica aos intelectuais brasileiros que não atentavam seriamente para a questão feminina: Acham elles que o papel da mulher é só o de se enfeitar, e ser coquette para lhes ser agradável [...] nem siquer podem ellas ter o direito que conquistaram a peso de honra e distincção: O direito de voto![...] Só a mulher é que não se póde manifestar. Tem que ficar de lado, quietinha […] não é modaa Mulher votar [...] Póde ser que com o correr da civilisação, venha a ser uma realidade o feminismo aqui na terra das palmeiras...A nossa gente não vê o que se fez e se está fazendo para a emancipação da mulher na America do Norte e na velha 13 Bertha Lutz (1894-1976) nasceu em São Paulo, formou-se em biologia e foi a segunda mulher a entrar para o serviço público no Brasil. Engajou-se em campanhas em favor do reconhecimento dos direitos políticos das mulheres, foi uma das fundadoras da Federação Brasileira Para o Progresso Feminino em 1922.
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA e Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 14| 14Europa? Não vê?...Eu acho que aqui em verdade o que ha é um certo temorzinho [...] 14. Mme. X parece compreender o feminismo como um movimento para a conquista da emancipação feminina, tomada como a efetivação dos direitos políticos das mulheres e da educação para seu crescimento intelectual, como sugere outras partes do texto. Reconhece, em tom sarcástico, que a relutância em relação à maior participação feminina na esfera pública talvez fosse evidência do medo masculino. Medo da competição e da perda de poder. Nos trechos finais, a argumentação da colunista assume uma conotação que aproxima o significado de emancipação da mulher ao de sua integração à esfera pública no papel de auxiliar do homem. […] Deixae a vaidade tola do dinheiro, e sêde vaidosas pelo que se possa ser mais justificadamente, pela força e preparo, pelo trabalho, auxiliando o homem a vencer na labuta, nobremente bella, de elevar a sua patria, para que ella fulgure no ceu do Cruzeiro como um astro de primeira grandeza. O papel das mulheres no esforço de agigantamento da civilização brasileira seria o de auxiliar o homem, aquele que, de fato, estava imbuído de espírito público e governante, de capacidade de liderança e trabalho necessários ao progresso do país. A elas, pois, de acordo com o texto, estava reservado um papel subalterno, ainda que lisonjeado como essencial. Sua função no espaço público constituir-se-ia de mera extensão de suas funções no âmbito privado, determinadas por sua apregoada natureza feminina. Vejamos o debate travado na coluna “Filigranas” acerca do feminismo e do voto feminino. No ano de 1922, uma estudante da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Diva Nazário15, decide solicitar seu alistamento eleitoral para participar das eleições vindouras16. Diante da negativa do juiz, ela impetra recurso. Após a negativa final de sua solicitação, ela empreende uma campanha pela imprensa a favor do voto feminino, tornando seu caso público. Em 1923, publica o livro Voto Feminino e Feminismo: um anno de feminismo entre nós17, no qual compila seus artigos, réplicas e tréplicas acerca do tema, além de apresentar a discussão do voto feminino por ocasião da Constituinte e o modo como a imprensa brasileira tratava o assunto. Ela escreve à redação da revista após ter seu pedido de alistamento eleitoral 14 Grifos do original.15 Regina Cecilia Maria Diva Nolf Nazário (1897-1966) foi uma sufragista e feminista brasileira. Graduou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e exerceu o secretariado geral da Aliança Paulista pelo Sufrágio Feminino.16 A tentativa de alistamento eleitoral baseava-se em uma imprecisão do art. 70 da Constituição de 1891, o qual não deixava expressa a proibição ao voto feminino. Cf. Voto (2000, p. 427-436).17 Cf. Nazário (1923).
image/svg+xmlO universo das mulheres na revista A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): Uma análise da temática feminista Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 15| 15negado, solicitando apoio a sua causa. Recebe outra negativa, desta vez, do colunista Lellis Vieira, que a expõe na coluna, usando de “galhofa”, de acordo com a própria Nazário. Ela envia nova carta, da qual não conhecemos o teor, pois não é publicada pela revista. Na edição 433, sai uma nota direcionada a Diva Nazário, uma menção à carta não publicada. Ela queria continuar aquele debate. A revista, então, publica, na edição 437, a tréplica de Nazário e, ainda, a opinião de um leitor, Moacyr Diniz, que se quer na discussão, demonstrando como o tema dos direitos políticos das mulheres despertava paixões. Em seu texto, a autora rebate os argumentos de Vieira, argumentos que, ela mesma escreve, deixam de tratar seriamente o assunto para assumir um “tom burlesco”. Ele afirma, por exemplo, que os homens seriam prejudicados em sua atenção ante a presença de mulheres nas urnas eleitorais; que as mulheres, sedutoras por natureza, tornaria a disputa por votos algo desleal; que os filhos ficariam sem os cuidados necessários, se suas mães se ocupassem da política. Abaixo da tréplica, é publicado o texto do leitor Moacyr Diniz, intitulado “Pelo nosso sexo...”, que sai em defesa da autoridade patriarcal, da ideia de uma essência masculina e outra, feminina. Critica, inclusive, a entrada de mulheres na universidade, defendendo que o espaço público seja, hegemonicamente, ocupado pelos homens. O feminismo, escreve ele, faz com que a mulher se afaste da feminilidade, tornando-a uma “revoltada”. No livro de Nazário, de 1923, ela apresenta apenas o texto de Vieira e o seu. Não tece comentário algum acerca da opinião do senhor Diniz. Nossa última análise recairá sobre uma inusitada formação verbo-visual, uma conjunção aparentemente despropositada de texto e imagem, que produz um efeito de sentido paradoxal, se a considerarmos a partir do ponto de vista do horizonte de possibilidades de que dispunham as mulheres do início do século XX em São Paulo. Ou seja, a aparente contradição entre o que era o comportamento desejável e o comportamento que se verificava. O documento que iremos analisar a seguir não menciona a palavra feminismo, não aborda diretamente a temática da emancipação feminina nem algo parecido. No entanto, o efeito produzido pela combinação dos textos e da imagem é a possibilidade de uma leitura a contrapelo dos discursos normativos acerca dos papéis sociais da mulher. A formação verbo-visual referida encontra-se na coluna “Do salão á cosinha”, assinada por Mme. X, e tinha como mote, conforme descrito acima, conselhos práticos para o dia a dia doméstico. É importante destacar, como já mencionado em nota, que não se sabe a verdadeira identidade de Mme. X, nem mesmo se se tratava de um escritor ou escritora. Tal informação não é banal se considerarmos que o tom do discurso, em colunas voltadas para mulheres, era utilizado, com frequência, de modo a suscitar um efeito de intimidade, amizade e
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA e Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 16| 16aconselhamento. Portanto, um tom discursivo que sugere uma relação horizontal entre os interlocutores, abordagem muito comum, e, na verdade, constante no tratamento textual das revistas femininas (BUITONI, 2009). No dia 10 de agosto de 1922, edição número 436, a coluna apresentou uma diagramação inusitada. Trazia uma fotografia da aviadora Anésia Pinheiro Machado, considerada uma das pioneiras da aviação feminina no Brasil18. O instigante é notar, além da foto e da legenda – que por si próprias destoam da representação feminina usual, do espaço privado, do sentimentalismo, da meiguice dentre outros estereótipos –, o espaço no qual foi colocada a imagem, inadvertidamente, talvez. De forma inadvertida ou não, não deixa de ser curiosa a ironia de se ter em meio a receitas de bolos, pudins e conselhos para “limpar facas” e “conservar o brilho dos tapetes de oleado”, a fotografia de uma mulher que escolheu não seguir, aparentemente, a senda mais comum a suas congêneres. “Do salão á cosinha” era uma seção que costumava estampar, ao centro da página, fotografias sem relação alguma com o tema da coluna. Isso era frequente por toda a revista. Em outras edições, por exemplo, é comum imagens de crianças, festas, encontros políticos. Na edição 436, a fotografia publicada era a de uma mulher aviadora, vestida como tal e em pose à frente de uma aeronave. A prática esportiva, no início do século XX, com a educação física, constituíam “medidas de higiene destinadas a combater o ócio e os hábitos mundanos da juventude” e, assim como os comportamentos sociais, seguiam regras de aplicação orientadas pela divisão sexual da sociedade (SCHPUN, 1999, p. 34). Assim, conforme um discurso essencialista, que evocava uma natureza masculina e outra, feminina, havia esportes mais ou menos recomendados para homens e mulheres. Citando artigo de Fernando de Azevedo (1999) no jornal Sports, relaciona às mulheres práticas como ginástica, dança clássica, caminhadas ou corridas e natação. Já aos homens, as práticas recomendadas passavam pelo atletismo e os esportes de competição em geral. É, pois, expressivo que seja dado destaque para uma jovem que seguia uma trajetória bastante incomum em seu tempo, dedicando-se à aviação. É ainda mais incomum que esse destaque seja conferido em uma coluna feminina de conselhos práticos domésticos. De volta à coluna “Do salão á cosinha”, percebemos a ironia no encontro ocasional entre o nome da seção e a fotografia selecionada para essa edição. O nome da seção delimita os 18 Anésia Pinheiro Machado foi a segunda brasileira a obter o brevê, documento que autoriza o portador a pilotar aviões. Foi também representante membro da Liga Paulista para o Progresso Feminino, que integrava a Federação Brasileira para o Progresso Feminino. Para saber mais acerca da trajetória de Anésia Pinheiro Machado, cf. Centro Histórico Embraer (2020).
image/svg+xmlO universo das mulheres na revista A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): Uma análise da temática feminista Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 17| 17lugares apropriados para as mulheres, sugere os espaços afeitos a sua suposta e apregoada natureza, como bem queria a alguns colunistas e leitores d’A Vida Moderna. O salão de festas, os bailes sociais e beneficentes eram o espaço público próprio para elas. Ali, podiam exercer e demonstrar seus dons supostamente naturais: graça, simpatia, doçura, beleza, recato, bondade, humildade. Do público – o salão – para o privado – a cozinha – a mulher encontra-se em sua casa, onde é “Anjo do lar”, guardiã e senhora. Como disse Lellis Vieira, no debate com Diva Nazário referido acima, é mais belo e admirável uma mulher à “beira do berço”, junto a seu filho, do que “ao lado de uma urna eleitoral”. A casa, sua organização, manutenção, ordem e gerência era de responsabilidade da mulher. A educação dos filhos, a imagem pública do marido e seu sucesso profissional, tudo isso passava pelas mãos das mulheres da elite e das classes médias, como uma responsabilidade própria de seu papel social, vinculado a sua natureza de cuidado, graça e organização (BESSE, 1999; COSTA, J.; 1983; CUNHA, 2006; FREIRE, 2008). Progressivamente, o discurso normativo alcançava, também, as mulheres pobres, num esforço de torná-las alvo de políticas higienistas e eugenistas, advindas do processo de medicalização e outras formas de normalização da vida cotidiana (MARQUES, 1994; RAGO, 2014; ROCHA, 2003; WEINJJTEIN, 1995).
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA e Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 18| 18Figura 1 – Seção “Do salão á cosinha” com fotografia de jovem aviadora Fonte: A Vida Moderna, ed. 436, 10/08/1922
image/svg+xmlO universo das mulheres na revista A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): Uma análise da temática feminista Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 19| 19Considerações finais Em meio a tudo aquilo que era considerado próprio e específico do “sexo-frágil”, a fotografia de Anésia Pinheiro Machado, aviadora, vestida a caráter, posando à frente de sua aeronave, pode ser lido como um exemplo de que outras formas de ser mulher, no Brasil de início do século XX, eram possíveis19. Sua imagem, associada à legenda “A destemida aviadora senhorinha Anesia Pinheiro Machado, que tem realisada magnificas tardes de aviação”, possibilitaria ao público feminino leituras contestadoras dos discursos prescritivos comumente apregoados em todos os números da revista por meio de fotografias, textos e anúncios publicitários. Anésia Machado não escolhera o salão e a cozinha ou, talvez, não apenas o salão e a cozinha, mas fizera escolhas que apontavam para outras trajetórias de vida. Nota-se, pois, certa receptividade d’A Vida Modernaàs demandas femininas mais expressivas daquele contexto. Das dez edições que nos propomos a analisar, oito20abordam a temática feminista de forma positivae quatro21, de forma negativa22. Nas oito abordagens positivas, há uma posição favorável às demandas da participação política, de maior ocupação do mercado de trabalho e educação formal, bem como à maior liberdade de comportamentos. Nas quatro abordagens negativas, o feminismo é tratado como um movimento prejudicial, uma tendência que perverteria a família e a sociedade. De fato, as mulheres constituíram-se como público-alvo preferido das prescrições comportamentais ao longo das páginas d’A Vida Moderna. A naturalização dos papéis sociais de gênero era a ideia basilar de quase todas. Por outro lado, a mesma revista, por meio de outros textos e de imagens de anúncios, ilustrações ou fotografias, acabava por divulgar uma mensagem claramente contestadora daquelas prescrições. A compreensão do caráter dialógico de todo enunciado e das relações sociais nos permite conceber que as leitoras da revista se apropriavam ativamente das ideias e representações ali veiculadas. Tal apropriação poderia orientar-se no sentido de anuir aos discursos ou mesmo subvertê-los, pois a leitura diz respeito a uma prática social dinâmica, ativa e dialógica. É a partir dessa perspectiva, pois, que defendemos que a imprensa, por meio de gêneros textuais variados, inclusive verbo-visuais, possui enorme potencial educativo, fortalecendo ou contestando papéis sociais, práticas culturais, pedagogizando o modo de ser no mundo. E, dessa forma, o público-leitor da revista tomava contato com as discussões acerca do 19 Guardadas as devidas diferenças de classe, que não foram objeto de questionamento neste artigo.20 Edições 133, 137, 418, 427, 436, 437, 441 e 475.21 Edições 350, 432, 436 e 437. 22 Em duas edições, 436 e 437, consideramos haver abordagens positiva e negativa quanto à temática feminista.
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA e Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 20| 20feminismo, e se educava a respeito desse, construía uma visão de mundo estruturada em valores aprendidos e reforçados pela imprensa. REFERÊNCIAS A CÂMARA dos comuns. Vida Moderna, São Paulo, n. 475, 09 maio 1924. (Elegancias) ARAÚJO, J. C. S. A imprensa, co-partícipe da educação do homem. Cadernos de História da Educação, Uberlândia, v. 1, n. 1, jan./dez. 2002. AVIAÇÃO. Vida Moderna, São Paulo, n. 436, 10 ago. 1922. (Do salão á cosinha) BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2011. BESSE, S. K. Modernizando a desigualdade: reestruturação da ideologia de gênero no Brasil (1914-1940). São Paulo: EDUSP, 1999. BUITONI, D. S. Mulher de papel: a representação da mulher pela imprensa feminina brasileira. São Paulo: Summus, 2009. CAMPOS, R. D. Mulheres e crianças na imprensa paulista (1920-1940): educação e história. São Paulo: Ed. Unesp, 2009. CAMPOS, R. D. A educação do corpo feminino no Correio da Manhã (1901-1974): magreza, bom gosto e envelhecimento. Cadernos Pagu, Campinas, n. 45. jul./dez. 2015. CAMPOS, R. D. No rastro de velhos jornais: considerações sobre a utilização da imprensa não pedagógica como fonte para a escrita da história da educação. Rev. bras. hist. educ., Campinas, v. 12, n. 1 (28), p. 45-70, jan./abr. 2012. CAULFIELD, S. Em defesa da honra: moralidade, modernidade e nação no Rio de Janeiro, 1918-1940. Campinas, SP: UNICAMP, 2000. CENTRO HISTÓRICO EMBRAER. Mulheres na aviação. Exposição virtual realizada pelo Instituo Embraer, 2016. Disponível em: https://historicalcenter.embraer.com/br/pt/exposicoes. Acesso em: 13 jun. 2020. CHALHOUB, S. Trabalho, Lar e Botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da Belle Époque. São Paulo: Unicamp, 2012. CHARTIER, R. (org.). Práticas de leitura. São Paulo: Estação Liberdade, 2001. CHARTIER, R. A história cultural: entre práticas e representações. 2. ed. Lisboa: Difel, 2002. CHARTIER, R.Leitura e leitores na França do Antigo Regime. São Paulo: UNESP, 2003.
image/svg+xmlO universo das mulheres na revista A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): Uma análise da temática feminista Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 21| 21COHEN, I. S. Diversificação e segmentação dos impressos. In: LUCA, T.; MARTINS, A. L. (org.). História da Imprensa no Brasil. São Paulo: Contexto, 2015. COSTA, E. V. Urbanização no Brasil no século XIX. In: COSTA, E. V. Da Monarquia à República: momentos decisivos. São Paulo: Brasiliense, 1987. COSTA, J. F. Ordem médica e norma familiar. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1983. CRUZ, H. F. São Paulo em papel e tinta: periodismo e vida urbana 1890-1915. São Paulo: Arquivo Público do Estado de São Paulo, 2013. Disponível em: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/site/assets/publicacao/anexo/sao_paulo_em_papel_e_tinta.pdf. Acesso em: 09 jul. 2017. CUNHA, M. T. S. Tenha modos! Manuais de civilidade e etiqueta na escola normal (Anos 1920-1960). In: CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 6., 2006, Uberlândia. Anais eletrônicos[...]. Uberlândia, MG: UFU, 2006. Disponível em: http://www2.faced.ufu.br/colubhe06/anais/arquivos/apresentacao.htm. Acesso em: 10 abr. 2018. DARNTON, R. O Beijo de Lamourette: Mídia, cultura e revolução. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. DARNTON, R. Poesia e polícia: redes de comunicação na Paris do século XVIII. Companhia das Letras, 2014. DINIZ, M. Pelo nosso sexo...Vida Moderna, São Paulo, n. 437, 24 ago. 1922. (Filigranas) FARIA FILHO, L. M. O jornal e outras fontes para a história da educação mineira do século XIX: uma introdução. In: ARAÚJO, J. C. S.; GATTI JÚNIOR, D. (org.). Novos temas em história da educação brasileira: instituições escolares e educação na imprensa. Campinas, SP: Autores Associados; Uberlândia: Edufu, 2002. FEMINISMO. Vida Moderna, São Paulo, n. 441, 20 out. 1922. (Do salão á cosinha) FERRAZ, B. O dia da mulher. Vida Moderna, São Paulo, n. 350, 14 jan. 1919. FERREIRA, A. C. Epopeia bandeirante: letrados, instituições, invenção histórica (1870-1940). São Paulo: UNESP, 2002. FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2006. FREIRE, M. M. L. 'Ser mãe é uma ciência': mulheres, médicos e a construção da maternidade científica na década de 1920. Hist. cienc. saude-Manguinhos, v. 15, p.153-171, 2008. ISSN 0104-5970. FREITAS, A. A. A imprensa periódica de São Paulo desde os seus primórdios em 1823 até 1914. São Paulo: Diario Official, 1915. Biblioteca Digital Unesp. Disponível em: https://bibdig.biblioteca.unesp.br/handle/10/26090. Acesso em: 15 jun. 2020.
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA e Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 22| 22GOFFMAN, E. A representação do Eu na vida cotidiana. 20. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. GONÇALVES NETTO, W. Imprensa, civilização e educação: Uberabinha (MG) no início do século XX. In: ARAUJO, J. C. S.; GATTI JÚNIOR., D. (Org). Novos temas em história da educação brasileira: instituições escolares e educação na imprensa. Campinas, SP: Autores Associados, 2002. p. 197-225. JACK. Feminismo. A Vida Moderna, São Paulo, n. 133, 05 set. 1912. LELLIS VIEIRA. A lei da imprensa em vigor. Vida Moderna, São Paulo, n. 437, 24 ago. 1922. (Filigranas) LELLIS VIEIRA. Voto feminimo. Vida Moderna, São Paulo, n. 432, 15 jun. 1922. (Filigranas) MAROLE. Bom humor. A Vida Moderna, São Paulo, n. 137, 03 out. 1912. MARQUES, V. R. B. A medicalização da raça: médicos, educadores e discurso eugênico. Campinas: Unicamp, 1994. MARTINS, A. L. Revistas em revista: imprensa e práticas culturais em tempos de república. São Paulo (1890-1922). São Paulo: Edusp/Imprensa Oficial, 2001. MME. X. Feminismo. Vida Moderna, São Paulo, n. 418, 10 nov. 1921. (Elegancias) MME. X. Feminismo. Vida Moderna, São Paulo, n. 427, 23 mar. 1922. (Elegancias) MORAES, J. L. A Vida Moderna (1907-1922), O periódico-vitrine da cidade de São Paulo: tempos de modernidade com um leve toque português. 2007. 241 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Assis, SP, 2007. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp033847.pdf. Acesso em: 15 abr. 2018. MOURA, E. B. B. Mulheres e menores no trabalho industrial: Os fatores sexo e idade na dinâmica do capital. Petrópolis, RJ: Vozes, 1982. NAZÁRIO. D. N. Voto Feminino e Feminismo: um anno de feminismo entre nós. São Paulo: [s.n.]. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados. Disponível em: https://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/29842. Acesso em: 16 jun. 2020. O FEMINISMO triumpha. A Vida Moderna, São Paulo, n. 133, 05 set. 1912. PENA, M. V. Mulheres e trabalhadoras:Presença feminina na constituição fabril. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. PESSOA, A. M. P. A Educação das Mães e das Crianças no Estado Novo: a proposta de Maria Lúcia Vassalo Namorado. 2005. 798 f. Tese (Doutorado em Ciências da Educação) – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2005. Disponível em: http://hdl.handle.net/10451/2016. Acesso em: 11 jun. 2020.
image/svg+xmlO universo das mulheres na revista A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): Uma análise da temática feminista Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 23| 23RAGO, M. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar e a resistência anarquista (Brasil: 1890-1930). 4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014. ROCHA, H. A higienização dos costumes: educação escolar e saúde no projeto do Instituto de Hygiene de São Paulo (1918-1925). Campinas, SP: Mercado das Letras, 2003. SAES, D. Classe média e sistema político no Brasil. São Paulo: T. A. Queiroz, 1984. SCHPUN, M. R. Beleza em jogo: cultura física e comportamento em São Paulo nos anos 20. São Paulo: Boitempo/SENAC, 1999. SEVCENKO, N. Orfeu extático na metrópole:São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. SOIHET, R. Mulheres pobres e violência no Brasil urbano. In: DEL PRIORE, M. (org.). BASSANEZI, C. (coord.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004. p. 362-400. SOUZA, G. M.Pedagogia da beleza em discursos publicitários na revista A Vida moderna: São Paulo (1907-1926). 2019. 151 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, 2019. VOTO da mulher. In: PORTO, W. C. Dicionário do voto. Brasília: UnB, 2000. p. 427-436. WEINJJTEIN, B. As mulheres trabalhadoras em São Paulo: de operárias não-qualificadas a esposas profissionais. Cadernos Pagu, v. 4, 143-171, 1995.
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA e Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 24| 24Sobre os autores Gabriel Monteiro de SOUZA Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia. Raquel Discini CAMPOS Professora Associada da Universidade Federal de Uberlândia.Processamento e edição: Editora Ibero-Americana de Educação. Correção, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xmlRev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 1| 1THE UNIVERSE OF WOMEN IN THE MAGAZINE A VIDA MODERNA (SÃO PAULO - 1907-1926): AN ANALYSIS OF THE FEMINIST THEMES O UNIVERSO DAS MULHERES NA REVISTA A VIDA MODERNA (SÃO PAULO - 1907-1926): UMA ANÁLISE DA TEMÁTICA FEMINISTA EL UNIVERSO DE LAS MUJERES EN LA REVISTA A VIDA MODERNA (SÃO PAULO – 1907-1926): UN ANÁLISIS DE LA TEMÁTICA FEMINISTAGabriel Monteiro de SOUZA Federal University of Uberlândia e-mail: gabrieldesouza1987@gmail.com Raquel Discini CAMPOS Federal University of Uberlândia e-mail: raqueldiscini@uol.com.br How to refer to this article CAMPOS, R. D.; SOUZA, G. M. de. The universe of women in the magazine A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): An analysis of the feminist themes.Revista Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X. DOI: https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377Submitted: 19/06/2020 Revisions required: 07/01/2021 Approved: 10/02/2021Published: 01/03/2021
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA and Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 2| 2ABSTRACT:This study investigates the potentiality of the not declaredly pedagogical or academic press for the field of History of Education, particularly for researches focused on the themes of female education – education herein understood in the broad sense, as an instance of culture that guides values and world views. The magazine A Vida Moderna, an important periodical in the state of São Paulo which was published during the first three decades of the 20thcentury in the state capital and countryside, was taken as a research source, and texts and images aimed at female reading were analyzed based on theoretical references of Cultural History and the foundations of Mikhail Bakhtin’s language theory. In the analysis, the emphasis is placed on the representations of feminism at that time. KEYWORDS: Press. History of Education. Female education.RESUMO:Este estudo investiga as potencialidades da imprensa não declaradamente pedagógica ou escolar para o campo da História da Educação, em especial para as pesquisas que recaem sobre a temática da educação feminina, educação aqui entendida em sentido lato, como uma instância da cultura que orienta os valores e as visões de mundo. Tomamos como fonte de pesquisa a revista A Vida Moderna, importante periódico paulista que circulou durante as três primeiras décadas do século XX na capital e no interior do Estado, e analisamos textos e imagens voltados para a leitura feminina a partir dos referenciais teóricos da História Cultural e dos fundamentos da teoria da linguagem de Mikhail Bakhtin. A ênfase no exame se dá nas representações acerca do feminismo de então. PALAVRAS-CHAVE:Imprensa. História da Educação. Educação feminina. RESUMEN:Este estudio investiga laspotencialidades de la prensa no declaradamente pedagógica o escolar para el campo de la Historia de la Educación, en especial para las investigaciones que recaen sobre la temática de la educación femenina, educación aquí entendida en sentido amplio, como una instancia de la cultura que orienta los valores y las visiones de mundo. Tomamos como fuente de investigación la revista A Vida Moderna, un importante periódico paulista que circuló durante las tres primeras décadas del siglo XX en la capital y en el interior del Estado, y analizamos textos e imágenes direccionados a la lectura femenina a partir de los referentes teóricos de la Historia Cultural y de los fundamentos de la teoría del lenguaje de Mikhail Bakhtin. El énfasis en el examen se da en las representaciones sobre el feminismo del momento. PALABRAS CLAVE:Prensa. Historia de la Educación. Educación femenina.
image/svg+xmlThe universe of women in the magazine A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): An analysis of the feminist themes Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 3| 3Press and education The idea that the non-pedagogical press also plays an educational role in society has been confirmed by numerous researchers of the History of Education in Brazil (ARAÚJO, 2002; CAMPOS, 2009, 2012, 2015; FARIA FILHO, 2002; GONÇALVES NETO, 2002). The works of Robert Darnton1and Roger Chartier2on the history of the book and reading practices and the categories of analysis formulated from these research objects are evidences of the pedagogical role of the printed – even those not strictly pedagogical, in the most common sense of the term – and the press, and it may be considered naïve some notion that take them by transparent information vehicles, neutral, disinterested in the political, economic and cultural issues of society. These authors have even shown that the influence of texts on people is independent of their reading, simply a relationship, an interaction with them by other means, which may include oral exposure, a debate, a scenic representation or even a listening to speak. From this understanding, we broaden the notion of the concept of education and the objects of the History of Education. These are not restricted to the school and everything that revolves around them, such as the agents involved – teachers, students, employees in general – physical structure, teaching materials, pedagogical forms, educational legislation, etc. The concept of education that we adopt is broad, differs from education or schooling. We take it here as an instance of culture that guides values and worldviews. And, in this way, we assume the understanding that the press as well as other means of expression related or not to it – advertising, photography, illustrations, literature, cinema – are configured as educational spaces through which people construct, in a dialogical way, their conceptions of the world, their references of action in reality, their values. Theoretical instruments To guide our analyses, we chose the concepts developed in the field of Cultural History, in particular by Roger Chartier, and Bakhtinian language theory, which can, in our view, consistently problematize our object of study. Cultural History has as main objective to identify the modes of cultural construction of a given social reality and the ways in which it is represented and apprehended socially 1 Cf. Darnton (1990, 2014). 2 Cf. Chartier (2001, 2003).
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA and Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 4| 4(CHARTIER, 2002)3. To achieve this goal, Chartier develops three important concepts: representation, appropriation and practices. The concept of representation concerns the way in which various social groups, through classifications and delimitations, configure their worldviews, build meanings for their practices and actions, which will engender a clash, since social representations are never neutral, but expressions of values and power of the divergent groups that make up a society. This representation of one another and the other appears in cultural practices, discursive practices that are understood both as a translation of the interests of the various social actors and as a description of society according to meanings attributed by these same agents. Appropriation refers to the various modalities of interpretation of cultural practices (texts, images, rituals, etc.) which people are subject to according to various ways of being in the world: classes, groups, stages. In this sense, the text-reader relationship is by no means transparent, as if the text contained a meaning in itself, was socially and historically displaced from the reader, a shallow touch of knowledge. On the contrary, this relationship articulates the ideas that the text is a social and historically constructed product, as well as the reader, which is configured from the representations of the social world in which it operates. In this work, therefore, the concept of appropriation seeks to understand the possibilities of reading cultural practices typical of the beginning of the 20th century, in São Paulo, that is, texts and images published in journals, specifically, in the revised format. Finally, the concept of practice concerns the articulation of various spheres of life in society – political, social, economic, discursive – which historically produces social structures and their representations. The representation, in turn, engenders new or confirms established social practices, which will be appropriated and again represented by the various groups. Practices configure identities, hierarchies, ordering, etc. Thus, the conceptual triad formulated by Roger Chartier – representation, appropriation and practice – helps this study in understanding that the cultural practices of the subjects – here, specifically, the journal texts, the images present in it, the practices of reading journals in the selected space-time-cut – are revealing and, simultaneously, formators of values, worldviews and social identities. As well as reveal the clashes around varied interests of social groups. That 3 The Cultural History proposed by Roger Chartier is based on three fundamental concepts: representation, practice and appropriation. It encompasses the understanding of society not only from the point of view of hierarchical social relations in the economic and political fields, but also in the symbolic field, proper to culture. Therefore, through the analysis of the discursive practices of a society, we can more comprehensively understand the meanings constructed and data to be seen by the various groups that integrate it on itself and about others; we can envision the mechanisms and strategies of domination.
image/svg+xmlThe universe of women in the magazine A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): An analysis of the feminist themes Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 5| 5is, practices are expressions of culture and at the same time conformers of culture. Our purpose is to contribute to the field of The History of Education through this approach of the printed as educational instances, conforming of worldviews, of values that guide the practices of the subjects in the daily life of history; spaces in which multiple and varied enunciative voices intersect, vying for the game of discursive hegemony. From the philosophy of Bakhtinian language, we use the concept of dialogism. According to Bakhtin (2011, p. 261, our translation), "all the various fields of human activity are linked to the use of language". Hence one of the fundamental assumptions of his philosophy of language, namely that the real and concrete way of functioning of language takes place through the utterance. The utterance has its own constitutive characteristics. Every utterance is authorial and has a recipient; it is the replica of a dialogue, so it contains a finish that allows a response; is dialogical; is axiological (BAKHTIN, 2011; FIORIN, 2006). As a result of the first, the second assumption is assumed. This means: if the means by which men interact with reality is the utterance/discourse, and if the discourse is constitutively dialogical, then the social relations themselves are dialogical, they are constructed dialogically. The dialog of discourse exists as a phenomenon of culture because no individual interacts alone, directly with reality. The discourses of individuals – but not only of them, also the discourses that present themselves as collective stems such as science, the state, companies and other institutions – are crossed by the discourses of others, whether their contemporaries or their ancestors. Sometimes, even, the two-time instances merge in the discursive construction of the subjects. It is in this sense, therefore, that the discourse always presents itself as a replica to other discourses. This character of language and social relations is designated the concept of dialogism. Thus, we can better understand the relationships established between the subjects of this social practice that constitutes the writing, publication and consumption - say practice of reading - of texts and images in magazines at the beginning of the twentieth century, in Brazil. Through this lens we can see subjects not completely controlled, submitted and seduced by speeches. On the contrary, subjects who also negotiate, wish, reject, demand, that do not allow themselves to be so easily encased. We speak of subjects who respond to discourses of which they are targets in the field of science, of religion, market or any other.
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA and Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 6| 6The magazine Vida Moderna has recognized its importance in the illustrated printed medium of the First Republic as confirmed by the works of Martins (2001), Cruz (2013), Moraes (2007), Souza (2019) and the work of Affonso A. de Freitas, The periodic press of São Paulo: from its beginnings in 1823 to 1914, published in 1915, which is an important source for the study of São Paulo periodic. Our access to the sources was through consultation with the digitized and hosted copies on the websites of the National Digital Library and the Public Archive of the State of São Paulo. The choice of numbers for analysis (133, 137, 350, 418, 427, 432, 436, 437, 441 and 475) was guided by what we call the "universe of women in the journal", that is, the set of subjects that had women as the theme, filtered by the focus on the feminist theme. Thus, we were able to analyze and understand the representations about feminism at that time in the journal. Vida Moderna4was a magazine of the segment "varieties", published in São Paulo between the years 1907 and 1929. Previously focused on the sports theme and for an eminently male audience, the fortnightly magazine Sportman, by deliberation of its directors, came to be called, from its number 25, Vida Moderna. The journal gradually undergoes a graphic, thematic and advertising reformulation, seeking to reach new commercial horizons, implementing distribution strategies and thus achieving a greater number of readers and advertisers. The "variety magazines", also called "illustrated magazines", were characterized by the approach of diverse themes, considered "light": social life of salons, soirees, public tours, outdoor amusements, clubs, cinema, theatrical and dance shows, literature, fashion and customs criticism and the large number of advertisements for products and services of Brazilian and foreign companies. Another distinctive feature of the journals of this segment was the abundant use of photographic reproduction. Photography was the great novelty of the periodism of the beginning of the century, the fetish of editors and readers. It was used to give visibility to public, civic, social events, political gatherings, sports competitions, etc. The registration of military parades, diplomatic visits, arrival, to the city of São Paulo, of some personality of the political or artistic world always constituted an opportunity to demonstrate, through images, the stage of development of the city, the state and the magazine itself. (MARTINS, 2001; COEHN, 2015; 4 Founded as Sportmanin 1906 by Luiz Couto and owned and directed by Artur Reis Teixeira, it Vida Moderna in 1907. Acquired by Amâncio dos Santos in 1910 or 1911, it had several writing directors: Amadeu Amaral, Gelasius Pepper – which would find, in 1914, The Cicada, main competitor of Vida Moderna , Garcia Redondo, co-owner of the magazine until his death in 1916. Armando Mondego takes over his direction and remains so until the last number to which we had access, 518, of 12/08/1926. For more information about the magazine, cf. Moraes (2007) and Souza (2019).
image/svg+xmlThe universe of women in the magazine A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): An analysis of the feminist themes Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 7| 7CRUZ, 2015). Vida Modernawas owned by the Empresa d'A Vida Moderna, whose office was located, in the first decade of the 20th century, in Praça Antônio Prado, a place also chosen to locate the offices of the magazines São Paulo Magazine, Luaand the influential newspaperO Estado de S. Paulo, a fact that may be indicative of the economic power of the publishing company of the magazine (MARTINS, 2001). Martins (2001) presents a list of the typographies of São Paulo and the journals to which they provided graphic services. Vida Moderna is not present, which may be another indication that the Company of Vida Moderna itself printed the copies of the magazine. According to Cruz (2013), the journal was considered an important undertaking in the São Paulo press, reaching the magazine of the largest circulation during much of the 1920s. According to Martins (2001, p. 342, our translation), "one of the most important journals of the period". Its target audience consisted mainly of elite families5and the middle classes6of São Paulo7, which identified with the values defended by the magazine – a work ethic and capitalist individualism nascent and, at the same time, the identity of São Paulo – values with meanings brought and re-meant by the great economic growth of the state of São Paulo in those years, as well as its prestigious position in the national political scenario.8Like other São Paulo magazines such as São Paulo Magazine, O Pirralhoand A Cigarra, Vida Modernapresented avant-garde graphic treatment: multicolored cover, frequent and abundant use of images, especially photographic, innovation and dazzle of the time (MARTINS, 2001). Contemporary to the magazine, Freitas declared (1915, p. 704, our translation): "finely written and profusely illustrated the photogravure is today one of the best made and popular magazines of S. Paulo". A copy of Vida Modernameasured 19cm wide x 28cm high and was, on average, 30 pages in Couche paper, unnumbered. Special editions could reach 100 pages. The internal diagramming could bring, in the same number, texts arranged in two, three or four columns. With colorful covers, internal content in up to three colors abundantly illustrated and abundant use of photographs, the magazine had a biweekly publication from 1907 to 1912. Later, from 1912 to 1914 it began to leave weekly and did so until 1915, when it returned to being a 5 By upper class, we understand, in São Paulo, the portion of the population composed of traditional families linked to large rural property, commerce and incipient industrialization. Cf. Costa, E. (1987). 6 By middle classes, we understand a portion of the urban population composed of liberal professionals, small entrepreneurs, public servants with higher education, small merchants, office employees. Cf. Saes (1984) and Costa, E. (1987). 7 About working-class women, cf. Chalhoub (2012); Soihet (2004); Moura (1982) and Pena (1981). 8 On the construction of São Paulo's identity, cf. Ferreira (2002).
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA and Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 8| 8fortnightly magazine, maintaining this periodicity until its last year of existence, 1929.910The number of sections was impermanent. They could appear and disappear from one number to another without notice. The most frequent topics were sports, social life and civic parties, criticism of customs and cultural life. Political issues were sometimes dealt with in the opening texts, chronicles or special stories about characters in state politics. A brief characterization of the most frequent sections can be done as follows: "Filigrees" is a column that discusses art and customs in the city of São Paulo. It presents critical comments on the behavior of men and women in the general public space, parties, theaters, concerts, etc.; "Elegancias", signed by "Madam X" - its real identity is not known - discusses aspects of fashion, approves and disapproves of ways of dressing and behaving, discusses aspects of the artistic world referring to what it considers high culture, referenced in classical ideals; "Azulejos" is a literary column and has varied columnists, bringing original texts and sometimes translations; "From the salon to the little room" is a column that aims to provide, in addition to culinary recipes, practical advice for housewives: remove from clothes fat stains, produce handmade perfumes, prepared against hair loss; "Cine-revista" is the column dedicated to news from the world of cinema. It gives special prominence to the great stars of American cinema, bringing information about films, personal and professional life of actors and actresses; "Sports" is a column dedicated to comments on football matches, canoeing, horse riding, horse racing, aviation, among others11; "The literary moment" is not signed and presents poems and their authors; "About literature" is a column in which the author and his work are discussed and presented. The universe of women in Vida Moderna In this topic, we will discuss the representations about feminism in the journal and analyze a case in which text and image, in the diagrammatic set of the page, produce a paradoxical effect, revealing the porosity of the meanings of a text, evidencing the dialogical character of every utterance. Thus, we intend to elucidate our hypothesis that the non-pedagogical periodic press, in particular and in an exemplary way, the journal A Vida Moderna, operated as an educational space for values and the world view, that is, a formative and reinforcing instrument of representations about feminism among women of the elite and urban 9 In the edition in which the change in periodicity is announced, there is no information on the reasons for this. 10 On the closure of the journal's activities, cf. Souza (2019). 11 On the use of pseudonyms by women in the press, cf. Person (2005).
image/svg+xmlThe universe of women in the magazine A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): An analysis of the feminist themes Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 9| 9middle classes of São Paulo in that context. The debate about the social roles of women in public and private spaces was burning at the beginning of the 20th century. among them, the departure of women from the elite and the middle classes from the private space of the home, the only one they occupied until that historical moment. Increasingly, especially in large cities, the women of the middle-class elite studied and worked outside the home, built a professional career, wandered through the city center of São Paulo (BESSE, 1999). The subjects considered, at the time, typically feminine, since there were no specific sections to deal with the universe of women, went through allVida Moderna: fashion, beauty, behavior, conjugal and family life, culinary recipes, home care, children. "Filigrees", a conservative profile column on behavior, extolled the ways and customs of the past, to the detriment of the present, evaluated as a time of degeneration. The female was a constant object of surveillance and prescription of specialists in the medical and legal field, religious and the media. The normative discourses addressed to women gain strength due to those socioeconomic and political transformations to which we refer, since contemporaries feared a social disorganization motivated by the absence of women in the home and by competition with men in the labor market and in public life (BESSE, 1999; CAULFIELD, 2000; COSTA, J.; 1983; CUNHA, 2006; FREIRE, 2008). In Vida Moderna, therefore, a column that deals with behavior could not be stolen from prescribing them to the female public. In our research, we identified the columns "Elegancias", "Filigrees" and "From the hall to the kitchen" as the privileged spaces of enunciation of normative discourses for women. The theme feminism was present in the public discussions of the early twentieth century, in Brazil, although the term translates distinct meanings according to the bearer of discourse. At the same time that it carried a sense of modernity, progress, women's political rights and, even of fad, the term feminism, according to Besse (1999, p. 214, our translation), was trivialized by the press in its meaning of "fundamental transformation of consciousness". In the first decades of the 20th century, it was difficult to define feminism and establish its clear delimitations. Under the nickname of feminist were people who defended flags if not completely opposed, at least clearly different. Analyzing social chronicles and readers' letters, published in 1920 and 1921, in the newspaperO Estado de São Paulo, Sevcenko (1992) realizes that one of the current meanings of feminism was associated with the adoption of new behaviors such as the shortening of skirts and uses of short hair and cigarettes. Feminists could be the ones who advocated women's political participation and vote, as well as greater participation in the labor market; it could be those who preached that true
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA and Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 10| 10feminism was the one that preserved the natural roles of women, their feminine essence, and that protected her from demoralizing modernity. It could also be those young women who cared about walking in fashion or always well-adorned. Anarchists, who advocated female emancipation and rejected the denomination because they considered it a concession to the bourgeois political-economic system, to which they fought, were also called feminists by the press (BESSE, 1999; CAMPOS, 2009). There is also such conceptual variation in Vida Moderna. The words feminism and feminist are used with more than one meaning, as we refer to above. It cannot therefore be affirmed that the magazine had a position on feminism without the term itself being defined. Our methodological procedure was to consider as a feminist theme those meanings that involve women in questions about political rights, occupation of public space in the labor market and intellectual life and behavior. Thus, once the feminism of the journal is defined, it can be understood that there was room for contemporary discussions about the role of women in the new era of modernity and progress that the twentieth century had inaugurated. Still, it was not an editorial position, but individual position of each columnist or collaborator. The words written about Marise, pseudonym of the gaucho writer Maria Luiza Duclos, allow us to understand the advances and limits in the process of autonomy of women in the middle and upper classes in the analyzed context. The article about Marise highlights a complimentary passage about her, from a text published in a Porto Alegre magazine called Iris, entitled"Woman and her moral and intellectual mission", in which the author declares: I have always given the greatest appreciation to the intervention of women in the moral preparation of a people. Ella more than man can lead to the intimate of education from home to social meetings, his powerful influx of improvement. The cooperation of my distinct Patricia, has in the letters a high relief in our collective environment (our translation). The importance of the presence of women in the public space, in this case, the world of letters, is not underestimated. It is attributed to a specific and proper task, which man could not accomplish with the same effectiveness: moral education. In fact, primary teaching was one of the main occupations of middle-class women and "in 1920, 75% of primary teachers in the city of São Paulo and 81% of those in the city of Rio de Janeiro were women" (BESSE, 1999, p. 163, our translation). The female presence in the labor market, in political and intellectual life, however, should not separate women from what was considered their natural mission. That is, even in the public space, women should watch over their essence and their new occupations
image/svg+xmlThe universe of women in the magazine A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): An analysis of the feminist themes Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 11| 11should not erase their femininity or their social roles. 12In 1912, issue number 137, in an article entitled "Good humor", presents the fact that a newspaper in Rio de Janeiro, "took the high political report to one of its editors, to entrust it to a woman". The tone is light, as the title suggests, and journalist Virginia Lent is praised for the insight with which she conducted the interview with a general. Two sentences, however, the one that opens and the one that closes the article, are revealing a context in which, gradually, women held functions before only due to men: "Feminism advances [...] Save yourself who can!" In a short note, in issue 133 of September 5, 1912, comments are read about two international cases in which women appear practicing profession and occupying spaces that were not traditionally their own. The call for comments is curious: its layout suggests a banner with the sayings "Feminism triumphs". The note informs us that, in the United States, they were being initiated in construction; in Uruguay, a woman wins, through competition, the chair of Roman Law at the University of Montevideo and suffers, therefore, resistance from students, who threaten to renounce classes. Soon after, there is an opinionated text on the Uruguayan case, lamenting the attitude of the students of Montevideo towards the appointment of professor "Doctor Matilde Luisa", declaring it irrational, contrary to the progress of the times of then, "of achievements and lights". The author also highlights the intellectual merits of the teacher, considering her "a lady of high intellectual value" and, in resorting to her background, informs us that she was "the first woman to provide services to her father, in diplomacy, occupying with brilliance, an advisory position at the embassy of Uruguay in Paris". The discourse oftheVida Modernaon feminism was not homogeneous, but permeated by nuances. The text on the case of the Uruguayan teacher begins by presenting a seemingly inexorable and immemorial truth: "A woman's first obligation is to be beautiful". During the reading, it is perceived that it is a criticism of the prejudiced attitude of Uruguayan students and not beauty councils. The irony in the use of the phrase made as the opening of the text serves to build the meaning of criticism, but it does not cease to reveal one of the social assumptions that conformed the being a woman in that context. On the other hand, what can demonstrate the contrasts within the journal's writing on the subject, in 1919, in issue number 350, columnist Bruno Ferraz is completely opposed to the 12 By social roles we understand the specific ways of relating socially, since social roles determine the social expectations of the behaviors of individuals. Every social role is linked to a position of status. By statuswe understand social positions related to degrees of prestige, privilege, power and responsibilities. On this subject, cf. Goffman (2014).
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA and Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 12| 12institution of Women's Day and considers feminism "a complete, whole and full subversion of society", a revolution "fearful and horrible" because it intends to give autonomy to women. The different ways of treating the theme feminism by the magazine also puts us in the face of the complexity of a time when traditional values changed. The idea that feminism, when developing as an organized movement in Brazil, would represent a subversion of society does not cease to make sense. A society organized based on patriarchal social relations has seen, since the end of the 19th century, the revolutions with economic, political and social transformations, of which feminist demands were only part of a modernization process. It is therefore understandable the alarm made by the columnist, if we consider that, three years after his condemnation of the idea of creating Women's Day, Vida Modernawould publish, in issue 441, a complimentary article in which feminism was related to the struggle of women for the conquest of "rights and duties equal to those of man". Similarly, in 1924, issue 475, a note proclaimed as "a high achievement of feminism" the fact that it had been approved, in the "Chamber of the Commons", as women's right in England, the application for divorce according to the same criteria already allowed for men. In 1921, in the column "Elegancias", Madam X, in a text entitled "Feminism", praised Bertha Lutz's13performance in favor of women's suffrage, praising her cause and declaring her support. Gentle reader, feminism is a fact. Although it seems in the eyes of our comrades a utopia, it is but a reality. So far in our beloved Brazil, it's already triumphing. Just to pay attention to this energetic and valuable spirit of Bertha Lutz, to see that there is in fact a force that knows how to lead from loser and to blows of energy, for Victoria, the political rights of Brazilian women. We think she's right to convince the clear, prepared spirits to follow her on her noble mission. You guys. Men (not all) in most of them have difficulties in providing the political right to women, alleging their lack of preparation [...]. One cannot even understand how difficult it is to legislate about it. [...] (our translation) We noticed, in this passage, that by feminism a certain feminine, valuable and energetic spirit was understood, applied to build the progress of Brazilian civilization. It is interesting to note the metaphor of war/struggle to refer to Lutz's work in the Brazilian Federation for Female Progress. This treatment is unusual, because women were linked to images linked to the private world, care, beauty and grace, etc. (BUITONI, 2009). However, terms such as energetic, 13 Bertha Lutz (1894-1976) was born in São Paulo, graduated in biology and was the second woman to enter public service in Brazil. She engaged in campaigns in favor of recognizing women's political rights, was one of the founders of the Brazilian Federation for Women's Progress in 1922.
image/svg+xmlThe universe of women in the magazine A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): An analysis of the feminist themes Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 13| 13energy, values, strength, blows and victory present a renewed reading of the attitudes and behaviors of women in that beginning of the century. But there would be limitations, certainly. When we write the story under the guidance of the lenses of the contemporary, we prevent ourselves from seeing the possible horizons of a certain historical time. In issue 427, in another text entitled "Feminism", Madam X gives prominence to a Spanish writer, considered the "lawyer of women" in his country. On the other hand, it regrets that Brazil maintains a lagging position in relation to the female presence in public life. It criticizes the social prejudices they seek to "crush her with this false compliment that she is the Angel of the Home". It also presents a criticism of Brazilian intellectuals who did not seriously address the female question: They think that the role of women is only to adorn themselves, and to be coquette to be pleasant to them [...] nor can they have the right they have earned the weight of honor and distinction: The right to vote![...] Only the woman can't speak out. You have to stand aside, quietly [...] it is not fashionable forWomen to vote [...] It may be that with the rush of civilization, feminism will become a reality here in the land of palm trees... Don't our people see what has been done and are doing for the emancipation of women in North America and old Europe? Can't you see?... I think here in fact what there is a certain little fear [...] 14(our translation). Madam X seems to understand feminism as a movement for the conquest of female emancipation, taken as the realization of women's political rights and education for their intellectual growth, as suggested by other parts of the text. It acknowledges, in a sarcastic tone, that the reluctance towards greater female participation in the public sphere was perhaps evidence of male fear. Fear of competition and loss of power. In the final excerpts, the columnist's argument assumes a connotation that approximates the meaning of women's emancipation to that of their integration into the public sphere in the role of auxiliary of man. [...] It leaves the foolish vanity of money, and be vanity for what can be more justifiably, by strength and preparation, by work, helping man to win in the toil, nobly beautiful, to raise his land, so that she shines in the sky of the Cruise as a star of first greatness (our translation). The role of women in the effort to expand Brazilian civilization would be to assist man, who, in fact, was imbued with a public and governing spirit, leadership capacity and work necessary for the country's progress. They were therefore reserved for a subordinate role, although flattered as essential. Her role in the public space would be a mere extension of her 14 Griffins of the original.
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA and Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 14| 14functions in the private sphere, determined by her vaunting feminine nature. Let's look at the debate in the "Filigrees" column about feminism and the female vote. In 1922, a student at the Law School of Largo de São Francisco, Diva Nazário15, decided to apply for her electoral enlistment to participate in the upcoming elections. In the face of the judge's denial, she appeals. After the final denial of her request, she campaigned in favor of the female vote, making her case public16. In 1923, she publishedthe bookVoto Feminino e Feminismo: um anno de feminismo entre nós17, in which she compiled her articles, replicas and rejoinders on the subject, in addition to presenting the discussion of the female vote on the occasion of the Constituent Assembly and the way the Brazilian press treated the subject. She writes to the magazine's newsroom after having her request for electoral enlistment denied, requesting support for her cause. She receives another negative, this time, from columnist Lellis Vieira, who exposes her in the column, using "twig", according to Nazário herself. She sends a new letter, of which we do not know the content, because it is not published by the magazine. In issue 433, a note is addressed to Diva Nazário, a mention of the unpublished letter. She wanted to continue that debate. The magazine then publishes, in issue 437, Nazário's rejoinder and, also, the opinion of a reader, Moacyr Diniz, who wants to be discussed, demonstrating how the theme of women's political rights aroused passions. In her text, the author counters Vieira's arguments, arguments that, she writes herself, fail to seriously treat the subject to assume a "burlesque tone". He states, for example, that men would be harmed in their attention to the presence of women at the ballot box; that women, seductive by nature, would make the dispute for votes somewhat unfair; that their children would be left without the necessary care if their mothers took care of politics. Below the rejoinder, the text of the reader Moacyr Diniz is published, entitled "For our sex...", which comes out in defense of patriarchal authority, the idea of a male essence and another, feminine. It also criticizes the entry of women into the university, arguing that the public space is hegemonically occupied by men. Feminism, he writes, causes a woman to move away from femininity, making her an "angry woman." In Nazário's 1923 book, she presents only Vieira's text and his. She doesn’t comment on Mr Diniz's opinion. Our last analysis will fall on an unusual verb-visual formation, a seemingly pointless 15 Regina Cecilia Maria Diva Nolf Nazário (1897-1966) was a Brazilian suffragist and feminist. She graduated in Law from the Law School of Largo de São Francisco and served as the general secretariat of the Paulista Alliance for Women's Suffrage. 16 The attempt at electoral enlistment was based on an inaccuracy of Article 70 of the 1891 Constitution, which did not express the prohibition on female voting. Cf. Vote (2000, p. 427-436). 17 Cf. Nazário (1923).
image/svg+xmlThe universe of women in the magazine A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): An analysis of the feminist themes Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 15| 15conjunction of text and image, which produces an effect of paradoxical meaning, if we consider it from the point of view of the horizon of possibilities available to women of the early twentieth century in São Paulo. That is, the apparent contradiction between what was the desirable behavior and the behavior that was verified. The document we will analyze below does not mention the word feminism, does not directly address the theme of female emancipation or anything like that. However, the effect produced by the combination of texts and image is the possibility of a reading of normative discourses about the social roles of women. The verbo-visual formation referred to is found in the column "From the hall to the kitchen", signed by Madam X, and had as its motto, as described above, practical advice for the day to day domestic. It is important to highlight, as already mentioned in a note, that the true identity of Madam X is not known, nor even if it was a writer or writer. Such information is not trivial if we consider that the tone of the discourse, in columns aimed at women, was often used in order to give rise to an effect of intimacy, friendship and counseling. Therefore, a discursive tone that suggests a horizontal relationship between interlocutors, a very common approach, and, in fact, constant in the textual treatment of women's magazines (BUITONI, 2009). On August 10, 1922, issue number 436, the column presented an unusual layout. It was a photograph of the aviator Anésia Pinheiro Machado, considered one of the pioneers of women's aviation in Brazil18. The instigating thing is to note, in addition to the photo and the legend – which themselves are out of tone from the usual female representation, the private space, the sentimentality, the kindness among other stereotypes – the space in which the image was placed, inadvertently, perhaps. Inadvertently or not, the irony of having recipes for cakes, puddings and advice to "clean knives" and "conserve the shine of oiled carpets", the photograph of a woman who chose not to follow, apparently, the most common path to her congeners is curious. "From the lounge to the little room" was a section that used to stamp, in the center of the page, photographs unrelated to the theme of the column. This was frequent throughout the magazine. In other editions, for example, it is common images of children, parties, political gatherings. In issue 436, the photograph published was that of an aviator woman, dressed as such and in pose in front of an aircraft. Sports practice, at the beginning of the 20th century, with physical education, 18 Anésia Pinheiro Machado was the second Brazilian to obtain the brevê, a document that authorizes the carrier to fly airplanes. She was also a member representative of the Liga Paulista para a Progresso Feminino, which was part of the Brazilian Federation for Women's Progress. To learn more about the trajectory of Anésia Pinheiro Machado, cf. Embraer Historic Center (2020).
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA and Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 16| 16constituted "hygiene measures aimed at combating the idleness and worldly habits of youth" and, as well as social behaviors, followed rules of application guided by the sexual division of society (SCHPUN, 1999, p. 34, our translation). Thus, according to an essentialist discourse, which evoked a masculine and another, feminine nature, there were more or less recommended sports for men and women. Citing an article by Fernando de Azevedo in the sports newspaper, (1999) relates to women practices such as gymnastics, classical dance, walking or running and swimming. For men, best practices were athletics and competition sports in general. It is therefore expressive that a young woman who followed a very unusual trajectory in her time, dedicating herself to aviation, is highlighted. It is even more unusual for this highlight to be conferred in a female column of domestic practical advice. Back to the column "From the hall to the kitchen", we noticed the irony in the occasional encounter between the name of the section and the photograph selected for this edition. The name of the section delimits the appropriate places for women, suggests the spaces made to its supposed and touted nature, as well wanted by some columnists and readers of Vida Moderna. The ballroom, social and charity dances were the public space for them. There, they could exercise and demonstrate their supposedly natural gifts: grace, sympathy, sweetness, beauty, kindness, humility. From the public - the lounge - to the private - the kitchen - the woman is in her house, where she is "Angel of the home", guardian and lady. As Lellis Vieira said, in the debate with Diva Nazário mentioned above, it is more beautiful and admirable a woman at the "cradle", next to her son, than "next to an electoral ballot box". The house, its organization, maintenance, order and management were the responsibility of the woman. The education of children, the public image of the husband and his professional success, all this passed through the hands of women of the elite and the middle classes, as a responsibility of their social role, linked to their nature of care, grace and organization (BESSE, 1999; COSTA, J.; 1983; CUNHA, 2006; FREIRE, 2008). Progressively, normative discourse also reached poor women in an effort to make them the target of hygienist and eugenicist policies, departing from the process of medicalization and other forms of normalization of daily life (MARQUES, 1994; RAGO, 2014; ROCHA, 2003; WEINJJTEIN, 1995).
image/svg+xmlThe universe of women in the magazine A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): An analysis of the feminist themes Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 17| 17Figure 1 – Section "From salon to the kitchen" with photograph of young aviator Source: Vida Moderna, ed. 436, 10/08/1922
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA and Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 18| 18Final considerations In the midst of everything that was considered proper and specific to the "sex-fragile", the photograph of Anésia Pinheiro Machado, aviator, dressed in character, posing in front of her aircraft, can be read as an example that other ways of being a woman, in Brazil at the beginning of the twentieth century, were possible19. His image, associated with the caption "The fearless aviator lady Anesia Pinheiro Machado, who has realized magnificent aviation afternoons", would allow the female public contesting readings of prescriptive speeches commonly touted in all the magazine's numbers through photographs, textsand advertisements. Anésia Machado had not chosen the salon and the kitchen or, perhaps, not only the salon and the kitchen, but had made choices that pointed to other life trajectories. Therefore, there is a certain receptivity of Vida Moderna to the most expressive female demands of that context. Of the ten editions that we propose to analyze, eight20approach the feminist theme in a positive way and four21, in a negative way22. In the eight positive approaches, there is a favorable position to the demands of political participation, greater occupation of the labor market and formal education, as well as greater freedom of behavior. In the four negative approaches, feminism is treated as a harmful movement, a trend that would pervert family and society. In fact, women have become the preferred target audience for behavioral prescriptions throughout the pages of Vida Moderna. The naturalization of gender social roles was the basic idea of almost all. On the other hand, the same magazine, through other texts and images of advertisements, illustrations or photographs, ended up disseminating a clearly contesting message of those prescriptions. The understanding of the dialogical character of every utterance and social relations allows us to conceive that the journal's readers actively appropriated the ideas and representations conveyed there. Such appropriation could be oriented towards anointing the discourses or even subverting them, because the reading concerns a dynamic, active and dialogical social practice. It is from this perspective, because we defend that the press, through varied textual genres, including verb-visuals, has enormous educational potential, strengthening or contesting social roles, cultural practices, pedagogizing the way of being in the world. And, in this way, the magazine's reader-audience took into contact with discussions about feminism, 19 The appropriate class differences were kept, which were not questioned in this article. 20 Editions 133, 137, 418, 427, 436, 437, 441 and 475. 21 Issues 350, 432, 436 and 437. 22 In two editions, 436 and 437, we consider that there are positive and negative approaches to the feminist theme.
image/svg+xmlThe universe of women in the magazine A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): An analysis of the feminist themes Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 19| 19and educated themselves about it, built a worldview structured in values learned and reinforced by the press. REFERENCES ACÂMARA dos comuns. Vida Moderna, São Paulo, n. 475, 09 maio 1924. (Elegancias) ARAÚJO, J. C. S. A imprensa, co-partícipe da educação do homem. Cadernos de História da Educação, Uberlândia, v. 1, n. 1, jan./dez. 2002. AVIAÇÃO. Vida Moderna, São Paulo, n. 436, 10 ago. 1922. (Do salão á cosinha) BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2011. BESSE, S. K. Modernizando a desigualdade: reestruturação da ideologia de gênero no Brasil (1914-1940). São Paulo: EDUSP, 1999. BUITONI, D. S. Mulher de papel: a representação da mulher pela imprensa feminina brasileira. São Paulo: Summus, 2009. CAMPOS, R. D. Mulheres e crianças na imprensa paulista (1920-1940): educação e história. São Paulo: Ed. Unesp, 2009. CAMPOS, R. D. A educação do corpo feminino no Correio da Manhã (1901-1974): magreza, bom gosto e envelhecimento. Cadernos Pagu, Campinas, n. 45. jul./dez. 2015. CAMPOS, R. D. No rastro de velhos jornais: considerações sobre a utilização da imprensa não pedagógica como fonte para a escrita da história da educação. Rev. bras. hist. educ., Campinas, v. 12, n. 1 (28), p. 45-70, jan./abr. 2012. CAULFIELD, S. Em defesa da honra: moralidade, modernidade e nação no Rio de Janeiro, 1918-1940. Campinas, SP: UNICAMP, 2000. CENTRO HISTÓRICO EMBRAER. Mulheres na aviação. Exposição virtual realizada pelo Instituo Embraer, 2016. Available: https://historicalcenter.embraer.com/br/pt/exposicoes. Access: 13 June 2020. CHALHOUB, S. Trabalho, Lar e Botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da Belle Époque. São Paulo: Unicamp, 2012. CHARTIER, R. (org.). Práticas de leitura. São Paulo: Estação Liberdade, 2001. CHARTIER, R. A história cultural: entre práticas e representações. 2. ed. Lisboa: Difel, 2002. CHARTIER, R.Leitura e leitores na França do Antigo Regime. São Paulo: UNESP, 2003.
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA and Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 20| 20COHEN, I. S. Diversificação e segmentação dos impressos. In: LUCA, T.; MARTINS, A. L. (org.). História da Imprensa no Brasil. São Paulo: Contexto, 2015. COSTA, E. V. Urbanização no Brasil no século XIX. In: COSTA, E. V. Da Monarquia à República: momentos decisivos. São Paulo: Brasiliense, 1987. COSTA, J. F. Ordem médica e norma familiar. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1983. CRUZ, H. F. São Paulo em papel e tinta: periodismo e vida urbana 1890-1915. São Paulo: Arquivo Público do Estado de São Paulo, 2013. Available: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/site/assets/publicacao/anexo/sao_paulo_em_papel_e_tinta.pdf. Access: 09 July 2017. CUNHA, M. T. S. Tenha modos! Manuais de civilidade e etiqueta na escola normal (Anos 1920-1960). In: CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 6., 2006, Uberlândia. Anais eletrônicos[...]. Uberlândia, MG: UFU, 2006. Available: http://www2.faced.ufu.br/colubhe06/anais/arquivos/apresentacao.htm. Access: 10 Abr. 2018. DARNTON, R. O Beijo de Lamourette: Mídia, cultura e revolução. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. DARNTON, R. Poesia e polícia: redes de comunicação na Paris do século XVIII. Companhia das Letras, 2014. DINIZ, M. Pelo nosso sexo...Vida Moderna, São Paulo, n. 437, 24 ago. 1922. (Filigranas) FARIA FILHO, L. M. O jornal e outras fontes para a história da educação mineira do século XIX: uma introdução. In: ARAÚJO, J. C. S.; GATTI JÚNIOR, D. (org.). Novos temas em história da educação brasileira: instituições escolares e educação na imprensa. Campinas, SP: Autores Associados; Uberlândia: Edufu, 2002. FEMINISMO. Vida Moderna, São Paulo, n. 441, 20 out. 1922. (Do salão á cosinha) FERRAZ, B. O dia da mulher. Vida Moderna, São Paulo, n. 350, 14 jan. 1919. FERREIRA, A. C. Epopeia bandeirante: letrados, instituições, invenção histórica (1870-1940). São Paulo: UNESP, 2002. FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2006. FREIRE, M. M. L. 'Ser mãe é uma ciência': mulheres, médicos e a construção da maternidade científica na década de 1920. Hist. cienc. saude-Manguinhos, v. 15, p.153-171, 2008. ISSN 0104-5970. FREITAS, A. A. A imprensa periódica de São Paulo desde os seus primórdios em 1823 até 1914. São Paulo: Diario Official, 1915. Biblioteca Digital Unesp. Available: https://bibdig.biblioteca.unesp.br/handle/10/26090. Access: 15 June 2020. GOFFMAN, E. A representação do Eu na vida cotidiana. 20. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
image/svg+xmlThe universe of women in the magazine A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): An analysis of the feminist themes Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 21| 21GONÇALVES NETTO, W. Imprensa, civilização e educação: Uberabinha (MG) no início do século XX. In: ARAUJO, J. C. S.; GATTI JÚNIOR., D. (Org). Novos temas em história da educação brasileira: instituições escolares e educação na imprensa. Campinas, SP: Autores Associados, 2002. p. 197-225. JACK. Feminismo. A Vida Moderna, São Paulo, n. 133, 05 set. 1912. LELLIS VIEIRA. A lei da imprensa em vigor. Vida Moderna, São Paulo, n. 437, 24 ago. 1922. (Filigranas) LELLIS VIEIRA. Voto feminimo. Vida Moderna, São Paulo, n. 432, 15 jun. 1922. (Filigranas) MAROLE. Bom humor. A Vida Moderna, São Paulo, n. 137, 03 out. 1912. MARQUES, V. R. B. A medicalização da raça: médicos, educadores e discurso eugênico. Campinas: Unicamp, 1994. MARTINS, A. L. Revistas em revista: imprensa e práticas culturais em tempos de república. São Paulo (1890-1922). São Paulo: Edusp/Imprensa Oficial, 2001. MME. X. Feminismo. Vida Moderna, São Paulo, n. 418, 10 nov. 1921. (Elegancias) MME. X. Feminismo. Vida Moderna, São Paulo, n. 427, 23 mar. 1922. (Elegancias) MORAES, J. L. A Vida Moderna (1907-1922), O periódico-vitrine da cidade de São Paulo: tempos de modernidade com um leve toque português. 2007. 241 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Assis, SP, 2007. Available: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp033847.pdf. Access: 15 Abr. 2018. MOURA, E. B. B. Mulheres e menores no trabalho industrial: Os fatores sexo e idade na dinâmica do capital. Petrópolis, RJ: Vozes, 1982. NAZÁRIO. D. N. Voto Feminino e Feminismo: um anno de feminismo entre nós. São Paulo: [s.n.]. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados. Available: https://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/29842. Access: 16 June 2020. O FEMINISMO triumpha. A Vida Moderna, São Paulo, n. 133, 05 set. 1912. PENA, M. V. Mulheres e trabalhadoras:Presença feminina na constituição fabril. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. PESSOA, A. M. P. A Educação das Mães e das Crianças no Estado Novo: a proposta de Maria Lúcia Vassalo Namorado. 2005. 798 f. Tese (Doutorado em Ciências da Educação) – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2005. Available: http://hdl.handle.net/10451/2016. Access: 11 June 2020.
image/svg+xmlGabriel Monteiro de SOUZA and Raquel Discini CAMPOS Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 22| 22RAGO, M. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar e a resistência anarquista (Brasil: 1890-1930). 4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014. ROCHA, H. A higienização dos costumes: educação escolar e saúde no projeto do Instituto de Hygiene de São Paulo (1918-1925). Campinas, SP: Mercado das Letras, 2003. SAES, D. Classe média e sistema político no Brasil. São Paulo: T. A. Queiroz, 1984. SCHPUN, M. R. Beleza em jogo: cultura física e comportamento em São Paulo nos anos 20. São Paulo: Boitempo/SENAC, 1999. SEVCENKO, N. Orfeu extático na metrópole:São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. SOIHET, R. Mulheres pobres e violência no Brasil urbano. In: DEL PRIORE, M. (org.). BASSANEZI, C. (coord.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004. p. 362-400. SOUZA, G. M.Pedagogia da beleza em discursos publicitários na revista A Vida moderna: São Paulo (1907-1926). 2019. 151 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, 2019. VOTO da mulher. In: PORTO, W. C. Dicionário do voto. Brasília: UnB, 2000. p. 427-436. WEINJJTEIN, B. As mulheres trabalhadoras em São Paulo: de operárias não-qualificadas a esposas profissionais. Cadernos Pagu, v. 4, 143-171, 1995.
image/svg+xmlThe universe of women in the magazine A Vida Moderna (São Paulo - 1907-1926): An analysis of the feminist themes Rev. Educação e Fronteiras, Dourados, v. 10, n. 00, e021006, 2021. e-ISSN: 2237-258X DOI:https://doi.org/10.30612/eduf.v11i00.12377| 23| 23About the authors Gabriel Monteiro de SOUZA Master in Education by the Federal University of Uberlândia. Raquel Discini CAMPOS Associate Professor at the Federal University of Uberlândia.Processing and publishing by the Editora Ibero-Americana de Educação. Correction, formatting, standardization and translation.